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Civilizações Alienígenas e o Paradoxo de Fermi


- Atualizado no dia 16 de outubro de 2020 -

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         O renomado Instituto SETI (Search for Extraterrestrial Intelligence - "Busca por Inteligência Extraterrestre") recentemente apontou a remota possibilidade de que recentes e estranhas Explosões Rápidas de Rádio (FRBs - Fast Radio Bursts) detectadas de um objeto espacial denominado 'FRB 121102' possam ser um sinal de uma avançada sociedade alienígena. Pesquisadores do Instituto junto com outros times de pesquisa publicaram os achados na Nature, mas o foco do estudo trabalha com a mais provável possibilidade de que os sinais sejam oriundos de uma estrela de nêutrons localizada em um atípico ambiente de alta atividade ionizante e magnética (1). De fato, todas as FRBs em geral levantam pequenas mas não descartáveis suspeitas ao encontro de seres inteligentes fora do nosso planeta.

         Até pouco tempo atrás, uma das grandes esperanças nessa busca por vida inteligente extraterrestre repousava na Estrela de Tabby, a qual mostrava remotos sinais de que uma megaestrutura espacial (2) poderia estar ali em sua órbita, fruto de um gigantesco projeto de engenharia alienígena. Porém, um estudo publicado em 2018, envolvendo mais de 100 cientistas, descartou essa possibilidade ao analisar com mas detalhes os padrões de emissão de luz do distante sistema estelar em questão.


Para saber mais sobre o assunto, acesse:

         Mas mesmo com a incessante busca por extraterrestres inteligentes não ter rendido evidências mínimas até o momento, os esforços não diminuíram entre os vários grupos de pesquisa que vasculham o Espaço por sinais artificiais de rádio ou padrões eletromagnéticos suspeitos, especialmente o SETI (um grupo sem fins lucrativos devotado a explorar, entender e explicar a origem da vida no Universo). O foco das buscas, obviamente, recai na nossa galáxia, a Via Láctea. Mas, afinal, por que ainda não conseguimos detectar quaisquer sinais dos ETs? Estaria a Via Láctea destinada a ter nós como os únicos representantes vivos inteligentes? O que essas buscas representam para o futuro da nossa civilização?


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   PARADOXO DE FERMI

         Evidências astronômicas recentes colocam que o número de galáxias dentro do nosso Universo pode alcançar o absurdo número de 2 trilhões (3). Nesse contexto, a sonda espacial da NASA Kepler, lançada em 2009 para vasculhar a Via Láctea, identificou um enorme número de planetas do tamanho da Terra (rochosos) fora do nosso Sistema Solar e onde as condições podem permitir a presença de vida como nós a conhecemos. Em um estudo publicado no The Astronomical Journal (Ref.26), astrônomos analisaram as ~200 mil estrelas observadas na missão Kepler, e, através de cálculos computacionais estimou-se que podem existir pelo menos 28 bilhões de estrelas similares ao Sol (tipo-G) com próximo de 20% de chance para cada uma delas de possuírem pelo menos um planeta em condições e com características similares à Terra - e, consequentemente, com potencial de vida - apenas na nossa galáxia. Em outras palavras, até próximo de 6 bilhões de planetas em uma zona habitável e com um raio de 0,75-1,5 vezes àquele da Terra podem existir na Via Láctea.

          Mesmo dentro do nosso sistema estelar existe a possibilidade de existir vida em Encélado (satélite natural de Saturno) (4) e em Europa (satélite natural de Júpiter), e, em Marte, são significativas as chances do nosso vizinho vermelho ter abrigado vida no passado e talvez, remotamente, até hoje, já que evidências de água líquida fluindo no planeta continuam se acumulando.

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> E a presença de planetas na zona habitável de estrelas do tipo Anã-M - como o Sol - pode ser muito maior do que antes assumido, dependendo de fatores orbitais e da existência de gigantes gasosos. Para mais informações, acesse: O universo pode ter um potencial de vida muito maior do que o pensado
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        Seguindo essa linha de pensamento, astrônomos hoje estimam que existam, só na nossa galáxia, cerca de 250 bilhões de estrelas e um total de, no mínimo, 1 trilhão de planetas orbitando essas estrelas (agora, imagine o potencial número de satélites naturais...). Extrapolando dados obtidos pelo Kepler e com base em outras observações astronômicas, é estimado que existam dezenas de bilhões de planetas dentro de uma zona habitável similar à da nossa órbita em torno do Sol - e isso sem contar os satélites naturais fora dessas zonas mas com condições para abrigarem vida -, apenas na Via Láctea. Se formos pensar no Universo inteiro, o número de corpos espaciais capazes de sustentar vida é além do imaginável. E é aqui também que surge o Paradoxo de Fermi, também conhecido como o Grande Silêncio.




        A história toda começa, supostamente, na década de 1950, quando o brilhante físico Enrico Fermi, durante um momento de lanche em Los Alamos com seus colegas de laboratório, lançou a seguinte pergunta: "Onde está todo mundo?" Esse questionamento teria emergido depois de uma discussão em meio ao lanche sobre a existência de sociedades extraterrestres avançadas na nossa galáxia. Bem, mesmo se em uma pequena fração da enorme probabilidade de planetas podendo abrigar vida houvessem vidas inteligentes, e considerando o tempo de existência da Via Láctea - em torno de 10 bilhões de anos -, as chances são altíssimas de que pelo menos uma civilização avançasse o suficiente - mesmo que de forma mínima - para colonizar a galáxia inteira. Para ficar mas claro, mesmo se a ínfima fração de 10-9 dos planetas com possibilidade de vida na Via Láctea abrigassem vida inteligente em algum momento de suas existências, isso implicaria em centenas de mundos com seres inteligentes e propensos a construírem avançadas civilizações. E muitas dessas civilizações estariam muito mais avançadas do que a nossa, considerando que a média de idade dos planetas rochosos na Via Láctea é em torno de 1,8 bilhões de anos mais velha do que a da Terra.

         Nesse sentido, parece que Fermi percebeu que qualquer civilização alienígena com uma modesta quantidade de tecnologia de foguetes e uma nada modesta quantidade de incentivo imperial poderia rapidamente colonizar a Via Láctea inteira. Dentro de 10 milhões de anos, cada sistema estelar poderia estar sob as asas de um Império no caso de uma civilização muito avançada tecnologicamente. Mesmo civilizações menos avançadas com tecnologias de navegação espacial que usam velocidades sub-relativísticas - velocidades baixas o suficiente para não sofrerem efeitos relativísticos (5) -  conseguiriam cobrir toda a galáxia entre 50 milhões e 1 bilhão de anos. 10 milhões ou 50 milhões de anos podem parecer muito, mas, na verdade, é um intervalo de tempo bastante curto quando comparado com a idade da nossa galáxia. Colonizá-la seria um rápido empreendimento, e inclusive a Terra estaria há muito tempo colonizada. Aliás, nós, com a nossa tecnologia tendo avançado em pouquíssimo tempo para patamares louváveis (compare hoje com algumas centenas de anos atrás, um intervalo de tempo irrisório em termos astronômicos) já estamos explorando nosso Sistema Solar, mandando sondas para outros planetas, já tendo mandado missões para a Lua, e já fazendo planos de ir além com as Velas Solares (6).


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         Esse argumento é bem forte. Você pode até questionar a velocidade das naves alienígenas, contra-argumentando que elas podem ser muito lentas, mesmo muito avançadas, em comparação com as distâncias interestelares. Mas não importa. Seja uma nave viajando a 1% da velocidade da luz (um centésimo de 300000 km/s) ou a 10%, já existiria tempo mais do que suficiente em ambas as situações para esse empreendimento colonizador ter alcançado um patamar galático. Além disso, nossa estrela, o Sol, surgiu 5 bilhões de anos depois da grande maioria das outras estrelas na Via Láctea. Isso sem contar que foram mais outros bilhões de anos para a vida evoluir na Terra até alcançar os seres humanos. Antes de nós, as probabilidades são imensas de já terem surgido outras civilizações avançadas engajadas em programas exploratórios de expansão territorial. Seria como questionar a velocidade das embarcações portuguesas e espanholas durante as Grandes Navegações. Não importa, porque rápidas ou lentas, uma hora elas alcançariam o continente Americano em um relativo curto período de tempo, quando comparamos com a idade da civilização humana.

         E não para aqui. O Paradoxo de Fermi vai além da nossa galáxia, e fica ainda mais convincente se pensarmos nas possibilidades de vida inteligente em outras regiões do Universo observável. Entre as possíveis 2 trilhões de galáxias, inúmeras civilizações avançadas podem lançar uma campanha de expansão intergalática, utilizando recursos energéticos diversos, como via megaestruturas espaciais (2). Nesse caso, galáxias vizinhas, mesmo estando a distâncias astronômicas enormes uma das outras, poderiam com relativa facilidade ser alcançadas em períodos muito longos de tempo. Em outras palavras, não conseguimos ver não só civilizações na Via Láctea, mas como também não temos sinal de nenhuma civilização alcançando a nossa entre as milhões de galáxias mais próximas de nós.


         Além disso, a civilização - em termos de identidade biológica - nem precisaria existir para continuar seu avassalador avanço de exploração/colonização. Se hoje nossas Inteligências Artificiais (IAs) estão dando saltos tecnológicos surpreendentes em questão de poucos anos, sociedades alienígenas mais avançadas já teriam construído poderosas IAs de exploração espacial, inclusive auto-replicantes (Replicators, o conceito das sondas exploratórias de von Neumann). Isso abriria a janela para a exploração não só de sistemas estelares, planetas e satélites naturais agressivos para a vida - possibilitando a utilização quase infinita de recursos - como também o tempo de exploração ou meios de conservar a vida nesse empreendimento não importariam. Sistemas automatizados de colonização, conscientes ou não, poderiam ir abrindo as entranhas da Via Láctea, preparando o terreno para a civilização alienígena avançar ou apenas seguindo seu curso programado, independentemente se a civilização se extingua em algum momento. Na verdade, esse é o conceito que provavelmente mais dá sólida base para o Paradoxo de Fermi.

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Leitura recomendada: Alpha Zero: O atual ápice da Inteligência Artificial

         Sistemas físicos de armazenamento de dados para garantir a coordenação de todos esses empreendimentos de expansão interestelar ou intergalática seria o menor dos problemas. Hoje nós estamos próximos de alcançar a computação quântica na prática e estamos trabalhando com a possibilidade de usar o DNA ou cristais de diamante para o armazenamento de informações. Um diamante construído com carbonos 12 e 13 - com os dois isótopos do elemento carbono servindo como bits - seria capaz de armazenar 5x1022 bits por grama. Por comparação, a quantidade total de dados no mundo humano é estimado de ser 2,4x1021 bits. Se cérebros humanos pudessem ser colocados dentro de um computador, então 100 terabytes é uma estimativa razoável para o número de conexões cerebrais, significando que 1 grama de diamante poderia conter cerca de todos os dados do mundo e sobrar espaço para o conteúdo cerebral da população inteira do Reino Unido. Mesmo usando o DNA, a estrutura de armazenamento de dados da natureza, a capacidade média de armazenamento seria de 9,13x1020 bits por grama. Ou seja, não precisamos nem apelar para tecnologias completamente desconhecidas por nós.

          E mesmo na remota possibilidade do alcance interestelar dessas civilizações ter sido limitado de alguma forma, teríamos como captar sinais de sobra dos esforços possíveis dos alienígenas dentro da Via Láctea, seja via contato direto ou indireto, intencional ou não. O Paradoxo de Fermi não cansa de gritar: Onde está todo mundo?!




   O PARADOXO É DO FERMI?

         Apesar de ao longo dos anos esse paradoxo ter sua autoria ligada ao Fermi, acadêmicos na área não encontram evidências que corroborem o questionamento do paradoxo como oriundo do famoso físico. O termo 'Paradoxo de Fermi' primeiro surgiu em 1977, 27 anos após a pergunta de Fermi no horário de lanche, e coincide com a publicação do trabalho de Michael Hart de 1975 - o qual apresentava a base argumentativa "Eles não estão aqui; portanto, eles não existem" - e que foi estendido por Frank Tripler, em 1980. Nesse primeiro trabalho de 1975 é onde a ideia é oficialmente explorada.

        Segundo relatos coletados em 1984 de três pessoas presentes no lanche (Ref.5) - Emil Konopinski, Edward Teller, e Herbert York (Fermi morreu em 1954) - o que Fermi e os demais presentes estavam questionando era a plausibilidade de viagens interestelares, tanto por nós quanto por outras civilizações. Fermi era cético quanto às viagens interestelares e não quanto à existência de vida extraterrestre. Não parece existir evidência nenhuma de que Fermi estava questionando a existência de vida extraterrestre ou sugerindo que não ver vida inteligente fora da Terra era um paradoxo - ambas ideias centrais do Paradoxo de Fermi.

        Em outras palavras, um melhor nome para esse "paradoxo" talvez seria 'Argumento Hart-Tripler'. E uma das conclusões de Hart chega a ser até extremista: "Uma busca extensiva por mensagens de rádio de outras civilizações é provavelmente uma perda de tempo e dinheiro."

       Aliás, as discussões sobre o Paradoxo de Fermi fomentaram o fechamento do SETI - pertencente à NASA - duas vezes. Na primeira vez, o programa de exploração foi cancelado em 1981 pelo Senador norte-americano William Proxmire, usando um argumento similar ao paradoxo:

       "... se seres inteligentes existissem fora da Terra e possuíssem a capacidade tecnológica para comunicações interestelares eles teriam desenvolvido viagem interestelar e, portanto, já estariam presentes em nosso Sistema Solar."

       Novamente, em 1993, o SETI - que tinha reiniciado suas operações - foi cancelado, dessa vez pelo Senador Richard Bryan. Desde então, o SETI deixou de operar com fundos governamentais e recebe financiamento privado para continuar funcionando.

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   COMO QUEBRAR O PARADOXO DE FERMI?

          Para explicar o porquê de não conseguirmos detectar o potencial grande número de civilizações avançadas na nossa galáxia, vários estudos já foram feitos e publicados em periódicos diversos. Possíveis soluções englobam tanto a área tecnológica quanto a social, algumas fracas outras mais pertinentes, mas todas com os seus problemas.

          Possíveis soluções para Paradoxo de Fermi:

1. Eles estão aqui.

- Os alienígenas estiveram aqui e eles deixaram evidências: Coisas como UFO´s, Antigos Astronautas e Artefatos Alienígenas apontariam para a possibilidade dos alienígenas estarem aqui no presente ou já terem visitado a Terra no passado. Isso é até algo frequentemente explorado por um certo programa sensacionalista do History Channel. Porém, não existem até o momento quaisquer evidências científicas de alienígenas na Terra.

- Eles são nós: Humanos seriam os descendentes de antigas civilizações alienígenas. Porém, onde estão os alienígenas originais? Onde estão todas as outras civilizações alienígenas?

- Zoológico Terra: Os alienígenas estariam aqui, mas escondidos de nós, apenas observando seu zoológico particular (projetado ou não) ou apreciando a evolução biológica e social no nosso planeta (estudo ou entretenimento?). Seja para fins de estudo ou simplesmente para não causar distúrbio na vida de seres inferiores e sócio-tecno-culturalmente limitados, eles poderiam estar seguindo o protocolo de não interferência mais do que conhecido da série Star Trek.

- Universo simulado: Uma possibilidade é que estejamos em um ambiente simulado - talvez em uma forma de realidade virtual - por uma civilização alienígena, para fins provavelmente de estudos. Nesse sentido, o vazio consciente do Universo seria apenas uma ilusão. Isso poderia explicar a nossa solidão na Via Láctea e até mesmo estranhos fenômenos quânticos e a intrigante presença da Energia e Matéria Escuras (7). Mas será que recursos energéticos e alcance tecnológico permitiriam algo do tipo? E qual seria o propósito da simulação não possuir outras civilizações alienígenas? Seria porque isso tornaria a simulação complicada demais ou será que é um parâmetro de estudo desejado pelos alienígenas?

2. Eles existem, mas ainda não entraram em contato.

- Eles não tiveram tempo para nos alcançar: Aqui voltamos para o problema central do Paradoxo de Fermi. Como já dito, as estatísticas não corroboram com esse pensamento. Independentemente das limitações das viagens e enormes distâncias interestelares (8), existem centenas de intervalos com dezenas ou centenas de milhões de anos para esses avanços exploratórios.

- Eles estão nos enviando sinais, mas não sabemos escutá-los: Espectro eletromagnético, ondas gravitacionais, partículas exóticas são todos recursos que podem ser usados para comunicação via meio espacial. Talvez faixas ou misturas de métodos comunicativos podem estar sendo usados que ainda são estranhos para nós, especialmente se eles usam uma base tecnológica e matemática completamente diferente (algo meio difícil, especialmente considerando uma avanço gradual de tecnologia). Apesar disso ser improvável - porque eles estariam pensando em seres tecnologicamente inferiores que captam e entendem melhor sinais comunicativos via rádio -, entre as várias possibilidades de civilizações não é possível que todas elas usem estranhos sinais para se comunicar com outras civilizações alienígenas desconhecidas. E outra: a literatura acadêmica nesse tópico mostra que apenas uma pequena fração do espectro de rádio foi procurada e tipicamente as análises observam posições específicas por meros minutos. Muita coisa está sendo deixada subinvestigada.

- Eles não possuem interesse de se comunicar: Talvez civilizações mais avançadas não tenham interesse em se comunicar com seres inferiores por motivos diversos (cansados de verem vida em outros planetas em diferentes estágios evolutivos, por exemplo). Mas será que entre milhões de possíveis civilizações avançadas, será que nós não cairíamos no meio do processo investigativo de alguma delas antes do tédio chegar? E será que esse tédio seria motivo suficiente para fazê-los desistirem da colonização galática?

- Catástrofes: Talvez grandes civilizações avançadas existiram aos montes mas acabaram colapsando por motivos diversos. Guerras poderia ser um motivo. Falta de recursos energéticos outro (considerando graves limitações nas viagens interestelares ou sustentabilidade do processo de espalhamento pela Via Láctea). Ou mesmo várias civilizações existiram e uma muito mais avançada dizimou todas dentro da galáxia e, no final, acabou se extinguindo com o tempo de alguma forma. Mas mesmo sob todos esses cenários, existe o problema da Inteligência Artificial. Essa dificilmente seria destruída por completo, exceto se as civilizações, como um todo, viram o filme Matrix e decidiram que construir robôs auto-replicantes com pensamento próprio não era uma boa ideia (Risos). Outra possibilidade mais preocupante é a de que as civilizações como um todo não conseguem sobreviver por tempo suficiente para conduzir explorações espaciais mais ousadas ou mesmo para desenvolver tecnologias mínimas para tal, talvez por se auto-destruírem no meio do caminho. Bem, hoje, por exemplo, vivemos sob constantes ameaças diretas e indiretas de armas nucleares. Nesse sentido, quanto mais destrutivas vão ficando as armas, mais fácil fica para essas armas dizimarem uma civilização inteira, por menor que seja o gatilho de agressão. Podemos inclusive pensar que a maioria dos seres que ganham suficiente inteligência acabam dizimando sua própria espécie antes mesmo de quaisquer avanços científicos. Ou mais de uma espécie inteligente emergente no mesmo ecossistema - como o Homo sapiens e o Homo neanderthalensis - acabem se dizimando durante intermináveis conflitos, exceto no caso de uma sair com grande vitória (como provavelmente foi o nosso caso).

3. Eles não existem.

- Os humanos são exclusivos na galáxia: Bem, aqui, no ponto mais triste da história, a vida na Terra seria a estreia da vida inteligente na Via Láctea ou em galáxias mais próximas de nós. Talvez em outras galáxias mais distantes, entre as 2 trilhões estimadas, a vida inteligente seja mais abundante, com eventos fantásticos ocorrendo em vários pontos do Universo, mas aqui seríamos os primeiros. A vida, mesmo que microbiana, provavelmente é abundante na Via Láctea, por exemplo, mas a Evolução Biológica só permitiu que uma inteligência superior emergisse aqui. Talvez a transição de seres procarióticos para eucarióticos seja muito difícil ou a emergência de uma inteligência como a nossa seja um fenômeno raríssimo. De fato, nesse último cenário, uma uma análise Bayesiana recente publicada no periódico PNAS (Ref.27) concluiu ser alta a probabilidade de que vida inteligente seja realmente muito rara. O problema é que se a vida é abundante, e diversos sistemas estelares são bilhões de anos mais antigos do que o nosso, já teria dado tempo de sobra para a vida evoluir de todas as maneiras possíveis.

- Somos uma específica probabilidade de infinitos Universos paralelos: Bem, se você é fã de 'Rick and Morty' (série animada norte-americana), já deve ter uma boa suspeita do que isso significa. Se existem infinitos Universos - uma hipótese ainda sem boa evidência de suporte (9) - talvez a probabilidade de estarmos em um Universo onde a Via Láctea só tenha nós como seres inteligentes - via simples estatística - se torna mais plausível. Em outros Universos, a vida inteligente pode ser mais abundante, ou mesmo nem existir.

- Planetas com as condições certas para a vida são raros: Se a maior parte dos planetas em zonas supostamente habitáveis não forem na prática habitáveis, por causa de eventos astronômicos ou geológicos não levados em conta - como a necessidade de um satélite natural específico como a Lua, de um clima espacial bastante restrito, de uma atividade geológica específica ou de um certo padrão orbital em torno de uma estrela muito similar ao nosso -, isso limitaria bastante as chances de muitos seres inteligentes surgirem ou resistirem às adversidades. Mas será que as probabilidades estão jogando tanto contra? E mais: estudando a vida aqui na Terra, já descobrimos seres altamente resistentes aos extremos físicos, até mesmo complexos, como os tardígrados (10). "Habitabilidade" pode ser muito relativo. Mas, de fato, isso poderia limitar a evolução para seres muito complexos e inteligentes.

- Vida é um fenômeno raro: Aqui caímos na esfera da suposição anterior. Talvez a vida precise de algo a mais e especial - não necessariamente religioso - para surgir mesmo em condições favoráveis para a vida como a conhecemos. Precisaríamos ter acesso direto a vários planetas muito similares à Terra para termos como averiguar isso. Mas bastaria encontrarmos qualquer forma de vida alienígena em Marte, Encélado ou Europa para essa especulação ser automaticamente descartada.


Para saber mais sobre o assunto, acesse:

          Entre as razões mais plausíveis que podem ajudar a explicar o Paradoxo de Fermi, temos duas recentemente trabalhadas que podem ser mais palpáveis para justificar nossa dificuldade em estabelecer contato com os alienígenas, e vice-versa (apesar das estatísticas ainda continuarem dando sustentação ao paradoxo nesses cenários propostos): problemas nas zonas habitáveis e mundos de gelo.

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   LIMITE PARA A VIDA COMPLEXA

          O Universo observável - aquele que nós conseguimos detectar via radiação eletromagnética - compreende cerca de 100 bilhões de galáxias (em torno de 5% do total que recentes evidências apontam existir, ou 10% considerando estimativas mínimas). Entre essas galáxias, encontramos a Via Láctea, com o nosso Sistema Solar encontrando-se a uma distância em torno de 25 mil anos-luz do seu centro, ou seja, vivemos no subúrbio da nossa galáxia. Assim como nosso planeta orbita o Sol, este orbita o centro da Via Láctea, demorando cerca de 250 milhões de anos para a nossa estrela junto com o Sistema Solar inteiro dar uma volta completa em torno dela (muitos pensam erroneamente que estamos fixos dentro da Via Láctea). Além disso, estamos a uma distância segura do Sol e possuímos um bom campo magnético protetor. Em outras palavras, talvez demos muita sorte.

   EXPLOSÕES DE RAIOS GAMA

         Segundo um estudo publicado no final de 2014, a vida complexa no Universo observável só seria possível em 1 em cada 10 galáxias. O estudo, publicado na Physical Review Letters, e realizado por dois astrofísicos, argumenta que explosões estelares conhecidas como 'Explosões de Raios Gama' estariam regularmente varrendo qualquer forma de vida mais elaborada do que resistentes micróbios. E outra: essas explosões teriam mantido o Universo como um todo sem vida complexa por cerca de 5 bilhões de anos após o Big Bang.

         Essas explosões foram descobertas em 1967 por satélites projetados para detectar testes de armas nucleares durante a Guerra Fria, e atualmente são observadas chegando à Terra em uma taxa de em torno de 1 por dia. Esses eventos vêm em dois tipos: Explosões Curtas de Raios Gamas (ECRG), as quais duram menos do que um segundo ou dois, ocorrendo geralmente quando duas estrelas de nêutrons ou buracos negros espiralam ao encontro um do outro (8); e Explosões Longas de Raios Gama (ELRG), as quais duram por dezenas de segundos e ocorrem quando massivas estrelas esgotam o combustível de fusão, colapsam e explodem, e, apesar de bem mas raras do que as de curta duração, liberam quase 100 vezes mais energia - podendo inclusive ofuscar o Universo inteiro com raios gama altamente energéticos.

         Os raios gamas estão na faixa mais energética do espectro energético e são gerados nos mais quentes e energéticos objetos do Universo, suficientes para gerarem os fótons com menores comprimentos de onda, como estrelas de nêutrons e pulsares, supernovas e regiões ao redor de buracos negros. Aqui na Terra os raios gamas são gerados via explosões nucleares, raios de tempestade (9) e decaimento de elementos radioativos.


Para saber mais sobre o assunto, acesse: 


         Se as ELRG ocorrem em proximidade a um planeta em uma zona habitável, as abundantes rajadas de raios gamas levariam à destruição da camada de ozônio desse planeta via uma cadeia de reações químicas, deixando a vida presente na superfície à mercê de uma perigosa enxurrada de radiações UV, em todo o seu espectro, e levando a uma extinção em massa. As ELRG têm origem principalmente em regiões do Espaço de nascimento estelar com baixa concentração de elementos mais pesados do que o hidrogênio e o hélio (permitem a produção de estrelas muito massivas).

         Segundo os cálculos teóricos dos pesquisadores, baseado na densidade de estrelas e composição dos elementos presentes em uma dada região, aqui na Via Láctea as chances de um planeta dentro de 6,5 mil anos-luz a partir do centro da galáxia de ser letalmente atingido pelas ELRG nos últimos bilhões de anos é de 95%. No final, eles concluíram que a vida mais complexa só seria possível nas regiões mais externas da galáxia, como a Terra. Aliás, dada nossa posição, as chances são em torno de 50% de termos sido atingidos pelas ELRG nos últimos 500 milhões de anos, e alguns astrofísicos acreditam que uma dessas rajadas de raios gamas foi a responsável pela extinção em massa do período Ordoviciano, uma catástrofe global há cerca de 450 milhões de anos que varreu em torno de 80% das espécies da Terra.

          Aplicando os modelos teóricos para as outras galáxias, os pesquisadores mostraram que como a maioria delas são menores do que a Via Láctea e baixas em elementos muito leves no geral, cerca de 90% delas teriam muitas ELRG para que vida mais complexa conseguisse suportar e seguir em frente na linha evolucionária. Além disso, por cerca de 5 bilhões de anos após o Big Bang, todas as galáxias possuíam essa composição muito alta em elementos como hidrogênio e hélio, gerando um mar de raios gamas para todos os lados.

          Esses resultados implicam que as buscas por vida inteligente pelos pesquisadores do SETI deveriam focar em regiões mais externas da Via Láctea, e não no centro, como tem sido a tendência há décadas (já que essas áreas são mais populosas em estrelas). Isso também significa que as chances de vida inteligente diminuem bastante, enfraquecendo o Paradoxo de Fermi.

   ANÃS-VERMELHAS

         Recentemente, astrônomos descobriram 3 planetas em uma zona habitável orbitando a TRAPPIST-1, uma Anã-Vermelha, o tipo de estrela mais comum no Universo. Na verdade, aqui na Via Láctea é estimado que até 3/4 das estrelas sejam do tipo Anã-Vermelha. Essas estrelas são bem menores do que o nosso Sol (massa solar que vai de 0,075 a 0,5), mais frias (temperaturas superficiais menores do que 3727 °C) e com espectros do tipo K ou M (10). Devido ao fato delas serem mais frias, os planetas, para ficarem dentro de uma zona habitável, - em termos de temperatura que permita água líquida - precisam estar bem próximos delas. Essa proximidade é estimada em ser de 10 a 20 vezes mais próximo do que a distância do nosso planeta ao Sol. Sabe-se também que as Anãs-Vermelhas mais jovens emitem bastante radiação ultravioleta e Raios-X nas supostas zonas habitáveis.

        Tudo isso cria turbulentos eventos para os planetas presentes nessas supostas zonas habitáveis, tanto por causa da fricção de maré quanto por causa da constante e intensa enxurrada de radiações bastante energéticas, com o potencial de varrerem letalmente a atmosfera desses planetas, como explicado em detalhes no artigo 7 planetas parecidos com a Terra... mas e a vida? (10)

         Até pouco tempo atrás, os astrônomos usavam apenas o fator temperatura para classificar uma zona em torno de uma estrela como habitável e o tamanho dos planetas para que este suporte a vida (rochosos ou gasosos). Agora, um termo mais recente surgiu: Zonas Habitáveis Afetadas pelo Clima Espacial (´space weather-affected habitable zones´, no original em inglês). Junto com as ELRG, as Anãs Vermelhas podem estar limitando ainda mais a proliferação e evolução da vida, enfraquecendo ainda mas o Paradoxo de Fermi.


   MUNDOS DE GELO

        Em anos recentes os astrônomos vêm percebendo que os oceanos são relativamente comuns no nosso Sistema Solar, onde vários satélites naturais de Júpiter, Saturno e Netuno  parecem tê-los (11), até mesmo o distante Plutão (12). Mas nesses corpos espacias, a água liquida na forma de oceano está sob grossas camadas de superfície congelada (crostas de gelo). Considerando que fontes hidrotermais em abundância estejam fornecendo a energia química para a vida florescer e evoluir nesses oceanos - algo com grandes possibilidades de estar acontecendo em Encélado -, seres inteligentes poderiam surgir ali. E nesses mundos, a vida estaria bem mais protegida dos nocivos eventos energéticos oriundos de estrelas, por causa da camada de gelo criando um ambiente bem mais protegido do que nas clássicas zonas habitáveis.

        Considerando que a vida mais complexa seria bem mais rara com as ELRG nessas zonas habitáveis, continuaríamos com bastante vida inteligente permeando as galáxias em outras áreas com satélites naturais. Porém, como elas estariam encapsuladas em uma grossa camada de gelo, isso dificultaria o contato delas conosco. Aliás, missões espaciais talvez não seria uma prioridade, como nós humanos as temos ou outros seres inteligentes em planetas parecidos com o nosso. O modo de vida e tecnologias provavelmente seriam drasticamente diferentes.

       Quem propôs essa ideia foi o cientista planetário Alan Stern, da Southwest Research Institute em Boulder, Colorado.


Para saber mais, acesse:

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   PARADOXO DE FERMI E O FUTURO DA HUMANIDADE

        Enquanto muitos esperam ansiosamente pela descoberta de vida alienígena em algum planeta, alguns cientistas acreditam que, por causa do Paradoxo de Fermi, isso seria uma péssima notícia para a humanidade. A razão por trás disso repousa no formalismo assim chamado Great Filter (Grande Filtro). Resumindo, o número N de potenciais planetas que podem abrigar vida é enorme (talvez 1022 no Universo observável), e, pegando p para ser a probabilidade de um planeta aleatório desses desenvolver vida e uma civilização no mesmo nível tecnológico da nossa espécie hoje, e q para ser a probabilidade de que um planeta aleatório desses desenvolva uma civilização tecnologicamente super avançada em um nível facilmente detectável pelos astrônomos na Terra a partir do Universo observável, então teríamos que o número dessas últimas civilizações super avançadas seria representado por Npq.


       O grande silêncio exposto pelo Paradoxo de Fermi, ou seja, a aparente inexistência de civilizações avançadas na Via Láctea, pode indicar que o número de civilização super avançadas é 0, sugerindo que a ordem de magnitude de Npq é, no máximo, 1. Nesse sentido, o fato de que existe um número gigantesco de exoplanetas implicaria que pq é muito pequeno, mas a descoberta de vida extraterrestre seria uma evidência de que p não é muito pequeno, no sentido de que q teria que ser extremamente pequeno, algo que, por sua vez, sugere que as chances da humanidade alcançar o nível de uma civilização super avançada - especialmente do Tipo III na escala Kardashev (13) - seriam ínfimas ou praticamente inexistentes.

        Isso pode resgatar a ideia de que as civilizações colapsam talvez antes mesmo de alcançarem o nível tecnológico Tipo II. Estaríamos estatisticamente condenados se encontrássemos uma vida alienígena?

        (13) Para saber mais sobre o assunto, acesse: O que são as Megaestruturas Alienígenas?

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   LIMITES ASTROBIOLÓGICOS COPERNICANOS

          Finalizando a discussão sobre o Paradoxo de Fermi, é válido mencionar um novo modelo especulativo descrito recentemente em um estudo publicado no periódico The Astrophysical Journal (Ref.25). Chamado pelos autores de 'Limites Astrobiológicos Copernicanos Fraco e Forte para a Vida Inteligente', este examina o provável número de civilizações extra-terrestres inteligentes capazes de se comunicar via rádio na nossa galáxia utilizando parâmetros biológicos e astrofísicos até o momento conhecidos. Como base, os autores utilizaram uma equação de Drake aprimorada e atualizada.

         Dois cenários foram considerados:

- Cenário Astrobiológico Copernicano Fraco: Vida inteligente pode se formar apenas em planetas similares à Terra (metalicidade e grau de incidência radiativa estelar/zona de habitabilidade) em um sistema estelar onde a estrela já possui, no mínimo, 5 bilhões de anos, o que é próximo da quantidade de tempo que levou para a inteligência humana emergir na Terra. Esse limite não é tão 'fraco' como sugere o nome, já que a maioria das estrelas na Via Láctea são mais velhas do que o Sol.

- Cenário Astrobiológico Copernicano Forte: Vida inteligente se forma ao redor de estrelas exatamente na mesma escala de tempo vista na Terra (entre 4,5 e 5,5 bilhões de anos após sua formação).

          Examinando as distribuição de metalicidade de estrelas ao longo da Via Láctea, assumindo uma constante cosmológica de H0 = 70 km s-1 Mpc-1, e considerando que a média de vida de uma civilização pós-comunicação via rádio é de 100 anos (isso baseado que a nossa civilização desenvolveu esse tipo de tecnologia há cerca de 100 anos), os pesquisadores encontraram que devem existir no mínimo 36 (+175 ou -32) civilizações com pelo menos nosso nível de tecnologia do início do século XX na nossa galáxia.

          Caso esse número fosse espalhado de forma uniforme na Via Láctea, isso implicaria que a civilização mais próxima de nós está distante cerca de 17 mil (+36 mil ou -10 mil) anos-luz e que estaria provavelmente residindo em um sistema estelar comportando uma estrela-anã-M de baixa massa. Isso ultrapassaria nossas capacidades de detectá-la no futuro próximo e tornaria uma comunicação interestelar impossível. Além disso, estrelas-anãs-M são muito pequenas e não estáveis o suficiente para abrigar vida por longas escalas de tempo.

          Para conseguirmos detectar positivamente a civilização com poder de rádio mais próxima de nós, esses extraterrestres - após a descoberta da comunicação via rádio - precisariam viver, na média, mais 3600 (+3280 ou -1370) anos. Já para conseguirmos respondê-la com sucesso, nossa civilização pós-rádio precisaria viver por mais 6120 (+6560 ou -2740) anos.

          Por outro, assumindo todas as imposições sugeridas mas considerando o cenário Copernicano Fraco, o número mínimo de civilizações pós-rádio na Via Láctea seria de 928 (+1980 ou -818), com a mais próxima de nós a cerca de 3320 (+6300 ou -1440) anos-luz. Iríamos conseguir detectar uma delas caso a média de vida pós-rádio dessas civilizações fosse de 1030 (+1070 ou -327) anos.

          Portanto, considerando as mais estritas condições e menor valor possível no cenário Copernicano Forte, teríamos um número mínimo de ~8 civilizações nas proximidades do Sistema Solar, a mais próxima a ~50 mil anos-luz, e necessitando que as civilizações alienígenas pós-rádio persistissem, na média, por mais ~6300 anos para que pudéssemos detectá-las. Assumindo as limitações mais generosas do modelo, existiriam no mínimo ~2900 civilizações vizinhas, com a mais próxima a ~1800 anos-luz, e a qual requereria viver ~700 anos no pós-rádio.

          Assumindo condições bem mais generosas, em um cenário onde a persistência média da civilização pós-rádio é de 1 milhão de anos, uma detecção positiva seria possível dentro de 20 a 300 anos-luz de distância. Para um cenário mais realístico, de 2 mil anos de existência, essa distância ficaria entre 400 e 7 mil anos-luz da Terra.

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          Segundo os autores do estudo, se nós não encontrarmos vida inteligente dentro de aproximadamente 7 mil anos, isso indicaria uma de duas possibilidades. A primeira é que a média de vida das civilizações pós-rádio é muito mais curta do que 2 mil anos, implicando que a nossa também pode ser bem curta. A segunda é que a vida na Terra é única, e vida inteligente automaticamente não se forma após 5 bilhões de anos mesmo em um planeta habitável, e, sim, de uma forma mais randômica. Bem, de fato, notáveis processos evolutivos dependem muito de eventos aleatórios. Para citar um exemplo, se um asteroide gigante não tivesse atingido a Terra há cerca de 66 milhões de anos, será que hominídeos existiriam? Por outro lado, outros tipos de animais com cérebros grandes e com alto grau cognitivo poderiam ter emergido - já que a estrutura cerebral em si é muito antiga. É impossível fazer tais previsões.


   CONCLUSÃO

        Será que a nossa civilização conseguirá estabelecer contato com uma civilização alienígena em algum momento futuro da nossa existência? Difícil de especular, mas com os avanços tecnológicos no atual ritmo, talvez isso se torne possível mais cedo do que imaginamos. Em agosto do ano passado, na cidade Alemã de Hamburg, o astrônomo Seth Shostak, do SETI, fez uma aposta pública em uma sala de conferência de que encontraríamos alienígenas dentro de 24 anos. Apesar do tom mais humorado do discurso, as chances estão ao nosso favor, mesmo com o Paradoxo de Fermi vindo vez ou outra para nos assombrar. Tudo são estatísticas e as possibilidades são imensas.

        A vida é muito provável de povoar diversos planetas na nossa galáxia, seja simples ou complexa. Não acreditar nisso é talvez apostar um número na loteria com uma chance de 1 em 1 bilhão, ou muito mais, e ganhar. Já para a existência de seres inteligentes, ainda resta dúvidas, apesar das estatísticas serem favoráveis. Se a hipótese das ELRG estiver correta, durante 5 bilhões de anos nosso Universo era praticamente estéril em vida mais complexa do que bactérias. Nesse sentido, talvez vida inteligente só começou a surgir mais recentemente, não dando tempo para grandes projetos de colonização galática, por causa de limites temporais evolucionários. Isso torna as civilizações ainda isoladas em diferentes graus, dificultando a comunicação, especialmente considerando as grandes distâncias interestelares e o nosso ainda limitado alcance científico no campo da astronomia.

        Se estivéssemos no ano de 1850 e alguém falasse que é possível a comunicação praticamente instantânea entre quaisquer pontos do mundo - internet -, todos achariam isso uma loucura sem tamanho, por causa do desconhecimento na época de tal tecnologia. Hoje, isso é algo trivial. Talvez no ano de 2450, o suposto paradoxo aqui discutido seja tratado como algo sem sentido, porque já teremos uma clara resposta.

        Bem, a verdade está lá fora, e, nesse exato momento, um alienígena bem simpático pode estar fazendo esses mesmos questionamentos. Ou, nesse exato momento, uma civilização alienígena está em pleno avanço de colonização da galáxia. Nesse segundo cenário, é torcer para que a simpatia seja comum na Via Láctea.



Artigo Recomendado:

REFERÊNCIAS CIENTÍFICAS
  1. https://www.seti.org/seti-institute/project/details/fermi-paradox 
  2. https://ntrs.nasa.gov/archive/nasa/casi.ntrs.nasa.gov/19940022867.pdf
  3. http://abyss.uoregon.edu/~js/cosmo/lectures/lec28.html
  4. https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/27213220
  5. https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/25719510
  6. https://www.nasa.gov/feature/langley/search-for-extraterrestrial-life-is-accelerating-astronomer-says
  7. https://www.nasa.gov/content/goddard/our-sun-came-late-to-the-milky-way-s-star-birth-party
  8. https://imagine.gsfc.nasa.gov/science/objects/milkyway1.html
  9. https://science.nasa.gov/ems/12_gammarays
  10. https://arxiv.org/abs/1409.2506
  11. http://www.sciencemag.org/news/2017/10/why-haven-t-we-had-alien-contact-blame-icy-ocean-worlds 
  12. http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0094576513001148
  13. http://adsabs.harvard.edu/abs/2001JBIS...54..210B
  14. https://arxiv.org/abs/0906.0568
  15. http://adsabs.harvard.edu/abs/2010JBIS...63..222M
  16. http://cbduncan.duncanheights.com/Books/WhereIsEverybody.pdf
  17. http://adsabs.harvard.edu/abs/2017DPS....4920203S
  18. https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0016328717303907
  19. http://iopscience.iop.org/article/10.3847/1538-3881/153/3/110/meta
  20. http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0262407917309260
  21. http://adsabs.harvard.edu/abs/2017EGUGA..1912855A
  22. https://arxiv.org/pdf/1704.04125.pdf
  23. https://www.cambridge.org/core/journals/international-journal-of-astrobiology/article/fermis-paradox-extraterrestrial-life-and-the-future-of-humanity-a-bayesian-analysis/7A67851480B9DD8855FE88A36587D9F2
  24. https://www.seti.org/drakeequation
  25. https://iopscience.iop.org/article/10.3847/1538-4357/ab8225
  26. https://iopscience.iop.org/article/10.3847/1538-3881/ab88b0
  27. https://www.pnas.org/content/117/22/11995