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O café mais caro do mundo e o terror por trás da sua produção


- Atualizado no dia 17 de setembro de 2023 -

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           O café pertence à família botânica Rubiaceae, que tem cerca de 500 gêneros e mais de 6.000 espécies. Duas espécies do gênero Coffea apresentam grande importância comercial, ou seja, Coffea arabica (ou ´café arábica´, a mais popular e mais produzida no mundo) e Coffea canephora (ou ´café robusta´). A qualidade do café está relacionada ao grau de torra e aos diversos constituintes químicos dos grãos, incluindo proteínas, lipídios, carboidratos e outros compostos voláteis ou não. Aqui no Brasil, o consumo de café faz mais do que parte da nossa cultura e cotidiano, sendo algo diário e quase obrigatório para muitos. Mas além dos cafés tradicionais, encontramos os chamados 'cafés exóticos'. Entre as opções exóticas, temos uma que se destaca no mundo todo por valer uma verdadeira fortuna. E, infelizmente, tudo o que é supervalorizado na nossa sociedade tende a fomentar abusos e violência.

           O café mais caro do mundo é conhecido como Kopi Luwak (na tradução da linguagem Indonésia, "Café de Civeta") e é produzido com os grãos defecados e semi-digeridos por um pequeno mamífero chamado de Civeta-de-Palmeira-Asiática (Paradoxurus hermaphroditus). Sim, é um café feito com grãos provenientes das fezes desses animais! Outras espécies de civetas também costumam ser usadas, mas em escala mais reduzida (!).

A Civeta-de-Palmeira-Asiática é um pequeno animal onívoro (2-5 kg de massa corporal) de hábitos noturnos e solitários que vive em diversas regiões do sul e sudeste asiático, se adaptando muito bem em diversos tipos de habitats. Essa espécie se alimenta de frutas como o mamão, a banana, o fruto da palma e, também, de grãos de café, por causa do gosto adocicada da casca externa desses grãos.

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(!)  Podemos citar em especial a maior civeta  do mundo Arctictis binturong, popularmente conhecida como urso-gato-asiático. Com comprimento corporal de até aproximadamente 1 metro (cauda com um comprimento similar) e massa de até 36 kg (tipicamente adultos com >20 kg), essa espécie é nativa do Sul e no Sudeste Asiático. O status de conservação dessa espécie é vulnerável, com sério declínio populacional (-30%) nas últimas três décadas devido à perda e degradação do habitat, uso em medicinas tradicionais e comércio pet. Tem sido também ilegalmente explorada para a produção do Kopi Luwak, com indivíduos criados para esse fim enfrentando maus-tratos e altas taxas de mortalidade. Ref.30-31

O urso-gato-asiático possui hábitos arborícolas e uma cauda preênsil que auxilia na movimentação entre as árvores, e é primariamente ativo à noite. Uma curiosidade é que essa espécie emite um cheiro de pipoca amanteigada devido à presença de acetil-1-pirrolina na urina. 

> Apesar das civetas (família Viverridae)  pertencerem à ordem Carnivora, a espécie P. hermaphroditus e outras membros do clado exibe uma dieta onívora flexível, consistindo primariamente de frutas e suplementada oportunisticamente com invertebrados e pequenos vertebrados. Essa civeta é primariamente arbórea e passa o período diurno nas árvores com densa cobertura vegetal, buscando alimentos tanto nas árvores quanto no solo à noite. A espécie usa seu poderoso olfato e ótima visão para encontrar os melhores e mais maduros grãos de café. Ref.24-25
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           A popularidade do Kopi Luwak explodiu após o café aparecer em um programa da apresentadora americana Oprah Winfrey exibido em 2003 e no filme 'Antes de Partir', estrelado por Morgan Freeman e Jack Nicholson, em 2007. Em restaurantes, o preço da xícara de café pode ultrapassar US$50 e alcançar até US$ 95! O quilo dos grãos é geralmente vendido por um valor entre US$250 e US$400, mas podendo frequentemente alcançar US$ 1200-1300.

          A produção do Kopi Luwak concentra-se na Ilhas de Bali, Java, Sumatra e Sutawesi, na Indonésia, e pode ser encontrada também em vilas nas Filipinas Tailândia, Vietnã e Etiópia. O café produzido por esses grãos especiais possui um sabor único devido à ação de enzimas, sucos digestivos e microbiota fermentadora no sistema digestivo das civetas - ao longo de um processo de fermentação que dura cerca de 12 horas -, e pelo fato desses animais selecionarem melhor os grãos maduros antes de comê-los e acrescentarem substâncias de odor das suas glândulas anais nas sementes sendo excretadas, alegadamente aumentando a qualidade do produto final. Nesse sentido, o processo todo garante uma fermentação natural que rende uma bebida com notas de frutas vermelhas e sabor terroso, doce e com notas baixas de chocolate, além de baixo teor lipídico e de cafeína, baixa acidez e pouco amargor (!). Esse café é comumente referido como o mais saboroso do mundo (Ref.22).

Civeta-de-Palmeira-Asiática se alimentando de grãos de café. Após expelidas nas fezes, as sementes semi-digeridas são coletadas, limpas e secas sob luz solar.

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(!) Componentes voláteis e não-voláteis no Kopi Luwak  podem variar significativamente de produto para produto dependendo da safra de grãos de café sendo ofertados às civetas, condições de crescimento do animal e métodos de processamento dos grãos após serem extraídos das fezes. Por exemplo, o conteúdo de cafeína pode variar de 0,36 a 0,48 g/100g e aquele de sacarose pode variar de 3,99 até 12.84 g/100 g. Ref. 23
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     A HISTÓRIA SOMBRIA POR TRÁS

           Porém, existe um grave problema ambiental e ético que envolve esse café. Inicialmente os produtores gostavam de realçar que coletavam os grãos de café excretados por esses animais como um artigo silvestre, ou seja, a partir de excrementos de animais livres na natureza - geralmente em áreas florestais adjacentes a plantações de café. Mas diversas reportagens e investigações começaram a denunciar uma verdadeira rede de exploração e crueldade contra as civetas à medida que a demanda começou a aumentar.

Muitos produtores alegam que os grãos coletados são silvestres, algo longe da verdade na prática

          Por causa dos enormes lucros envolvidos, grande parte dos produtores começaram a capturar e a manter diversas civetas em jaulas imundas, apertadas e sem nenhum acompanhamento veterinário. Os animais passaram a ser tratados como verdadeiras "máquinas de café", perdendo totalmente a liberdade e a complexa interação ecológica associada ao habitat natural. Assim, os grãos são produzidos em grande quantidade e, ao mesmo tempo, podem ser vendidos como raros artigos silvestres, mantendo os preços nas alturas.

           Em uma investigação conduzida pela BBC no final de 2013 (Ref.1), repórteres disfarçados de compradores foram em fazendas da Ilha de Sumatra, onde se produziam os grãos, e constataram gaiolas muito apertadas, sujas e comportando inclusive civetas muito feridas, tudo sob um falso rótulo de "produto silvestre". Algumas gaiolas podiam inclusive serem encontradas com superpopulações desses animais, de modo completamente desumano, e com um detalhe: são animais tímidos e de hábitos solitários, ficando bastante estressados se em contato próximo por longos períodos com outros da mesma espécie e com a presença constante de humanos. Outro grande fator de estresse é que, nas gaiolas, as civetas acabam sendo obrigadas a ficarem acordadas e ativas durante o dia, apesar de serem animais noturnos.

Vários animais selvagens são mantidos prisioneiros em verdadeiras fábricas de exploração desumana, com muitos sendo mal alimentados e deixados cheios de infecções/feridas

          Ainda na investigação da BBC, vídeos filmados secretamente foram entregues nas mãos de especialistas para análise. Depois de ver as imagens dos animais ilegalmente engaiolados, o pesquisador Neil D'Cruze, da Sociedade Mundial para Proteção de Animais, disse que os espécimes pareciam "totalmente deprimidos e infelizes", e acrescentou: "Esses animais silvestres têm comportamentos que precisam e querem expressar. As gaiolas são completamente secas, imundas e sem lugar para eles subirem." Muitos desses animais acabam sendo capturados do habitat natural e mesmo aqueles criados desde sempre em cativeiro sofrem do mesmo jeito devido à sua natureza selvagem e pelo simples fato de estarem presos em tais ambientes. E como a qualidade dos grãos de café excretados varia com a idade, geralmente os indivíduos mais velhos - se não morrem antes nas terríveis celas - são soltos de qualquer maneira no ambiente selvagem, com poucas chances de sobrevivência devido ao estado deplorável após longos períodos de sofrimento.

          Investigações conduzidas pela PETA (Ref.3, 29) têm mostrado que várias fazendas na Indonésia e nas Filipinas mantêm inúmeras civetas presas em gaiolas, com algumas dessas propriedades inclusive propagandeando, explicitamente e sem nenhuma vergonha, que os grãos coletados eram genuinamente silvestres - ou então orientando intermediadores comerciais a fazer o mesmo. Os animais aprisionados e gravados secretamente pelos ativistas da PETA mostravam sinais de grande estresse, péssima alimentação, feridas causadas por automutilação e excesso de infecções. Esse estado acarreta comportamentos doentios (girando sem parar nas gaiolas e balançando freneticamente a cabeça) e perdas de pelo no corpo, como pode ser visto nos vídeos abaixo. Outra preocupação levantada pela PETA, e justificada em especial no contexto da recente pandemia da COVID-19, é o alto risco de transmissão de vírus e outros patógenos entre civetas e humanos.

            

            

            

            Não só a PETA e diversas outras organizações de apoio à causa animal pedem que as vendas desses grãos seja proibida ou boicotada, mas o próprio responsável por trazer o kopi luwak para o ocidente, Tony Wild - um executivo no ramo de café - , não mais suporta o seu consumo e comercialização devido à intensa crueldade com os animais. Em uma matéria escrita pelo empresário para o jornal britânico The Guardian (Ref.2), em 2013, Tony pediu ao mundo que a indústria criada por ele desse café fosse finalizada devido aos abusos sofridos pelas civetas. Na sua campanha, 'Cut the Crap' (uma gíria na língua inglesa que significa 'Pare de falar besteira' ou 'Vá direto ao ponto', mas, que, literalmente, pode ser traduzida para 'Corte as fezes'),  ele afirma que quando introduziu o kopi luwak no mercado Britânico, era apenas uma estranha novidade, mas que logo se transformou em algo supervalorizado, cruel, feito em ritmo industrial e frequentemente inautêntico. Tony diz que ficou difícil suportar esse mercado sangrento.

            Apesar de existirem métodos de análise química que permitem diferenciar grãos falsos de kopi luwak dos verdadeiros (ou adulterados com grãos de menor qualidade) (Ref.4-5), é muito difícil diferenciar um grão coletado de forma silvestre daquele coletado de animais aprisionados. E como a grande fama do produto aumentou muito a demanda, falsificações são comuns e difíceis de serem detectadas; entre falsas alegações comerciais, produtos caracterizados como naturais ou silvestres podem muitas vezes ter origem de civetas "cultivadas" (!). Nas últimas duas décadas, por exemplo, houve um enorme crescimento na demanda do kopi luwak nos EUA, onde até pouco anos após o início deste século era um produto virtualmente desconhecido pela população. O próprio turismo na Indonésia cresceu significativamente em certas regiões devido à existência do exótico café, fomentando ainda mais a sua produção.

Muitas civetas são obrigadas a ficarem juntas em espaços mínimos, mesmo sendo animais de hábitos solitários, e muitas mais acabam desenvolvendo grande depressão e outros problemas mentais dentro das gaiolas; isso é agravado pelo fato desses animais NÃO terem evoluído sob um longo processo de domesticação como outros animais de criação (ex.: vacas e galinhas). 

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(!) Hoje a produção do kopi luwak é abertamente caracterizada em dois tipos: café de civeta silvestre (coleta natural de fezes) e café de civeta em cativeiro (produção em larga escala). Enquanto que fisicamente os dois tipos de grãos produzidos são similares, existem várias propriedades sensoriais distinguindo esses dois produtos. Em fazendas legalizadas para a produção do café de civeta em cativeiro, cada civeta é isolada em uma jaula e alimentada com uma variedade de alimentos frescos junto aos grãos de café, como banana, mamão, galinha, peixe salgado e arroz. A produção de café pelas civetas em cativeiro pode alcançar 0,12 kg/cabeça por dia durante o período de 'colheita', esse o qual irá durar por 120 dias por ano. Em uma temporada, uma civeta pode produzir 14 kg de grãos de café naturalmente processados. Os grãos coletados das civetas em cativeiro são processados por humanos de forma similar aos grãos coletados de civetas silvestres: mergulhado e lavado, posteriormente colocado para secar ao sol, descascado e então triado [seleção dos melhores grãos]. 

> A Indonésia é o primeiro e ainda principal produtor de kopi luwak no mundo, e é o quarto maior produtor de café no mundo. Ref.27
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    ESTADO DE CONSERVAÇÃO

           Apesar da  Civeta-de-Palmeira-Asiática ainda não ser uma espécie ameaçada de extinção ou sob risco de ameaça de conservação pela IUCRN (Ref.6), devido ao grande número populacional e grande distribuição geográfica desses animais, os cientistas e ambientalistas estão cada vez mais preocupados com o aumento do tráfico e captura desses animais para o comércio de café. Além do sofrimento no encarceramento, a demanda dessa espécie em várias regiões do mundo para produções particulares dos valiosos grãos de café só aumenta os danos a esses animais. Métodos de captura utilizam armadilhas e cães de caça que frequentemente causam lesões sérias nesses animais. Isso sem contar os desequilíbrios ecológicos diversos gerados pelo tráfico ilegal.

           Somando-se à questão do café, por causa do maior conhecimento desse esse animal pela população no mundo, muitas pessoas começaram a fomentar o comércio ilegal deles como animais exóticos de estimação. Outros dois grandes problemas são a caça pela carne dessas civetas e a degradação do seu habitat (apesar dessa espécie suportar bem essa última ameaça). Mesmo existindo leis específicas de proteção a esses animais na Indonésia e outros países, isso acaba não sendo suficiente para deter a influência comercial traga pelo exótico café.

           A longo prazo a situação desse animal pode ficar igual a do Slow Loris (Nycticebus), o qual sofreu gigantesca redução na sua população e agora está ameaçado de extinção (todas as espécies do gênero) por causa do explosivo comércio visando o mercado de animais de estimação nos últimos anos (Animais exóticos de estimação: o lado sombrio da história). Essa explosão recente (menos de uma década) na demanda pelo kopi luwaki pode levar a um grande prejuízo para o número populacional da espécie e, mesmo esses animais já sofrendo muito no quesito bem-estar, pouca atenção está sendo voltada para o assunto no circuito internacional. Estudos foram e continuam sendo publicados alertando sobre a situação, mas também não conseguem obter muito valor de impacto.

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    O QUE PODE SER FEITO?

          Como o comércio desse café gera muito lucro, é bem difícil contar com a ajuda dos produtores e empresas envolvidas no negócio. Algo que pode gerar impactos positivos para proteger essas civetas é diminuir a demanda através de boicotes. Quanto mais consumidores conscientizados, mais deles ficariam dispostos a abandonar o luxuoso café, já que grande parte das pessoas não conhecem a violência por trás do produto ou mesmo como se dá a sua produção. Hoje, apenas uma fazenda na Indonésia chega a produzir mais de 7 mil quilos desses grãos por ano, a partir de centenas de civetas aprisionadas. Globalmente, a produção já deve ultrapassar, e muito, as 50 toneladas anuais. E isso é estrondoso para algo que antes era considerado raro por ser coletado de forma silvestre.

          E não seria um boicote envolvendo reais sacrifícios, já que esse café é apenas algo supérfluo e desnecessário, com a importância não passando de um gosto um tanto diferenciado para outros cafés. Será que isso realmente vale o massacre da população de uma espécie selvagem? Muitas pessoas gostam de dar esse caro café de presente para amigos e familiares, sem nem saberem desse cruel modo de produção.

          Alternativamente ao boicote, os consumidores podem começar a verificar a origem do café junto aos comerciantes, e apenas comprarem o produto caso seja 100% garantido a procedência silvestre dos grãos. Isso manteria a fonte de renda nas comunidades onde existe a atividade tradicional de coleta desses grãos no habitat natural das civetas.

          Estudos nos últimos anos vêm também focando esforços na criação artificial do café através de processos bioquímicos e mecânicos que simulem o ambiente gastrointestinal das civetas, onde os grãos de café são fermentados. Biodigestores contendo bactérias isoladas da microbiota intestinal desses animais e enzimas proteolíticas têm gerado um café com gosto e composição química muito semelhantes ao produtos original (Ref.13-15, 21). Esses grãos artificiais já são encontrados para a venda, e alguns estudos sugerem inclusive potencial de melhora nas características dos grãos em relação ao produto original (Ref.26). Aliás, grãos artificiais são usados inclusive na adulteração ilegal de grãos do kopi luwak. Por outro lado, o kopi luwak artificial pode também reganhar consumidores que abandonaram o produto ao descobrirem as explorações sobre as civetas ou mesmo a origem fecal dos grãos.

          Outro problema não mencionado sobre os grãos expelidos pelas fezes da civeta é que eles podem ficar perigosamente contaminados com a bactéria E. coli e com a Salmonella caso não sejam devidamente limpos. Além disso, como já mencionado, muitos comerciantes misturam outros grãos de café menos valorizados no kopi luwak, para maximizar os lucros. Esses são mais dois motivos para incentivar o consumo de grãos artificiais.

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   OUTRAS ESPÉCIES

          A explosão comercial do kopi luwak acabou também fomentando o crescimento de outros cafés exóticos do tipo - que também alcançam altos valores no mercado -, o que causa preocupação para o bem estar de outras espécies. No top 5 dos cafés mais caros do mundo, temos 4 deles que usam animais para o processamento dos seus grãos. Excetuando-se o já discutido kopi luwak, são eles:

Black Ivory Coffe: Cultivado em plantações acima de 1500 m de altitude na Tailândia, Indonésia e Laos, os grãos do café são esmagado por elefantes asiáticos antes de serem engolido por esses animais. O fruto passa pela digestão natural do mamífero junto de frutas e ervas presentes na ração dos elefantes antes de ser expelido nas fezes. Após a torra dos grãos, a bebida apresenta notas de gramas, ervas e notas de chocolate com canela, além de acidez baixa. Utiliza apenas café arábica para a produção e o quilo pode alcançar US$ 1200.

Funcionário alimentando um elefante com grãos de café.

Jacu Bird Coffee: Produzido aqui no Brasil, no Estado do Espírito Santo, e com produção regulada pelo IBAMA, os grãos desse café são retirados das fezes do Jacu, um grupo de aves do gênero Penelope,  que engole o grão inteiro sem mastigá-lo. No estômago do pássaro, o café absorve ácidos e enzimas que garantem baixa acidez, amargor e doçura média à bebida, rica em notas de jasmim. O quilo pode alcançar US$ 1150.

Jacu, a qual produz o segundo café exótico que mais desperta a curiosidade das pessoas depois da civeta.

Monkey Coffee: Cultivados em Taiwan, e talvez em outras partes da Ásia, os grãos desse café passam por macacos Rhesus (Macaca mulatta), que comem o exterior da fruta e cospem os grãos. Depois disto, eles são colhidos, lavados e secos naturalmente ao sol antes de serem torrados e moídos. A bebida contém notas de caramelho e baunilha com altos níveis de doçura e acidez média. O quilo pode alcançar US$ 700.

O café de processados por macacos é geralmente feito usando macacos Rhesus.

          Apesar de não haver denúncias de abusos nos três casos acima, nunca é uma boa ideia incentivar esse tipo de comércio, especialmente quando envolve animais selvagens e supervalorização do produto explorado. 


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REFERÊNCIAS
  1. http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2013/09/130913_cafe_animais_dt
  2. https://www.theguardian.com/lifeandstyle/wordofmouth/2013/sep/13/civet-coffee-cut-the-crap
  3. http://action.petaasiapacific.com/ea-action/action?ea.client.id=110&ea.campaign.id=22769
  4. https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/23889358
  5. https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/26777237
  6. http://www.iucnredlist.org/details/41693/0 
  7. http://gq.globo.com/Prazeres/Gastronomia/noticia/2016/01/os-5-cafes-mais-caros-do-mundo.html
  8. http://revistas.ufpr.br/alimentos/article/view/32720/20775
  9. https://www.researchgate.net/profile/Andreas_Wilting/publication/303667729_Predicted_distribution_of_the_common_palm_civet_Paradoxurus_hermaphroditus_Mammalia_Carnivora_Viverridae_on_Borneo/links/574c385e08aed8df7c54d66b.pdf
  10. https://www.researchgate.net/profile/Neil_Dcruze/publication/301575271_The_animal_welfare_implications_of_civet_coffee_tourism_in_Bali/links/573c413408ae298602e55330.pdf
  11. http://animaldiversity.org/accounts/Paradoxurus_hermaphroditus/
  12. https://www.blackivorycoffee.com/about
  13. http://iopscience.iop.org/article/10.1088/1755-1315/102/1/012092/meta
  14. https://digitalcommons.brockport.edu/surc/2015/schedule/236/
  15. https://dspace.sunyconnect.suny.edu/handle/1951/65554
  16. https://plaza.umin.ac.jp/~e-jabs/5/5.53.pdf
  17. https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S1389172315004454
  18. http://bawabali.com/our-programs/responsible-tourism/kopi-luwak/
  19. https://www.worldanimalprotection.org.uk/campaigns/animals-wild/civet-coffee-kopi-luwak
  20. https://www.gov.uk/government/news/review-of-methods-for-coffee-bean-authenticity-testing
  21. https://www.smujo.id/biodiv/article/view/14173
  22. Muzaifa et al. (2019). What is kopi luwak? A literature review on production, quality and problems. IOP Conference Series: Earth and Environmental Science 365, 012041. https://doi.org/10.1088/1755-1315/365/1/012041 
  23. Ripper et al. (2022). Comprehensive Composition of Flavor Precursors in Kopi Luwak and Jacu Exotic Green Bioprocessed Coffees. Frontiers in Sustainable Food Systems, Volume 6. https://doi.org/10.3389/fsufs.2022.824929
  24. https://www.researchgate.net/profile/Abdulrahman-Al-Kubati/publication/366697821_Kopi_Luwak_Coffee/links/63af1842c3c99660ebb73d79/Kopi-Luwak-Coffee.pdf
  25. https://www.mdpi.com/2218-1989/13/2/173
  26. https://www.ekosfop.or.kr/archive/view_article?pid=kjfp-30-2-287
  27. https://journals.iau.ir/article_703916.html
  28. http://al-qanatir.com/aq/article/view/454/361
  29. https://investigations.peta.org/kopi-luwak-coffee-cruelty/
  30. D’Cruze et al. (2014). What is the true cost of the world’s most expensive coffee? Oryx, 48(2):170-171. https://doi.org/10.1017/S0030605313001531
  31. Veron et al. (2019). Genetic diversity and structure of the binturong Arctictis binturong (Carnivora: Viverridae) – status of the elusive Palawan binturong and implications for conservation, Zoological Journal of the Linnean Society, Volume 188, Issue 1, Pages 302–318. https://doi.org/10.1093/zoolinnean/zlz100