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Por que preguiças descem ao chão para defecar?

Figura 1. Preguiça-comum, espécie com ampla distribuição no Brasil.

          Preguiças são mamíferos herbívoros e arbóreos que passam a maior parte do dia descansando ou comendo no alto de árvores. Pendurados nos galhos a grandes alturas, esses animais ficam protegidos de vários potenciais predadores no solo. Porém, ocasionalmente, preguiças descem das árvores para defecar. O motivo para esse arriscado e aparentemente injustificado comportamento não foi ainda conclusivamente resolvido pela ciência, mas existem algumas hipóteses propostas.


   BICHO PREGUIÇA

           A superordem Xenarthra contém três distintos grupos de animais: tatus (1), tamanduás (2) e preguiças (Fig.2). Esses três grupos de animais estão distribuídos atualmente [ainda vivos] em 31 espécies. As preguiças (subordem Folivora) são representadas hoje por sete espécies ainda vivas, mas agrupadas em dois gêneros bem distintos entre si: preguiças-de-dois-dedos (Choloepus, clado Mylodontoidea) e preguiças-de-três-dedos (Bradypus, clado Megatherioidea) (Fig.3). Esses dois gêneros parecem ter divergido do ancestral comum há ~37 milhões de anos (Ref.1). É estimado que as primeiras preguiças emergiram no planeta há quase 64 milhões de anos.

Figura 2. Filogenia da superordem Xenarthra, uma das principais representantes da fauna nativa Sul Americana e um dos quatro principais clados de mamíferos placentários. Os parentes evolutivos mais próximos das preguiças são os tamanduás, seguido pelos tatus. Os fósseis mais antigos de preguiças datam do Oligoceno Tardio, com pelo menos oito gêneros identificados e a maior parte deles encontrados na Patagônia, embora evidências molecular e biogeográfica apontem evolução inicial na região da Amazônia. Após divergência do ancestral comum com os tamanduás, as preguiças tiveram rápida expansão territorial e em diversidade, alcançando a América do Norte e até mesmo ilhas no Caribe. Aproximadamente 100 gêneros de preguiças têm sido descritos, restando hoje apenas dois que não foram extintos. Ref.2-3


Figura 3. Espécies ainda vivas dos gêneros Choloepus e Bradypus. Essas preguiças habitam florestas tropicais ao longo da América Central e Sul, e são únicas entre os atuais vertebrados por uma combinação de: pés e mãos relativamente rígidos e similares a ganchos, grande mobilidade dos membros, braços extremamente longos e poderosa capacidade de flexão nas articulações proximais dos membros. Estritamente arborícolas, exibem massa corporal na faixa de 4-8 kg e se alimentam principalmente de folhas. Ref.4-5

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Leitura recomendada:

> Uma recente revisão taxonômica dividiu o gênero Bradypus em duas espécies que são endêmicas da Mata Atlântica e que habitam, respectivamente, regiões no sudeste e no nordeste do Brasil: B. torquatus (preguiça-de-coleira-do-norte) e B. crinitus (preguiça-de-coleira-do-sul), com divergência evolutiva entre as duas no início do Plioceno. Ref.6

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          A origem evolutiva das atuais preguiças é ainda incerta. Tradicionalmente é pensado que os gêneros Choloepus e Bradypus são derivados de antigas preguiças gigantes terrestres, evoluindo de forma independente e convergente o comportamento arborícola e locomoção atípica (pendurando-se em galhos de forma invertida). Porém, evidências mais recentes - baseadas em análises proteômicas e mitogenômicas - sugerem que o ancestral comum de ambos os gêneros era adaptado ao estilo de vida arborícola, com esse traço emergindo múltiplas vezes ao longo da evolução das preguiças (Fig.4) ou mesmo presente no ancestral comum ou grupo basal de todas as preguiças (Ref.7-8). 

Figura 4. Ilustração com diferentes gêneros de preguiças representando táxons extintos e ainda vivos. O gênero Acratocnus (clado Megalocnoidea) representa preguiças extintas e arborícolas que habitaram ilhas Caribenhas. Representantes arborícolas estão presentes nos três principais clados resultantes da radiação das preguiças (Megatherioidea, Mylodontoidea e Megalocnoidea). Colonização do Caribe por preguiças parece ter sido iniciada há ~35 milhões de anos, através de uma conexão biogeográfica entre o norte da América do Sul e as Grandes Antilhas. As preguiças gigantes terrestres ilustradas habitaram a América do Sul (Mylodon e Megatherium) e a América do Norte (Megalonyx). (Humano de escala = 1,85 m). Ref.5, 7-8


Figura 5. Reconstrução artística de dois Lestodon sp.; diferenças de tamanho nos caninos sugerem dimorfismo sexual. Enquanto as atuais preguiças são todas folívoras, totalmente arbóreas e com dimensões corporais similares, preguiças extintas exibiam um amplo espectro de porte corporal e de diversidade ecológica. Existiam representantes terrestres, escaladores, semi-aquáticos, escavadores [semi-fossoriais], e arborícolas ou semi-arborícolas. Além disso, um número de espécies possuíam capacidade de locomoção bípede, e a dieta incluía pastagem e mesmo alimentação onívora. E enquanto gêneros do Paleógeno (~35 milhões de anos atrás) como o Pseudoglyptodon exibiam uma massa corporal de aproximadamente 6 kg, várias espécies terrestres comumente ultrapassavam 1000 kg. Podemos citar como gigantes notáveis o Megatherium americanum (~3800-4000 kg), do Pleistoceno Tardio, e o Lestodon armatus (~3400-4100 kg), do Quartenário. (Barra de escala = 100 cm). Ref.9-13 

 
Figura 7. Na ilustração, um milodonte (Mylodon darwinii) se alimentando da carcaça de uma  macrauquênia (Macrauchenia patachonica). Embora historicamente considerada herbívora, existe evidência direta de que essa preguiça terrestre era um onívoro oportunístico, consumindo também carne ou outras fontes de proteína animal. O milodonte possuía ~3 m de comprimento e 1-2 toneladas e habitou a América do Sul até o final do Pleistoceno, há ~10 mil anos. É grupo-irmão das preguiças Choloepus sp., com divergência dessas últimas há ~22 milhões de anos. No geral, a dieta dessa preguiça era constituída principalmente de gramíneas (pastoreio). O nome "darwinii" é em homenagem ao Charles Darwin, que foi o primeiro a coletar vestígios fósseis da espécie na América do Sul no século XIX, durante a famosa viagem no Beagle. Ref.46-49


Figura 7. Esqueleto reconstruído de um Megatherium americanum. Múltiplas espécies de megatérios têm sido descritas na América do Sul e a M. americanum é aquela de maior porte conhecida. Podiam somar 4 toneladas ou mais. O termo "megatherium" significa "besta grande" e foi dado por Georges Cuvier (1769-1832). Aliás, a descoberta dos megatérios é anterior à descoberta dos dinossauros não-aviários. Antes da chegada de humanos nas Américas, provavelmente não possuíam predadores. Eram herbívoros, consumindo folhas de árvores e outros alimentos vegetais, e eram capazes de ficar eretos sobre as pernas traseiras (postura bípede), podendo ficar com altura efetiva acima de 6 metros - ajudando a alcançar frutos e folhas nas árvores. Ref.14

Figura 8. (A) Esqueleto reconstruído da espécie Thalassocnus natans. (B) Reconstrução artística do T. natans. Essa e outras espécies do gênero Thalassocnus representam as únicas preguiças conhecidas que eram adaptadas em grande extensão ao estilo de vida aquático, especificamente ao ambiente marinho. A dieta dessas preguiças era constituída de ervas-marinhas na costa Pacífica da América do Sul. Foram extintas há ~3 milhões de anos. Ref.15-16

  

Figura 8. Centenas de estranhos túneis com vários metros de comprimento têm sido descobertos na América do Sul e associados com grandes mamíferos extintos semi-fossoriais da megafauna, incluindo tatus gigantes (ex.: gliptodontes) e preguiças gigantes. Chamados de paleotocas, os túneis de grandes dimensões (>2 metros de diâmetro) provavelmente foram feitos por preguiças gigantes terrestres. Geralmente escavados em terrenos sedimentares, esses túneis eram potencialmente usados como habitação, refúgio ou local de estivação, inclusive  para abrigo e proteção contra variações térmicas no ambiente. Paleotocas são os maiores icnofósseis (vestígios fossilizados de atividades bióticas; ex.: pegadas) conhecidos. No Brasil, a maioria das paleotocas estão localizadas no sul e no sudeste do país. Ref.17-20

Figura 9 - Aspectos da paleotoca da Serra do Gandarela ("Toca de Caeté"), em Minas Gerais, com 340 metros de extensão. (A) Galeria com coluna de sustentação. (B-D) Galerias escavadas com feições arredondadas, incluindo superfícies de polimento em D (diâmetros c. 150 cm). (E-F) sulcos (marcas de garras) na parede indicando atividade de animal cavador. No caso, essa paleotoca foi feita por preguiças-gigantes de dois dedos. Ref.21
  
 
Figura 10. Na foto, pesquisador entrando em uma paleotoca feita por preguiças gigantes há ~10 mil anos, em Ponta do Abunã, Rondônia. O túnel associado possui aproximadamente 100 metros de extensão e 3 metros de altura. Representa a primeira paleotoca confirmada na região norte do Brasil. Ref.22

           Preguiças dos gêneros Bradypus e Choloepus são animais poiquilotérmicos, ou sejam, exibem consideráveis variações na temperatura corporal e são vulneráveis às variações térmicas ambientais. Esses animais possuem uma anômala e baixa taxa metabólica para mamíferos e utilizam ajustes posturais em ordem de explorar microclimas favoráveis no topo das árvores e regular a temperatura interna. E fazendo jus ao nome ("preguiça"), esses animais exibem movimentos tipicamente lentos. Essas características são pensadas de ser uma estratégia para reduzir os custos de termorregulação considerando a dieta extremamente pouco calórica e o longo tempo de retenção do bolo alimentar no trato digestivo. As atuais mudanças climáticas, portanto, são uma séria ameaça às preguiças, especialmente àquelas do gênero Bradypus habitando grandes altitudes (Ref.23).

 

Figura 11. Preguiças são muito lentas, tipicamente se movimentando pendurada nos galhos a velocidades de ~0,3 metro/s (1 km/h) e velocidade máxima de aproximadamente 0,7 m/s (2 km/h). Com mãos e pés permanentemente curvados, esses animais possuem músculos e tendões muito especializados que permitem que fiquem penduradas nos galhos de árvores quase sem gasto energético. Ref.24

          As preguiças-de-três-dedos (Bradypus sp.) possuem a dieta mais especializada entre as atuais preguiças e, nesse sentido, são aquelas que mais radicalmente conservam energia, além de exibirem a maior variabilidade de temperatura corporal (até 10°C ao longo do dia) e o mais baixo nível de movimentação corporal. Aliás, preguiças do gênero Bradypus possuem a menor taxa metabólica conhecida entre os mamíferos e uma temperatura corporal média de ~32,7°C (Ref.25). Preguiças-de-dois-dedos ocasionalmente também ingerem frutos e flores, mas a maior parte da dieta é constituída de folhas e brotos.

          Outros traços únicos associados às preguiças (Bradypus sp. e Choloepus sp.):

- dentes não possuem esmalte protetor, e, ao longo do tempo, ficam frequentemente pretos devido à contínua absorção de taninas das folhas que comem;

- as longas "garras" são dedos (ossos das falanges alongados e curvados) cobertos pelo mesmo material constituinte das nossas unhas (queratina); Fig.12

- não possuem células de cone na retina (monocromatismo), resultando em cegueira de cores, dificuldade de visão em ambiente com baixa luminosidade e completa cegueira em ambiente muito iluminado - são animais que usam o excelente olfato como sentido primário para explorar o mundo;

- possuem um laço no esôfago que impede que vomitem ou que alimento retorne para a boca enquanto estão se alimentando de cabeça para baixo;

- possuem adesões fibrinosas que ajudam a ancorar e manter no lugar os órgãos do corpo independentemente da posição corporal, reduzindo também o gasto energético para respiração e outros processos (até 7-13% ao longo do dia).

- possuem válvulas e esfíncteres especializados no sistema circulatório que asseguram fluxo adequado e constante de sangue independentemente da posição do corpo e forças gravitacionais.

- apesar do estilo de vida altamente arborícola, preguiças nadam muito bem, e são três vezes mais rápidas na água do que no solo. Fig.13

- Como regra geral, todos os mamíferos conhecidos possuem 7 vértebras cervicais ("do pescoço"), com três exceções: preguiças e peixe-boi (Trichechus). Preguiças-de-três dedos possuem  8 ou 9 vértebras cervicais, permitindo que a cabeça seja virada 270° e ajudando a reduzir gasto energético durante movimentação do corpo. Já as preguiças-de-dois-dedos e peixes-bois possuem apenas 5 vértebras cervicais. Esse número reduzido de vértebras cervicais nas preguiças parece permitir que a cabeça desses animais seja inclinada totalmente para trás, facilitando o acesso de folhas nos galhos (Ref.26).

- Devido ao grande volume e massa do estômago das preguiças (respondendo por até 30% da massa corporal!), esses animais possuem um grande número de costelas - garantindo proteção extra ao órgão estomacal. As preguiças-de-dois-dedos exibem 21 pares de costelas, comparado com 12 pares em humanos e 9 pares nas baleias.

Figura 12. (A) As "garras" das preguiças são os ossos da falange distal curvados e alongados, protegidos dentro de um "estojo de unha" (queratina). O formato curvado e afiado da falange distal emerge da interação constante com os galhos das árvores durante locomoção ao longo da vida da preguiça. O "estojo" de queratina em torno da falange distal cresce continuamente e é gasto durante as atividades arborícolas da preguiça. (B) Ossos da falange de uma preguiça (espécie Bradypus variegatus).

  
Figura 13. Diferente de macacos, preguiças não conseguem pular de árvore em árvore. Nesse sentido, para alcançar novas árvores ou territórios separados por um curso d'água, precisam nadar. O enorme estômago desses animais, cheio de gás (oriundo da longa digestão de matéria vegetal), atua como uma boia, facilitando a natação. Ref.27

           

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Curiosidade: Por várias décadas persistiu a alegação de que, em 13 de janeiro de 1951, membros do "O Clube de Exploradores" (The Explorers Club) jantaram a carne de um megatério congelado no Alasca. O clube é famoso nos EUA e, anualmente, seus integrantes se reúnem para experimentar pratos exóticos. Porém, a narrativa do jantar de 1951 possui um grande problema: megatérios eram nativos da América do Sul. De fato, um estudo de 2016, analisando uma amostra preservada da alegada carne de megatério (Fig.14), concluiu que se tratava de uma tartaruga-verde (Chelonia mydas). Além disso, os autores do estudo encontraram evidências arquivais de que o "jantar pré-histórico" foi apenas um boato inventado na reunião de membros visando atrair publicidade para o clube.


 
Figura 14. Amostra da carne falsamente descrita por décadas como pertencente a um megatério, preservada no Museu Perot de Natureza e Ciência, em Dallas, EUA. Ref.28

> Preguiças terrestres do Quartenário Tardio foram extintas há ~10 mil anos, como parte do evento de extinção da megafauna que ocorreu no final da última Era do Gelo. Táxons nas ilhas do Caribe (Megalocnus, Neocnus, Acratocnus e Parocnus) se tornaram extintos há ~4400 anos. A causa exata da extinção das preguiças terrestres e insulares é incerta, mas pode estar ligada às atividades humanas (ex.: caça) e/ou a mudanças climáticas. Ref.29

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Figura 15. Arte em um painel de pedra (Las Dantas) em Cerro Azul, La Lindosa, feita por antigos humanos Amazônicos que habitavam o atual território da Colômbia e que pode ser tão antiga quanto 12,6 mil anos atrás. Na arte, um número de animais da extinta megafauna parecem ser retratados. Em destaque, podemos ver uma provável preguiça gigante interagindo com humanos, e anatomicamente sugestiva de pertencer ao gênero ArctotheriumRef.30

> Atuais preguiças (não-extintas) são muito difíceis de serem arrancadas de galhos quando estão penduradas. Aliás, exibem uma força de pegada aproximadamente 3x aquela de um típico humano adulto. No meio selvagem, às vezes essas preguiças têm sido observadas firmemente penduradas mesmo após a morte. Isso pode explicar por que antigos humanos não exterminaram esses animais junto com as outras preguiças. Caçá-las provavelmente era uma tarefa difícil, e possivelmente frustrante quando ficavam penduradas no alto de árvores após serem mortas com projéteis.

> É provável que, antes da ocupação humana, a enorme semente do abacate era dispersada por preguiças gigantes. Esses animais eram um dos poucos herbívoros conhecidos na América capazes de engolir a semente inteira dessa fruta e evacuá-la, formando uma importante relação simbiótica (mutualística) com o abacateiro (Persea americana) - planta nativa da América Central e México. Aliás, preguiças gigantes exibiam dentes relativamente pequenos e sem corte, dificultando o processamento (destruição) das sementes na boca. Ref.31-32

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> Atualmente, no Brasil, as espécies do gênero Bradypus torquatus está em perigo de extinção, e com status vulnerável a nível global). A espécie B. pygmaeus, encontrada exclusivamente em mangues da ilha Escudo de Veraguas, na costa do Panamá, está em crítico perigo de extinção, devido à perda do seu habitat. Ref.33-34

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   POR QUE DESCER PARA DEFECAR?

           Como exposto, preguiças dos gêneros Bradypus e Choloepus são "preguiçosas", no sentido e serem altamente adaptadas para reduzir ao máximo o gasto energético. O gasto energético diário mínimo desses animais é estimado em apenas ~147 kJ: um adulto de 4 kg precisa comer apenas 60 g de folhas diariamente para atender as necessidades calóricas (Ref.9). Apenas 25-30% da massa corporal dessas preguiças é constituído de músculos (órgão com relativa alta demanda metabólica), enquanto outros mamíferos tipicamente exibem 40-45% de músculo. Com um grande estômago multi-compartimentar similar àquele de ruminantes, até a digestão é extremamente lenta: o bolo alimentar pode permanecer na cavidade estomacal de preguiças por até 90 horas e pode levar 1 semana para alcançar o ânus. Aliás, até 30% da massa corporal das atuais preguiças consiste de comida no estômago e urina.

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> Embora sejam atualmente um dos mamíferos menos móveis do planeta, as preguiças não passam a maior parte do tempo dormindo como comumente pensado. No meio selvagem, gastam ~9,5 horas por dia dormindo, ou seja, passam a maior parte do tempo acordadas, quietas e imóveis nas árvores. Por outro lado, dormem de forma intermitente ao longo do dia: curtos períodos diurnos e noturnos de sono (<1 hora) interrompidos por períodos ocasionais de atividade. Nesse sentido, não são animais nem noturnos nem diurnos. 

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> Preguiças da espécie Choloepus hoffmanni possuem a terceiro metabolismo mais baixo (234 kJ/dia/kg) de todos os mamíferos, com um gasto energético diário um pouco maior do que pandas (Ailuropoda melanoleuca: 185 kJ/dia/kg). A preguiça da espécie Bradypus variegatus possui o menor metabolismo conhecido entre mamíferos (162 kJ/dia/kg) e a menor taxa de digestão conhecida entre mamíferos Ref.44

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           Com pouca agilidade e sem defesas muito efetivas, as preguiças arborícolas dependem de estratégias crípticas contra predadores (Fig.15). A imobilidade em meio aos galhos e folhas ajuda muito nesse sentido, ao reduzir o fator "chamar a atenção" e dificultar a detecção visual. Além disso, a pelagem especial desses animais abriga um verdadeiro ecossistema constituído de algas, fungos e invertebrados diversos, resultando também em uma coloração esverdeada que aparentemente (!) ajuda na camuflagem em meio às folhas (Fig.16). E preguiças fazem quase tudo no alto das árvores.

 

Figura 15. A harpia ou gavião-real (Harpia harpyja) é o principal predador de preguiças e a maior ave predatória do mundo. Aliás, essa ave de rapina se alimenta primariamente de preguiças, arrancando-as com rapidez e violência dos galhos quando estão expostas no alto das árvores. Infelizmente, esse evento de predação está cada vez mais raro de ser observado, devido ao dramático declínio populacional das harpias.

  

Figura 16. Uma preguiça de três dedos com um filhote e exibindo uma pelagem esverdeada, devido ao crescimento de algas verdes nos pelos. Essas algas pertencem a gêneros diversos (ex.: Trentepholia, MyrmeciaTrichophilus) e aquelas do gênero Trichophilus parecem ter evoluído uma relação simbiótica com as preguiças: são únicas dos pelos desses animais, são transmitidas verticalmente, recebem abrigo e parecem fornecer camuflagem extra entre as folhas. A espécie Trichophilus welckeri é a mais frequente e abundante na pelagem desses animais. Os pelos da preguiça possuem micro-fraturas que prendem umidade para mais de 80 diferentes tipos de algas e fungos. Alguns dos fungos possuem propriedades antibacterianas e antiparasíticas que ajudam a prevenir doenças. Existem também vários tipo de bactérias no microbioma associado à pelagem. Ref.35-36

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(!) Importante realçar que a alegada relação simbiótica entre algas verdes e preguiças não possui comprovação científica. É apenas uma hipótese. É possível que essas algas não forneçam nenhum significativo benefício para as preguiças, representando talvez uma simples relação de comensalismo: ocorre grande proliferação de algas verdes na pelagem das preguiças porque esses animais não possuem meios para limpeza efetiva dos pelos. De fato, mesmo sem algas verdes ou extensa presença desses organismos, preguiças ficam bem camufladas entre os galhos, troncos e folhas mortas nas árvores. Ref.44

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          Porém, mesmo nesse contexto de extrema economia energética, estilo de vida altamente arborícola e grande vulnerabilidade física contra predadores, preguiças a cada 4-8 dias fazem algo impensável: descem da proteção no alto das árvores para defecar no chão da floresta. E, no ambiente terrestre, ficam amplamente expostas a predadores diversos, desde canídeos até felinos de médio a grande porte. De fato, descer de uma árvore é a principal causa de mortalidade para uma preguiça: mais da metade de todas as mortes de preguiças adultas parecem ocorrer quando esses animais estão no chão ou próximos do chão (Ref.37).

          Essa descida até o solo é significativamente custosa em termos energéticos (aproximadamente 8% do total de energia diária gasta) e muito arriscada. Por que então esses animais encaram essa aventura para ir até o banheiro? Por que simplesmente não evacuam do alto das árvores, deixando as fezes caírem no solo?

            A resposta para essas perguntas é ainda um mistério na ciência.

           As preguiças-de-três-dedos, antes de defecar, cavam um pequeno buraco com a cauda vestigial (Fig.18) na base da árvore em que estavam. Após depositar as fezes nesse buraco, esses animais cobrem parcialmente o material fecal com solo - similar a um gato ou um cão - e sobem de volta para o topo da árvore. Já as preguiças-de-dois-dedos, com ausência de cauda, simplesmente defecam no solo exposto, mas mesmo assim fazem também questão de descer (vídeo abaixo) - apesar de ocasionalmente serem observadas defecando do alto das árvores. Esses animais podem perder até um terço da peso corporal em uma única defecação.

 

Figura 18. Preguiças do gênero Bradypus possuem uma cauda pequena, arredondada e muito forte, medindo aproximadamente 6-7 cm de comprimento. Além do uso para cavar um "buraco de defecação", essa cauda vestigial também é usada como auxílio na escalada de árvores.

           

          Um número de hipóteses têm sido propostas para tentar explicar esse estranho comportamento, mas nenhuma ainda consensual entre os cientistas. Quatro delas merecem destaque e não são necessariamente excludentes entre si.


- Fertilizante de Árvores

          Ao descer e depositar as fezes junto às árvores preferidas, preguiças estariam fertilizando o sistema de raízes dessas plantas e promovendo o crescimento do seu alimento favorito: folhas e brotos. Porém, essa hipótese possui importantes limitações. As fezes desses animais são extremamente duras e secas e não são facilmente processadas por organismos recicladores. Frequentemente as fezes ficam intocadas no chão da floresta por vários dias (Fig.19). Segundo, por que descer ao solo para defecar próximo da árvore se o animal pode fazê-lo do alto, em segurança? Por fim, preguiças estão constantemente e lentamente mudando de árvore, e uma árvore particular fertilizada pode ficar meses sem nova visita (por outro lado, o benefício pode ser a nível populacional). E mais: preguiças tipicamente defecam em um único lugar. Por que ter uma árvore favorita para amontoar as fezes?

Figura 19. Múltiplas pilhas de fezes frescas e velhas de uma preguiça, no seu local favorito de defecação no chão.

- Síndrome do Mutualismo

          Como mencionado, preguiças abrigam um mini-ecossistema na pelagem, constituído principalmente por algas do gênero Trichophilus e por traças da família Pyralidae (espécies Bradypodicola hahneli e Cryptoses choloepi) que são encontradas apenas nesses mamíferos. Preguiças são inclusive referidas como ecossistemas móveis. As traças em específico (Fig.20-21) só deixam a pelagem das preguiças para depositar ovos e justamente nas fezes do seu hospedeiro. É sugerido que o hábito de descer das árvores e defecar no mesmo local do chão facilita a interação entre as traças adultas e as fezes frescas para a deposição de ovos (Ref.37). Mas neste ponto temos o problema: o que as preguiças ganham ajudando o ciclo de vida dessas mariposas? Alguns cientistas especulam que existe uma relação mutualística entre preguiças e traças, talvez com esses insetos promovendo maior proliferação de algas verdes na pelagem (!). Mas essa especulação não possui suporte de evidência científica. 

 

Figura 20. Traça da espécie Bradypodicola hahneli. Vivendo na pelagem das preguiças, esse inseto provavelmente se alimenta dos fungos, algas e secreções sebáceas nos fios capilares do hospedeiro. Quando a preguiça hospedeira está pronta para defecar, as traças das espécies B. hahneli e Cryptoses choloepi ficam muito ativas e voam até as fezes evacuadas para botar os ovos. As larvas que emergem dos ovos são coprofágicas e se alimentam das fezes das preguiças ao longo do desenvolvimento até a fase adulta.

 

Figura 21. A "traça-das-preguiças", espécie Cryptoses choloepi, em uma preguiça da espécie Bradypus variegatus. (A) Essas traças frequentemente tumultuam o rosto das preguiças, especialmente orifícios como o nariz e os olhos e (B) parecem ficar bem camufladas na pelagem cinza-amarronzada desses animais. Ref.44

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(!) Antigamente era pensado que, além da camuflagem no meio selvagem, as algas verdes forneciam nutrientes essenciais para preguiças. Mas essa ideia parece ser falsa. Preguiças em cativeiro sem algas na pelagem são saudáveis e não exibem deficiências nutricionais sob alimentação natural. Também inexiste evidência observacional de preguiças lambendo ou ingerindo algas através da pelagem. Ref.38, 44

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- Comunicação e Reprodução

          Feromônios presentes na urina e nas fezes das preguiças fornecem várias informações importantes sobre os indivíduos, em especial considerando o olfato muito eficiente desses animais. Se as preguiças apenas deixam as fezes caírem em qualquer lugar e de muito alto, essas informações podem ser muito diluídas ou perdidas. E se preguiças deixassem rastros odoríferos e feromônicos apenas nos galhos das árvores, outras preguiças podem ter dificuldade de encontrá-los entre os inúmeros galhos. Concentrando as fezes em um local específico e sob um único tronco, indivíduos podem transmitir suas informações (ex.: status de saúde e hormonal) para outros indivíduos de forma mais efetiva. 

          Em suporte dessa hipótese, existe evidência observacional de que fêmeas no cio descem ao chão para defecar uma vez por dia (Ref.39), ou seja, com frequência muito maior do que o normal e em um período reprodutivo crítico marcado por significativas mudanças hormonais e comportamentais. Fêmeas de preguiças-de-três-dedos entram no cio uma vez por mês por aproximadamente 7 dias, período marcado por aumento de atividade em ~200% e frequentes vocalizações agudas de alta intensidade que são atrativas para machos (Ref.40). Fêmeas de preguiças-de-dois-dedos não vocalizam, mas secretam feromônios a partir de glândulas genitais que são esfregadas em galhos e troncos de árvores para potenciais machos seguirem (Ref.40). 


- Suplementação Nutricional

           A dieta folívora e muito restrita das preguiças pode suprir de forma insuficiente certos minerais importantes para o desenvolvimento saudável desses animais. É proposto que durante a descida para a defecação, preguiças aproveitam para consumir um pouco de terra (geofagia) rica em nutrientes minerais. Bebês de preguiças já foram observados ingerindo solo enquanto a mãe estava defecando (Ref.41). Em cativeiro, preguiças gostam de lamber sais, e esse hábito é naturalmente e comumente observado em preguiças do gênero Choloepus: descem ocasionalmente das árvores para ir em locais conhecidos como "saladeros" para o consumo de minerais no solo (Ref.45). O hábito geofágico das preguiças-de-dois-dedos parece melhorar a digestão de toxinas e suplementar sais minerais não presentes na dieta. E a ida até os saladeros é uma viagem perigosa - como mostrado no vídeo abaixo - e tipicamente feita à noite. Por fim, e ainda mais interessante, preguiças no Peru e na Costa Rica já foram observadas descendo das árvores para se alimentar de dejetos humanos em latrinas (Fig.21).

Figura 21. Preguiça-de-dois-dedos saindo de uma latrina após consumir dejetos humanos (urina + fezes). Esse anômalo comportamento foi registrado por pesquisadores na floresta Amazônica Peruana e envolveu múltiplas preguiças que desciam das árvores para entrar na latrina. Estariam buscando uma fonte extra de minerais ou outros nutrientes? Urina, por exemplo, é rica em sódio. Ref.42

> No vídeo, preguiça adulta da espécie Choloepus didactylus é atacada por uma jaguatirica (Leopardus pardalis) adulta na Estação de Biodiversidade Tiputini, na Amazônia do Equador, durante descida diurna das árvores para ir a um saladero. Ref.45

           

           Embora não exista ainda observação direta e cientificamente validada de geofagia em preguiças adultas do gênero Bradypus sp. no meio selvagem, é plausível que, durante a interação com o solo, os dedos curvados desses animais fiquem impregnados com terra, que pode ser então lambida. Por outro lado, essa hipótese não explicaria por que a geofagia precisa acompanhar a defecação, esta última um processo que demanda significativo tempo e um ritual de "dança", aumentando o risco de predação. Talvez complemente outros potenciais benefícios previamente explorados?


- Herança do Ancestral Terrestre

          Esse ritual terrestre de defecação nas duas linhagens de preguiças ainda vivas seria fruto de evolução convergente ou resquícios comportamentais de ancestrais terrestres extintos? O pesquisador e ecólogo Julian Monge-Najera, analisando todas as hipóteses propostas para o comportamento de defecação das preguiças, propôs em 2021 uma explicação alternativa nesse sentido: herança comportamental de preguiças terrestres (Ref.43). Segundo Julian, durante a adaptação evolutiva das preguiças para o estilo de vida arborícola, não houve tempo suficiente para que pressão seletiva atuasse para eliminar o [suposto] traço deletério de defecação terrestre. 

          Em suporte da "hipótese vestigial", Julian cita que preguiças da espécie B. tridactylus - um grupo fortemente arborícola e sedentário - são ocasionalmente observadas defecando do alto de galhos, um potencial sinal de que pressão seletiva está atuando para eliminar a defecação terrestre. O mesmo talvez válido para a espécie C. hoffmanii, que frequentemente é observada defecando do alto de árvores.

           Porém, essa hipótese é sustentada pela suposição de que o estilo de vida terrestre é o traço basal ou presente em todas as linhagens de preguiças levando aos gêneros Bradypus e Choloepus. E evidências genéticas nos últimos anos têm desafiado a validade dessa suposição. Além disso, não é totalmente consistente com a extrema especialização do corpo das atuais preguiças no sentido de viver no alto das árvores e economizar energia. 


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