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Análise forense conclui que ossadas encontradas são da lendária Amelia Earhart


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         De acordo com um novo estudo publicado no periódico Forensic Anthropology (Ref.1), a re-análise de sete ossos encontrados em uma remota ilha no Sul do Pacífico e examinados em 1940 pelo médico D. W. Hoodless - o qual tinha determinado que as ossadas pertenciam a um homem - concluiu que eles possuem mais similaridade com Earhart do que 99% dos indivíduos em uma grande amostra de referências.

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   AMELIA EARHART

         Nascida no dia 24 de julho de 1897 em Atchison, Kansas, Amelia Earhart foi a primeira mulher a voar como uma passageira ao longo do Oceano Atlântico - a bordo de uma aeronave tri-motor Fokker que estava sendo pilotada por Wilmer Stutz e Louis Gordon - para, então, se tornar a primeira mulher a pilotar uma aeronave acima do mesmo oceano. Na época eram raras as mulheres pilotos, e as suas ações fomentaram outras mulheres a seguirem seus passos e também perseguirem ambições antes exclusivas aos homens. Earhart inspirou gerações de mulheres a fazerem coisas que nunca antes tinham sido feitas pelas representantes femininas.


          Earhart se tornou apaixonada pela aviação ao 12 anos de idade, mas não começou a voar até se mudar para a Califórnica, em 1920. Após receber aulas da pioneira da aviação Neta Snook - uma das primeiras mulheres a se graduar da Curtiss Schgoool of Aviation - em um Curtiss Jenny (uma aeronave de dois assentos comprados com dinheiro emprestado da mãe), Earhart ganhou sua licença de voo em dezembro de 1921, e começou a quebrar uma série de recordes de voo - com o recorde de altitude alcançado por uma mulher quebrado em outubro 1922 (4267 metros). Em 1923, Earhart recebeu sua licença internacional de piloto, se juntando ao grupo de apenas 16 mulheres no mundo com o mesmo feito. Então, em 1928 ela foi convidada a ser a primeira mulher a cruzar o Atlântico em uma aeronave. Acompanhando os co-pilotos Stultz e Gordon como passageira do Fokker Friendship, Earhart se tornou uma celebridade internacional após completar o percurso. Então, em 1932, ela se tornou a primeira mulher a voar sozinha ao longo do Atlântico. Já em 1935, ela completou o primeiro voo solo do Hawaii para a Califórnia.


          Durante todo esse período Earhart não parou de promover a aviação - através de discursos e livros - e inclusive ajudou a fundar o grupo Ninety-Nines, uma organização dedicada às mulheres aviadoras. Em 1° de julho de 1937, Earhart e seu navegador, Fred Noona, deixaram Miami, Flórida, para iniciar um voo dando a volta ao mundo. Porém, Earhart, Noonan e seu Lockheed Electra desapareceram após uma parada em Lae, New Guinea, em 29 de julho de 1937, faltando apenas 7000 milhas para completar a viagem e um mês para o seu aniversário de 40 anos.




         Apesar do seu desaparecimento ser cercado de mistérios até hoje - com muitos na época criando várias hipóteses sobre o que teria ocorrido, incluindo que ela era uma espiã ou que tinha sido capturada pelos inimigos dos EUA -, as contribuições de Earhart para a aviação e para a luta das mulheres por maior liberdade de escolhas inspirou diversas pessoas nos últimos 80 anos. Quarenta e cinco anos depois do seu desaparecimento, em 18 de junho de 1983, Sally Ride se tornou a primeira Norte-Americana a voar pelo Espaço.



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   OSSOS DE AMELIA

        Após o misterioso desaparecimento de Amelia em 1937, uma das mais aceitas hipóteses era que simplesmente ficou sem combustível e acabou caindo no mar para nunca mais serem vistos de novo. Essa especulação também é compartilhada por pesquisadores modernos que acreditam que ela morreu como náufrago na ilha de Nikumaroro.

          Em 1940, ossos foram encontrados encontrados na ilha, junto com um sapato julgado ser tipicamente de mulher, uma caixa de sextante - instrumento para medir ângulos - projetada para comportar um Brandis Navy Surveying Sextant produzido em torno de 1918 e similar àquele usado pelo co-piloto de Earhart, e uma garrafa Benedictine, algo conhecido de ser carregado por Amelia. Os ossos eventualmente desapareceram, restando somente dados métricos limitados às medidas do crânio e três dos ossos longos da tíbia, úmero e rádio.

          O pesquisador Richard Jantz resolveu então re-analisar os ossos, questionando as conclusões de um estudo de 1940 realizado pelo médico D. W. Hoodless, diretor do Central Medical School, Fiji, que excluiu a possibilidade daqueles ossos serem de uma mulher e, sim, de um homem de meia-idade de 1,67 metro de altura. "A antropologia forense no início do século XX não era muito bem desenvolvida, existindo vários exemplos de erros feitos pelos antropologistas da época. Nós podemos concordar que Hoodless pode ter feito o melhor que pôde com os recursos da época, mas isso não quer dizer que ele estava correto", afirmou Jantz em seu novo estudo. Além disso, Jantz questiona também a opinião recente (2015) de dois pesquisadores (Cross e Wright) que concordaram com a conclusão de Hoodless, e corrobora a conclusão alcançada por pesquisadores em 1998-1999 que descreveram os esqueletos como sendo provavelmente de uma mulher de 1,70-1,76 metros de altura e com ancestralidade europeia, o que é consistente com Earhart.

         Jantz, então, começou sua análise comparando os comprimentos dos ossos encontrados com aqueles que deveriam constituir a real Earhart, a partir de vários parâmetros e estratégias. Os comprimentos do seu úmero e do seu rádio, por exemplo, foram obtidos de uma fotografia que trazia um objeto de conhecida escala, esta a qual foi fornecida por Jeff Glickman de Photek. O comprimento da sua tíbia foi estimado de medidas das suas roupas na George Palmer Putnam Collection of Amelia Earhart Papers, da Universidade de Purdue. Uma historiadora de custura realizou as medidas, incluindo medidas como a circunferência das calças de Earhart.


        Na busca por uma conclusão mais confiável, Jantz investigou outras hipóteses sobre os ossos. Ele procurou pela possibilidade de que eles podem ter pertencido a um dos 11 homens que supostamente foram mortos em Nikumaroro no naufrágio do Norwich City no recife oeste da ilha, cerca de 4,5 km de onde os ossos foram encontrados. Jantz também considerou a possibilidade de que os ossos eram de um típico habitante das ilhas do Pacífico em volta de Nikumaroro.

        Jantz mostrou de que não existia documentação sobre os 11 homens e nenhuma evidência de que qualquer um deles sobreviveu como um náufrago. Os sapatos femininos e a caixa de sextante também não são artefatos prováveis de estarem associados com um sobrevivente de um naufrágio. Além disso, Jantz não encontrou evidências de que habitantes próximos do Pacífico teriam terminado como náufragos na pequena ilha.

        Baseado em todas as evidências, a conclusão de Jantz, traga no novo estudo, afirma que "era conhecido que Earhart estava na área da Ilha de Nikumaroro, ela desapareceu e vestígios humanos foram descobertos que são inteiramente consistentes com Earhart e inconsistentes com a maioria de outras pessoas suspeitas."



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REFERÊNCIAS
  1. http://journals.upress.ufl.edu/fa/article/view/525/518 
  2. https://www.nasa.gov/multimedia/imagegallery/image_feature_1112.html
  3. http://www.americaslibrary.gov/aa/earhart/aa_earhart_subj.html