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Afinal, é seguro fazer sexo durante a gravidez?



- Atualizado no dia 6 de setembro de 2021 -

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           É uma grande dúvida de muitos casais a questão sobre a segurança na prática de sexo durante a gravidez. Será que o sexo é permitido nesse período? Quais os riscos envolvidos? Apesar da atividade sexual ser comum durante a gravidez, sua frequência acaba variando bastante, com a tendência de diminuir à medida que a idade gestacional avança. Essa diminuição pode ser atribuída às náuseas, medo de danos à saúde do feto, medo de aborto, medo de infecções, fadiga ou sugestão do médico. Frequentemente também pode existir uma diminuição da libido e da satisfação sexual da mulher grávida, já que esta pode se sentir menos atrativa para o parceiro/parceira. No geral, à medida que a gravidez progride, nota-se um decréscimo no alcance do orgasmo e da satisfação sexual, e um aumento na dor durante o ato sexual com penetração.

          Mas, deixando de lado questões ligadas ao prazer sexual e de auto-percepção, existem prejuízos na prática de sexo para a grávida e/ou para o feto? E, se existem riscos, qual a relevância deles?


   IMPORTANTE

         Logo de início, é preciso deixar claro que a partir deste ponto será explorado todas as possíveis complicações que podem resultar da atividade sexual durante a gravidez, não significando, porém, que elas sejam minimamente frequentes, carreguem consideráveis riscos ou sejam todas observadas na prática. Por isso é importante ler este artigo por inteiro para não tirar conclusões precipitadas. E, obviamente, o artigo, mesmo baseado na literatura acadêmica, deve ser considerado apenas como um guia para que casais levem o seu conteúdo para ser discutido com um profissional de saúde, este o qual estará apto a delinear recomendações ideais para cada caso.




   POTENCIAIS COMPLICAÇÕES

            Potenciais complicações decorrentes do sexo na gravidez incluem parto prematuro, doença inflamatória pélvica/infecções, hemorragia anteparto em caso de placenta prévia e embolismo aéreo venoso.


    PARTO PREMATURO

            Aqui as evidências para um evento desse tipo ocorrer decorrente de atividades sexuais durante a gravidez são quase inexistentes e a maior parte dos especialistas consideram isso mais do que improvável. Apostando em possibilidades, o risco de parto prematuro entre mulheres grávidas irá diferir dependendo da presença ou não de fatores de risco específicos. Como exemplos desses riscos, podemos incluir histórico de parto prematuro, gestações múltiplas e incompetência cervical. Apesar da literatura científica nesse caso ser contraditória e limitada em parâmetros de estudo, e de eventos do tipo decorrentes da atividade sexual serem incertos, a restrição do sexo é rotineiramente recomendada por profissionais de saúde para a prevenção do parto prematuro por causa do risco hipotético trago pelo ato, onde podemos destacar os seguintes mecanismos:


Mulheres com baixo risco de parto prematuro: Nesse caso, a atividade sexual, de acordo com estudos feitos até o momento, não trazem riscos mensuráveis. No máximo, mulheres com sintomas de infecções no trato genital inferior e no caso de atividades sexuais frequentes (definido como uma por semana ou mais) em mulheres colonizadas com a bactéria Mycoplasma hominis ou Trichomonas vaginalis mostram um pequeno aumento de risco na análise estatística de alguns estudos, os quais tendem a ser considerados irrelevantes.

Mulheres com elevado risco de parto prematuro: Aqui, as evidências são muito limitadas, mas mesmo assim as mulheres com histórico de parto prematuro, gestações múltiplas ou incompetência cervical, por exemplo, são geralmente aconselhadas a se absterem das atividades sexuais. Muitos estudos não encontram suporte para essa recomendação, mas como a questão ainda não está totalmente esclarecida, segui-la talvez possa ser uma medida de prevenção que valha a pena.

          É válido também mencionar que em estágios avançados da gravidez um orgasmo ou mesmo o sexo por si só pode disparar contrações características (conhecidas como Contrações Bxton Hicks). Se isso acontecer, a grávida irá sentir os músculos do útero ficarem rígidos. O evento é perfeitamente normal e não existe motivo para alarme. Se as contrações estiverem desconfortáveis, é recomendado tentar técnicas de relaxamento ou apenas deitar quietamente até as contrações passarem.

   DOENÇA PÉLVICA INFLAMATÓRIA

           Um mito muito comum é o de que a gravidez age como um agente protetor contra infecções sexualmente transmitidas e a doença inflamatória pélvica. Além dessa ideia ser falsa, ela pode também contribuir para um atraso no tratamento de mulheres grávidas carregando tais enfermidades, com substanciais consequências para a mãe e o feto. Portanto, é preciso ficar de olho, especialmente no caso de atividades sexuais frequentes.

           Bem, de qualquer forma, teoricamente, mulheres grávidas deveriam ter um risco reduzido em desenvolver a doença inflamatória pélvica por causa de barreiras naturais contra infecções ascendentes criada pela massa obstrutora mucosa e a obliteração da cavidade uterina pela fusão da decidua capsularis e parietalis ao redor da 12° semana de gestação. Contudo, o trato genital superior ainda fica sob risco para infecções ascendentes no primeiro trimestre, e infecções crônicas no trato genital superior podem recorrer durante a gravidez.

           Estudos de revisão já mostraram que a doença inflamatória pélvica e a gravidez podem coexistir em adolescentes, sendo o ideal um diagnóstico diferencial para pacientes grávidas apresentando dor abdominal. Da mesma forma, abscessos no tubo-ovariano já foram descritos na gravidez.

            É válido também lembrar que o citomegalovírus (CMV) e o Zika vírus podem ser transmitidos pela via sexual, sendo que as agências de saúde recomendam que os parceiros que viajarem para áreas com ocorrência do Zika ou que morem nas mesmas devem sempre usar camisinha durante as relações sexuais (oral, vaginal ou anal) ou que se evite o sexo durante a gravidez nesse caso. Apesar da ameaça global do Zika vírus ter diminuído drasticamente, incluindo o Brasil (onde o problema alcançou níveis mais graves), a recomendação continua a mesma.

 
          Aliás, um estudo de meta-análise recente publicado no periódico do CDC (Centro de Controle e Prevenção de Doenças, EUA) Emerging Infectious Diseases (Ref.5) mostrou que 26 outros vírus além do Zika podem também viver no sêmen humano, incluindo aqueles que causam o Ebola, HIV, hepatite B e herpes. Nem todos eles são capazes de serem transmitidos de pessoa para pessoa ou tiveram a virulência a partir do sêmen estudada, mas esse achado aumenta o alerta para as mulheres grávidas e seus parceiros, principalmente aquelas que estejam praticando sexo com mais de um parceiro.

             O sexo anal seguido do vaginal também não é recomendado, já que pode carregar bactérias da região anal para a vagina e levar a um aumento no risco de infecções.


   HEMORRAGIA ANTEPARTO EM PLACENTA PRÉVIA

             Assim como um exame do colo do útero pode, teoricamente, causar hemorragias em caso de placenta prévia, extrapola-se que o contato peniano com o colo do útero durante o ato sexual pode resultar em riscos similares de hemorragia e, como consequência, pacientes com placenta prévia são aconselhadas a se absterem das atividades sexuais durante a gravidez. No entanto, a quantidade de estudos suportando ou refutando tal recomendação é escassa.



           Apesar de não existirem estudos sobre o ângulo de contato peniano com o cérvix durante a relação sexual na gravidez, é ainda possível a entrada do pênis no canal cervical, e provavelmente pode ser seguro, em certas circunstâncias, aconselhar as pacientes com placenta prévia a se absterem da atividade sexual para reduzir o risco hipotético de uma catastrófica hemorragia anteparto. Mas, lembrando, é uma recomendação com pobre base científica de evidências.


    EMBOLISMO AÉREO VENOSO

           Esse é um evento muito raro mas potencialmente fatal  que já foi reportado em pacientes grávidas e no período de periparto (no último mês de gravidez ou nos primeiros meses após a gravidez) que estavam tendo sexo oral-vaginal e vaginal-peniano. A frequência desses eventos é desconhecida, mas alguns estudos colocam algo em torno de 18 mortes por embolismo aéreo venoso para cada 20 milhões de gravidezes. Em um estudo de revisão de 2007 (Ref.7) foram identificados 22 casos do evento associados com a atividade sexual, onde 19 dos 22 ocorreram durante a gravidez ou no pós-parto; 18 das 22 mulheres morreram.

           Duas condições precisam estar presentes para o embolismo aéreo venoso ocorrer: comunicação direta entre a fonte de ar e a vasculatura, e um gradiente de pressão favorecendo a passagem de ar para dentro da circulação sanguínea. Durante a gravidez e o período pós-parto, existe uma comunicação direta da vagina até a vasculatura uteroplacental distendida, e ar pode ser forçado para dentro do canal cervical através de insuflação ou do efeito-pistão de um pênis ou de dedos na vagina. Ar introduzido dentro da circulação venosa e da vasculatura pulmonar podem resultar em sérios riscos de morte.

            Como já dito, o evento é algo extremamente raro, mas acontece, e pacientes grávidas deveriam ser aconselhadas a evitarem sexo oral-vaginal com insuflação de ar, já que a atividade parece conferir um aumento de risco. Sexo envolvendo o pênis e a vagina, especialmente na posição por trás - onde o útero fica acima do nível do coração -, pode aumentar o risco de embolismo.

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ATUALIZAÇÃO (06/09/21): Em um relato de caso publicado no periódico Future Science (Ref.23), foi reportado um evento extremamente raro de ruptura esplênica em uma mulher de 33 anos de idade e grávida de 36 semanas 20 minutos após o ato sexual (incluindo penetração vaginal). Após o evento, ela deu entrada na emergência de um hospital com forte e aguda dor abdominal, onde um parto de emergência por cesárea foi feito, dando luz a um bebê com parada cardíaca, o qual foi ressuscitado e liberado 18 dias depois. Investigação cirúrgica mostrou intenso sangramento na parte superior do abdômen, oriundo do baço - na inserção dos ligamentos esplenocólico e gastroesplênico, o qual foi tratado com sucesso. Apenas um único caso similar foi reportado na literatura acadêmica, em 1958.
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       E SEXO NO PERÍODO PÓS-PARTO?

         Após o parto, em teoria, a atividade sexual envolvendo penetração pode resultar na disrupção de suturas, infecção, deiscência, sangramento e hematomas, ou formação de fístula. Essas complicação tendem a ser mais comuns após lacerações de 3° ou 4° graus ou episiotomias (corte feito no períneo - região entre o ânus e a vagina - para facilitar o parto, em uma prática, aliás, não mais recomendada pela comunidade científica como procedimento de rotina) na linha mediana, ou em pacientes com endometrite. No entanto, a maioria dessas complicações pós-parto ocorrem dentro das duas primeiras semanas, e sendo bastante incomum as mulheres se sentirem suficientemente confortáveis em praticar sexo até que o períneo esteja curado.

         Na verdade, a mais comum complicação pós-parto associada com a atividade sexual é a dor durante a penetração, onde a grande maioria das mulheres citam dores em torno do primeiro mês - no caso de inexistência de traumas no períneo. Essas dores vão melhorando com o tempo e uma causa recorrente delas é a secura vaginal devido ao estado hipoestrogênico induzido pelo aleitamento materno. Nesse caso, lubrificantes, por exemplo, podem ser indicados para amenizar o problema.

         No geral, as pacientes devem iniciar a atividade sexual após o parto assim que estiverem se sentindo confortáveis em fazê-la. Não existe um guia médico específico para isso e o parceiro precisa ser paciente e compreensivo nesse quesito. Algumas mulheres já estão prontas para recomeçar as atividades sexuais sem maiores desconfortos poucas semanas depois do parto, enquanto outras precisam de alguns meses devido a fatores diversos, como dores pós-parto e exaustão nos cuidados do bebê recém-nascido. As mulheres diferem significativamente entre si em como elas experienciam desejos e prazeres sexuais pós-parto, os quais são frequentemente influenciados fisicamente pelo modo de entrega no parto (canal vaginal ou cesariana) e psicologicamente pela auto-confiança e imagem corporal (preocupação com as mudanças físicas trazidas pela gravidez). Algumas mulheres, apesar de estarem fisiologicamente prontas para as atividades sexuais pós-parto, podem não estar psicologicamente prontas. Portanto, é uma questão que deve ser bem discutida entre o casal, podendo envolver ajuda profissional de aconselhamento.

          Já foi observado que mulheres que deram a luz via parto normal (canal vaginal) sem cortes auxiliares (episiotomia, por exemplo) ou sem cesariana experienciam um retorno mais rápido para as atividades sexuais. É comumente recomendado que mulheres retornem às atividades sexuais envolvendo penetração vaginal apenas 6 semanas após o parto (normal ou cesariana), porém não existem evidências científicas de qualidade dando suporte a essa recomendação. Alguns sugerem que leva de 4 a 6 semanas para o cérvix, local perianal e quaisquer cortes cirúrgicos auxiliares curarem, enquanto outros justificam que esse período de espera é coordenado com a visita clínica pós-parto, onde o profissional de saúde verificará as condições físicas da mãe.

          É importante também lembrar que é um mito achar que a mulher não é capaz de engravidar poucas semanas após o parto e durante período de amamentação. Ela pode sim, e, caso o casal não queira uma nova gravidez, é necessário o uso de métodos contraceptivos.


            


    CONCLUSÃO

          O estado de gravidez afeta profundamente a sexualidade e a saúde sexual da mulher, sendo caracterizado por mudanças físicas, hormonais e psicológicas, e também influenciado por fatores sociais e culturais. Mudanças hormonais, frequentes náuseas, vômitos e dores nas mamas, fatiga, fraqueza e ansiedade costumam acompanhar a gravidez.

           Além disso, devido às mudanças emocionais e à condição especial durante a gravidez nas mães associadas ao fato desta estar carregando um feto, sentimentos de embaraço e de culpa durante o sexo  são comuns. Estudos reportam que até 46% das mulheres possuem atitudes negativas em relação ao sexo durante a gravidez, devido a uma diminuição do libido, dispareunia (dor durante o ato sexual), e medo de machucar o feto, de aborto espontâneo, de ruptura prematura das membranas, de parto prematuro e de infecção (Ref.21).

          Nesse sentido, disfunções sexuais durante a gravidez são muito prevalentes, afetando até 75% das mulheres grávidas e até 38,5% do companheiro do sexo masculino (Ref.22). Nos homens, disfunções sexuais costumam ser mais comuns no terceiro trimestre de gravidez, enquanto para as mulheres essas disfunções são mais comuns no primeiro trimestre. Apesar de 86-100% das mulheres continuarem sexualmente ativas durante a gravidez, muitas delas experienciam uma diminuição no desejo sexual e no número de coitos.          

          Porém, apesar de todas essas preocupações e medos, a prática de sexo durante a gravidez é normal, perfeitamente segura e as mulheres precisam estar cientes de que a quantidade de evidências que contraindicam o ato em si ou explicitam riscos preocupantes associados é muito baixa, especialmente nos casos de gravidez de baixo risco. Mas uma atenção maior deve ser dada para casos de doenças sexualmente transmissíveis, apesar desse ponto não envolver o ato sexual por si só. Para mulheres grávidas com placenta prévia e em elevado risco de parto prematuro, pode talvez ser razoável a recomendação de se evitar as atividades sexuais considerando o potencial risco de efeitos adversos, apesar da questão ser tratada como um mito por diversos especialistas. Em casos de sangramento vaginal inexplicado e vazamento de líquido amniótico, o profissional de saúde também pode recomendar que a grávida evite fazer sexo. De qualquer forma, no geral, as mulheres podem ficar seguras com a prática de sexo durante a gravidez e sempre engajarem no ato se estiverem confortáveis em fazê-lo.

           Importante também ressaltar que não existem riscos de machucar o feto em desenvolvimento, já que ele estará protegido pelo fluído amniótico e pelos fortes músculos do útero, sendo necessário apenas encontrar uma posição ideal para que o casal se sinta confortável durante o ato sexual, com a maioria das posições sendo liberadas pelos especialistas. A atividade sexual pode prolongar-se durante toda a gestação se não houver contra-indicação médica. Beneficia o relacionamento do casal e é gratificante para a maioria das grávidas. Porém, o sexo anal pode ser desconfortável se a grávida possuir hemorroidas associadas com a gravidez.


           Por fim, é válido lembrar que existe uma escassez de estudos científicos nessa área, e que as recomendações da comunidade médica sobre o assunto ainda são relativamente limitadas em termos de evidências científicas. Como é uma dúvida frequente entre os casais, alguns pesquisadores  pedem que exista um maior foco no tema (Ref.8), especialmente na parte de conscientização e programas de educação sexual.


             


Artigos Recomendados:



REFERÊNCIAS CIENTÍFICAS
  1. https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3080531/ 
  2. https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/20110801 
  3. https://medlineplus.gov/ency/article/000900.htm 
  4. https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/24629465 
  5. https://wwwnc.cdc.gov/eid/article/23/11/17-1049_article 
  6. http://www.mayoclinic.org/healthy-lifestyle/pregnancy-week-by-week/in-depth/sex-during-pregnancy/art-20045318 
  7. https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/17291667/ 
  8. https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3310038/
  9. https://www.cdc.gov/pregnancy/infections.html 
  10. https://www.cdc.gov/features/prenatalinfections/index.html 
  11. https://www.cdc.gov/zika/pregnancy/women-and-their-partners.html 
  12. https://www.researchgate.net/profile/Iwona_Szymusik/publication/299072479_Sexual_activity_during_Pregnancy/links/5713c26608aeebe07c0639ab.pdf
  13. http://www.nhs.uk/conditions/pregnancy-and-baby/pages/sex-in-pregnancy.aspx
  14. https://pch.psychopen.eu/article/viewFile/58/pdf
  15. https://www.researchgate.net/publication/51078316_Sexual_Health_during_Pregnancy_and_the_Postpartum_CME
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  17. https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC5348849/
  18. http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0080-62342012000300004
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  20. https://www.tandfonline.com/doi/full/10.1080/13691058.2018.1543802
  21. http://iejm.hums.ac.ir/Article/A-10-113-1
  22. https://synapse.koreamed.org/articles/1144658
  23. https://www.future-science.com/doi/full/10.2144/fsoa-2021-0027