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Quais fatores aumentam o risco de autismo?


- Atualizado no dia 30 de setembro de 2025 -

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          O autismo é um dos tópicos de saúde psiquiátrica mais discutidos atualmente, e o qual origina mais desinformação do que entendimento. Antes, pensava-se que era um transtorno neurológico determinado apenas pela herança genética. Estudos e evidências posteriores começaram a questionar esse consenso e hoje assume-se que o autismo é causado tanto por fatores genéticos quanto por ambientais/epigenéticos. E é nesse último ponto que a confusão tem se escalado desde a década de 1990.


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    TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA

           Apesar de popularmente referido como um único transtorno, o autismo é distribuído em um espectro de quadros clínicos, reunindo três principais em um conjunto denominado Transtorno do Espectro Autista (TEA) (1). Por outro lado, mais recentemente, em um robusto estudo publicado no periódico Nature Neuroscience (Ref.50), pesquisadores encontraram que pessoas com TEA podem ser classificadas em quatro distintos subtipos associados a diferentes padrões comportamentais e de atividade cerebral - espelhando variáveis expressões gênicas e caminhos de sinalização molecular no cérebro. De forma geral, o autismo é uma falha no desenvolvimento neurológico, a qual é caracterizada pela maior dificuldade de interação social, verbal e não-verbal, além de descrever também comportamentos repetitivos e restritivos (ex.: ser impassivo em mudanças de ações).

(1) Sugestão de leituraHans Asperger: O cientista que cooperou com Nazistas no assassinato sistemático de várias crianças

          Indivíduos com autismo também parecem ter respostas diferentes aos toques de terceiro no corpo (Ref.34); por exemplo, alguns podem detestar toques mais gentis, mas apreciar muito abraços firmes. O grau de severidade do transtorno varia muito e, normalmente, os sinais começam a surgir antes dos 2 anos de idade e precisam ser evidentes até os 3 anos para caracterizar o autismo. Os sintomas podem ir evoluindo gradualmente durante a vida do indivíduo, ter um declínio após certo momento na vida ou até mesmo regredir totalmente em casos bem raros.

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Comparado com pessoas sem autismo, indivíduos autistas possuem maiores taxas de (Ref.56): 

- depressão (20% vs 7%);
- ansiedade (11% vs 5%);
- dificuldades de sono (13% vs 5%);
- e epilepsia (21% com co-ocorrência de deficiência intelectual vs 0,8%).

> Indivíduos com autismo podem ter níveis de empatia comparáveis àqueles observados na população geral, porém tendem a ter um excesso de empatia emocional que pode dificultar algumas interações sociais (Ref.52). Empatia divide-se em dois componentes: cognitivo e emocional. Empatia cognitiva significa a habilidade de reconhecer o estado mental de outras pessoas. Empatia emocional significa responder ao estado mental de outra pessoa com uma emoção apropriada. Desbalanço entre empatia cognitiva e empatia emocional (maior empatia cognitiva do que emocional, e vice-versa) é conhecido como desequilíbrio empático.
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          A principal hipótese hoje para explicar o que ocorre de errado com os circuitos cerebrais de indivíduos com autismo - e suportada por diversos estudos com animais não-humanos - defende que os neurônios no cérebro autista recebem pouca inibição ou muita excitação, o que causa hiperexcitabilidade ou um 'pico aumentado' de excitabilidade. O pico anormal de excitabilidade é pensado em agir como um ruído que interfere com o funcionamento normal do cérebro. Tal ruído pode levar a sintomas característicos do autismo em humanos: problemas com interações sociais, deficiências linguísticas, pensamentos repetitivos e comportamentos, e hipersensibilidade ao estímulo sensorial. 

          No entanto, um estudo publicado em 2019 no periódico Neuron (Ref.40) e conduzido por neurocientistas da Universidade da Califórnia, Berkeley, demonstrou em 4 modelos de ratos para o autismo que enquanto a inibição realmente diminui no cérebro desses mamíferos, alterando o balanço entre excitação e inibição, essa mudança no balanço não mostrou afetar o pico normal de excitabilidade, agindo mais como um mecanismo compensatório de estabilização da atividade cerebral (estabilizando a depolarização sináptica) em resposta ao transtorno.
         
Além da dificuldade em estabelecer contato social, a mania de empilhar e enfileirar objetos com grande insistência é um dos possíveis sinais que pode indicar autismo na criança
     
          Nos últimos anos, testes de sangue específicos também têm sido desenvolvidos para a detecção do autismo em crianças, e são baseados em algoritmos que trabalham sobre metabólitos associados à condição presentes na corrente sanguínea (Ref.25). Esses testes vêm demonstrando quase 90% de acuracidade e em breve podem estar disponíveis como nova ferramenta médica de diagnóstico. Esses testes diretos são importantes porque como o diagnóstico do autismo depende tradicionalmente de observações clínicas, a maioria das crianças acabam não sendo corretamente diagnosticadas até depois dos 4 anos de idade; evidências recentes inclusive sugerem que o autismo pode ser identificado tão cedo quanto 1 ano de idade, mesmo sem uso de testes diretos (Ref.47). Existe também um promissor teste ocular. proposto para o mesmo fim: crianças com autismo parecem exibir diferentes tempos de resposta pupilar em resposta à luz relativo a outras crianças (Ref.48).

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> Aliás, crianças com autismo possuem uma notável redução na expressão de genes no córtex visual e no córtex parietal, este o qual processa informações como toque, dor e temperatura. Isso pode refletir em hipersensibilidade sensorial que é frequentemente reportada no TEA. Ref.49
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        É estimado que mais de 67 milhões de pessoas possuem autismo ao redor do mundo. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a nível global, 1 em cada 100 crianças possui autismo. Aqui no Brasil estima-se quase 2 milhões de casos. O sexo masculino possui risco até 5 vezes maior de manifestar o autismo do que o sexo feminino, e o desenvolvimento da condição pode iniciar-se ou durante a gravidez ou durante o início de infância (!). E muitas crianças e adolescentes podem não ser corretamente diagnosticadas com a condição. Um estudo de 2023, analisando a população no nordeste de New Jersey, EUA, encontrou que ~25% dos adolescentes com 16 anos de idade e caracterizados dentro do espectro autista não haviam sido diagnosticados com a condição (Ref.53).

         Desde 1980, a taxa de autismo diagnosticado aumentou dramaticamente em várias regiões do mundo. De acordo com o CDC (Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA), entre 2000 e 2020, a prevalência de crianças diagnosticadas com autismo pulou de 1 em cada 150 para 1 em cada 36 (Ref.9). Estudos mais recentes apontam que a prevalência de transtorno do espectro autista aumentou nos EUA de 1,1% em 2008 até 2,3% em 2018 (Ref.56). E taxas continuaram aumentando substancialmente após 2018 no país (Ref.57). No Reino Unido, um aumento de 787% na incidência de autismo diagnosticado entre 1998 e 2018 é reportado (Ref.58). Esses significativos aumentos nas taxas de prevalência da condição são provavelmente associados com (Ref.56-59): 

- mudanças nos critérios de diagnóstico (mais abrangentes);
- melhora nas ferramentas de diagnóstico e de rastreamento;
- e aumento da conscientização do público sobre a condição.

          Independentemente desses principais fatores causais propostos, vários outros culpados têm sido levantados a esmo e sem necessariamente respaldo científico, como vacinas, pesticidas, gravidez em mulheres com idade mais avançada, maior consumo de alimentos industrializados, maior uso das tecnologias sem fios, intoxicação por metais tóxicos, maior exposição à televisão, maior exposição a drogas diversas (ex.: maconha na gravidez), diabetes, alimentos de origem transgênica, etc. Crenças populares e pessoais acabaram gritando mais alto e sufocando a real ciência, gerando muitas desinformações e até mesmo sérios prejuízos para a saúde pública, especialmente no caso da errônea culpabilização das vacinas.

> DICA: Pesquisadores do ambulatório de Autismo do Departamento de Psiquiatria da Universidade Federal de São Paulo (TEAMM-Unifesp) lançaram uma série com 15 vídeos voltados para pais de crianças com autismo. O objetivo dos vídeos – disponíveis gratuitamente na internet – é ensinar técnicas de estimulação de habilidades sociocomunicativas em crianças com o transtorno do espectro autista. Para mais informações, acesse: Agência FAPESP

   
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    VACINAS SÃO UMA CAUSA?

        O ex-médico britânico Andrew Wakefield, hoje com 68 anos de idade, publicou um "trabalho" em 1998, junto com colegas de pesquisa, onde fortemente sugeria que a vacina do sarampo, rubéola e caxumba (tríplice viral) estaria ligada diretamente com a ocorrência de autismo nas crianças e problemas gastrointestinais. Wakefield, eventualmente, perdeu o registro médico e o periódico The Lancet, o qual publicou o estudo, teve que se retratar publicamente anos mais tarde, depois que nenhum outro estudo encontrou qualquer evidência de suporte para as conclusões do paper de 1998, e após descobrirem que a pesquisa "científica" conduzida por Wakefield era altamente tendenciosa e fraudulenta. Todo o trabalho do ex-médico foi porcamente conduzido e uma investigação jornalística posterior mostrou que ele estava recebendo investimento de um advogado representando interesses de grupos cujo objetivo era processar as companhias produtoras de vacinas, desde 1996, e mais: tinha já tudo preparado para uma patente da sua própria versão "livre de autismo" da vacina para o sarampo. Ou seja, um puro golpe visando somente o lucro. (Ref.15-18).

         Infelizmente, devido ao seu trabalho criminoso e contínua defesa por parte de Wakefield do seu ponto de vista distorcido, ocorreu um declínio acentuado nas taxas de vacinação ao redor do mundo, especialmente nos EUA, Reino Unido e Irlanda. Nos anos subsequentes à publicação do estudo a taxa de vacinação com a tríplice viral entre crianças de 2 anos de idade na Inglaterra, por exemplo, caiu 80%. Como consequência, o sarampo e a caxumba, que antes estavam controladas, voltaram a se alastrar em diversas regiões desses países. E o pior: o medo e recusa das vacinas persistiu muito presente mesmo depois de 2004, com a falsa associação entre autismo e vacinas fomentando até hoje movimentos de  antivacinação. Muitas doenças infecciosas antes pensadas quase extintas estão voltando porque as pessoas se recusam a ser vacinadas ou deixar vacinarem os seus filhos.

AS VACINAS NÃO CAUSAM AUTISMO!
Reais prejuízos à saúde da população relacionados com as vacinas só ocorrem se elas não forem tomadas. Para mais informações, acesse o mais do que recomendado artigo:
 Vacinas: História, Conquistas e Mitos


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    REAIS EVIDÊNCIAS CIENTÍFICAS

          O autismo é uma condição complexa e multifatorial. Apesar de não sabermos ao certo todas as causas do autismo, os fatores genéticos são os principais determinantes, com base nas evidências científicas acumuladas até o momento, e é sugerido que sejam responsáveis por 25-40% a 80% dos casos. Cerca de 100 genes têm sido identificados nesse sentido.

          Um estudo publicado em 2018 no periódico JAMA (Ref.23) encontrou que irmãos de pacientes com autismo ou com TDAH (transtorno de déficit de atenção e hiperatividade) possuem um elevado risco para o desenvolvimento de ambas as condições. Segundo os resultados do estudo, irmãos de pacientes autistas possuem um risco 30 vezes maior de desenvolver autismo, e um risco 3,7 vezes maior de desenvolverem TDAH. Já irmãos de pacientes com TDAH possuem um risco 13 vezes maior de desenvolverem TDAH e um risco 4,4 vezes maior de desenvolverem autismo. Já um estudo publicado em 2020 no periódico Biological Psychology (Ref.41), pesquisadores encontraram que cerca de 3-5% das crianças com um tio ou tia com transtorno do espectro de autismo podem ser esperadas de ter autismo, comparado com cerca de 1,5% das crianças na população em geral.

> Em um estudo publicado em 2020 no periódico eLife (Ref.42), pesquisadores reportaram a identificação de um novo gene envolvido no autismo: KDM5A, com mutações associadas a dificuldades de comunicação verbal.

Em um estudo publicado em 2022 na Nature Genetics (Ref.45), pesquisadores revelaram 60 genes ligados ao autismo após análise dos dados de quase 43 mil pessoas com a condição. Do total, foram encontrados 5 novos genes de risco (NAV3, ITSN1, MARK2, SCAF1 e HNRNPUL2).

> Apesar do autismo ser historicamente caracterizado como uma condição que emerge no início da infância, muitas pessoas autistas são diagnósticas em idades mais avançadas. E evidência científica recente aponta que quadros de autismo com diagnósticos precoce ou tardio exibem trajetórias socioemocionais e comportamentais distintas, e com variantes genéticas comuns respondendo por aproximadamente 11% da variância relativa à idade do diagnóstico. Além disso, um diagnóstico precoce está associado com uma arquitetura poligênica autística distinta em relação ao diagnóstico tardio. Em outras palavras, fatores genéticos também parecem explicar parcialmente a idade de diagnóstico do autismo. Ref.64
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   Evolução e Autismo

          Nos EUA, estima-se que cerca de 1 em cada 31 crianças (3,2%) exibem alguma forma de TEA (transtorno do espectro autista) ou "autismo". Globalmente, a OMS estima que cerca de 1% da população infantil possui autismo.

          De um ponto de vista evolucionário, muitos cientistas acreditam que o autismo e a esquizofrenia podem ser únicos de humanos, e talvez um efeito relacionado à evolução única do nosso cérebro entre os primatas. De fato, é muito raro encontrar comportamentos associados a esses transtornos em outros primatas.

           Além disso, esses comportamentos geralmente envolvem traços cognitivos como produção de fala e compreensão que são ou únicos ou muito mais sofisticados no Homo sapiens.

          Um estudo recente, publicado no periódico Molecular Biology (Ref.62), analisou o sequenciamento de RNA de células únicas de três regiões distintas do cérebro de mamíferos.

          Os pesquisadores encontraram que o tipo mais abundante de neurônios na camada externa do cérebro (L2/3 IT) evoluiu de forma excepcionalmente rápida na linhagem humana comparada com outros hominídeos ainda vivos (ex.: chimpanzés), fornecendo uma classe de neurônios mais sensíveis a perturbações.

            Essa evolução acelerada mostrou estar acompanhada por mudanças dramáticas [down-regulation] em genes associados ao autismo, apontado provável pressão seletiva poligênica específica na linhagem humana favorecendo expressão reduzida desses genes e maior risco de autismo.

          Por exemplo, o gene DLG4, o qual codifica uma proteína sináptica crítica e cuja perda de uma cópia causa autismo, possui uma expressão 2,5 vezes menor em humanos do que em chimpanzés - e 3,4 vezes menor do que em camundongos.

          Isso sugere uma vantagem adaptativa associada à arquitetura genética do autismo - elementos de anatomia cerebral, rede neural e/ou cognição - nos humanos.

          É possível que a rápida evolução dos genes associados ao autismo tenha conferido uma vantagem adaptativa ao retardar o desenvolvimento cerebral pós-natal ou aumentar a capacidade de linguagem; o maior tempo de desenvolvimento cerebral na primeira infância foi benéfico para a evolução humana, pois levou a um pensamento mais complexo.

           "Nossos resultados sugerem que algumas das mesmas alterações genéticas que tornam o cérebro humano único também tornaram os humanos mais neurodiversos", disse em entrevista o autor principal do estudo, Dr. Alexander L. Starr (Ref.63). 

> Existe também evidência de seleção positiva associada ao traço comportamental de TDAH na nossa espécie. Entenda: Qual é a relação entre TDAH, Leonardo da Vinci e Evolução?


   Epigenética e Fatores ambientais

          Fatores epigenéticos - que alteram a expressão de genes ou afetam as cromatinas - também parecem ter um importante papel na manifestação do problema (3). A molécula CPEB4 (elemento da proteína ligante de poliadenilação citoplásmica 4), por exemplo, que regula as translações de mRNAs específicos, já mostrou expressar mau funcionamento na maioria dos casos de autismo (Ref.32). Esse defeito na CPEB4 leva à desregulação na expressão dos cerca de 200 genes já relacionados com o espectro autista. E em um estudo de caráter conclusivo publicado na Nature Genetics (Ref.35), pesquisadores demonstraram que mutações no DNA não-codificante podem, de fato, causar autismo. A descoberta foi feita após a análise de 1790 indivíduos com autismo e seus pais e irmãos não afetados. Nesse sentido, tanto mecanismos transcricionais pós-transcricionais atuam de forma importante na etiologia do espectro autista.       


        Já entre os fatores não-genéticos que podem estar diretamente associados com um maior risco de desenvolvimento de autismo, atuando talvez através de mecanismos epigenéticos, podemos citar:

- Diabetes materna: Diabetes na gravidez, incluindo os tipos 1 e 2, têm sido associadas com um aumento de risco de até 56% para autismo. Ref.60-61

- Gravidez em mulheres de idade mais avançada: Além de aumentar o risco para vários outros problemas, especialmente de más formações ou anomalias genéticas no feto, existe evidência que engravidar após os 35 anos de idade (especialmente depois dos 40 anos) aumenta o risco de autismo;

- Falta de vitamina D: Deficiência dessa vitamina, tanto durante a gravidez quanto no início de infância, parece aumentar o risco de autismo;

- Deficiência em zinco: Um estudo recentemente publicado no periódico Frontiers in Molecular Neuroscience (Ref.24) mostrou que níveis abaixo do ideal de zinco em regiões críticas do cérebro parece contribuir para o desenvolvimento do autismo. Porém, não é certo se uma suplementação com zinco por parte da mãe durante o desenvolvimento fetal pode compensar isso, já que uma menor quantidade desse mineral interagindo com os neurônios - em específico com as proteínas Shank2 e Shank3, associadas à regulação do receptor AMPA, e o funcionamento anormal deste por sua vez ligado ao autismo - não necessariamente está ligado a deficiências nutricionais.

- Utilizar os medicamentos Valproato Sódico (ácido valproico, um anticonvulsivante e estabilizante de humor) ou a Talidomida (um droga para imunoterapia, sedativo, anti-inflamatório e hipnótico) durante a gravidez podem também aumentar os riscos. A Talidomida, em especial, já é proibida durante a gravidez por ser, comprovadamente, um agente teratogênico (qualquer substância, organismo, agente físico ou estado de deficiência, que  estando presente durante a vida embrionária ou fetal, produz alteração na estrutura ou função da descendência, como deformações no corpo). Segundo um recente estudo publicado no periódico eLife (Ref.21), a talidomida age promovendo a degradação de fatores de transcrição - proteínas celulares que ajudam a ativar ou desativar genes, incluindo um chamado de SALL4. O resultado é a completa remoção do SALL4 das células, o que interfere com o desenvolvimento dos membros e outros aspectos morfológicos do crescimento fetal

A Talidomida é um medicamento que deve ser usado apenas sob estrita orientação médica; durante a gravidez, ela é terminantemente proibida, pois induz à sérias deformações no feto

- Fumo ou uso de Cannabis durante a gravidez: Uma hipótese levantada nos últimos anos aponta que a exposição dos compostos ativos da maconha ao feto - a qual pode trazer sérios prejuízos no desenvolvimento cerebral nessa fase de gestação - pode ser um potencial fator de risco para o desenvolvimento de autismo, especialmente considerando que os fitocanabinoides dessa planta interagem com o sistema endocanabindoide do corpo. Nos últimos 20-30 anos, houve um dramático aumento de grávidas utilizando a Cannabis para alívio de sintomas associados à gestação, mesmo com os persistentes alertas das agências de saúde. Para mais informações, acesse: Fumo e uso recreativo da maconha: lobo sob pele de cordeiro.

- Poluição do ar: Em um estudo realizado por pesquisadores da Universidade de Monash (Ref.26), analisando crianças em Shanghai, China, do nascimento até os três anos de idade, encontrou que a exposição de partículas finas (PM2.5)  oriundas de do cano de exaustão dos veículos, emissões industriais e outras fontes de poluição aumentam o risco de desenvolvimento do espectro autista em até 78%. O estudo incluiu 124 crianças com autismo e 1240 crianças sem autismo (grupo de controle). Segundo os pesquisadores, o cérebro das crianças nessa faixa de idade é muito sensível às toxinas do ambiente, o que ser um potencial fator de disparo epigenético para o autismo. Dioxinas, poluentes diversos oriundos principalmente de processos industriais, também já foram associadas com o autismo (Ref.27), assim como exposição a solventes no ambiente de trabalho (Ref.38).

- Enjoo matinal severo: Um estudo publicado no American Journal of Perinatology (Ref.31) encontrou que grávidas com hiperemese gravídica - uma forma severa de enjoo matinal - dão luz a futuras crianças com um risco 53% maior de desenvolverem autismo. A condição patológica atinge menos de 5% das grávidas. A conclusão veio após a análise de quase 500 mil mulheres grávidas entre 1991 e 2014 no Kaiser Permanente, no Sul da Califórnia. Uma hipótese é que mulheres com a doença possuem um consumo nutricional mais deficiente, o que pode comprometer o neurodesenvolvimento do feto.

- Hormônios no ambiente uterino: Altos níveis de hormônios sexuais estrógenos no útero também estão ligados a um maior risco de desenvolvimento de autismo (Ref.36).

- Alimentos processados: Em um estudo publicado na Scientific Reports (Ref.37), pesquisadores da Universidade da Flórida Central, EUA, encontraram que o consumo de altos níveis de ácido propiônico (PPA) pelas grávidas, composto comumente usado para aumentar a validade dos alimentos processados e inibir o crescimento de mofo em pães e queijo, reduzem o desenvolvimento de neurônios no cérebro fetal e está associado com o autismo.

- Paracetamol (?): Estudos nos últimos anos vêm associando o uso do medicamento paracetamol - também conhecido como acetaminofeno e comumente vendido sob a marca Tylenol - pelas grávidas com um maior risco de desenvolvimento de autismo e de TDAH. Mas a questão é controversa e existem evidências observacionais de melhor qualidade que são conflitantes. Para mais informações: Qual é a relação entre paracetamol, danos hepáticos e autismo?

Lítio na água: Quanto maior o nível de compostos de lítio (Li) na água de consumo público, maior parece ser o risco de autismo. Esse potencial fator de risco foi levantado em um recente estudo conduzido na Dinamarca (Ref.46). Descarte inadequado de baterias de lítio no ambiente é uma fonte antropogênica de contaminação com esse metal. Lítio modula caminhos importantes de sinalização durante o neurodesenvolvimento.

        Com exceção da Talidomida, a exposição da população aos fatores não-genéticos associados ao autismo tem aumentado substancialmente nas últimas décadas, assim como as taxas de autismo diagnosticado - apesar de grande parte desse "aumento" estar ligado à evolução dos critérios de diagnóstico. Portanto, é preciso que as mulheres grávidas ou planejando engravidar estejam atentas aos fatores acima listados. Por outro lado, não existe ainda comprovação científica de que qualquer um desses fatores realmente contribui para o autismo.


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   HERPES

          Em um estudo de 2017 publicado no periódico mSphere (Ref.13), cientistas no Centro de Infecção e Imunidade da Escola de Saúde Pública da Universidade Columbia e do Instituto Norueguês de Saúde Pública mostraram que mulheres ativamente infectadas com herpes genital durante o período inicial de gravidez possuem um risco 2 vezes maior de dar a luz a uma criança diagnosticada com autismo.

          No caso, não seria uma infecção direta do feto pelo vírus o responsável pelo problema, e, sim, a resposta imune do corpo materno durante o combate à infecção, em específico com os anticorpos  anti-HSV-2. Isso também abre a possibilidade de que outras infecções podem estar ligadas ao desenvolvimento do autismo e outros problemas no feto em desenvolvimento.

          Nesse estudo, só foi encontrado ligação com o desenvolvimento de autismo nas crianças do sexo masculino. Mas como o transtorno afeta muito mais os homens do que as mulheres, os grupos de controle analisados podem apenas não terem sido grandes o suficiente para ligar também as crianças do sexo feminino.


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   PESTICIDAS E HERBICIDAS

         Uma hipótese que levanta bastante controvérsia é a relação entre o maior uso dos herbicidas/pesticidas e o aumento expressivo do número de casos do transtorno nas últimas décadas.

          Dentro dos herbicidas (produtos tóxicos usados para matar ervas que prejudicam o crescimento das plantações), o principal culpado seria o componente glifosato. Essa substância causaria danos no tecido cerebral do feto e do recém-nascido, através da placenta ou do aleitamento materno (algumas pesquisas têm apontado níveis elevados de glifosato no leite de mães que se alimentam de produtos contaminados com os herbicidas). Evidências científicas têm também ligado esse agrotóxico a disrupções hormonais e prejuízos na gravidez. 

           Nesse último ponto, um estudo robusto e de grande porte mais recente (Ref.55) mostrou que bebês em zonas rurais dos EUA onde agricultores usam o herbicida glifosato nascem um pouco antes do esperado e com menor peso no nascimento, aumentando o risco para infecções e de problemas cognitivos.

          Porém, nenhuma sólida evidência foi encontrada ainda entre glifosato e autismo.  

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> Glifosato é usado para o controle de ervas daninhas em plantações. Mas um excesso de uso desse herbicida teve início ao redor do mundo com a introdução de plantas geneticamente modificadas (ex.: cultivares transgênicos de soja) resistentes aos herbicidas. Como resultado, apenas nos EUA, mais de 127 mil toneladas de glifosato têm sido jogadas nos campos agrícolas anualmente - um aumento  de >750% em relação à década de 1990. 
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          Entre os pesticidas, um estudo recente encontrou fortes evidências de que o antes popular DDT - banido do Brasil apenas em 2009 - tenha contribuído e esteja contribuindo para a maior incidência de autismo.

   DDT

         Pesquisadores da Finlândia, analisando um banco de dados sobre amostras de sangue coletadas de mais de 1 milhão de mulheres que deram a luz entre 1987 e 2005, encontraram 1300 crianças que tinham sido diagnosticadas com autismo. Desse total, foram selecionadas 778 delas - e suas mães -, as quais, então, foram comparadas com crianças sem autismo e suas respectivas mães. Cuidadosamente levando em conta o sexo, data de nascimento, residência e outros fatores concorrentes, os pesquisadores encontraram que mulheres com altas concentrações de subprodutos derivados da degradação do pesticida DDT no corpo eram 32% mais prováveis de terem uma criança com autismo em comparação com mães com baixo nível desses compostos no corpo (ou seja, menos expostas ao DDT). Além disso, uma alta exposição ao DDT estava associada com duas vezes mais chances da criança com autismo apresentar debilidades intelectuais nessa mesma comparação. O achado foi publicado recentemente na American Journal of Psychiatry  (Ref.22).



          Segundo os autores do estudo, ainda não existe uma comprovação de que o DDT é diretamente responsável pelo desenvolvimento de autismo, mas que a substância está fortemente associada ao autismo - sendo provável que ela seja a causa direta. Uma hipótese levantada pelos pesquisadores é que essa substância - e seus subprodutos metabólicos - estariam provocando danos na formação cerebral do feto ao interagir com seus receptores andrógenos (DDT é conhecido de se ligar ao receptores andrógenos), coincidindo também com a maior prevalência de autismo nos garotos.

           Essa é a primeira sólida evidência que a exposição a inseticidas pode aumentar o risco de desenvolvimento de autismo.


   TRANSPLANTE FECAL

          Estudos recentes vêm mostrando que o microbioma intestinal também afeta a comunicação no cérebro e a saúde neurológica, e muitos deles vinham reportando associações entre microbioma e autismo. Cerca de 30-50% de todas as pessoas com autismo possuem problemas gastrointestinais crônicos, primariamente constipação e/ou diarreia que podem durar por vários anos.

          Nesse sentido, um estudo publicado na Scientific Reports (Ref.39), mostrou que pacientes tratados com Terapia de Transferência Microbiótica (MIT), um tipo especial de transplante fecal, melhorou  substancialmente a saúde intestinal e os sintomas autistas e a longo prazo. Após 2 anos do tratamento, os pais dos pacientes reportaram uma redução nos sintomas do autismo e profissionais encontraram uma redução de 45% nos sintomas centrais (linguagem, interação social e comportamento) comparado com antes do tratamento. No estudo, os pesquisadores encontraram que as crianças com autismo tinham uma diversidade menor de bactérias, incluindo a falta de cepas benéficas como os gêneros Bifidobacteria e Prevotella. O MIT aumentou a diversidade a longo prazo, com bactérias benéficas também persistindo após os 2 anos de acompanhamento. No início do tratamento, 83% dos participantes do estudo - 18 no total- eram diagnosticados com autismo severo. No final do estudo, apenas 17% continuaram com o quadro severo, 39% eram suave-moderados e 44% estavam abaixo do suave.

          Apesar do estudo não ter envolvido grupos de placebo, especialistas encontraram que parte dos efeitos vistos foram reais. Futuros estudos duplo-cegos randomizados com grupos de placebo, e envolvendo um maior número de participantes, serão feitos para corroborar ou refutar os achados.


   (!POR QUE MENINOS SÃO MAIS AFETADOS?

          Estima-se que aproximadamente 4x mais indivíduos do sexo masculino são afetados pelo autismo em relação à população feminina. Por quê? A resposta pode estar nas micróglias, estruturas cerebrais diferenciadas entre os sexos e/ou no cromossomo Y.

          As micróglias são um tipo de célula glial localizadas no cérebro e na medula espinhal, representando de 10 a 15% das células encontradas no tecido cerebral. A função das micróglias é, basicamente, de limpeza e defesa imune, sendo essenciais para o funcionamento adequado do sistema nervoso. Evidências nos últimos anos também apontam disfunções nessas células como um possível fator causal para o autismo.

           Um estudo publicado em 2017 na Nature (Ref.14) apontou que o número e o comportamento das micróglias variam entre meninos e meninas. Segundo os autores do estudo, os genes associados às micróglias são mais ativos no cérebro masculino do que no feminino um mês antes do nascimento, um padrão que pode estar intimamente ligado ao fato do autismo afetar mais comumente o sexo masculino. Isso sugere que a maior atividade das micróglias nos fetos do sexo masculino antes do nascimento tornam esses últimos mais sensíveis aos fatores genéticos associados ao autismo. Outra possibilidade é que os fetos do sexo feminino, exibindo micróglias menos ativas, estariam mais protegidos contra a ação deletéria desses genes.

          Porém, um estudo publicado em 2021 no periódico Brain (Ref.43) identificou outra potencial causa explicando a diferença de suscetibilidade ao autismo entre meninos e meninas. O estudo analisou crianças e adolescentes com idades de 8 a 17 anos - incluindo 45 meninas e 47 meninos com autismo, e 45 meninas e 47 meninos sem autismo. Usando ressonância magnética funcional, eles encontraram que o autismo está associado a diferentes áreas nos cérebros de meninos e de meninas. Nos meninos, a assinatura neural do autismo era primariamente presente no sulco temporal superior, e, nas meninas, no estriado, este o qual controla cognição, recompensa e movimentos coordenados. Além disso, os pesquisadores encontraram que as meninas possuíam um número maior de mutações genéticas conhecidas como variações no número de cópias na região do estriado. Uma análise subsequente em um grande banco de dados genéticos (Simons Simplex Collection) englobando mais de 2 mil famílias corroboraram esse último achado. Isso sugere fortemente que as meninas precisam de um número maior de mutações genéticas no sentido de desenvolver autismo, garantindo um fator a mais de proteção.

          E algumas dessas mutações favorecendo o autismo poderiam estar associadas aos cromossomos sexuais?

          Um estudo mais recente publicado na Nature Communications (Ref.54), analisando quase 180 mil pacientes com aneuploidias nos cromossomos sexuais demonstrou que o cromossomo Y traz um forte fator de risco para a condição.

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> Aneuploidias analisadas: 45,X, 47,XXX, 47,XXY e 47,XYY.

> Indivíduos 47,XYY estavam associados com o dobro de risco para autismo quando comparado com indivíduos 47XXY.
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          Até o momento, a hipótese mais prevalente sugeria um papel protetor do cromossomo X (presente duplicado no sexo feminino). O novo estudo não encontrou evidência desse papel protetor e, sim, influência deletéria do Y.

           Ausência de um cromossomo Y ou X (Síndrome de Turner) também mostrou estar associada com um grande aumento de risco para autismo (ou transtorno do espectro autista).

           Os resultados do estudo precisam ser corroborados por outros estudos e metodologias, confirmando se os fatores de risco associados a aneuploidias nos cromossomos sexuais explicam a diferença sexual na prevalência geral de autismo. Além disso, mesmo confirmada a influência determinante do Y, o fator de risco em específico (ex.: gene ou genes) precisa ser identificado.

          O cromossomo Y é o menor cromossomo e contém ~23 Mb de sequências únicas, chamadas de região macho-específica (MSY). Desde a divergência entre os cromossomos X e Y há mais de 200 milhões, 18 genes no MSY mantiveram uma forte homologia em relação ao X ao longo das espécies de mamíferos. Esses genes, chamados de gametologs, possuem perfis de expressão diversa em vários tecidos adultos, incluindo o cérebro, e estão associados a funções muito importantes na saúde e desenvolvimento. 

Leitura recomendada:

          Dois gametologs, NLGN4Y e USP9Y, têm sido ligados ao autismo. 


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    TRANSTORNO OU DIFERENTE?

          Existe também um movimento - inclusive dentro do meio acadêmico (Ref.44) - que quer acabar com a nomeação do autismo como um problema, transtorno ou patologia, justificando que os indivíduos portadores da condição são apenas diferentes (uma pessoa mais fechada, por exemplo). Essa ideia é baseada no conceito de neurodiversidade. Críticos dessa proposta argumentam que essa tentativa de "normalização" do autismo pode mascarar o problema e pode dificultar o reconhecimento da necessidade de um tratamento especial, essencial para o desenvolvimento saudável e adequado de quem possui a condição. Por outro lado, indivíduos com autismo reportam certas vantagens com a condição, caso controlada. 

          Um estudo publicado no periódico Autism in Adulthood (Ref.28), por exemplo, apontou que adultos com autismo, de fato, parecem ser beneficiados com a condição dependendo da situação. Os participantes do estudo reportaram capacidade de hiperfoco, alta atenção a detalhes, boa memória, e alta criatividade. Além disso, eles também reportaram uma maior honestidade, maior lealdade, e aumento de empatia pelos animais e por outras pessoas autísticas. O estudo entrevistou 28 adultos com autismo e com diferentes níveis de independência profissional e pessoal. No geral, os participantes do estudo não enxergavam o autismo como uma doença, e, sim, como um modo diferenciado de ver o mundo. Mas também reforçaram que o autismo pode trazer vantagens e desvantagens, dependendo do contexto (circunstâncias, perspectivas, e a extensão do quão o indivíduo está sob o controle dos traços autistas).

          Nesse último caso, podemos citar um estudo de revisão sistemática e meta-análise publicado no periódico Obesity Reviews (Ref.30), o qual encontrou que crianças com autismo tinham um risco 41,1% maior de desenvolver obesidade do que crianças sem a condição, e uma média de 22 de 100 crianças com autismo foram classificadas como obesas.

          Além disso, estudos também têm mostrado que o cérebro de indivíduos com autismo é mais simétrico (os hemisférios esquerdo e direito do cérebro se especializam em diferentes tarefas de forma distinta, se desenvolvendo de forma assimétrica; para a maioria das pessoas, por exemplo, o hemisfério esquerdo - controlando a mão direita - é dominante para a linguagem) a partir de alteração na espessura cortical de assimetria principalmente nas áreas frontal medial, orbitofrontal, cingulada e temporal inferior, e também com assimetria da área superficial orbitofrontal (Ref.33). Ou seja, definitivamente os indivíduos com autismo não possuem apenas uma 'personalidade' diferente, e isso não pode ser ignorado.

          Relevante apontar que evidências mais recentes sugerem que >70% das crianças com autismo não exibem menor habilidade intelectual em relação à população em geral (Ref.51).


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             Para finalizar, é importante ressaltar que indivíduos com autismo precisam de muito amor por parte dos amigos e pais, insistência em querer sempre incluí-los nos círculos sociais e, acima de tudo, paciência. E como cada caso de autismo possui suas peculiaridades - variando inclusive com o sexo -, a abordagem de tratamento também deve ser diferenciada para cada cada indivíduo. Um erro comum é pensar que a criança com autismo gosta de ficar isolada. Estudos clínicos já mostraram que elas tendem a sofrer mais com o isolamento do que indivíduos sem o transtorno. O melhor a se fazer é consultar um especialista o mais rápido possível caso exista qualquer suspeita de autismo no seu filho/a. Quanto mais cedo os cuidados começam, melhor o prognóstico.

Os indivíduos com autismo não gostam de ficar isolados, como muitos pensam; é preciso oferecer muito amor e companhia, especialmente na infância.


Artigo relacionado: O que é o Transtorno da Aprendizagem?


REFERÊNCIAS CIENTÍFICAS
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