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Qual é o tamanho do pênis da anta?

Figura 1. O pênis ereto da anta chega a arrastar no chão.

          A família Tapiridae (ordem ungulada Perissodactyla) é formada por um único gênero, o Tapirus, onde são conhecidas cinco espécies (Fig.2): Tapirus bairdii, com ocorrência na América Central, México e noroeste da América do Sul; Tapirus pinchaque, cuja ocorrência é  Andina na Colômbia, Equador e Peru; Tapirus indicus, que ocorre na Indonésia, Malásia, Tailândia  e Burma; e Tapirus terrestris que é encontrada em boa parte da América do Sul, desde a Venezuela até o nordeste da Argentina e Paraguai e Tapirus kaboumani espécie identificada no norte da América do Sul no ano de 2013 (Ref.2).


Figura 2. (A) Anta comum ou Brasileira (Tapirus Terrestris), (B) Anta da montanha ou Anta-Andina (Tapirus pinchaque), (C) Anta de Baird (Tapirus bairdii), (D) Tapir-malaio (Tapirus indicus). Todas as quatro espécies estão sob risco de extinção, e o T. pinchaque é um dos mais raros mamíferos do mundo (classificação IUCN: Em Perigo). Os tapires são próximo-relacionados aos equídeos e rinocerontes em termos evolucionários. O tapir-malaio é o maior dos tapires, com massa corporal de 280-400kg quando adulto. Ref.4

           A anta Brasileira ou tapir comum (Tapirus terrestris) é considerada o maior mamífero terrestre da América do Sul e do Neotrópico, com adultos alcançando uma massa corporal de até 300 kg (180-300 kg), altura no ombro podendo superar 1 metro e comprimento superior a 2 metros. [Mega] Herbívora e com dieta frugívora, a anta Brasileira possui um papel fundamental na dispersão de sementes, forrageio de plantas, participação na reciclagem de nutrientes e como fornecedor de alimento para a fauna coprófaga. Mas, popularmente, a anta é mais reconhecida por um notável dote anatômico.

          O pênis ereto nos machos da anta Brasileira faz jus ao tamanho do animal: cerca de 49 cm de comprimento da glândula bulboretral até a glande (Ref.1)! Antas são todas bem dotadas nesse sentido e é reportado que o pênis ereto nesses animais pode alcançar ~60% do comprimento corporal do macho adulto. É também reportado um incidente onde um macho de anta chegou a pisar no pênis ereto enquanto andava, gritando de dor (Ref.16).Além disso, o pênis da anta é bem distinto pela estranha "cabeça quadricular", associada a estranhos apêndices ou dobras (Fig.3). E o longo pênis responde ao longo trato reprodutivo das fêmeas adultas, em especial ao grande comprimento vaginal: aproximadamente 28 cm (Ref.5). A vagina das antas é maior inclusive do que a vagina de cavalos e rinocerontes (Ref.6). 

Figura 3. Em (A), ilustração do pênis ereto de uma anta Brasileira mostrando o grande lobo lateral. Em (B), visões frontal e dorsal da glande peniana. Próximo da glande, existem três projeções ou dobras que se projetam (tecido erétil), duas localizadas lateralmente e uma dorsalmente. O pênis tipicamente fica retraído dentro do prepúcio, mas as glandes frequentemente ficam visíveis e caudalmente direcionadas na anta. Ref.5-7 

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Vídeo mostrando uma anta com o pênis ereto: acesse aqui.
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Figura 4. Macho adulto de anta (Tapirus terrestris) com o pênis ereto. Cópula entre machos e fêmeas pode ocorre em terra ou na água, e envolve várias tentativas e erros por parte do macho e seu longo, desajeitado e grosso pênis. Considerando a morfologia e dimensão peniana em ereção, pode se deduzir que a ejaculação seja intrauterina como nos equinos, ou seja, deposita esperma diretamente no útero. As dobras ao redor da glande servem ao propósito de selar e segurar na vagina durante coito, garantindo uma inseminação de sucesso no ambiente tanto terrestre quanto aquático.

> Leitura recomendada: 


          Na medicina tradicional de populações ribeirinhas, o pênis ("vergalhão") da anta é desidratado e guardado por longo tempo, sendo preparado em infusões (chás) para tratar de inflamações, hemorragias puerperais e outros problemas uterinos (doenças da "mãe do corpo"). No Riozinho do Anfrísio, o pênis da anta é usada para tratar impotência masculina e dores associadas à menstruação (Ref.8).

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           Atualmente, a anta Brasileira encontra-se sob status de conservação Vulnerável, com significativo declínio populacional em diferentes biomas no Brasil devido à caça, perda de habitat e fragmentação, acidentes em estradas, poluição com pesticidas, competição com animais de criação domésticos e incêndios (Ref.9). 

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OUTROS NOTÁVEIS PÊNIS ENTRE MAMÍFEROS:

> A baleia-azul possui o maior pênis conhecido: comprimento médio de 2,4 metros, mas podendo alcançar 3 metros, e até 30 cm de diâmetro. Estima-se que cada ejaculação da baleia-azul macho libera cerca de 20 litros de sêmen. Para mais curiosidades sobre a baleia-azul: Qual é o mais massivo animal do mundo?

> As morsas (Odobenus rosmarus) podem não ter o maior pênis do reino animal, mas possuem o maior osso peniano (báculo), o qual alcança até 62,4 cm de comprimento e uma massa de >1 kg! Para mais informações: Por que humanos não possuem um osso peniano?


Figura 5. Morsa macho da subespécie Odobenus rosmarus divergens com o pênis ereto, na Baía de Bristol, Alasca. 

> A  toninha-comum (Phocoena phocoena) é um pequeno cetáceo com um comprimento médio corporal de ~1,5 metro e massa em torno de ~50 kg. Porém, o pênis do macho adulto possui um comprimento de ~50 cm, o qual se estende até sua mandíbula quando ereto! Ref.7


Figura 6. Toninha-comum adulta com o pênis ereto.

> Os machos do morcego Eptesicus serotinus são tão bem dotados que o acasalamento com as fêmeas não envolve penetração vaginal! O caso é único entre os mamíferos conhecidos.  Literalmente, a vagina nas fêmeas não aguenta a enorme glande dos machos. Para mais informações: Esse morcego possui um pênis tão grande e "cabeçudo" que torna o sexo com penetração impossível

> O pênis do tatu-canastra (Priodontes maximus) é um dos maiores do Reino Animal em termos de proporção com o corpo. Esse é atualmente o maior tatu conhecido ainda vivo (ordem Cingulata), alcançando 40-60 kg quando adulto e até 1,5 metro de comprimento. O tamanho médio do pênis ereto nos adultos é de ~37 cm! Nativo da América do Sul, habita um amplo espectro de habitats, desde o Cerrado até florestas úmidas e o Pantanal. É o mais raro dos tatus e a espécie teve um acentuado declínio populacional de 30% nas últimas três gerações. Vídeo mostrando um raríssimo registro de cópula entre tatus-canastras: acesse aqui.

> A genitália feminina externa da hiena-malhada (Crocuta crocuta) é similar àquela dos machos, incluindo ausência de vagina. Tanto urina quanto o feto saem pelo clitóris hipertrofiado, que é maior inclusive que o pênis dos machos. E, sim, a hiena-malhada, basicamente, pare por um pênis! Entenda: Por que hienas-malhadas dão à luz pelo clitóris?   

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REFERÊNCIAS

  1. Padilla & Dowler (1994). Tapirus terrestris. Mammalian Species, No. 481, pp. 1-8. Link do PDF
  2. Borges et al. (2021). ANTA-BRASILEIRA -Tapirus terrestris-Linnaeus, 1758,(Perissodactyla, taperidae): ANATOMIA ÓSSEA E MUSCULAR DA PERNA E PÉ. Revista Desafios, v. 08, n. 01. http://dx.doi.org/10.20873/uftv8-8642 
  3. https://peerj.com/articles/13440/ 
  4. Padilla et al. (2010). Tapirus pinchaque (Perissodactyla: Tapiridae), Mammalian Species, Volume 42, Issue 863, 26 July 2010, Pages 166–182. https://doi.org/10.1644/863.1
  5. Lilia et al. (2010). Gross Anatomy and Ultrasonographic Images of the Reproductive System of the Malayan Tapir (Tapirus indicus). Anatomia, Histologia, Embryologia, 39(6), 569–575. https://doi.org/10.1111/j.1439-0264.2010.01030.x
  6. Pukazhenthi et al. (2013). A review of the reproductive biology and breeding management of tapirs. Integrative Zoology, 8(1), 18–34. https://doi.org/10.1111/j.1749-4877.2012.12008.x
  7. Phallic Structure and Function. (2021). Mammalian Sexuality, 111–154. https://doi.org/10.1017/9781108550758.009
  8. Barros et al. (2012). Medicinal use of fauna by a traditional community in the Brazilian Amazonia. J Ethnobiology Ethnomedicine 8, 37. https://doi.org/10.1186/1746-4269-8-37
  9. Navas-Suárez et al. (2019). Pathological Findings in Lowland Tapirs (Tapirus terrestris) Killed by Motor Vehicle Collision in the Brazilian Cerrado. Journal of Comparative Pathology, Volume 170, Pages 34-45. https://doi.org/10.1016/j.jcpa.2019.05.004
  10. https://animaldiversity.org/accounts/Phocoena_phocoena/
  11. https://collections.gilcrease.org/object/831238
  12. https://www.scielo.br/j/zool/a/jkNwFqPVYvrjLX7fQdXcxbG/abstract/
  13. https://link.springer.com/article/10.1007/s42991-020-00065-3
  14. https://link.springer.com/article/10.1016/j.mambio.2018.12.007
  15. https://www.scielo.br/j/bgoeldi/a/dSH5JRnjTMKBKrTYgK3BVPb/
  16. https://www.nationalgeographic.com/magazine/article/basic-instincts-tapir-trysts
  17. Viviane Quse & Renata Carolina Fernandes-Santos (2014). Manual de Medicina Veterinária de Antas, 2° Edição. Link do PDF