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Qual é o mamífero mais traficado do mundo?


- Atualizado no dia 16 de fevereiro de 2025 -

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          Ação humana predatória tem causado caos em biomas terrestres e aquáticos. Poluição, desmatamento, mudanças climáticas e caça excessiva são fatores antropogênicos devastando inúmeros ecossistemas na superfície do nosso planeta. Uma das consequências mais divulgadas ao público é a lista, cada vez maior, de espécies em risco de extinção. Pandas, rinocerontes, primatas, grandes felinos e cetáceos (ex.: baleias) figuram entre os mais conhecidos mamíferos ameaçados de desaparecer do planeta. Mas existe um animalzinho, ainda amplamente desconhecido do público Ocidental, que detém o triste título de mamífero mais traficado do mundo.

           Tipicamente com o tamanho aproximado de um guaxinim e parecendo um cruzamento entre tamanduá e tatu, o pangolim (Ordem: Pholidota; Família: Manidae) é, infelizmente, o mamífero líder no comércio ilegal mundial. A cabeça e corpo do pangolim são cobertos com uma verdadeira armadura de escamas - duras placas formadas de queratina -, dando ao animal uma aparência reptiliana. Quando assustado, o pangolim se contrai em uma firme bola, lembrando um tatu bem 'punk'. Aliás, são os únicos mamíferos conhecidos com o corpo coberto de escamas da cabeça à cauda.

Pangolim-gigante (Smutsia gigantea), uma espécie fossorial encontrada nas regiões oeste e central da África. É o maior pangolim conhecido, podendo ultrapassar 1,2 metro de comprimento (até 1,8 m) e 31-40 kg de massa corporal. São animais de hábitos noturnos e solitários. Ref.14, 26

          De hábitos noturnos, o pangolim não possui dentes, alimentando-se primariamente de formigas e cupins, insetos capturados com a longa língua viscosa e pegajosa desse animal. Representando pelo menos oito espécies descritas (!), o pangolim é encontrado em regiões da África e da Ásia. E esse animal é tão único que por muito tempo cientistas encontraram dificuldade em posicioná-lo corretamente dentro do grupo dos mamíferos, com a questão só sendo resolvida com o avanço de análises moleculares. E, quando se é único, o ser humano costuma dar mais atenção, e quase sempre da pior maneira possível.

No centro, um pangolim mostrando sua grande e muscular língua pegajosa. À direita, pangolins em modo de defesa ("bola") contra ataques de predadores. Esses animais possuem também um olfato bem desenvolvido e são excelentes escavadores.



Filogenia relativa à ordem Pholidota. Pangolins (Manis spp., Smutsia sp. e Phataginus sp.) Africanos e Asiáticos divergiram há ~41 milhões de anos. Os animais hoje vivos com relação filogenética mais próxima dos pangolins são os carnívoros (ordem Carnivora), como cães e gatos. Pangolins são os únicos representantes ainda vivos da família Manidae e da ordem Pholidota. Ref.15

Pangolim-comum (Smutsia temminckii), nativo de regiões no centro e norte da África. Possui 40-70 cm de comprimento e massa de 7 a 18 kg (mas tipicamente 9-10 kg). Machos são maiores do que fêmeas. Predadores naturais incluem principalmente leões (Panthera leo) e leopardos (P. pardus). Ref.16-17

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> Estudos genéticos recentes sugerem a existência de duas espécies crípticas (morfologicamente semelhantes mas geneticamente distintas) antes não descritas de pangolim: Manis mysteria e Manis indoburmanica. A espécie M. mysteria teria divergido do pangolim-filipino (Manis culionensis) e do pangolim-malaio (Manis javanica) há mais de 5 milhões de anos (Ref.19). A espécie M. indoburmanica teria divergido do pangolim-chinês há aproximadamente 3,4 milhões de anos (Ref.20). Isso elevaria para 10 o número de espécies descritas.

Pangolim-chinês (Manis pentadactyla), nativo do Butão, Bangladesh, Birmânia, norte da Índia, Nepal, norte da Indochina, maior parte de Taiwan e sul da China. A população dessa espécie declinou em até 90% devido à caça e à fragmentação dos seus habitas nos últimos 40 anos. Encontra-se em Crítico Perigo de extinção na China. (Foto: U.S. Fish and Wildlife Service Headquarters). Ref.13

> Pangolins são os únicos mamíferos que possuem escamas sobrepondo a maior parte do corpo. Além de um mecanismo físico de defesa contra predadores similar à carapaça dos tatus, existe evidência recente de que a superfície dessas escamas fornece proteção [atividade antimicrobiana] contra bactérias patogênicas e outras ameaças infecciosas, potencialmente contribuindo para a imunidade inata desses animais. Notavelmente, parece existir vesículas extracelulares chamadas de exossomos na superfície das escamas, derivadas de origens celulares diversas, incluindo células tronco mesenquimais, células imunes e queratinócitos potencialmente contribuindo para a imunidade inata desses animais. Isso forneceria um mecanismo compensatório para a perda do gene IFNE nesses mamíferos, importante para a imunidade cutânea. Ref.21 

(a) Pangolim-malaio (Manis javanica). Escamas similares às nossas unhas cobrem quase todo o corpo dos pangolins de forma sobreposta, fornecendo efetiva defesa mecânica contra predadores. Essas escamas queratinizadas possuem uma estrutura consistindo de lamelas cruzadas e suturas interligadas que fornecem grande força de ligação e resistência. (b) Visão dorsal da escama de um pangolim. (c) Visão ventral da escama. A superfície dorsal da escama fica exposta ao ambiente. A escama consiste de duas porções: a porção proximal (contorno azul) que é anexada à superfície da pele, e uma porção distal que é afiada, fornecendo defesa extra contra predadores. Ref.21

> Devido à similaridade morfológica e de dieta (evolução convergente), pangolins são comumente referenciados como "tamanduás com escamas". Porém, apesar da semelhança com tamanduás e tatus (superordem Xenarthra), pangolins possuem relação filogenética mais próxima com a ordem dos carnívoros (Carnivora), ou seja, possuem relação evolucionária relativamente próxima com canídeos (ex.: cães), felinos (ex.: gatos) e ursos. Aliás, a ordem Pholidota é considerada um grupo-irmão da ordem Carnivora, com divergência do ancestral comum há ~79,5 milhões de anos.

Apesar da evolução convergente de regressão dentária (perda dos dentes) entre pangolins e tamanduás, é válido apontar que os pangolins perderam também todos os traços de inervação dentária, enquanto tamanduás preservam estruturas de inervação dentária. Nas imagens em destaque, escaneamento de micro-CT revelando preservação de estruturas de inervação dentária e de vascularização presentes nos tamanduás e ausentes nos pangolins. Ref.27


Apesar de hoje não ocuparem o continente Europeu, antigos pangolins habitarem essa região. Na foto, úmero fossilizado quase completo da espécie Smutsia olteniensis, encontrado na região de Grăunceanu, România. Viveu entre 2,2 e 1,9 milhões de anos atrás e é uma evidência de que pangolins estavam presentes na Europa durante o Pleistoceno. Espécies do gênero Smutsia eram pensadas exclusivas do continente Africano. O espécime fossilizado mais antigo desse grupo data de ~5 milhões de anos, na África do Sul. Ref.28

> Historicamente, todos os pangolins hoje vivos eram agrupados no gênero Manis, mas os representantes mais terrestres desses animais na África (pangolim-gigante e pangolim-comum) foram reclassificados para o gênero Smutsia (antes considerado um subgênero dentro do gênero Manis). As duas outras espécies Africanas foram reclassificadas no gênero Phataginus: Pangolim-de-cauda-longa (P. tetradactyla) e Pangolim-arborícola (P. tricuspis). Ref.26
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          Entre 2000 e 2019, estima-se que 895 mil pangolins foram capturados ilegalmente ao redor do mundo (Ref.11). Em 2021, 23,5 toneladas de pangolins, inteiros ou em partes, foram traficadas ilegalmente (Ref.11). E esses números provavelmente estão subestimados e a maioria das capturas ocorrem em meio selvagem. Alguns especialistas sugerem que as apreensões reportadas de pangolins representam apenas 10% do real número de pangolins ilegalmente mortos e traficados. Estimativas menos conservadoras sugerem que aproximadamente 2,7 milhões de pangolins são traficados anualmente (Ref.11). Em 2019, uma apreensão única de 11,9 toneladas de escamas de pangolins (quase todos da espécie Smutsia gigantea) ilustra bem a magnitude do contrabando desses animais (Ref.12). Assinaturas genômicas têm apontado nível cada menor de diversidade genética e moderado a alto nível de endogamia nas atuais populações de pangolins (Ref.19, 24).

Estimativas conservadoras sugerem que um pangolim é capturado no ambiente selvagem a cada 5 minutos. No Paquistão, a população de pangolim-indiano (Manis crassicaudata) foi reduzida em 90% devido à caça ilegal por escamas e crenças culturais. Contínua perda de habitat e mudanças climáticas podem varrer essa espécie da região. Ref.22

          O mercado asiático é o principal responsável por fomentar o massacre. No início, as escamas do pangolim eram muito visadas pelos chineses por supostas propriedade afrodisíacas e medicinais, e isso já causava um estrago na população desses animais. Pó seco das escamas tem sido vendido como medicamento analgésico e para o tratamento de doenças diversas, como problemas circulatórios e inflamatórios, câncer, tuberculose, entre outros. Nada disso com qualquer suporte científico. Eventualmente, a carne de pangolim começou a virar artigo de luxo e símbolo de riqueza, especialmente na China e Vietnã, mas com o maior importador hoje sendo os EUA. E certas partes dos pangolins têm sido vendidas como artigos de moda e de arte, particularmente o couro (pele). No continente asiático, por serem tão caçados, os pangolins já são difíceis de serem encontrados e o tráfico tem concentrado os esforço no continente africano.

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          Assim como as barbatanas de tubarão, o quilo da carne dos pangolins chega a valer várias centenas de dólares. No Noroeste da Índia, em Assam, caçadores locais chegam a ganhar pela venda das escamas de um único pangolim o equivalente a quatro meses de salário normalmente associado à profissão na região, o que torna o negócio muito lucrativo (Ref.9). Juntando a injustificada prática medicinal e a culinária, o estrago é enorme. No mapa abaixo, podemos ver os países onde existe tráfico e demanda por esses animais - e o Brasil também está incluído - e o nível das importações e exportações, entre os anos de 1977 e 2014 (escala logarítmica - log10) .




             Somando-se à caça descontrolada, os pangolins ainda sofrem com a devastação dos biomas onde habitam (desmatamento e avanço urbano) e com o seu lento ciclo reprodutivo - as fêmeas, em geral, dão a luz somente a uma cria por ano. Na Ásia, esses animais sofreram as maiores perdas populacionais, o que fez com que o tráfico começasse, nos últimos anos, a se intensificar na África - especialmente na região oeste e centro-oeste da África (Ref.11) - para suprir a enorme demanda ilegal. Apesar desse redirecionamento de foco, o número de pangolins contrabandeados na Ásia é ainda muito alto. Entre as oito espécies de pangolins reconhecidas no mundo - quatro nativas da África e quatro nativas da Ásia - todas encontram-se ameaçadas de extinção, com o status de conservação (IUCN) variando de vulnerável a crítico. O pangolim-malaio e o pangolim-chinês são as espécies sob maior pressão de caça e ambos são listados desde 2014 como em Crítico Perigo de extinção na Lista Vermelha da IUCN (Ref.24).

Prato de luxo feito com carne de pangolim, outro fator que fomenta o tráfico ilegal.

          E o processo de caça muitas vezes é cruel. Os caçadores frequentemente sufocam o animal com fumaça para forçá-lo a sair de esconderijos e, enquanto atordoado, é espancado até quase a morte. Sem conseguir se movimentar é jogado provavelmente vivo em água fervente para a subsequente remoção das escamas. Um vídeo de 2018 teve ampla divulgação por agências de proteção aos animais mostrando o flagra de uma dessas torturas, a partir de filmagens escondidas de celular (Pangolin poaching: the brutal reality).

Apreensão em 2016 de 5 toneladas de pangolins pela polícia da Indonésia. Os animais maiores encontrados vivos (os traficantes estavam alimentando-os para ficarem maiores e assim lucrarem mais na venda) foram soltos na natureza. O restante dos animais (mortos) foram reunidos (foto) e queimados. Ref.4

            Aproveitando-se do desconhecimento das pessoas em relação à este animal, principalmente no ocidente, o tráfico fica ainda mais fácil. Estima-se que cerca de 300 pangolins sejam capturados todos os dias. Autoridades na África, por exemplo, acham até estranho quando encontram uma carga ilegal de pangolins, não sabendo nem reconhecer direito o animal ou o objetivo econômico em contrabandeá-lo. Diversas iniciativas estão sendo tomadas para deixar o público mais ciente da sua existência. A empresa responsável pelo popular jogo Angry Birds até chegou a lançar uma nova versão em 2015 onde o pangolim aparecia como um personagem jogável.

          Em 2016, acordos aprovados no encontro da CITIES (Convenção Internacional de Espécies Ameaçadas da Flora e Fauna Selvagem) baniram toda forma de comércio de pangolins, independente da espécie (Ref.5).

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          Agrava a situação a enorme dificuldade de criar os pangolins em ambiente de cativeiro, no contexto de programas de recuperação de espécies. Isso porque esses animais não são tão estudados como se deveria e possuem extrema relutância em permanecer em ambiente controlado e artificial. Apenas preparar uma alimentação genérica adequada (nutricionalmente balanceada) e mantê-lo em uma área específica para proteção é infrutífero. Em específico, os pangolins não assimilam bem alimentos preparados por humanos e frequentemente desenvolvem doenças gastrointestinais em cativeiro. 

          Em um estudo publicado em 2019 no periódico ACS Omega (Ref.10), pesquisadores analisaram uma fêmea da espécie Manis javanica e encontraram que o sistema digestivo do espécime era altamente especializado, contendo grande quantidade da enzima quitinase - a qual ajuda a quebrar a proteína do exoesqueleto de insetos - e com ausência de algumas importantes enzimas - como a quimotripsina e a elastase pancreática - que permitiriam ao animal ingerir com facilidade outros alimentos a não ser cupins e formigas in natura.

          Além desses problemas, a baixa densidade populacional desses animais e a lenta taxa de reprodução em meio selvagem tornam o atual nível de caça ao pangolim insustentável. De fato, os próprios caçadores já reportam que o número desses animais na natureza diminuiu substancialmente nos últimos anos (Ref.9).

          Até uma solução ser achada, os pangolins continuam sendo empurrados na beira do precipício. E, assim como os tubarões, tudo por um prato de comida desnecessário e uma medicina sem suporte científico ou lógico. Denuncie sempre que vir esses animais ameaçados de extinção sendo traficados ou vendidos.

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CURIOSIDADE: O nome 'pangolim' é derivado da palavra Malaia penggulung, que significa 'enrolador' e faz referência ao comportamento exibido por esses animais quando ameaçados, ou seja, se enrolam em forma de bola, visando deixar expostas apenas as partes cobertas pelas duras escamas.

> Dramáticos declínios populacionais de pangolins podem ter efeitos ecossistêmicos severos: conhecidos como "guardiões da floresta", esses animais são essenciais para o controle de cupins. Além disso, como excelentes escavadores, atuam melhorando a qualidade do solo. Pangolins criam tocas no chão como um espaço de descanso diurno. Essas tocas possuem geralmente 15-20 cm de diâmetro e se estendem por vários metros no subsolo.

Tocas escavadas por pelo pangolim-chinês, com diâmetro transversal de: (a) 16 cm; (b) 13 cm; (c) 17 cm e (d) 16 cm. Pangolins são animais fossoriais (adaptados a cavar e viver no subsolo). Ref.13

> O Dia Mundial do Pangolim é dedicado à conscientização sobre os pangolins e é comemorado no terceiro sábado de fevereiro de cada ano. Ref.23

> Em 2017, o Google também resolveu ajudar nas campanhas de conservação dos pangolins. Neste Dia dos Namorados, seu sistema de buscas está representando pela figura animada - e na forma de jogo - de dois pangolins, em uma tentativa de chamar a atenção do público para a triste situação desses animais. Para saber mais, acesse: https://www.google.com/doodles/valentines-day-2017-day-1

Em 2018, pesquisadores da Universidade de Portsmouth e da  ZSL (Zoologial Society of London), com o suporte das forças de Fronteira do Reino Unido, desenvolveram um método para revelar possíveis impressões digitais nas escamas de pangolins apreendidos. O método usa um adesivo gelatinoso para levantar impressões digitais impregnadas na superfície das  escamas desses animais, como é feito nas investigações forenses tradicionais. Identificando as impressões digitais, é possível apontar com acuracidade um ou mais responsáveis pelo tráfico entre pessoas de interesse suspeitas de terem manipulado o animal. Ref.7
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REFERÊNCIAS CIENTÍFICAS 
  1. http://www.worldwildlife.org/species/pangolin
  2. https://www.fws.gov/international/animals/pangolins.html
  3. http://www.traffic.org/home/2013/7/15/world-experts-all-pangolin-species-at-risk-from-illegal-trad.html
  4. http://www.bbc.com/earth/story/20161006-pangolins-are-the-worlds-most-trafficked-mammal
  5. http://www.nature.com/news/pangolins-and-parrots-among-winners-at-largest-ever-meeting-on-wildlife-trade-1.20775 
  6. http://www.pangolinsg.org/pangolins/
  7. http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S2351989416300798
  8. http://uopnews.port.ac.uk/2018/06/28/off-the-scale-can-forensics-save-the-worlds-most-trafficked-mammal/
  9. https://natureconservation.pensoft.net/article/27379/
  10. https://pubs.acs.org/doi/full/10.1021/acsomega.9b02845
  11. Frascione et al. (2025). Using fingermark powders and lifters on pangolin scales for anti-poaching measures. Forensic Science International, Volume 367, 112363. https://doi.org/10.1016/j.forsciint.2025.112363
  12. Yeo et al. (2023). Uncovering the magnitude of African pangolin poaching with extensive nanopore DNA genotyping of seized scales. Conservation Biology, Volume 38, Issue 2, e14162. https://doi.org/10.1111/cobi.14162
  13. Sun et al. (2024). Identifying habitat modification by Chinese pangolin in subtropical forests of southern China. Integrative Zoology. https://doi.org/10.1111/1749-4877.12862
  14. https://www.nationalgeographic.com/animals/mammals/facts/giant-pangolin
  15. Heighton et al. (2023). Pangolin Genomes Offer Key Insights and Resources for the World’s Most Trafficked Wild Mammals. Molecular Biology and Evolution, 40(10):msad190. https://doi.org/10.1093/molbev/msad190
  16. https://animaldiversity.org/accounts/Manis_temminckii/
  17. https://www.savepangolins.org/what-is-a-pangolin
  18. Schaake, W. (2022). Pangolin. In: Vonk, J., Shackelford, T.K. (eds) Encyclopedia of Animal Cognition and Behavior. Springer, Cham. https://doi.org/10.1007/978-3-319-55065-7_1186
  19. Gu et al. (2023). Genomic analysis reveals a cryptic pangolin species. PNAS, 120 (40) e2304096120. https://doi.org/10.1073/pnas.2304096120
  20. Wangmo et al. (2025). Indo-Burmese pangolin (Manis indoburmanica): a novel phylogenetic species of pangolin evolved in Asia. Mammalian Biology. https://doi.org/10.1007/s42991-024-00475-7
  21. Tian et al. (2024). Pangolin scales as adaptations for innate immunity against pathogens. BMC Biology 22, 234. https://doi.org/10.1186/s12915-024-02034-5
  22. Qasim et al. (2024). Predicting current and future habitat of Indian pangolin (Manis crassicaudata) under climate change. Scientific Reports 14, 7564. https://doi.org/10.1038/s41598-024-58173-w
  23. https://www.pangolins.org/world-pangolin-day/
  24. Lan et al. (2025). Enhancing inbreeding estimation and global conservation insights through chromosome-level assemblies of the Chinese and Malayan pangolin. GigaScience, Volume 14, giaf003. https://doi.org/10.1093/gigascience/giaf003
  25. Chapter 11 - Temminck’s pangolin Smutsia temminckii (Smuts, 1832). Pangolins. Science, Society and Conservation Biodiversity of World: Conservation from Genes to Landscapes 2020, Pages 175-193. https://doi.org/10.1016/B978-0-12-815507-3.00011-3
  26. Sandri et al. (2023). Three spatially separate records confirm the presence of and provide a range extension for the giant pangolin Smutsia gigantea in Kenya. Oryx, 57(6):714-717. https://doi.org/10.1017/S0030605322000126 
  27. Ferreira-Cardoso et al. (2019). Evolutionary Tinkering of the Mandibular Canal Linked to Convergent Regression of Teeth in Placental Mammals. Current Biology, Volume 29, Issue 3, Pages 468-475.e3. https://doi.org/10.1016/j.cub.2018.12.023 
  28. Terhune et al. (2021). The youngest pangolin (Mammalia, Pholidota) from Europe. Journal of Vertebrate Paleontology, Volume 41, Issue 4. https://doi.org/10.1080/02724634.2021.1990075