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Processo de ovulação humana flagrado ao vivo durante uma histerectomia

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> Na imagem acima a primeira observação laparoscópica de uma ovulação humana espontânea. Um notável padrão vascular foi observado sobre o folículo maduro (F, setas brancas). Uma pequena área folicular chamada estigma (S) foi vista protuberando como uma pústula avermelhada a partir da superfície folicular, com um fluído viscoso amarelado (setas pretas) evaginando para fora da cavidade peritoneal. O fluído viscoso provavelmente carregava com ele o complexo cúmulo-oócito, cercado por vários milhares de células granulosas conhecidas como corona radiada (duas ou três camadas de células foliculares que cercam o óvulo, e cuja principal função é nutrir a célula germinativa).
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          Em 2008, durante um procedimento de histerectomia, o médico Belga Jacques Donnez, da Universidade Católica de Louvain, em Bruxelas, percebeu que sua paciente estava espontaneamente ovulando e conseguiu registrar em detalhes o processo completo. As imagens do registro em vídeo foram publicadas no periódico Fertility and Sterility (pertencente à Sociedade Americana para Medicina Reprodutiva) (Ref.1), e são as mais claras imagens do processo de ovulação humana já obtidas. O pequeno "óvulo" amarelado - com cerca de 0,1 mm de diâmetro - pode ser visto sendo expulso de uma área folicular avermelhada, cheia de fluído, sobre a superfície do ovário de uma mulher de 45 anos de idade. A ovulação demorou um total de 15 minutos para ocorrer, ou seja, muito mais lento do que o processo 'explosivo' sugerido por algumas hipóteses prévias. Tecnicamente, o 'óvulo' liberado é um oócito II, o qual irá viajar ao longo da tuba uterina até o útero. O oócito II só se transforma em um óvulo (meiose completa) após a fecundação, dando origem à célula diploide chamada de zigoto após fusão com o espermatozoide. A ovulação ocorre pelo menos uma vez por mês em mulheres férteis.

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           A paciente em questão foi admitida ao departamento médico sofrendo de menorragia e expressando um útero miofribromatoso. Histerectomia laparoscópica subtotal com preservação de ambos os ovários foi realizada no 16° dia do ciclo menstrual, de acordo com a última menstruação. Após inserção do instrumento cirúrgico, a cavidade peritoneal foi examinada, confirmando a presença de um útero miofibromatoso e revelando o processo de ovulação no ovário esquerdo. Previamente, apenas observações laparoscópicas da ovulação em modelos de animais não-humanos tinham sido detalhadamente registradas in vivo.

Informações complementares:

- Os ovários possuem uma forma ovoide, com 3 cm de comprimento e 1,5 cm de largura no ser humano. Eles estão conectados ao aparelho reprodutor pelo ligamento largo do útero e pelo mesovário, uma prega do peritônio que transporta os vasos sanguíneos e linfáticos e os nervos, os quais entram, nas gônadas, pelo hilo. Não há uma ligação contínua entre os ovários e as tubas uterinas, sendo o oócito captado pelas projeções da tuba.

- Gametogênese: É a produção de gametas. O gameta masculino é o espermatozoide, e o gameta feminino é o óvulo. A produção de espermatozoides é chamada de espermatogênese e ocorre nos testículos. A gametogênese feminina é a ovogênese e se dá nos ovários. A gametogênese envolve os dois tipos de divisões celulares: a mitose e a meiose. A mitose aumenta a população de células-mãe, e a meiose reduz a quantidade do material genético de diploide (duas cópias para cada cromossomo) para haploide (uma cópia). Com a fusão do gameta masculino ao feminino, a diploidia da espécie é restabelecida. A meiose proporciona ainda a variabilidade genética através da troca de segmentos entre os cromossomos maternos e paternos e da segregação independente desses cromossomos.

- Após concluir a primeira meiose, o oócito primário dá origem ao oócito secundário (oócito II). O acúmulo do fluido e o consequente aumento do antro dividem a camada granulosa. Essa denominação se mantém para as camadas de células foliculares adjacentes à teca, enquanto as células que se projetam no antro como um pedúnculo são o cumulus oophorus, e aquelas que circundam o oócito, a corona radiata. Esse é o folículo maduro ou de De Graaf. O folículo maduro pode ser observado ao ultrassom como uma grande vesícula, de quase 2 cm, saliente na superfície do ovário.

- A cada ciclo menstrual, até 50 folículos são recrutados para prosseguirem no desenvolvimento, mas somente um (ou alguns naqueles animais com gravidez múltipla padrão) atinge o estágio de folículo maduro. Os demais degeneram: sofrem atresia folicular. Porém, às vezes, mais de um óvulo pode ser liberado, como ocorre na gravidez com múltiplos dizigóticos e muito raramente envolvendo até mesmo gêmeos com pais distintos em um única gravidez  (Sugestão de leituraO que é a superfecundação heteropaternal?).

- No ovário, há cerca de um milhão de folículos ao nascimento e de 400 mil na menarca. Ciclos sucessivos de ovulação e atresia esgotam os folículos, e o estroma predomina nos ovários. Há a irregularidade e finalmente a interrupção dos sangramentos menstruais, a menopausa, em torno dos 50 anos. A diminuição na secreção de estrógeno provoca atrofia do epitélio vaginal e da pele, osteoporose e instabilidade vasomotora (notada como ondas de calor, os fogachos) e aumenta o risco de doenças cardiovasculares. (Para mais informações: Terapia de Reposição Hormonal na Menopausa)

- No processo de ovulação, algumas mulheres sentem dor, que é denominada mittelschmerz, dor do meio. Essa dor pode ser acompanhada de leve sangramento ocasionado pela ruptura do folículo.

- Para informações mais detalhadas sobre o processo da gametogênese humana, acesse a Ref.3.