YouTube

Artigos Recentes

Perfume vomitado por baleias?



        Não sei se alguém já ouviu aquela história de que existem perfumes  produzidos com vômito, mas existe uma verdade por trás disso! Antes de 1986, especialmente nos séculos 18 e 19, a forma mais comum de se produzir os perfumes era através de uma substância sólida, parecida com pedra, expelida pelo vômito ou fezes das baleias cachalotes, chamada ´âmbar-gris´ ou ´âmbar cinza´. Ela era essencial em quase todo o ramo da perfumaria antigamente!



        O âmbar cinza é uma mistura de compostos orgânicos de baixo ponto de fusão e ebulição. Essa mistura era o principal agente fixante e estabilizante dos perfumes, especialmente os franceses. Formado no intestino das Cachalotes através da reação do corpo a uma infecção alimentar, as pedras de âmbar cinza podem chegar a pesar centenas de quilos dentro delas! Elas possuem, quando frescas, um odor horrível, de fezes, mas quando são deixadas para secar e receber iluminação solar, o odor é eliminado e o âmbar, antes esbranquiçado e fétido, se transforma em um produto cinza com aroma doce e terroso! Nessa forma, ele é dissolvido em álcoois e misturado junto às fragrâncias dos perfumes, fazendo-os durar muito mais, além de otimizar a sensação dos aromas.

Uma típica pelota de âmbar de Cachalote

         As pelotas de âmbar podem ser encontradas boiando no mar, fruto das fezes ou vômitos das cachalotes, mas o mais fácil era em caçar essas baleias e extrair enormes quantidades do valioso produto. Com isso, era estimado que mais do que 5 mil dessas baleias morriam todos os anos devido ao comércio da perfumaria. Depois de decretado a proibição total da caça às baleias, em 1986, e a proibição internacional de perfumes cuja composição apresentava o âmbar cinza em alguns países, como os EUA e Austrália, substituentes sintéticos foram desenvolvidos para entrarem no lugar da substância.

- Continua após o anúncio -



         Mesmo assim, o âmbar é ainda utilizado hoje em dia, alcançando valores absurdos nos mercados negros norte-americanos (em alguns lugares, chega a custar 20 reais o grama!) e em vendas isoladas em países europeus e asiáticos, onde, apesar da caça às cachalotes ser ilegal, a venda desse âmbar não é, caso o mesmo tenha sido coletado fora do corpo dessas baleias.

Artigo relacionado: O covarde mercado das barbatanas

REFERÊNCIAS CIENTÍFICAS
  1. https://books.google.com.br/books?id=F0CKIxwLT-oC&redir_esc=y
  2. http://global.britannica.com/science/ambergris
  3. http://www.insa.nic.in/writereaddata/UpLoadedFiles/IJHS/Vol50_2015_2_Art08.pdf
  4. http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0262407912623938
  5. https://www.researchgate.net/profile/John_George15/publication/13085039_The_role_of_Eskimo_hunters_veterinarians_and_other_biologists_in_improving_the_humane_aspects_of_the_subsistence_harvest_of_bowhead_whales/links/5498a6f20cf2c5a7e342c477.pdf#page=7
  6. http://lajamjournal.org/index.php/lajam/article/view/231 
  7. http://www.scientificamerican.com/article/strange-but-true-whale-waste-is-valuable/
  8. http://us.whales.org/blog/2015/09/ambergris-lucky-lucrative-and-legal