Onde a Baleia-Jubarte se reproduz no Brasil?
Figura 1. "Uma baleia jubarte em sincronia com o Pão de Açúcar". |
A baleia-jubarte (Megaptera novaeangliae) é um cetáceo migratório - exceto na população do Mar Arábico -, se reproduzindo e engordando filhotes em águas mais quentes de baixas latitudes durante o inverno (regiões tropicais e subtropicais) e se alimentando em águas mais frias durante o verão (principalmente em regiões polares) (!). Animais cosmopolitas, esse cetáceo é encontrado por todo o oceano Atlântico.
Em áreas de parto, jubartes frequentemente se concentram em zonas costeiras, ilhas e ambientes de recife. Proximidade das regiões costeiras assegura águas rasas e proteção contra predadores, fornecendo condições ideais para baleias amamentarem e cuidarem dos filhotes recém-nascidos.
Aqui no Brasil, a jubarte se reproduz no litoral central e nordeste, desde o Rio de Janeiro até o Rio Grande do Norte. O Banco dos Abrolhos é considerado a principal área de reprodução da espécie, onde o complexo recifal associado fornece ótima proteção natural para os filhotes, além de águas quentes e calmas na região aparentemente serem vitais para essa fase de crescimento e engorda dos neonatos (!). A população que inverna no litoral brasileiro foi estimada em 6250 indivíduos em 2005 e corresponde a aproximadamente 30% do seu tamanho pré-exploratório (antes do período histórico de intensa pesca baleeira).
Figura 2. A baleia-jubarte dá à luz a apenas um filhote a cada dois a três anos com 11 a 12 meses de gestação. Nascem com aproximadamente 4 metros pesando 1 tonelada. São mamíferos que bebem o leite em bocadas por ser muito denso. Ele toca gentilmente as mamas da mãe que jorra o grosso líquido na água e bebem em média de 100 a 400 litros de leite por dia! É o leite mais rico dos mamíferos e o desmame ocorre por volta dos 10 meses. Na fase adulta podem chegar a 40 toneladas. Referência e foto: SeaShepherd.org |
As jubartes partem do litoral brasileiro numa área de aproximadamente 500 km de extensão ao longo do litoral do Espírito Santo e do Rio de Janeiro, adotam uma rota migratória relativamente retilínea e se alimentam ao sul da Convergência Antártica em águas afastadas da costa a nordeste e leste da Georgia do Sul e das Ilhas Sandwich do Sul.
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(!) Para espécies de cetáceos que parcelam suas atividades em áreas de reprodução e áreas de forrageio são levantadas duas hipóteses: a primeira explica que as temperaturas mais altas são vitais para desenvolvimento dos filhotes em seus estágios iniciais de vida, enquanto a segunda leva em conta a evasão para diminuir a predação natural por orcas.
> Durante a temporada reprodutiva, as jubartes adultas não se alimentam, logo a carência energética e diminuição da atividade dos hormônios da reprodução podem ser agentes desencadeadores da movimentação destes animais de volta as regiões de alimentação (águas mais frias).
REFERÊNCIAS
- Andriolo et al. (2010). "Migração de baleias-jubarte: o que falta conhecer?" Revista de Etologia, Vol. 9, No. 2. Link do paper
- Gonçalves et al. (2018). Movement patterns of humpback whales (Megaptera novaeangliae) reoccupying a Brazilian breeding ground. Biota Neotropica, 18(4). https://doi.org/10.1590/1676-0611-BN-2018-0567
- Martins et al. (2022). Distribuição espacial de avistamentos de baleias jubarte Megaptera novaeangliae (Borowski: 1781) (Cetacea: Balaenopteridae) na zona costeira do Brasil. Research, Society and Development, v. 11, n. 10, e109111032463. http://dx.doi.org/10.33448/rsd-v11i10.3246