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Paciente de 28 anos com herpes simples genital

         Uma mulher de 28 anos de idade, nunca antes grávida, e usando um dispositivo intrauterino (DIU) visando contracepção, apresentou-se ao hospital com um histórico de um dia com pústulas/vesículas levemente dolorosas e ardidas sobre a parte medial superior da coxa direita. No exame, foi notado dois grupos de vesículas sobre uma base eritematosa como mostrado na imagem acima. Previamente à manifestação vesicular, a paciente notou sensações de formigamento (dormência) e hiperestesia. No ano anterior, ela manteve quatro relações sexuais com uso inconsistente de camisinha e reportou dois episódios com pústulas similares na mesma região nos últimos 12 meses. A paciente não tinha um histórico prévio de infecções sexualmente transmitidas, e negou corrimento vaginal, disúria e febre. 


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           O primeiro e segundo agrupamentos de vesículas tinham 1 cm e 2 cm de diâmetro, respectivamente. Diagnóstico de herpes simples genital recorrente foi feito com base no histórico e exame físico da paciente. Um teste de PCR subsequente confirmou o diagnóstico, identificando o herpes-vírus simples tipo 2. A paciente reportou a resolução dos sintomas com a administração do fármaco valaciclovir 500 mg duas vezes ao dia por três dias, e foi aconselhada a visitar regularmente um dermatologista.

            Infecção com herpes simples é causada pelos herpesvírus humanos 1 e 2 (HHV-1 e HHV-2), também conhecidos como herpes vírus simples 1 e 2 (HSV-1 e HSV-2). O HHV-1 adapta-se melhor e atua, de forma mais eficiente, nas regiões oral, facial e ocular. O HHV-2 se adequa melhor às regiões genitais, envolvendo caracteristicamente a genitália e a pele abaixo da cintura, porém pode se observar padrão semelhante de manifestações em ambos. A infecção pelo HSV 1 e 2 pode desenvolver mal-estar, febre, irritabilidade, náuseas, gengivoestomatite herpética primária, herpes labial recorrente e herpes intraoral recorrente. 

            Ocorre geralmente, a partir do contato com gotículas de saliva contaminada ou contato direto com lesões ativas. O início das manifestações é repentino, caracterizando-se por numerosas vesículas puntiformes, as quais rapidamente se rompem e formam inúmeras lesões pequenas, ulceradas e eritematosas. O herpes labial recorrente caracteriza-se por vesículas induzidas pelo HHV-1 ou com menor frequência pelo HHV-2. Apresenta início súbito, geralmente após sensação de dormência, prurido, pontadas, dor e ardência nos lábios, que aparecem durante um período de aproximadamente 4 dias. Pode-se citar como fatores que levam à recorrência luz ultravioleta, febre, estresse, trauma físico, menstruação e imunossupressão. As vesículas rompem-se em cerca de 4 a 6 dias, ocorrendo formação de crosta, curando sem deixar cicatriz.

            O herpes intraoral é quase exclusivo de epitélio ceratinizado, o que facilita no seu diagnóstico diferencial com úlceras aftosas. Dessa forma, as vesículas apresentam-se rasas, irregulares, sendo constituídas do agrupamento de erosões que podem coalescer.


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           Nos últimos anos, várias opções de tratamento têm sido propostas para combater as manifestações clínicas do HSV-1 e HSV-2, porém a maioria dos tratamentos são paliativos e visam a uma melhora para a sintomatologia dolorosa ou são supressores da replicação viral. Até o momento, não há tratamento que promova a cura da doença.

          O primeiro agente de escolha com uma real e potente ação antivirótica seletiva é o Aciclovir, o qual representa um inibidor específico e tolerável da polimerase do DNA viral. Outros fármacos para a manifestação primária da infecção são o fanciclovir e o valaciclovir, os quais podem reduzir dor e tempo de recuperação. Sob orientação médica, deve-se iniciar a terapia imediatamente após o início de sintomas, como dormência, pontadas, prurido, eritema e dor, sendo esse período denominado período prodrômico. O aciclovir pode ser administrado por via oral, endovenosa ou tópica, devendo ser mantido até o desaparecimento das lesões. 


> Reporte e descrição do caso: https://journals.psu.edu/medicine/imagechallenge_old

Referência adicional: Santos et al., 2012. Herpesvírus humano: tipos, manifestações orais e tratamento. Odontologia Clínica-Científica (Online) vol.11 n°.3. Link: Scielo