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Anti-inflamatórios não esteroides: seguros?

           Recentemente o FDA (Administração de Drogas e Alimentos dos EUA) lançou um alerta importante sobre o uso frequente de medicamentos que contenham anti-inflamatórios não-esteroides (AINE´s). Apesar de serem vendidos como fármacos completamente seguros, isso está longe de ser verdade.

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            Muitos medicamentos para dores de cabeça, febre, artrite e dores na costa, por exemplo, prescritos ou não, fazem parte dos AINE´s, os quais podem aumentar as chances de ataques cardíacos ou derrames cerebrais. Ambos os riscos podem começar a subir desde muito cedo em relação ao uso desses medicamentos (semanas) e ir aumentando à medida que o tempo de uso contínuo aumenta. Pessoas com problemas cardiovasculares, ou que já passaram por um infarto ou derrame anterior, e/ou que estão em um grande risco de desenvolver tais problemas futuramente (hipertensos e obesos, por exemplo) são os que precisam tomar mais cuidado com esses medicamentos. E o pior é que, apesar desses efeitos colaterais, aqui no Brasil estima-se que 30% das drogas prescritas para crianças sejam AINE´s, com grande parte dessas administrações não sendo recomendadas por agências de saúde. Nos EUA, esses medicamentos correspondem a 70 milhões de prescrições e mais de 30 bilhões de comprimidos de venda livre. O fato da maior parte deles não precisarem de prescrição médica impulsiona ainda mais o uso.

         O grande poder de influência da indústria farmacêutica, aliado com o menor controle desses produtos em países menos desenvolvidos - como o Brasil - faz com que exista uma explosão e disseminação de falsa segurança no uso desses medicamentos, muitas das vezes sem existir a menor necessidade de uso. São aquelas famosas propagandas bonitas, com pessoas felizes e alegres, mas com uma fala bem rápida no final do tipo "Esse medicamento pode trazer riscos à sua saúde; consulte o seu médico". Analgésicos estão frequentemente associados a esse tipo de marketing. Os AINE´s são um dos fármacos mais consumidos no mundo inteiro, e aqui no Brasil, e podemos citar alguns dos principais representantes:

1. Ibuprofeno;



2. Cetoprofeno;


3. Naxopreno;

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         Nunca use por muito tempo ou em grandes quantidades esses medicamentos, especialmente de forma múltipla e se não houve expressa orientação médica para tal. Evite também consumi-los para sintomas que podem ser controlados de outras formas mais simples. Febres, por exemplo, na maioria das vezes não requer tratamento (2) e dores de cabeça podem ser contornadas de outras maneiras (3). Muitas pessoas tendem, para qualquer dor do corpo, especialmente na cabeça, se entupir dessas drogas, sem nem ao menos ler a bula. Acabam ficando viciadas nos mesmos e passam para o abuso, acumulando efeitos colaterais desnecessários. No caso específico dos AINE´s, se sintomas como dores no peito, problemas para respirar, fraqueza súbita em um lado do corpo ou fala confusa começarem a surgir, procure um médico urgente e informe-o sobre a droga consumida. E, como conselho final, nunca use medicamentos sem antes consultar um profissional de saúde.

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IMPORTANTE: Existem vários outros efeitos colaterais e alergias ligados aos anti-inflamatórios não esteroides, e que devem ser avaliados junto a um médico. Grávidas não devem usar esses medicamentos sem uma expressa ordem médica, pois os mesmos podem ser danosos ao feto, especialmente nos últimos três meses de gravidez.
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(1) Artigo complementar: Cuidado com a aspirina!

(2) Artigo recomendado: É sempre benéfico procurar baixar a febre?

(2) Como amenizar, naturalmente, uma dor de cabeça?

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ATUALIZAÇÃO (14/05/17)Mais um estudo, dessa vez uma meta-análise da literatura científica - com o uso do método estatístico bayesian - reforçou o aumento de riscos no desenvolvimento de doenças cardiovasculares (no caso, infarto do miocárdio) com o uso de anti-inflamatórios não-esteroides (AINEs), como o ibuprofeno, cetoprofeno, naproxeno e o rofecoxibe. De acordo com o estudo, publicado na BMJ desta semana (Ref.10), todos os AINEs estão associados com um aumento no risco de infarto agudo do miocárdio. O risco encontrado foi maior no primeiro mês de uso desses medicamentos e com altas doses, apresentando um rápido crescimento no risco de infartos do miocárdio na primeira semana de uso. A utilização de altas doses por 8 a 30 dias é particularmente preocupante para o ibuprofeno (>1200 mg/dia), naproxeno (>750 mg/dia) e o rofecoxibe (>25 mg/dia). Ainda de acordo com os resultados obtidos, sugere-se que o rofecoxibe é o que mais aumenta os riscos para o infarto.
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REFERÊNCIAS CIENTÍFICAS
  1. http://www.fda.gov/ForConsumers/ConsumerUpdates/ucm453610.htm
  2. http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-81232013001200025
  3. http://www.cff.org.br/sistemas/geral/revista/pdf/131/030a045_entrevista_dr_balbino.pdf
  4. https://www.betterhealth.vic.gov.au/health/conditionsandtreatments/medications-non-steroidal-anti-inflammatory-drugs
  5. http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0066-782X2005001600016
  6. http://www.scielo.mec.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0870-71032011000100018
  7. http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/21224324
  8. http://www.healthlinkbc.ca/healthtopics/content.asp?hwid=sid7998
  9. http://www.fda.gov/downloads/Drugs/DrugSafety/UCM453941.pdf
  10. http://www.bmj.com/content/357/bmj.j1909