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Lírios-do-mar são plantas ou animais?

Figura 1. Crinoide fotografado na Ilha de Cassini, Kimberley.

 
          Crinoides (classe Crinoidea) - ou popularmente conhecidos como lírios-do-mar - são membros do filo Echinodermata, o mesmo grupo que inclui as estrelas-do-mar (classe Asteroidea) (1), ofiúros (classe Ophiuroidea) (2) e bolachas-do-mar (classe Clypeasteroida) (3). Esses animais podem se movimentar nos oceanos usando seus apêndices similares a penas (os quais são geralmente usados para a filtração de alimentos). Os crinoides pertencem a uma linhagem muito antiga de animais, com alguns fósseis datando do período Ordiviciano (~485 milhões de anos atrás), persistindo até hoje e englobando clados encontrados em todos o mundo, desde águas marinhas rasas até regiões oceânicas profundas. Diferente dos espécimes fossilizados na Fig.2, hoje a maioria dos crinoides não possui apêndices similares a caules (pedúnculos) usados como âncora, mas algumas espécies possuem versões mais curtas dessas estruturas. Além disso, os crinoides modernos geralmente não exibem grande porte como várias espécies extintas. 


Figura 2. Nesse pedaço de rocha de 5 metros de comprimento e 4 metros de largura, uma colônia de crinoides fossilizados descoberta na Alemanha e datando do Jurássico Inferior, há cerca de 195 milhões de anos. Apesar de parecidos com flores, esses fósseis pertencem a um grupo de animais. A rocha com os fósseis está hoje em exibição no Museu Houston de Ciência Natural, EUA. (Foto: Chris Wells, HMNS).

Figura 3. Filogenia de 24 comatulídeos (um grupo de crinoides) modernos não-extintos e 7 comatulídeos extintos. Nas figuras associadas a espécies selecionadas, fotos de cálices fossilizados e tomografia renderizada de espécimes não-extintos. Ocorrem hoje em todo o mundo, desde mares intertidais até mares profundos, com a região do Pacífico Indo-Ocidental associada com a maior diversidade de espécies. Ref.4

Figura 4. Crinoide da espécie Monachocrinus caribbeus, único membro hoje vivo da família Bathycrinidae, no Golfo do México. Os atuais crinoides variam em tamanho de alguns centímetros até 1 metro de comprimento (substrato até a o topo do corpo), e com braços alcançando até 35 cm de comprimento. 

Figura 5. Crinoide nas Ilhas Marianas. Com cerca de 600 espécies vivas nos dias de hoje, os crinoides apresentam corpo em forma de “cálice”, com braços apresentando ramificações em pequenos tentáculos através da sua extensão para captura de alimento, vivem de forma séssil fixados em rochas ou outros substratos, algumas espécies conseguem se locomover.

Figura 6. Anatomia básica dos crinoides. No cálice é onde encontramos a maior parte dos órgãos desses animais, e essa estrutura fica abaixo da superfície oral (onde também se encontra a abertura anal). As estruturas similares a penas (pínulas) nos braços aumentam a área superficial para o aprisionamento de alimento e são equipados com pés tubulares revestidos com muco que otimizam a captura de organismos microscópicos diversos (alimento retido durante filtração). Alguns crinoides possuem uma estrutura chamada de pedúnculo, usada para ancorar o animal ao substrato e constituída primariamente de discos empilhados de calcita. Nos crinoides sem pedúnculo, o cirro - conjunto de apêndices articulados localizado no final do cálice, oposto à boca - é responsável pela fixação no substrato.

 
Figura 6. Um número de espécies de crinoides podem nadar livremente pelos mares, uma habilidade que aparentemente permite que esses animais possam escapar de predadores (ex.: ouriços-do-mar) e se mover para posições mais elevadas e vantajosas no recife. Na foto, tirada nas Ilhas Palau, na Micronésia, um crinoide reofílico é observado nadando, através de movimentos com os braços. Ref.7

Para mais informações:


           Durante as eras Paleozoica e Mesozoica esses animais se proliferaram de forma explosiva, resultando em uma quantidade enorme de fósseis desses períodos. Aliás, durante o Carbonífero, os crinoides eram tão abundantes que seus vestígios ósseos formaram rochas calcárias chamadas de encrinitos. De todas as 9-11 subclasses conhecidas de crinoides, apenas uma sobreviveu e engloba as atuais espécies vivas (Articulata) (Ref.6).

> Devido ao formato corporal dos crinoides, similar a flores, esses animais são comumente chamados de lírios-do-mar.


REFERÊNCIAS

  1. https://blog.hmns.org/2017/05/giant-creepy-and-ancient-our-ground-shaking-new-addiction-to-the-hall-of-paleontology/
  2. Salamon et al. (2021). Shared patterns in body size declines among crinoids during the Palaeozoic extinction events. Scientific Reports 11, 20351. https://doi.org/10.1038/s41598-021-99789-6
  3. Ausich et al. (2021). Carboniferous crinoids. Geological Society, London, Special Publications, Volume 512, Pages 551-601. https://doi.org/10.1144/SP512-2020-7
  4. Saulsbury & Baumiller (2022). Dispersals from the West Tethys as the source of the Indo-West Pacific diversity hotspot in comatulid crinoids. Paleobiology, 1-14. https://doi.org/10.1017/pab.2022.23
  5. https://www.assis.unesp.br/#!/departamentos/ciencias-biologicas/museu-cbi/acervo/fosseis/animal/equinodermos/
  6. https://animaldiversity.org/accounts/Crinoidea/
  7. Macurda & Meyer (1983). Sea lilies and feather stars. American Scientist, Vol. 71, No. 4, pp. 354-365. https://www.jstor.org/stable/27852135