Por que elefantes gostam de derrubar árvores?
Figura 1. Elefante derrubando uma árvore em Botswana, África. |
Elefantes (mamíferos da família Elephantidae) são atualmente os maiores animais terrestres (em termos de porte físico). Um comportamento bem característico desses poderosos animais é a derrubada de árvores, cujo objetivo é acessar as folhas, raízes e outros nutrientes antes não alcançáveis na planta. Esse comportamento 'destrutivo' beneficia também outras espécies de seres vivos (alimento, moradia nas estruturas derrubadas, ciclo de nutrientes no solo, etc) e também as próprias árvores derrubadas, ao ajudar a dispersar suas sementes. Agindo como "engenheiros de ecossistemas", os elefantes também atuam abrindo os biomas Africanos. ao reduzir a densidade de arbustos e de árvores e o tamanho do dossel.
Os elefantes preferem derrubar as árvores com 5 a 8 metros de altura, e perdas anuais de árvores nessa faixa de porte em áreas habitadas por esses animais chega a alcançar 20%. Em savanas, a presença de elefantes (ex.: elefante Africano, espécie Loxodonta africana) aumenta a mortalidade de árvores, na média, em 5 a 6 vezes.
Elefantes também atuam quebrando muitos galhos e removendo a casca das árvores (Fig.2). Aliás, ao quebrar galhos de árvores, os elefantes podem facilitar a formação de buracos e fendas nas árvores que servem de importante habitat para inúmeras espécies (ex.: cupins, fungos, ninhos de aves, etc.), e essas por sua vez servindo de alimento para outros animais. Árvores com caules de moderado-grande diâmetro são mais prováveis de serem descascadas do que derrubadas pelos elefantes.
Figura 2. Elefante Africano arrancando as cascas de uma árvore no Parque Nacional de Serengeti, Tanzânia. Ref.3 |
Porém, em ambientes já degradados ou modificados pelas atividades humanas (em processo de desequilíbrio ecológico), ou após programas recuperação e de reintrodução de elefantes em áreas limitadas e protegidas, o serviço de engenharia ecológica dos elefantes pode ter impactos mais negativos do que positivos na vegetação local (o mesmo válido para outros megaherbívoros, como girafas).
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REFERÊNCIAS
- https://www.krugerpark.co.za/kruger-park-news-study-shows-elephants-role-in-tree-losses-25594.html
- Landman et al. (2019). Elephant effects on treefall and logfall highlight the absence of megaherbivores in coarse woody debris conceptual frameworks. Forest Ecology and Management, Volume 438, Pages 57-62. https://doi.org/10.1016/j.foreco.2019.02.015
- Wilson & Mhache (2022). Effect of elephants and other ungulates on the vegetation in Serengeti National Park in Tanzania. Journal of Research in Forestry, Wildlife and Environment, Vol. 14, No. 2. https://www.ajol.info/index.php/jrfwe/article/view/228527
- Gordon et al. (2023). Elephant rewilding affects landscape openness and fauna habitat across a 92-year period. Ecological Applications, Volume 33, Issue 3, e2810. https://doi.org/10.1002/eap.2810
- Thompson et al. (2022). Impacts of African savannah elephants (Loxodonta africana) on tall trees and their recovery within a small, fenced reserve in South Africa. African Journal of Ecology, Volume 60, Issue 3, Pages 357-366. https://doi.org/10.1111/aje.12963