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Qual é a maior centopeia conhecia ainda viva?


          Membros do gênero Scolopendra representam as maiores espécies conhecidas de centopeias, e são predadores vorazes. De hábitos noturnos e com fortes mandíbulas, caçam frequentemente grandes presas, como rãs e sapos de até ~10 cm, pequenos lagartos, cobras de até ~25 cm, aves do tamanho de pardais, roedores de pequeno porte (ex.: camundongos) e até morcegos. Essas centopeias são peçonhentas e acidentes com humanos em países como a Venezuela não são incomuns; o veneno injetado pode causar edema, eritema, dor intensa, linfangite local, tontura e necrose no local da mordida (1). Raramente a mordida desses invertebrados é letal para humanos.

          Entre as mais de 80 espécies descritas no gênero, a S. gigantea é a maior, alcançando 30 cm de comprimento e habitando ilhas Caribenhas e regiões ao norte da Colômbia e da Venezuela (incluindo região Amazônica). É também considerada a maior centopeia tropical e provavelmente a maior centopeia não-extinta conhecida. Com comportamento agressivo, sua mordia é muito dolorosa e o efeito dura por várias horas. É popularmente conhecida como centopeia-gigante-da-Amazônia, e exibe de 21 a 23 pares de pernas.

Figura 2. Na foto, uma centopeia S. gigantea segurando e comendo um morcego (espécie Mormoops megalophylla) após caçá-lo e matá-lo, no teto da caverna Cueva del Guano, na Península de Paraguaná, Venezuela. No caso, a centopeia devorou 35% da massa corporal do morcego predado. Ref.9

Figura 3. (A) Paciente de 21 anos após ser mordida por uma centopeia do gênero Scolopendra de 10 cm de comprimento (B) enquanto dormia; foto da paciente após 2 dias de recuperação (C). Ref.10

          Assim como outras espécies de centopeias gigantes, a S. gigantea possui importante valor econômico na agricultura, ao controlar a população de potenciais pragas.

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(1) Essas centopeias injetam veneno com estruturas associadas à boca chamadas de forcípulos, os quais simulam presas e são derivados do primeiro par de pernas (membros modificados). A mordida frequentemente deixa duas marcas pontuadas bem visíveis na pele. Comumente as mordidas são sucessivas, aumentando a dor local resultante. É recomendado limpar o local com água e sabão.

(2) Falando em miriápodes e número de pernas, fica a sugestão de leitura: Cientistas descobrem espécie de milípede com número recorde de pernas

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REFERÊNCIAS

  1. https://www.scielo.br/j/rimtsp/a/3vVxDVdY8XPmsCvKXdNHjCv/
  2. https://www.cabdirect.org/cabdirect/abstract/20023132127
  3. https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC7944685/
  4. http://servicio.bc.uc.edu.ve/fcs/vol26n2/art02.pdf
  5. https://onlinelibrary.wiley.com/doi/abs/10.1002/9781119569831.ch17
  6. https://onlinelibrary.wiley.com/doi/abs/10.1002/9781119569831.ch17
  7. https://periodicos.uem.br/ojs/index.php/ActaSciBiolSci/article/view/1035/511
  8. https://sta.uwi.edu/fst/lifesciences/sites/default/files/lifesciences/documents/ogatt/Scolopendra_gigantea%20-%20Giant%20Centipede.pdf
  9. Molinari et al. (2005). Predation by Giant Centipedes, Scolopendra gigantea, on Three Species of Bats in a Venezuelan Cave. Caribbean Journal of Science, Vol. 41, No. 2, 340-346.
  10. https://www.scielo.br/j/rsbmt/a/F6tMwjWDyVDYkddxGbLJV6H/