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Masturbação e sexo antes do treino de musculação melhoram a performance e ganhos musculares?


 - Atualizado no dia 1 de agosto de 2021 -

          Em fóruns de redes sociais e entre praticantes de musculação, tem sido especulado e discutido se atividade sexual (incluindo masturbação) poucas horas antes do treino pode trazer melhoras de performance e ganhos em termos de hipertrofia muscular. A lógica por trás dessa hipótese é baseada em um alegado aumento na testosterona livre ou da razão entre testosterona livre e cortisol subsequente aos efeitos agudos da atividade sexual. Por outro lado, atividade sexual previamente a eventos de competição física é historicamente ligada de forma anedótica a prejuízos na performance atlética, e muitos treinadores e atletas recomendam abstinência sexual antes desses eventos. Porém, quais as evidências científicas por trás dessas alegações? 

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          Hormônios como a testosterona são propostos de atuarem de forma decisiva no desenvolvimento de performance física e no crescimento muscular. Testosterona é conhecida de promover efeitos anabólicos nos músculos esqueléticos ao estimular a biossíntese de proteína e modificar o conteúdo de fibras musculares. Em humanos, 98% da testosterona total é ligada a proteínas de transporte, como globulinas ligadoras de hormônios sexuais (SHBG) e albumina, enquanto até 2% da testosterona total pode ser encontrada na sua forma biologicamente ativa (testosterona livre). Em contraste à testosterona total, apenas a testosterona livre e seu metabólico dihidrotestosterona (DHT) são capazes de interagir com o receptor androgênico (AR) intracelular, portanto promovendo efeitos anabólicos. Além da testosterona, o glicocorticoide cortisol também atua de forma crucial no metabolismo e na homeostase energética, sendo secretado pelo córtex adrenal e regulado pelo eixo hipotálamo-pituitário-adrenal. 

          Cortisol possui profunda influência na musculatura esquelética humana, e estudos têm sugerido que um aumento na concentração de cortisol pode ter um efeito negativo na concentração de testosterona total. Existe também uma correlação positiva entre níveis de testosterona livre e de cortisol após o exercício físico; treinamento excessivo de musculação pode levar a um aumento nos níveis de cortisol que pode (ou não) ser prejudicial às adaptações musculares. No geral, a testosterona é um hormônio anabólico (promovendo síntese proteica e crescimento do tecido muscular), enquanto o cortisol é um hormônio catabólico (promovendo quebra proteica e decomposição do tecido muscular) (Ref.2). Em termos de hipertrofia muscular, portanto, pode ser alegado que um maior nível de testosterona livre em relação ao nível de cortisol é preferível.

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> É relevante mencionar que níveis adequados de cortisol são necessários para um ótimo trabalho muscular, integrando sinalizações catabólicas e anabólicas. Durante o exercício físico, o cortisol aumenta a disponibilidade de substratos metabólicos, protege o tecido muscular da atividade imune e mantém a integridade vascular. Além disso, o cortisol está envolvido em adaptações que preparam o corpo para uma próxima série de exercícios físicos e que reduzem efeitos deletérios no tecido muscular no pós-exercício (Ref.3).

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          Quando coito e masturbação são analisados em relação ao efeito dessas atividades sexuais sobre respostas hormonais agudas, estas são associadas principalmente com a liberação de endorfinas, dopamina, oxitocina e prolactina. Após o orgasmo, o níveis de prolactina aumentam, enquanto os níveis de oxitocina e de dopamina diminuem significativamente. Porém, os efeitos da atividade sexual sobre as concentrações dos hormônios testosterona (total e livre), estrógenos, cortisol e luteinizante (LH) são ainda pouco esclarecidos na literatura acadêmica. Evidência limitada sugere que durante os 60 minutos pós-masturbação ou coito, nenhuma mudança é observada nas concentrações de testosterona total. Por outro lado, evidências também limitadas sugerem que as concentrações de testosterona livre são influenciadas tanto pela atividade sexual quanto pela excitação sexual, e que estímulo sexual visual em específico aumenta as concentrações de testosterona total.

         E independentemente dos efeitos hormonais, a atividade sexual tem sido sido considerada um taboo para a performance atlética desde a Roma e a Grécia Antigas, com o ato sexual sendo pensado de promover relaxamento e perda de força. De fato, não é incomum treinadores recomendarem atletas a não engajarem em atos sexuais previamente a um evento, temendo efeitos deletérios no desempenho físico. Historicamente, atletas como Muhammad Ali e Brian Bosworth abertamente têm declarado que a prática sexual antes da competição é detrimentosa para suas habilidades atléticas, incluindo famosas frases como "Sexo deixa você feliz, e pessoas felizes não correm 3,47 milhas". Essa crença comum, e sem sólido suporte científico, parece ter origem da ideia de que a abstenção sexual promove um aumento de raiva e de comportamento agressivo, estes os quais seriam importantes para conservar a força, aumentar os níveis de energia e melhorar a performance atlética.

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   MASTURBAÇÃO E TESTOSTERONA

          Para melhor esclarecer o impacto da masturbação sobre os hormônios circulantes no corpo masculino, cientistas Alemães em um estudo clínico randomizado publicado no periódico Basic and Clinical Andrology (Ref.1), recrutaram 8 jovens adultos do sexo masculino com idade média de 27 anos, altura média de 1,8 metro e massa corporal média de 88 kg. Todos os participantes - recrutados da Universidade Cologne Alemã do Esporte, Alemanha - eram saudáveis, sem restrições médicas, eram atletas de força altamente avançados (>150% da massa corporal suportada no supino e >120% da massa corporal suportada no agachamento), não usavam esteroides anabolizantes (!), não usavam suplementos nutricionais e não estavam sob medicamentos. Além disso, todos treinavam >4 vezes por semana, estavam comprometidos em um relacionamento amoroso e não possuíam histórico de disfunção sexual.

(!) Leitura recomendadaEsteroides anabólicos: Alto risco para doenças cardiovasculares, dano testicular persistente e COVID-19

          Os participantes foram divididos aleatoriamente em três grupos, onde mudanças nas concentrações hormonais foram monitoradas após a masturbação com estímulo visual (grupo ativo), estímulo visual sem masturbação (grupo visual) e nenhum engajamento sexual (grupo passivo). Todos os participantes no dia da intervenção foram submetidos à mesma dieta e controlados para vários possíveis cofatores de interferência, incluindo proibição de consumo alcoólico, de atividade física e de atividade sexual nas 48 horas prévias ao experimento. Para detectar mudanças cinéticas nas concentrações de hormônio ao longo do dia de intervenção, 8 mL de sangue venoso e amostras de saliva foram coletados em 9 diferentes pontos temporais.

          Após duas coletas de sangue, os participantes foram levados para salas separadas e ali mantidos por 15 minutos, onde ou se masturbaram com a ajuda de um estímulo visual (filme pornográfico), ou receberam apenas um estímulo visual sexual ou não receberam nenhum estímulo. Todos no grupo ativo foram obrigados a alcançar o clímax (orgasmo e ejaculação). Nos grupos ativo e visual, os participantes foram instruídos a escolherem um filme pornográfico de acordo com suas necessidades pessoais.

          Após análise das amostras coletadas antes e depois da intervenção nas salas isoladas, os pesquisadores encontraram que a estimulação visual (p < 0,05) e, em maior efeito, a masturbação (p < 0,01) tiveram significativo impacto positivo nas concentrações de testosterona livre em comparação com o grupo passivo. De fato, a queda circadiana da concentração de testosterona livre foi significativamente atenuada pela estimulação visual e, mais ainda, pela masturbação. Por outro lado, os pesquisadores não conseguiram observar mudança significativa na razão entre testosterona livre e cortisol.

          Com base nos achados, os pesquisadores concluíram que uma única atividade sexual na forma de masturbação antes do treino de musculação não necessariamente irá provocar um maior nível de adaptações testosterona-mediadas em termos de crescimento muscular ou de mudanças no conteúdo de fibras musculares. No entanto, eles também realçaram ser incerto se contínuas e repetidas secreções de testosterona livre via estimulação sexual em combinação com o treino de musculação ao longo de um período de tempo (médio e longo prazo) são capazes de melhorar os parâmetros de hipertrofia muscular.

          Além dos efeitos agudos da estimulação sexual, os pesquisadores também concluíram, com base nas mudanças hormonais deflagradas pelo ciclo circadiano, que o mais efetivo horário para o treino de musculação é no início da noite, onde a razão TL/C (testosterona livre/cortisol) parece ser a mais alta; de fato, estudos prévios têm mostrado que o nível de cortisol alcança um pico durante a manhã e é lentamente reduzido ao longo do dia, alcançando o menor nível ao redor da meia-noite (Ref.3). Por outro lado, enquanto estudos prévios têm sugerido que um maior nível de força é alcançado durante o período noturno, ganhos hipertróficos não têm sido observados de diferirem de forma significativa independentemente do horário do dia no qual o treino é realizado (Ref.4). Além disso, os pesquisadores no novo estudo realçaram que vários fatores fisiológicos e psicológicos, como motivação, também atuam de forma importante nesse contexto, e não apenas o horário do treino. Por exemplo, se o início da noite estiver associado a um maior nível de estresse na rotina de um indivíduo, isso resultará em um maior nível de cortisol e, consequentemente, em uma menor razão TL/C.

          O estudo - o primeiro e único até o momento explorando o tema em questão - foi limitado por uma série de fatores, incluindo pequeno número de participantes, ausência de indivíduos do sexo feminino e uso de dois tipos de amostragem (sanguínea e salivar) para medir diferentes parâmetros hormonais: testosterona livre e cortisol na saliva, e testosterona total no sangue (apesar de ser reportado uma alta correlação entre os níveis desses hormônios no sangue e na saliva). Além disso, outros hormônios não foram medidos, como estrógenos, estes os quais interagem com as concentrações de testosterona e possuem efeitos sobre o metabolismo na musculatura esquelética.

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   SEXO E PERFORMANCE FÍSICA

          Em um estudo publicado em 2018 no periódico The Journal of Sexual Medicine (Ref.5), pesquisadores recrutaram 12 homens fisicamente saudáveis (idade média de 25,6 anos) e sexualmente ativos, os quais foram aleatoriamente distribuídos em dois grupos. Após familiarização dos exercícios físicos a serem realizados, em um grupo os participantes foram orientados a não realizar atividade sexual (incluindo orgasmo) dentro de 12 horas antes da realização de 5 séries de extensão unilateral máxima do joelho e de flexão do joelho a 30 graus/s; no outro grupo, os participantes foram orientados a realizarem atividade sexual com um parceiro (e com orgasmo) dentro de 12 horas antes da realização dos mesmos exercícios físicos do grupo anterior. Os resultados do estudo não mostraram diferença significativa entre os dois grupos na performance dos exercícios, incluindo desenvolvimento de força muscular.

           Subsequentemente, e no mesmo ano (2018), um estudo publicado no periódico The Journal of Sports Medicine and Physical Fitness (Ref.6) analisou 10 homens monogâmicos e casados (idade média de 28 anos e IMC médio de 25,5 kg/m2) submetidos a seis testes físicos de performance, balanço e agilidade (força de pegada, movimentos laterais, balanço, tempo de reação, potência anaeróbica e assimilação máxima de oxigênio) em três dias distintos. O primeiro dia foi para familiarização dos exercícios físicos; então, nos dois dias seguintes, todos os participantes realizaram os testes físicos, de forma aleatória, sob duas condições (abstinência sexual e atividade sexual ), e de forma 'cega' aos pesquisadores (ou seja, não sabiam os participantes específicos fazendo os testes e em quais condições). Na abstinência sexual, os participantes foram orientados a ficar 5 dias prévios sem qualquer engajamento com atos sexuais; na atividade sexual, os participantes realizaram os testes físicos após realizarem atos sexuais com parceiro (incluindo orgasmo) na noite anterior. Os resultados do estudo não apontaram nenhuma diferença significativa entre abstinência sexual e atividade sexual (dentro de 24 horas antes dos exercícios físicos) em termos de performance nos testes físicos.

          Em um estudo publicado em 2019 no periódico Sexual Medicine (Ref.7), pesquisadores recrutaram 8 participantes (1 do sexo feminino, e idade média de 28 anos), com todos realizando exercícios físicos em 3 condições: (i) sem ato sexual com parceiro na noite anterior dos testes (controle); (ii) ato sexual com parceiro na noite anterior dos testes; e (iii) yoga na noite anterior aos testes. A distribuição dos participantes nos dias dos testes foi feita de forma aleatória, e os dados gerados foram analisados pelos pesquisadores de forma 'cega'. Foram analisados capacidade de trabalho físico, potência muscular da parte inferior do corpo (pulos verticais), força superior do corpo (força de pegada), tempo de reação, e resistência musculoesquelética da parte superior (número de flexões peitorais completadas). Os resultados não apontaram diferenças significativas entre abstenção e atividade sexual (até ~8 horas antes dos exercícios físicos) em termos de performance física. Atividade sexual mostrou estar apenas associada com uma significativa redução da pressão sanguínea sistólica no dia seguinte (e quanto mais prazeroso o orgasmo reportado, menor a pressão sanguínea sistólica).

           Os resultados dos três estudos corroboram outros poucos estudos experimentais prévios e de baixa qualidade investigando a questão, o primeiro deles reportado na literatura médica em 1968 e conduzido por Johnson et al. Portanto, considerando evidências científicas acumuladas até 2019, atividade sexual horas antes da realização de exercícios físicos não parece comprometer a performance e o desenvolvimento de força.

          Porém, um estudo mais recente, publicado em 2021 no periódico Postgraduate Medical Journal (Ref.8), analisando 50 homens sexualmente e fisicamente ativos (idade média de 29,3 anos), encontrou evidência de perda significativa da força muscular máxima após atividade sexual na noite anterior à realização de exercícios físicos. A duração média reportada da atividade sexual foi de ~14 minutos. Os participantes realizaram um total de cinco séries de agachamento com peso máximo em todas as séries no mesmo horário do dia em duas condições: abstinência sexual ou atividade sexual com parceiro (e orgasmo) na noite anterior ao exercício físico. Os resultados mostraram uma diferença estatisticamente significativa no peso máximo suportado nas séries com e sem abstinência sexual (cargas de 109 kg vs. 107 kg, respectivamente).

          No geral, as evidências acumuladas sugerem que atividade sexual com orgasmo dentro de 24 horas antes da prática de exercícios não prejudica o treino de musculação (e outras atividades físicas) em termos de performance e desenvolvimento de força. Atividade sexual ativa o sistema nervoso tanto simpático quanto parassimpático de forma similar aos exercícios físicos. Imediatamente após o orgasmo, liberação de neurotransmissores como dopamina e serotonina fornecem, de fato, uma sensação de relaxamento e de calma; mas imediatamente após o orgasmo, os níveis de neurotransmissores retornam aos valores normais. A duração desse estado de relaxamento, chamado de período refratário, parece durar menos de 30 minutos, o que explicaria porque a performance em exercícios físicos não é comprometida horas após a atividade sexual.

          Por outro lado, como mencionado, evidência mais recente é conflitante com essa conclusão, e todos os estudos são muito limitados em termos de porte. Além disso, nenhum dos estudos aferiu de forma direta se a prática ou a abstinência sexual foram realmente executadas ou completadas (orgasmo) pelos participantes, assim como a duração da atividade sexual. E, finalmente, quase todos os participantes analisados foram indivíduos do sexo masculino.

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   CONCLUSÃO

          Estimulação sexual visual e masturbação parecem, de fato, aumentar significativamente os níveis de testosterona livre. Porém, a razão entre testosterona livre e cortisol não parece ser afetada por esse tipo de estimulação, tornando incerto se efeitos hipertróficos positivos são obtidos com masturbação ou outro tipo de atividade sexual antes do treino de musculação. Isso é complicado pelo fato das evidências ainda continuarem extremamente limitadas. Em termos de performance física (ex.: desenvolvimento de força), atividade sexual com parceiro e envolvendo orgasmo dentro de 24 horas antes da prática física não parece trazer prejuízos, mas existe evidência conflitante na literatura acadêmica e os estudos em geral sobre a questão são ainda limitados. Nesse mesmo caminho, não existe sólida evidência científica suportando a popular recomendação de abstinência sexual na noite anterior (ou dias antes) a uma competição física.

            

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> Relevante mencionar que ervas e suplementos nutricionais amplamente promovidos como estimuladores da produção endógena de testosterona ("T-Boosters"), como o famoso Tribulus terrestris, não possuem sólido suporte científico de eficácia, e muitos são comprovadamente ineficazes. Para mais informações, acesse: Ervas e suplementos para aumentar a testosterona?

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REFERÊNCIAS CIENTÍFICAS

  1. Isenmann et al. (2021). Hormonal response after masturbation in young healthy men – a randomized controlled cross-over pilot study. Basic and Clinical Andrology 31, 32. https://doi.org/10.1186/s12610-021-00148-2
  2. Bailey et al. (2021). Influence of Training-induced Testosterone and Cortisol Changes on Skeletal Muscle and Performance in Elite Junior Athletes. American Journal of Sports Science and Medicine, Vol. 9, No. 1, 13-23. 
  3. Kraaemer et al. (2020). Growth Hormone(s), Testosterone, Insulin-Like Growth Factors, and Cortisol: Roles and Integration for Cellular Development and Growth With Exercise. Frontiers in Endocrinology. https://doi.org/10.3389/fendo.2020.00033
  4. Grgic et al. (2019). The effects of time of day-specific resistance training on adaptations in skeletal muscle hypertrophy and muscle strength: A systematic review and meta-analysis. Chronobiology International, Volume 36, Issue 4. https://doi.org/10.1080/07420528.2019.1567524
  5. Valenti et al. (2018). Effect of Sexual Intercourse on Lower Extremity Muscle Force in Strength-Trained Men. The Journal of Sexual Medicine, 15(6), 888–893. https://doi.org/10.1016/j.jsxm.2018.04.636
  6. Zavorsky & Newton (2018). Effects of sexual activity on several measures of physical performance in young adult males. The Journal of Sports Medicine and Physical Fitness, 59(7). https://doi.org/10.23736/S0022-4707.18.09070-9
  7. Zavorsky et al. (2019). Sexual Activity the Night Before Exercise Does Not Affect Various Measures of Physical Exercise Performance. Sexual Medicine, Volume 7, Issue 2, Pages 235-240. https://doi.org/10.1016/j.esxm.2018.12.002
  8. Kirecci et al. (2021) Sexual intercourse before exercise has a detrimental effect on lower extremity muscle strength in men. Postgraduate Medical Journal, Volume 98, Issue 1161. http://dx.doi.org/10.1136/postgradmedj-2020-139033