Paciente de 2 anos com Nevo de Spitz Verrucoso
Um menino de 2 anos de idade foi apresentado ao hospital com uma lesão assintomática no seu lobo auricular direito que vinha persistindo por 2 meses. Exame físico revelou um nódulo avermelhado, hiperqueratótico e verruciforme. Ultrassonografia de alta-frequência mostrou uma estrutura hipoecoica sem rápido fluxo. A lesão foi cirurgicamente removida, e uma análise histopatológica revelou uma lesão bem circunscrita, simétrica e papilomatosa com uma predominância de células melanócitas, maturação celular intradérmica, e ausência de atipia ou mitose. Um diagnóstico de nevo de Spitz verrucoso foi feito.
Dois meses após a cirurgia, duas pequenas pápulas vermelhas cresceram sobre a cicatriz (segunda foto abaixo). Uma excisão profunda foi realizada, e resultados histopatológicos similares foram encontrados. Durante 9 meses de acompanhamento, nenhuma subsequente recorrência foi observada.
O nevo de Spitz, um tumor benigno adquirido, é uma proliferação melanocítica benigna que foi descrita em 1948, pela primeira vez, por Sophie Spitz como 'melanoma da infância'. É de longe bem mais comum na população pediátrica e geralmente se apresenta como uma pápula plana (ou no formato de domo), rosada (ou avermelhada) e simétrica nas extremidades ou na face de crianças e adolescentes. A lesão é pigmentada em 71% a 92% dos casos. Novas pápulas vermelhas em crianças deve sempre levantar a suspeita de um nevo de Spitz, nevo atípico, e mesmo melanoma, devendo os pais procurarem o mais rápido possível um dermatologista.
O nevo de Spitz pode apresentar um amplo espectro de morfologias e é às vezes clinicamente confundido com outras lesões de pele benignas melanocíticas e não-melanocíticas, como hemangioma ou dermatofibroma. Histopatologicamente, o nevo de Spitz pode ser classificado como juncional, intradérmico e, mais comumente, composto. É formado por melanócitos grandes, algumas vezes, com atipia nuclear e citoplasma abundante com forma arredondada, oval, fusiforme e poligonal, aspecto fusiforme e epitelioide, dispostos em ninhos. A variante verrucosa - como no caso reportado -, considerada uma infrequente apresentação de nevo de Spitz, é definida pela sua superfície papilomatosa, lembrando uma grande verruga.
Em geral, o nevo de Spitz em pacientes pediátricos possui um prognóstico favorável. Não existe consenso sobre a conduta clínica no nevo de Spitz; é comum a indicação de retirada da lesão, considerando-se as semelhanças clínicas e dermatoscópicas com o melanoma.
> Reporte do caso: https://www.jpeds.com/article/S0022-3476(20)30878-7/fulltext
> Referência adicional: Imagens em Dermatologia (Scielo, 2010)