Dramática deficiência de cálcio afetando diversos países no mundo
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De acordo com um Mapa Global de Ingestão Alimentar de Cálcio em Adultos, publicado ontem pela Fundação Internacional de Osteoporose (FIO) (Ref.1), várias populações ao redor do mundo não estão consumindo quantidades diárias recomendadas de cálcio. Em países da Ásia, África e América Latina, a situação mais do que preocupa.
O novo mapa é baseado nos achados de um recente estudo de revisão sistemática publicado por um comitê internacional ligado ao papel do cálcio na dieta humana (Ref.2).
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CÁLCIO
O cálcio é um dos principais componentes dos ossos e dentes, correspondendo à cerca de 30-35% da massa óssea e responsável por grande parte da resistência mecânica do esqueleto e dureza dos dentes. Um baixo consumo de cálcio está associado com uma menor densidade mineral óssea, algo que aumenta os riscos de osteoporose e fraturas (prejuízos que impactam pesadamente os idosos). Além das suas funções estruturais no esqueleto humano, o cálcio é também essencial em diversas outras funções do organismo, como na transmissão de impulsos nervosos entre o cérebro e o corpo, na movimentação dos músculos, no transporte de sangue dentro dos vasos sanguíneos e é um importante ajudante na liberação de hormônios e enzimas que afetam quase todo o metabolismo do organismo.
A quantidade diária de cálcio necessária para cada indivíduo varia nos diferentes estágios de vida e nas diferentes regiões/populações no globo. Na adolescência, as exigências de cálcio via dieta notavelmente aumentam, devido ao rápido crescimento do esqueleto nessa fase. Em idades mais avançadas, quando a capacidade de absorção de cálcio diminui, é também recomendado uma maior ingestão desse mineral (em idosos, a perda óssea ocorre a um ritmo de 1% ao ano, resultando em uma perda anual em torno de 15 gramas).
Em termos globais, para adultos saudáveis a ingestão recomendada de cálcio gira em torno de 800-1000 mg/dia, com maiores quantidades sendo recomendadas para adolescentes, idosos, mulheres na menopausa (1) e pessoas com osteoporose.
- (1) Para saber mais, acesse: Terapia de Reposição Hormonal na Menopausa
QUAIS OS ALIMENTOS RICOS EM CÁLCIO?
Alimentos ricos em cálcio incluem todos os laticínios (leite, iogurte, queijos); verduras verde-escuras (brócolis, couve, etc.); peixes enlatados com ossos facilmente comestíveis (como sardinhas); algumas sementes, como nozes e amêndoas; algumas águas minerais; e alimentos industrializados enriquecidos com cálcio. Os laticínios tendem ser a fonte principal de cálcio em diversos países, como nos EUA.
Em situações especiais, suplementos alimentares podem ser necessários para suprir uma deficiência nutricional. Os suplementos devem ser tomados em doses únicas que não ultrapassem os 500 mg, ou o corpo acaba desperdiçando uma significativa parte. E é preciso ficar atento ao excesso no consumo de cálcio via suplementos, algo prejudicial ao corpo.
A vitamina D, também presente em alguns alimentos e produzida na pela a partir da exposição à luz solar, aumenta a absorção de cálcio. Aliás, essa vitamina é essencial para a manutenção de ossos saudáveis, e grande parte das pessoas possuem também uma deficiência desse nutriente no corpo.
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MAPA QUE PREOCUPA
Como pode ser visto no mapa abaixo, produzido pela IOF, a média de consumo de cálcio em muitos países, incluindo o Brasil, está muito abaixo do que o recomendado. A situação é extremamente grave na Ásia e na África, muito preocupante na América Latina, e está feia até mesmo em países com alto IDH e fortes economias, como o Canadá e, especialmente, a Noruega.
Percorrendo 74 países incluídos no mapa, a estimativa de média diária de ingestão de cálcio entre adultos variam dramaticamente, de um baixíssimo 175 mg/dia no Nepal até altas quantidades de 1233 mg/dia na Islândia. Em um mesma região, também existem grandes diferenças, como na estimativa média de 297 mg/dia na Colômbia e de 805 mg/dia no México. O Brasil aparece em uma posição não tão crítica mas muito abaixo do recomendado (500-600 mg/dia).
Na China e na Índia, os dois mais populosos países do mundo, possuem uma média de ingestão diária de cálcio estimada em 338 mg/dia e 429 mg/dia respectivamente. Na China, a taxa de fraturas na região dos quadris (fêmur proximal) em idosos está subindo rapidamente. Esse tipo de fratura é a mais séria e financeiramente custosa, e ocorre primariamente devido à osteoporose. Projeções futuras para a população Chinesa indicam que até o ano de 2050, o número de fraturas ósseas na região dos quadris irá exceder 1 milhão/ano se nenhuma ação for tomada. Em termos globais, esse número pode alcançar os 6,26 milhões.
Na região da China, em específico, o alto consumo de alimentos vegetais como arroz, feijão e legumes se torna um fator a mais que piora o quadro de baixa ingestão de cálcio, já que esses alimentos possuem fitatos, substâncias que diminuem a absorção de cálcio e outros nutrientes pelo organismo humano (notar, contudo, que isso só se torna uma significativa preocupação caso a ingestão de cálcio e outros nutrientes essenciais for baixa).
Outro problema à nível mundial são os diferentes níveis de aceitação de certos alimentos na dieta. Muitas pessoas, sem base científica de suporte, acusam laticínios de serem 'venenos' para o corpo (1). E esse tipo de desinformação é algo desastroso, considerando que os laticínios são riquíssimos em cálcio (e outros diversos nutrientes) e possuem relativamente um baixo custo no geral. Já no caso das verduras verdes, poucos são os que comem tais alimentos ('saladas'), ou em quantidades mínimas que entreguem boas doses do mineral.
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CONCLUSÃO
Uma urgente maior conscientização é necessária para alertar a população sobre esse grave problema de saúde pública. No geral, uma dieta balanceada e saudável consegue entregar todos os nutrientes de que o corpo necessita, especialmente se contiver frutas, verduras e legumes equilibrados com ovos, laticínios e carnes - apesar desses últimos poderem ser substituídos sem prejuízos caso exista uma boa orientação profissional e/ou cuidado na escolha dos alimentos (no caso de vegetarianos e veganos).
REFERÊNCIAS CIENTÍFICAS
- https://www.iofbonehealth.org/facts-and-statistics/calcium-map
- https://link.springer.com/article/10.1007%2Fs00198-017-4230-x
- https://ods.od.nih.gov/pdf/factsheets/Calcium-Consumer.pdf
- https://ods.od.nih.gov/factsheets/Calcium-Consumer/