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Não subestime o uso do cinto de segurança no banco de trás!


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         Nos EUA, os acidentes com veículos automotores são a causa principal de morte entre pessoas de 1 a 54 anos de idade. Aqui no Brasil, cerca de 45 mil pessoas morrem todos os anos por causa dos acidentes de trânsito, sendo o quinto país no mundo com maior número de fatalidades do tipo. E a medida mais eficaz para a prevenção dessas mortes e redução da gravidade de eventuais feridas é o uso do cinto de segurança. Apesar de ser algo simples de ser acionado e usado, as pessoas continuam não dando a devida importância para essa ferramenta de segurança, especialmente os ocupantes no banco de trás. Nesse último caso, a maioria possui a falsa impressão de que o cinto só é realmente necessário no banco da frente, onde atrás os ocupantes estariam mais seguros. Mas, contrário ao pensamento popular, a prática médica prova que isso está totalmente longe da verdade.

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         Cerca de 60% das mortes em batidas de trânsito envolvendo veículos com bancos ocorrem em pessoas que não estavam usando o cinto de segurança apropriadamente, onde, na maioria das vezes, o seu uso inexistia. Em carros, estimativas sugerem que o uso do cinto reduz em até 45% o risco de morte e 50% o risco de feridas de moderadas a graves. Em caminhonetes/caminhões de pequeno porte, o cinto previne 60% das mortes e 65% das feridas de moderadas a críticas. E um dos fatores de maior proteção nesse caso é impedir que o motorista seja projetado para fora do carro, onde a chance de morte nessa situação é de 3 para cada 4.

          Já para o banco de trás, o risco de morte diminui entre 44% e 60% em carros e pode chegar a  70% para caminhonetes, e, em consideração às crianças, as quais deveriam ser sempre transportadas no banco de trás, o risco de morte, dentro de um carro, diminui em 71% para aquelas com menos de 1 ano (em sistemas adaptados, claro) e 54% para aquelas entre 1 e 4 anos de idade. Mas apesar das pessoas acharem que a parte de trás já é bem segura e que essas percentagens de proteção são em relação a um número muito mais reduzido de fatalidades, o uso do cinto nos bancos traseiros diminui os riscos de morte no carro como um todo de forma mais eficiente do que o cinto na parte da frente!

          De acordo com um estudo recente da Abramet (Associação Brasileira de Medicina de Tráfego) (Ref.1), o cinto de segurança no banco da frente reduz o risco de morte total em 45% e, no banco de trás, em até 75%! Isso acontece porque, em uma colisão frontal, o corpo dos passageiros na parte de trás acaba sendo arremessado com violência, atingindo com força os passageiros da parte da frente, o que aumenta o risco de danos fatais nesses últimos. Para se ter uma ideia, mesmo o veículo a uma velocidade de 20 km/h irá gerar um impacto em um dos seus ocupantes superior a 15 vezes o peso da pessoa. Em 2013, um levantamento de dados da Rede Sarah mostrou que 80% das mortes de passageiros no banco da frente poderiam ser evitadas caso os ocupantes da parte de trás começassem a usar o cinto com regularidade. Ainda em 2013, um estudo Norte-Americano publicado na Elsevier (Ref.2), mostrou que as chances do motorista usando um cinto de segurança sofrer uma lesão fatal era 137% maior se existisse um passageiro atrás dele sem o cinto. E as chances de morte aumentavam ainda mais se houvesse ocupantes extras nos bancos de trás sem cinto além daquele atrás do motorista. Portanto, o cinto nos bancos traseiros protegem não só os passageiros ali mas também quem está na parte da frente.

Na ilustração e na simulação acima podemos ver a perigosa consequência da falta no uso de cinto na parte de trás do veículo

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         Esses dados preocupam muito considerando que pesquisas recentes realizadas pelo Ministério da Saúde em parceria com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) mostram que apenas cerca de metade dos brasileiros afirmam usar o cinto na parte de trás do veículo, seja carro, van e táxi. Ainda segundo essas pesquisas, 79,4% das pessoas acima de 18 anos dizem usar o cinto na parte da frente, mostrando que as pessoas realmente só ligam reais preocupações em acidentes veiculares com a utilização desse item de segurança na zona do motorista. Em outras palavras, as autoridades de saúde precisam começar a fazer campanhas pesadas sobre essas informações com a população, porque a maioria não dá importância nenhuma para os cintos traseiros, quando, na realidade, a preocupação deveria ser tão grande quanto àqueles na parte dianteira.

         O cinto de segurança é obrigatório para todos os passageiros e motorista dentro do veículo, e deve-se buscar usá-lo sempre de forma correta: a faixa transversal deve estar sobre o ombro, atravessando o peito, sem tocar o pescoço, e a faixa inferior deve ficar abaixo do abdômen (isso fará o cinto ficar ajustado firmemente ao corpo, sem deixar folgas). E é importante sempre fazer uma inspeção nos cintos, mantendo-os acessíveis e limpos, além de pedir uma vistoria profissional para averiguar a efetividade dos mesmos. E independente se o carro tem ou não tem sistema de airbag, o cinto é obrigatório para garantir a devida segurança. O airbag é feito para trabalhar junto com o cinto de segurança, não substitui-lo.

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     E qual é a efetividade do cinto de colo com aquele que possui uma faixa transversal extra (sempre presente nos bancos da frente)?


        O cinto com a faixa transversal extra assegura bem mais proteção do que apenas aquele que possui apenas uma faixa para a região abaixo do abdômen. Além disso, o primeiro gera muito menos danos abdominais durante os impactos em acidentes. Todos os cintos do carro deveriam seguir o modelo da faixa transversal. E isso até aponta outro problema: a própria indústria automobilística não se empenha tanto em garantir segurança na parte de trás quanto na parte da frente do veículo, onde é comum vermos a presença da faixa única em pelo menos um dos espaços de passageiro.


     E, no caso das grávidas, como o cinto precisa ser usado?

          É importante que as grávidas que conduzem veículos, ou estejam como passageiras, utilizem corretamente o cinto de segurança, evitando danos a si mesmas e ao feto. Nesse caso, o cinto é mais do que obrigatório e o mesmo deve ser do tipo de três pontos, nunca o normal. Nesse tipo de cinto, existirá uma uma dissipação de energia e do impacto sobre a estrutura esquelética do tórax e da pelve. A parte diagonal dele deve passar no meio do ombro e entre as mamas, e a parte sub-abdominal deve ficar exatamente na articulação do quadril, de forma que a cinta não passe por cima da criança, como mostrado na figura abaixo. O uso correto do cinto para gestantes é um grande fator de proteção à gravidez e jamais deve ser tratado com pouco caso.


   
            Porém, mesmo com o uso do cinto de segurança adequado ainda existe riscos significativos para a mãe e o bebê em gestação, porque as desacelerações bruscas no veículo podem causar o deslocamento da placenta, com trágicas consequências para o feto. Mesmo acelerações e frenagens rotineiras, fazendo um constante movimento de 'vai e vem', podem causar estresse no feto, o que pode prejudicar a saúde desse último. Por isso profissionais de saúde não recomendam que mulheres nos últimos dois meses de gravidez dirijam, e o ideal seria parar com essa atividade já no quinto mês de gestação. Somando-se a isso, as grávidas estão mais propensas a dormirem no volante, por causa das mudanças hormonais, sendo um risco ainda maior no primeiro trimestre de gestação. Existe também o conselho de não se conduzir veículos após 6 semanas após o parto, devido a um decréscimo das respostas músculo-esqueléticas da mulheres nesse período.

       Além disso, como recomendações gerais, a grávida:

1. Não deve dirigir em alta velocidade;
2. Não deve tomar remédio para enjoo antes de dirigir, já que estes dão sono;
3. Se for ficar muito tempo no carro dirigindo, deve comer pouco e várias vezes durante o percurso, porque o estômago vazio pode gerar queda de pressão;
4. Em viagens longas ( não recomendadas), parar a cada 40 minutos para movimentar as pernas e alongar os músculos;
5. Usar meias elásticas.

            E o mais importante: sempre procure orientação médica para o esclarecimento de quaisquer dúvidas em relação à sua saúde e ao progresso da sua gravidez.


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REFERÊNCIAS CIENTÍFICAS
  1. http://portalsaude.saude.gov.br/index.php/cidadao/principal/agencia-saude/17960-metade-dos-brasileiros-nao-usa-cinto-de-seguranca-no-banco-de-tras
  2. http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0001457512004241
  3. http://www.blog.saude.gov.br/index.php/35596-cinto-de-seguranca-e-fundamental-na-prevencao-de-acidentes
  4. http://www.detran.rj.gov.br/_documento.asp?cod=8744
  5. http://www.nhtsa.gov/cars/rules/regrev/evaluate/808945.html
  6. http://www.publicsafety.ohio.gov/links/hsy7742.pdf
  7. http://www.cdc.gov/motorvehiclesafety/seatbelts/facts.html
  8. http://www.tandfonline.com/doi/abs/10.1080/15389588.2015.1010722
  9. https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC2598377/
  10. http://www.blog.saude.gov.br/35535-brasil-e-o-quinto-pais-no-mundo-em-mortes-por-acidentes-no-transito.html
  11. http://www-esv.nhtsa.dot.gov/proceedings/24/files/24ESV-000443.PDF
  12. http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0001457515301731 
  13. http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-42302004000100023
  14. http://www.astc.sc.gov.br/web/arquivos/files/EDU-DICAS-JUL_2014.pdf
  15. http://www.educacaotransito.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=171
  16. http://www.safercar.gov/parents/seatbelts/Pregnancy-Seat-Belt-Safety.htm
  17. http://www-nrd.nhtsa.dot.gov/pdf/esv/esv23/23ESV-000251.PDF