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Mitos e Correções Históricas III

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          E aqui estamos na nossa terceira viagem pelas entranhas da História, tentando quebrar o máximo possível das distorções passadas de geração para geração, e as quais impregnam até mesmo certas esferas do ensino escolar. No artigo de hoje, iremos explorar algumas afirmações suspeitas sobre a Primeira Guerra Mundial, e iremos entender melhor a história por trás dos famosos gladiadores Romanos!

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                  I. Mitos sobre a Primeira Guerra Mundial




         A Primeira Guerra Mundial (WW1, 1914 - 1918) está cercada de mitos, especialmente devido ao fato de ser a primeira do tipo quando consideramos suas proporções e as novas tecnologias de combate. Aqui, então, listarei 10 deles:

1. Foi a Guerra mais sangrenta até aquele ponto na História.


        Antes dessa guerra, uma rebelião no sudeste da China ('A Rebelião de Taiping'), 50 anos prévios, foi a mais sangrenta, onde entre 20 e 30 milhões de pessoas foram mortas. Já na WW1, foram 17 milhões. Para mais informações, acesse: A Rebelião Taiping: O segundo maior massacre na história da humanidade

2. A maioria dos soldados no conflito morreram.

         No Reino Unido, por exemplo, cerca de 6 milhões de homens foram mobilizados, e, destes, algo em torno de 700 mil foram mortos. Ou seja, próximo de 11,5%. Podemos, então, ter uma ideia, do quão superestimadas são as baixas militares nesse conflito.

3. Os soldados ficavam até anos contínuos nas trincheiras.

         A WW1 ficou, sem sombra de dúvidas, muito conhecida pelo sistema de trincheiras, especialmente quando as temíveis metralhadoras começaram a dominar os campos de combate. Mas os ambientes nas trincheiras eram terríveis, onde tanto a exposição ao frio, locais úmidos, doenças e estresse quanto a presença do inimigo por trás delas afetavam profundamente o espírito dos homens. Por isso, todos estavam inseridos em um sistema constante de revezamento, sendo muito raro um soldado ficar mais de 1 mês na trincheira. Normalmente, eles ficavam por cerca de 10 dias ao mês nelas, e, na linha de frente, não costumavam passar dos 3 dias consecutivos.

4. A elite foi fracamente atingida.

       Apesar da maior parte das baixas virem da classe trabalhadora, os filhos de figuras da elite - os quais iam servir como oficiais juniores - acabavam morrendo em grande proporção. No Reino Unido, por exemplo, enquanto cerca de 12% dos soldados ordinários morreram na guerra, cerca de 17% dos seus oficiais foram mortos.

5. Quem lutou em Gllipoli foram as forças da Nova Zelândia e da Austrália.

       Muito mais soldados britânicos lutaram em Gallipoli do que os homens dos dois países acima juntos. Além disso, a França também estava mais envolvida do que a Austrália na região.

6. Táticas na Frente Ocidental permaneceram as mesmas, apesar das repetidas falhas.

        Pelo contrário. Nunca houve tanta evolução de guerra em 4 anos quanto na WW1. O aprimoramento foi exponencial em armas, estratégias de combate e tecnologia de guerra. Para exemplificar, tivemos os tanques saindo dos papéis para atuarem como personagens centrais em várias manobras de combate, e os aviões, pouco tempo atrás pensados serem um sonho, acabaram se transformando em uma das peças mais importantes do combate moderno, e estes os quais tiveram sua atuação em crescente exponencial de impacto durante o conflito aqui discutido.

7. Não houveram vencedores.

        Apesar das milhões de mortes em todos os lados e prejuízos gigantescos na infraestrutura/economia dos países europeus, os grandes ganhadores, sem sombra de dúvidas, foram os Aliados, especialmente do ponto de vista militar. Isso sem contar os EUA, os quais não tiveram seu território afetado pelo conflito e ainda ganharam fortunas no processo, consolidando seus primeiros passos para se tornar a mais poderosa nação que conhecemos hoje.

8. O Tratado de Versalhes foi impiedoso com os perdedores.

        Se compararmos esse Tratado com as compensações de guerra na Guerra Franco-Prussiana e na Segunda Guerra Mundial, os acordos em Versalhes foram bem amistosos. Apesar da Alemanha, por exemplo, ter sido obrigada a dar 10% do seu território, o país ainda continuou como a maior e mais rica nação do centro Europeu. Além disso, as reparações financeiras aos Aliados foram administradas com um certo respeito. Quem pintou o Tratado de Versalhes como um monstro de injustiças foi o próprio Hitler, para alimentar ainda mais o ódio do povo na Alemanha e criar o tão famoso sentimento de 'revanchismo Germânico', algo necessário para construir os alicerces da WW2.

9. Carnificina desnecessária.

      Muitos dizem que houve um excesso de mortes que poderia ser evitado durante o conflito, mas isso não é verdade. A proporção da guerra, a força militar e o poder tecnológico geraram as tantas milhões de mortes como consequência do atrito entre as nações envolvidas e elas não poderiam ter sido evitadas.

10. Todos os envolvidos odiaram o conflito.

        Apesar dos horrores da guerra, muitos soldados, quando escapavam de grandes ofensivas, gostaram da WW1. No lado britânico, por exemplo, os soldados tinham o luxo de comer carne todos os dias, tinham cigarro a vontade, rum em excesso, e, no geral, refeições diárias que ultrapassavam as 4000 calorias. Além disso, entre os jovens combatentes existia salário garantido, intenso sentimento de companheirismo e a liberdade sexual era muito maior. Ou seja, boa parte dos soldados estavam em melhor situação, na época, lutando na guerra do que em tempos de paz no Reino Unido.

Referências:
1. http://www.bbc.com/news/magazine-25776836
2. http://www2.warwick.ac.uk/fac/soc/economics/staff/mharrison/public/myths.pdf 

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                      II. Real origem e desenrolar da presença dos Gladiadores em Roma
   

          

             Os combates entre gladiadores (munera) foram primeiro concebidos como um tributo de sangue aos mortos. Introduzidos na Roma Antiga em 264 a.C., eles se tornaram obrigatórios, como tradição, nas oferendas funerárias de aristocratas, tornando os jogos com gladiadores bem comuns. O número de gladiadores foi crescendo enormemente, até que a rebelião liderada por Spartacus fez com que o Senado limitasse o número de gladiadores em Roma.Os valores originais da munera continuaram importantes até o período da República em Roma, quando os jogos passaram a ser mais políticos do que ritualísticos, sendo mais usados como ferramenta de manobra popular e ostentação de poder. Em outras palavras, podemos dizer que os combates entre gladiadores tiveram o seu foco desviado dos mortos para os vivos.

            Os gladiadores em Roma eram compostos, em maioria, por prisioneiros de guerra, escravos tragos para esse propósito, criminosos condenados e, inesperadamente, por pessoas livres que se voluntariavam (principalmente ex-escravos, pessoas marginalizadas, soldados tirados de serviço ou gladiadores que tinham conseguido sua liberdade/aposentadoria). Esses últimos, até o final da República, já somavam cerca de metade dos gladiadores. Bem, em uma época em que 3 em cada 5 pessoas não alcançavam os seus 20 anos, as chances de alguém morrer na arena durante sua vida de gladiador era provável de ser relativamente baixa, em torno de 1 em cada 10 até o primeiro século d.C. E como os gladiadores eram bem vistos e glorificados pela sociedade romana, esse risco acabava compensando. Muitas vezes soldados de Roma também eram colocados para lutar em cerimônias mais notáveis. E, em raras ocasiões, até nobres chegavam a entrar nos combates, incluindo alguns Senadores e um Imperador Romano! Sim, o tão famoso Commodus resolveu se transformar em gladiador, e foi um relativo bom combatente, derrotando inúmeros oponentes e animais selvagens na arena. Antes do seu assassinato, ele iria declarar-se como gladiador e cônsul, em 193 d.C. Claro que, nesses casos, as lutas geralmente eram bem planejadas para proteger o máximo possível a vida dos governantes.

           Com os protestos contra a violência dos eventos, entre outros motivos, os jogos com gladiadores foram proibidos em 325 d.C., e as escolas restantes desses combatentes foram fechadas em 399 d.C. De uma forma ou de outra, as batalhas entre gladiadores continuaram até 404 d.C., mas foram permanentemente banidas quando um monge morreu dentro de uma arena ao entrar no local tentando parar a carnificina e acabou sendo violentamente apedrejado pela plateia revoltada com a interrupção.

Referências:
1.http://penelope.uchicago.edu/~grout/encyclopaedia_romana/gladiators/gladiators.html
2.http://penelope.uchicago.edu/Thayer/E/Roman/Texts/Cassius_Dio/73*.html

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         E caso tenham algum mito, suspeita de mito ou qualquer outro tipo de distorção histórica para ser explorado em um próximo artigo, deixe nos comentários!


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