O que é, como prevenir e como tratar a gripe suína?
Responsável pela maior parte dos casos de gripe em 2009 (declarada uma pandemia pela WHO no mesmo ano) o H1N1 é um subtipo do vírus da Influenza A, este o qual é um dos principais causadores da gripe nos seres humanos. Em destaque nas notícias, um grande surto atingiu São Paulo, causando grande pavor no Brasil inteiro.
Também conhecida com Gripe Suína, o H1NI já foi responsável pela morte de 45 pessoas este ano e o número de infectados ultrapassa o do ano passado inteiro. Além disso, 11 estados agora estão no espectro do surto. O nome H1N1 faz relação com dois tipos de moléculas bioquímicas que compõem a superfície do vírus: hemagglutinina (proteína) e neuraminidase (enzima), ambas responsáveis pelo processo de infecção das células do hospedeiro. Apesar de ser ligada aos suínos, especialmente os porcos de criação, o vírus H1N1 também infecta aves. Mas nem todos as linhagens desse parasita infecta tanto humanos quanto aves ou suínos. Certas mutações do vírus nesses animais permitiram que ele atacasse nosso corpo vindo desses animais.
O contágio acontece quando fluídos da tosse ou espirro do doente entram em contato com as mucosas de outras pessoas, diretamente ou com a ajuda de objetos/alimentos contaminados. Portanto, para prevenir uma contaminação, sempre...
1. Lave as mãos (sabão ou álcool - etanol);
2. Controle a vontade de coçar os olhos ou colocar a mão na boca;
3. Evite espirrar ou tossir sem uma barreira (tapar a boca e o nariz com as costas da mão, por exemplo);
4. E tente sempre evitar ficar muito tempo em locais fechados com um grande número de pessoas;
5. Mas a melhor forma de prevenção...
...É a vacinação. Mesmo não cobrindo completa imunidade, ela é bastante eficaz. Aliás, vários especialistas acham que a recente epidemia, a qual também chegou antes do esperado, foi causada pela diminuição da vacinação em 2014 e 2015, acumulando uma grande quantidade de indivíduos indefesos contra essa vírus. Como sempre, temos a falta de campanhas efetivas e a recusa de várias pessoas em tomar as vacinas por causa de crenças infundadas, como a tola associação entre vacinas e autismo. Agora estão todos correndo tomar as vacinas no meio do caos de infecção.
A vacinação é importantíssima, especialmente em indivíduos presentes no grupo de risco |
Quando infectado com o H1N1, os sintomas são os mesmos da gripe comum, mas bem mais fortes. Assim, tosse, dores pelo corpo, febre alta, coriza, dor de garganta, irritação nos olhos e ouvidos são previstos, além de possíveis dores no peito e falta de ar. O tratamento consiste em...
1. Bastante repouso, para o corpo focar suas energias no combate ao vírus;
2. Ingestão de grande quantidade de líquidos ( sucos, água, sopas, etc.). Quanto maior a hidratação do corpo, mais forte ele fica;
3. Seguir uma dieta saudável e diversificada, evitando bebidas alcoólicas e cigarro;
4. Antivirais, como o Tamiflu, no caso de quadros mais graves ou grupos de risco, como idosos, crianças, grávidas, imunodeprimidos, etc.
Para as dores no corpo e febre alta, medicamentos como o Tylenol podem ser utilizados. É importante começar o tratamento o quanto antes caso confirmação da infecção, já que o H1N1, em comparação com outros subtipos do Influenza, tende a promover o desenvolvimento de complicações mais graves se não tratada, como a SRAG (Síndrome Respiratória Aguda Grave) e a Pneumonia.
É também importante mencionar que, mesmo sendo uma gripe mais forte, não é necessário criar um pânico ( como já está acontecendo). Seguindo o tratamento e medidas de prevenção, a melhora será rapidamente atingida e os casos tenderão a diminuir bastante. E quem realmente está em perigo são as pessoas no grupo de risco e isso se não seguirem o tratamento de forma disciplinada. Não saiam correndo para um pronto-socorro só porque na noite anterior você deu um espirro ou sentiu um início de febre. Além de atrapalharem o funcionamento dessas instalações de emergência, vocês estarão mais sujeitos a contraírem uma doença mais grave ( ora, é o pronto-socorro, lar dos quadros de infecção grave!). O que seria apenas um resfriado pode se transformar em um monstro enorme, especialmente se o seu sistema imunológico estiver comprometido. Caso percebam sintomas persistentes de uma gripe aparentemente mais forte, dirijam-se a um atendimento médico padrão.
Vacinação:
1. A vacina contra o H1N1, é uma trivalente que cobre também o H3N2 e um tipo do Influenza B. Uma quadrivalente é oferecida na rede privada, a qual protege também contra outro tipo da B;
2. Elas são gratuitas na rede pública (trivalente), enquanto na rede privada é cobrado uma média de 120 reais ( trivalente) e 200 reais (quadrivalente). A gratuita possui preferência para o grupo de risco;
3. Aqueles que não podem tomar a vacina são os alérgicos aos componentes da mesma e os bebês menores de 6 meses;
4. As vacinas possuem um prazo de eficácia entre 6 e 8 meses, já que as cepas dos vírus sofrem mutações periodicamente, sendo necessário a produção de novas vacinas;
5. Mesmo se você já tiver pegado a gripe, é recomendado que você tome a vacina, já que a imunização garantida pela infecção não dura muito (porém, mais do que a vacina). Além disso, as cepas estão sempre mudando, portanto a imunidade que você adquiriu da sua gripe não servirá de quase nada depois de um tempo;
6. Por causa de mudanças hormonais, no sistema imunológico, entre outras variações corporais, as grávidas ficam bastante indefesas contra o H1N1, o que pode ameaçar tanto a vida da mãe quanto do feto. O CDC ( Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA) recomenda que todas as grávidas tomem a vacinação;
7. Não! Essas vacinas não causam gripe ou autismo... Eu nem vou discutir isso mais. O pior é que existem ´cidadãos´ que propagam mentiras absurdas contra as vacinas, mas no momento de pânico são os primeiros a se vacinarem. Infelizmente, esse tipo de gente é bem comum.
OBS.: Não se chegou ainda a uma explicação consensual do porquê dessa repentina epidemia do H1N1. Teorias vão desde as mudanças climáticas até o maior tráfico de turistas nos últimos anos. A diminuição do número de vacinados, mencionado anteriormente, é um grande candidato.
Artigos recomendados:
REFERÊNCIAS CIENTÍFICAS
- http://www.cdc.gov/flu/avianflu/influenza-a-virus-subtypes.htm
- http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2016/03/1755814-veja-20-perguntas-e-respostas-sobre-a-gripe-h1n1.shtml
- http://portalsaude.saude.gov.br/index.php/o-ministerio/principal/secretarias/svs/influenza
- http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/0112terminologia1.pdf
- http://www.cidrap.umn.edu/news-perspective/2010/08/who-says-h1n1-pandemic-over
- http://www.ajog.org/article/S0002-9378%2813%2900356-6/abstract