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Lamber a ferida realmente ajuda a curá-la?


- Atualizado no dia 8 de novembro de 2023 -

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          Após uma lesão na pele, é um instinto natural molharmos com saliva a ferida. Se a lesão foi na extensão do braço, alcançável com a boca, temos o impulso de chupá-la ou lambê-la. Se é em outra parte, tendemos a passar a saliva com o dedo por cima da ferida. Existe uma explicação lógica nisso? Sim, faz parte de um instinto selvagem compartilhado com vários outros mamíferos, porém existem sérios riscos que devem ser considerados.

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   SALIVA (O que é?)

           A homeostase da cavidade oral é mantida pela saliva, um fluído extracelular produzido pelas glândulas salivares e secretado na boca através de aberturas chamadas dutos salivares. Existem três pares de grandes glândulas salivares e centenas de pequenas glândulas; as principais glândulas são as parótidas (localizadas em frente de e logo abaixo de cada ouvido), a submandibular (localizada abaixo da mandíbula), as glândulas sublinguais (localizadas abaixo da língua).


          A saliva é composta por 99% de água, mas com uma complexa gama de compostos dissolvidos. Quando não existe estímulo alimentar (o famoso 'dar água na boca'), a secreção de saliva ocorre a uma taxa de 0,3-0,4 mL/min para pessoas saudáveis e durante o dia (à noite, o fluxo salivar é reduzido drasticamente - para quase 0 mL/min - , o que diminui a necessidade do indivíduo ficar continuamente engolindo o excesso produzido), e varia dependendo do ritmo circadiano do indivíduo. Em média, um humano adulto gera diariamente cerca de 600 ml de saliva. O fluído salivar é extremamente importante para o corpo, possuindo um grande número de propriedades e funções indispensáveis tanto para a saúde oral quanto para saúde geral.

1. Lubrificação, limpeza e umidificação:  O fluxo contínuo de saliva mantêm a mucosa oral em condições sempre úmidas - tornando-a menos suscetível à abrasão - e ajuda a remover microrganismos, células epiteliais descamadas e leucócitos e restos de comida através do processo de engolimento. Outra característica importante da saliva é a presença de mucinas, as quais são sintetizadas pelas glândulas submandibular e sublingual e por outras glândulas menores presentes na região bucal, labial e palatal. As mucinas são glicoproteínas glicolisadas, representadas na saliva principalmente pelas MUC5B e MUC7, e responsáveis por formar uma capa viscoelástica em toda as superfícies da cavidade oral, agindo como um importante lubrificante entre superfícies opostas durante o processo de mastigação, no ato de engolir e no ato de falar. Essas ações são muito dificultadas na ausência da saliva e os dentes sofrem bem mais danos de desgaste.

2. Gosto e cheiro: A sensação de gosto só pode ocorrer via interação das substâncias de gosto em solução com receptores gustativos específicos presentes nos bolbos incrustados na língua. Nesse sentido, a saliva atua de forma crítica ao fornecer a água necessária para dissolver os compostos de sabor, distribuindo-os homogeneamente pela superfície da língua. Além disso, ao ajudar a liquefazer a comida sendo mastigada, ela aumenta a área de contato entre o bolo alimentar e a mucosa oral e faringal, facilitando a liberação de substâncias de aroma ali presentes, as quais são então captadas pelos receptores olfativos tanto pelas narinas quanto pela região interna da nasofaringe.

3. Digestão: A principal proteína e também enzima digestiva na saliva é a alfa-amilase (1,4 glucano-4-glucanohidrolase), presente como seis isoenzimas as quais podem quebrar o amido em maltose, maltotriose, maltoetrose, entre outros oligossacarídeos. A digestão química dos alimentos, de fato, é iniciada na boca. Além disso, ajuda a formar um bolo alimentar lubrificado que facilita a travessia do alimento pelo esôfago até o seu destino estomacal.

4. Proteção oral e esofágica: Seu alto teor de água ajuda a diminuir os danos de alimentos muito quentes ou frios colocados na boca, e substâncias ingeridas potencialmente perigosas (gosto muito ruim, por exemplo) podem ser rapidamente removidas da boca antes de danificar tecidos através do ato de cuspir. Somando-se a isso, íons bicarbonatos presentes na saliva ajudam a formar um tampão que protege a cavidade oral de substâncias muito ácidas ingeridas, e também confere a mesma proteção no esôfago, principalmente contra refluxos estomacais (cujo pH fica em torno de 2). E, assim como nas superfícies mucosas da cavidade oral, as mucosas do esôfago acabam sendo protegidas de danos mecânicos ao serem lubrificadas pela saliva.

5. Proteção dos dentes: A saliva ajuda na formação de uma capa primariamente proteica e protetora sobre o esmalte de todos os dentes, chamada de 'película adquirida do esmalte'. Essa película contém cerca de 130 diferentes proteínas, com 14,4% com origem da saliva, 67,8% de células diversas e 17,8% do plasma. Sua função é diminuir a perda de esmalte tanto por atrito (dente com dente) quanto por abrasão (via contato com objetos exteriores, como comida ou escovas de dente). Além disso, como já citado, a saliva ajuda na remoção de detritos na boca e age como um [fraco] tampão, dificultando a formação de cáries (ataque de ácidos produzidos pela digestão de bactérias sobre substratos energéticos, como açúcar). Aliás, substâncias ácidas estimulam um maior fluxo salivar, aumentando a quantidade de bicarbonato presente na cavidade oral.

6. Proteção antimicrobiana: A saliva contém um grande número de proteínas que possuem propriedades antifúngicas, antivirais e antibacterianas. Entre os mais bem caracterizados peptídeos antimicrobianos temos as defensinas, catelicidinas e as histatinas. Devido à carga positiva desses peptídeos, o modo geral de ação antimicrobiana envolve ligação à superfície negativamente carregada da membrana microbiana, formando poros que ultimamente resultam em efluxo letal de constituintes celulares vitais (Ref.27). No entanto, como a boca é conhecida por ter uma elevada carga bacteriana, fica óbvio que essa ação antibacteriana da saliva não é genérica e esterilizante, servindo mais para controlar a proliferação descontrolada de microrganismos presentes na cavidade oral. Por outro lado, componentes da saliva como a histatina-5 são muito eficientes para barrar a proliferação de microrganismos potencialmente patogênicos, como o fungo Candida albicans (responsável pela candidíase oral). Agentes oxidantes auxiliares do sistema imune - em especial a lactoperoxidase (LPO) -  também são importante componentes antimicrobianos da saliva (Ref.34). 

7. Termorregulação: Em algumas espécies de mamíferos que não possuem glândulas sudoríparas, a saliva serve como um substituto para o suor. Em um exemplo clássico, quando um cão está superaquecido, ele coloca sua língua para fora e perde calor via evaporação da saliva. Outro exemplo são os ratos, os quais espalham saliva sobre a superfície ventral do seu corpo com a mesma função.

          Mas a saliva possui outra importante e interessante função: auxilia na cura e cicatrização de feridas.

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   PROPRIEDADES DE CURA
         
          Cães, gatos, roedores, primatas. Grande parte dos mamíferos lambem suas feridas. E é um fato: a mucosa oral é curada mais rapidamente do que tecidos moles como a pele e com menos formação de cicatrizes e menos infecções. Apesar desse fenômeno não ser totalmente esclarecido, grande parte desse poder de cura se deve à saliva (1). Em experimentos conduzidos in vitro, saliva humana estimula o fechamento de feridas orais e da pele, e aumenta a resposta inflamatória positivamente associada com a cura de feridas (Ref.28). Além disso, experimentos já mostraram que a aplicação in vivo (pele de coelhos) de saliva humana promovem maior eficiência de cura do que quando um placebo (solução salina) é aplicado ou quando a pele é permitida curar naturalmente (Ref.22, 29). Ou seja, nossa saliva realmente possui propriedades curativas, via compostos antibacterianos/antivirais, fatores teciduais e fatores de crescimento celular nela dissolvidos.

          Como exemplo de fatores de crescimento - os quais fomentam a produção de células e consequentemente facilitam a renovação do tecido danificado -, podemos citar  a molécula do fator de crescimento epidérmico, VEGF, TGF-β1, leptina, IGF-I, ácido lisofosfátidico, hialuronano e o NGF. Alguns bactericidas são as enzimas lisozima, defensina, cistatina e o anticorpo IgA. Antivirais temos a trombospondina, por exemplo. Os agentes antimicrobianos, em específico, diminuem as chances de infecções nas feridas, assim como a passagem de patógenos para a circulação sistêmica. Macrófagos epitélio-associados (CD11c+, CD206–, CD163–) produzidos pelas glândulas salivares também possuem papel crítico na regeneração de tecidos após lesões (Ref.).

           A saliva contém mais de 1000 peptídeos ativos, os quais funcionam de forma complementar e sinérgica. Um desses peptídeos, histatina-1, possui influência positiva e direta no fechamento de feridas. A histatina-1 possui alta eficiência em promover adesão, disseminação, migração, atividade metabólica e junção célula-célula de células na pele e células endoteliais (Ref.30). As histatinas na saliva, em geral, promovem a migração de diferentes tipos de células nas mucosas oral e não-oral (queratinócitos, fibroblastos e endotélio) (Ref.33).

         Os fatores teciduais, presentes nos exossomos salivares, aceleram a coagulação sanguínea dramaticamente, e membros da família salivar das histatinas já mostraram promover o fechamento de feridas ao otimizar o espalhamento e a migração celulares (migração de fibroblastos e células epiteliais, por exemplo), promover a adesão das células endoteliais, possuir propriedades antimicrobianas, e fomentar a angiogênese (crescimento de novos vasos sanguíneos a partir dos já existentes).  Os exossomos são pequenas vesículas enriquecidas com moléculas bioativas como lipídios, proteínas, mRNAs e miRNAs; nos exossomos salivares, o mRNA UBE2O parece ser uma das principais moléculas bioativas atuando na reparação de feridas (Ref.31). Aliás, exossomos salivares já mostraram possuir potencial inclusive para tratar feridas córneas (Ref.32). 

            Leptina, um hormônio presente na saliva, otimiza a cicatrização da ferida ao também estimular a angiogênese. A saliva também possui o inibidor de protease liberada por leucócitos, o qual inibe a atividade de degradação de tecidos promovida por enzimas como elastase e tripsina.

          Outra função importante da saliva nesse sentido é criar e manter um ambiente úmido, o qual impede a dessecação das camadas epiteliais exteriores e aumenta a sobrevivência e funcionalidade das células inflamatórias, estas as quais são essenciais para a cicatrização e cura das feridas.



         Completando o quadro, a saliva também contêm um analgésico chamado opiorfina. Ele foi descoberto há alguns anos e possui poder analgésico três vezes maior do que a morfina (2)! Ou seja, uma lambida 'babada' também pode ajudar a aliviar a dor. Lamber também retira detritos e outros contaminantes da ferida. Muitos animais costumam até fazer lambidas 'grupais', para ajudar na cicatrização de machucados entre os membros de um grupo. Ratos de laboratório que têm suas glândulas salivares removidas, passam a ter muito mais dificuldade em curar suas feridas. 

         Nesse mesmo caminho e notavelmente, um instinto humano primário é diretamente aplicar saliva a uma ferida (ex.: em um dedo) ao lamber a pele lesionada quando possível. Aliás, as propriedades de cura da saliva já eram conhecidas pelos Antigos Gregos há ~2 mil anos, quando esses aplicavam saliva de cobra em feridas abertas para facilitar sua cura.

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(1) Analisando a expressão de genes durante a cicatrização da mucosa oral e da pele, pesquisadores revelaram, em um estudo publicado em 2018 na Science (Ref.26), importantes determinantes fisiológicos e moleculares envolvidos no processo de cura em ambos os tecidos. Eles mostraram que reguladores transcricionais detêm a chave para a ativação dos eventos moleculares responsáveis por acelerar a cura das feridas na cavidade oral, em especial os fatores SOX2 e P1TX1, os quais regulam redes envolvidas no fechamento das feridas. 

(2) A opiorfina ainda está em processamento laboratorial para ser distribuída comercialmente. Ela possui três vezes mais poder analgésico do que a morfina e não causa dependência! Mas a sua molécula precisa ser modificada para não sofrer rápida degradação no intestino humano e poder ser capaz de penetrar a barreira entre a circulação sanguínea e o cérebro (penetração no tecido cerebral através dos vasos sanguíneos). Ou seja, no sentido de ser um medicamento eficaz, a morfina ainda não tem rivais à altura no mercado.
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    PASSAR SALIVA NA FERIDA É SEGURO?

          Mas, apesar dessa maravilha salivar toda, lamber a ferida ou passar cuspe nela pode ter mais efeitos negativos do que positivos. Nossa boca contém uma quantidade enorme de bactérias, as quais são inofensivas na cavidade bucal, porém podem causar sérios danos quando introduzidas no tecido exposto de outras partes do corpo. Para feridas profundas e mais extensas, lamber ou passar saliva é fortemente contraindicado, especialmente para indivíduos imunocomprometidos, porque tal ato pode levar a sérias infecções bacterianas, incluindo quadros de sepse (infecção sistêmica) e raros e gravíssimos quadros de fasciíte necrosante, onde amputação de membros pode ser necessária e mortalidade é alta (Ref.36-39). Isso sem contar o potencial de transmissão de vírus como aqueles responsáveis pelas hepatites B e C, varíola de macaco (monkeypox), ebola, citomegalovírus, herpes tipo 1, vírus Epstein-Barr, entre outros, caso a saliva aplicada em uma pessoa lesionada seja fornecida por outra pessoa (!). 

         Os animais no meio selvagem tendem a aguentar muito mais as bactérias presentes na boca, mas podem sofrer efeitos adversos também. Lambida em excesso pode agravar a ferida nesses animais, especialmente se a lesão tiver grande extensão. Por isso existe aquele Colar Elizabetano (também conhecido como E-Colar), para impedir que o cão ou o gato fiquem lambendo um machucado recém tratado. Cavalos também costumam receber um acessório parecido, já que sua saliva pode carregar um parasita estomacal, Habronema, que pode entrar em seu corpo a partir das feridas. Também acredita-se que o letal vírus da raiva é transmitido via lambidas grupais entre diversos animais selvagens, como os antílopes. Contudo, como os animais no meio selvagem não possuem muitas opções terapêuticas - como nossos medicamentos ou protocolos de limpeza - os benefícios compensam os riscos.



         Portanto, não é recomendado ficar passando saliva em feridas do corpo, especialmente aquelas de maior gravidade. Enquanto um pequeno corte de papel provavelmente não irá ser agravado com a aplicação de cuspe, cortes mais profundos ou extensas queimaduras podem ser agravados. Entre os animais, no geral, pequenas feridas podem ser significativamente beneficiadas com as lambidas, mas esse não tende a ser o caso para grandes lesões, mesmo entre os espécimes selvagens. Existem pessoas que deixam seus cães, ou até mesmo gatos, lamberem suas feridas, para uma cura mais rápida, o que é uma irresponsabilidade inacreditável (sim, você entendeu certo: cães lambendo feridas de pessoas, propositalmente!). Vírus (ex.: raiva), bactérias patogênicas e outros parasitas muito perigosos podem ser transmitidos nesse procedimento "terapêutico" e levar a graves complicações e mesmo à morte (Ref.40-42).

          Para limpar pequenas feridas basta usar água e sabão, deixando-a em paz até a cicatrização completa. Alguns produtos de uso tópico - como géis e pomadas de hidratação - podem também ser usados, e geralmente garantem uma mais rápida cura da ferida por impedirem a formação de 'casquinha' e garantirem um ambiente sempre úmido, o qual promove uma mais rápida cicatrização (simulando a umidade fornecida pela saliva mas sem a elevada carga bacteriana extra). Em caso de feridas - ou queimaduras - mais graves, procure atendimento médico urgente.

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(!) CURIOSIDADE: Travellers ("viajantes", na tradução do inglês) são um grupo nômade de pessoas vivendo predominante na Irlanda e na Bretanha, mas com alguns assentamentos também nos EUA. A origem desse povo é controversa, mas alguns sugerem populações de refugiados resultantes da Fome no início do século XIX ou possivelmente da campanha militar de Cromwell. Na Irlanda, os Travellers possuem uma estranha tradição de lamber feridas de queimaduras como tratamento; alguns membros na comunidade, conhecidos como Lickers ("lambedores"), usam ativamente a própria saliva para tratar essas feridas de outros membros da comunidade. Porém, essa prática é perigosa, porque frequentemente adia um adequado atendimento médico para sérias queimaduras e está associada com a transmissão de doenças (ex.: herpes) (Ref.35).
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Artigo Relacionado: Por que os gatos ronronam?


REFERÊNCIAS CIENTÍFICAS
  1. http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/003193849090332X
  2. http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0305417904000816
  3. http://archderm.jamanetwork.com/article.aspx?articleid=549848
  4. http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0305417910002111
  5. http://www.scientificamerican.com/article/a-proteins-healing-powers/
  6. http://jdr.sagepub.com/content/82/8/621.full.pdf
  7. http://www.bloodjournal.org/content/117/11/3172
  8. http://www.bloodjournal.org/content/117/11/2989
  9. http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0003986105002870
  10. http://link.springer.com/article/10.1007%2Fs00795-003-0225-0
  11. http://cro.sagepub.com/content/6/2/161.abstract
  12. http://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1111/j.1601-0825.2006.01265.x/abstract
  13. http://www.pnas.org/content/103/47/17979
  14. http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/003193849090332X
  15. http://www.nature.com/nm/journal/v6/n10/full/nm1000_1147.html
  16. http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/053155659190047P
  17. http://link.springer.com/article/10.1007%2FBF02735201
  18. http://www.nejm.org/doi/full/10.1056/NEJM200204253461721
  19. http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/23025205
  20. https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/23878824
  21. https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/25841068
  22. https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/22702050
  23. https://www.fasebj.org/doi/abs/10.1096/fj.201700085R
  24. https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/21661245
  25. https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/24862594
  26. Iglesias-Bartolome et al. (2018). Transcriptional signature primes human oral mucosa for rapid wound healing. Science Translational Medicine, Vol. 10, No. 451. https://doi.org/10.1126/scitranslmed.aap8798
  27. Vila et al. (2019). The power of saliva: Antimicrobial and beyond. PLoS Pathogens 15(11): e1008058. https://doi.org/10.1371/journal.ppat.1008058
  28. Gibbs et al. (2019). Human saliva stimulates skin and oral wound healing in vitro. Journal of Tissue Engineering and Regenerative Medicine, Volume 13, Issue 6, Pages 1079-1092. https://doi.org/10.1002/term.2865
  29. Abdullah et al. (2021). Role of Saliva in Healing Process of Cutaneous Wounds. International Journal of Drug Delivery Technology, 11(3):354-1007. 
  30. Lei et al. (2020). Human Salivary Histatin-1 Is More Efficacious in Promoting Acute Skin Wound Healing Than Acellular Dermal Matrix Paste. Frontiers in Bioengineering and Biotechnology.  https://doi.org/10.3389/fbioe.2020.00999
  31. Mi et al. (2020). Saliva exosomes-derived UBE2O mRNA promotes angiogenesis in cutaneous wounds by targeting SMAD6. Journal of Nanobiotechnology 18, 68. https://doi.org/10.1186/s12951-020-00624-3
  32. Escandon et al. (2022). Unravelling Novel Roles of Salivary Exosomes in the Regulation of Human Corneal Stromal Cell Migration and Wound Healing. International Journal of Molecular Sciences, 23(8), 4330. https://doi.org/10.3390/ijms23084330
  33. Zhang et al. (2021). Effects and mechanisms of histatins as novel skin wound-healing agents. Journal of Tissue Viability, Volume 30, Issue 2, Pages 190-195. https://doi.org/10.1016/j.jtv.2021.01.005
  34. Day, B. J. (2019). The Science of Licking Your Wounds: Function of Oxidants in the Innate Immune System. Biochemical Pharmacology. https://doi.org/10.1016/j.bcp.2019.03.013
  35. Seoighe et al. (2011). Licking as an out-of-hospital burns treatment—An isolated cultural phenomenon? Burns, 37(2), 348–350. https://doi.org/10.1016/j.burns.2010.08.008
  36. Kelesidis et al. (2010). Staphylococcus intermedius is not only a zoonotic pathogen, but may also cause skin abscesses in humans after exposure to saliva. International Journal of Infectious Diseases, Volume 14, Issue 10, Pages e838-e841. https://doi.org/10.1016/j.ijid.2010.02.2249
  37. https://www.ckn.org.au/content/maroons-may-be-licking-their-wounds-are-there-actually-health-benefits-doing-it
  38. https://health.clevelandclinic.org/does-saliva-have-health-risks-3-ways-germs-can-spread/
  39. https://www.winchesterhospital.org/health-library/article
  40. https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S2214250922001111
  41. https://onlinelibrary.wiley.com/doi/full/10.1111/iwj.12752
  42. https://pulmonarychronicles.com/index.php/pulmonarychronicles/article/download/368/803
  43. Mckendrick et al. (2023). CSF1R-dependent macrophages in the salivary gland are essential for epithelial regeneration after radiation-induced injury. Science Immunology, Vol. 8, No. 89. https://doi.org/10.1126/sciimmunol.add4374