Qual é a relação entre smartphone e dores no pescoço?
Agora que os smartphones fazem parte íntima do cotidiano das pessoas, um termo primeiro cunhado em 2008 vem ganhando cada vez mais visibilidade: Text Neck (não existe uma tradução literal com sentido para o português, mas poderia ser interpretado como "Mandando mensagens com o pescoço"). E, nos últimos anos, o fenômeno tem sido referenciado na literatura médica como Síndrome do Text Neck. O termo surgiu para se referir às potenciais fortes dores na região do pescoço e dos ombros que estariam sendo causadas pelo hábito comum das pessoas de passar grande parte do dia olhando para baixo, digitando e vendo mensagens/informações no aparelho dos celulares modernos e outros dispositivos móveis, como tablets. Mas as evidências científicas acumuladas sustentam um diagnóstico nesse sentido?
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TEXT NECK
Atualmente, deparar-se com uma pessoa, qualquer que seja sua idade, fazendo uso do celular [smartphone] é uma situação muito comum, e nos contextos mais variados (trabalho, alimentação, lazer, etc.). Durante o seu uso, pode-se observar que geralmente o aparelho é utilizado na altura da cintura, levando a pessoa a curvar a cabeça para baixo, de modo que haja um desalinhamento constante do eixo de sustentação da cabeça, considerável estresse biomecânico no pescoço e uma sobrecarga na coluna cervical.
Nosso pescoço é anatomicamente feito para sustentar o peso da nossa cabeça sem problemas, mas idealmente em uma postura reta pela maior parte do tempo. O peso que muitos especialistas acreditam que deveríamos estar sempre procurando apoiar no pescoço seria, no máximo, aquele gerado por uma massa de 5 a 6 quilos (cabeça ereta). Estudos analisando a questão apontam que para cada 2,5 centímetros de inclinação para a frente, o pescoço passa a ter que suportar o dobro desse peso (Ref.2-3)! Se você usa o aparelho smartphone com o queixo quase colado no peito, seu pescoço passa a suportar algo equivalente a quase 30 quilos!
Esse peso extra pode acabar levando a desordens musculoesqueléticas inicialmente com efeitos de curto prazo mas com o potencial de levar a sérias debilidades crônicas a longo prazo. Especialistas sugerem que esse maior estresse mecânico a longo prazo sobre a coluna cervical pode também resultar em uma aceleração na degeneração de disco e contribuir para uma herniação.
Para piorar a situação, o uso dos dispositivos móveis, especialmente smartphones, é viciante e prazeroso, fazendo com que a pessoa passe horas forçando a musculatura do pescoço e do ombro sem nem perceber possíveis desconfortos. Isso tem se agravado com algoritmos cada vez mais eficientes e aplicativos cada vez mais populares (ex.: TikTok) que prolongam o tempo de uso dos smartphones. E, talvez, a maior preocupação recaia nos riscos trazidos para as crianças e adolescentes, os quais possuem a coluna vertebral ainda em desenvolvimento e crescimento. Com o uso dos dispositivos móveis começando cada vez mais cedo, o uso prolongado entre os mais jovens pode facilitar quadros de contraturas ligamentosas anteriores, aceleração na degeneração de disco e cifose cervical.
No caso específico de dores nos ombros e pescoço associadas com o uso de tablets, e-books e iPads (apelidadas de iPad neck ou tablet neck), um estudo recente (Ref.17) encontrou que as mulheres são 2059 vezes mais prováveis de desenvolverem sintomas músculo-esqueléticos do que os homens, a condição é mais prevalente em jovens adultos do que em adultos mais velhos e aqueles com um histórico de dores nessas regiões do corpo experienciam uma acentuação dessas dores durante o uso desses dispositivos eletrônicos. Sentar sem um suporte para as costas, sentar com o dispositivo no colo (o que faz o pescoço se curve bastante) e sentar em uma cadeira com o tablet posicionado em uma superfície plana de uma mesa são todos fatores que levam às dores. Sentar com um suporte para as costas durante o uso de tablets parece ser o maior fator de proteção neste caso.
Somando-se às dores, alguns estudos apontam que ficar com a região do pescoço extremamente inclinada durante muito tempo pode causar danos significativos para a respiração, pois nessa posição menos ar preenche os pulmões, levando à uma menor oxigenação do corpo e sobrecarga do músculo cardíaco, o qual passa a ter que bombear mais sangue para manter as taxas de oxigênio normais nos diferentes órgãos do organismo.
LIMITAÇÃO DA EVIDÊNCIA
As dores no pescoço são a quarta causa de incapacidades físicas ao redor do mundo. E esse problema de saúde pública tem aumentado consideravelmente nas últimas duas décadas, junto também com dores na parte superior das costas. Antes um problema que afetava majoritariamente os adultos, especialmente os idosos, hoje a prevalência nos jovens no final da adolescência é quase a mesma do que aquela vista nos adultos, e tão alta quanto a prevalência de dores na parte inferior das costas. Nesse sentido, como essa tendência de aumento nas dores ligadas ao pescoço coincidiu com o aumento drástico relativo ao uso de smartphones e outros dispositivos móveis, principalmente entre os mais jovens, criou-se a hipótese biomecanicamente e observacionalmente baseada de que a postura inapropriada do pescoço para escrever mensagens ou ler conteúdo nos dispositivos móveis - text neck - seria a principal explicação para a crescente prevalência dessas dores entre os mais jovens.
De fato, uma significativa quantidade de estudos em anos recentes vem adereçando o problema e encontrando evidências que reforçam essa hipótese (Ref.1-13). Um estudo de grande porte e longitudinal, realizado na Suécia em 2018 e envolvendo mais de 7 mil jovens adultos (idades de 20 a 24 anos) durante um período de 5 anos (Ref.14), encontrou fortes evidências que dores persistentes no pescoço e na parte superior das costas está associado com o tempo gasto enviando mensagens de texto pelos dispositivos móveis (apesar da associação encontrada ter se mostrado bem mais forte em relação a efeitos de curto prazo do que de longo prazo). Ainda em 2018, dois estudos, um publicado na PLOS One (Ref.18) e o outro na Telemedicine and e-Health (Ref.19), analisando via questionários 500 e 522 jovens estudantes Universitários, respectivamente, também encontraram uma associação positiva entre o uso de dispositivos portáteis e dores no pescoço e na região cervical, especialmente em indivíduos que inclinam muito o pescoço para digitar nas telas.
Esse peso extra pode acabar levando a desordens musculoesqueléticas inicialmente com efeitos de curto prazo mas com o potencial de levar a sérias debilidades crônicas a longo prazo. Especialistas sugerem que esse maior estresse mecânico a longo prazo sobre a coluna cervical pode também resultar em uma aceleração na degeneração de disco e contribuir para uma herniação.
Para piorar a situação, o uso dos dispositivos móveis, especialmente smartphones, é viciante e prazeroso, fazendo com que a pessoa passe horas forçando a musculatura do pescoço e do ombro sem nem perceber possíveis desconfortos. Isso tem se agravado com algoritmos cada vez mais eficientes e aplicativos cada vez mais populares (ex.: TikTok) que prolongam o tempo de uso dos smartphones. E, talvez, a maior preocupação recaia nos riscos trazidos para as crianças e adolescentes, os quais possuem a coluna vertebral ainda em desenvolvimento e crescimento. Com o uso dos dispositivos móveis começando cada vez mais cedo, o uso prolongado entre os mais jovens pode facilitar quadros de contraturas ligamentosas anteriores, aceleração na degeneração de disco e cifose cervical.
No caso específico de dores nos ombros e pescoço associadas com o uso de tablets, e-books e iPads (apelidadas de iPad neck ou tablet neck), um estudo recente (Ref.17) encontrou que as mulheres são 2059 vezes mais prováveis de desenvolverem sintomas músculo-esqueléticos do que os homens, a condição é mais prevalente em jovens adultos do que em adultos mais velhos e aqueles com um histórico de dores nessas regiões do corpo experienciam uma acentuação dessas dores durante o uso desses dispositivos eletrônicos. Sentar sem um suporte para as costas, sentar com o dispositivo no colo (o que faz o pescoço se curve bastante) e sentar em uma cadeira com o tablet posicionado em uma superfície plana de uma mesa são todos fatores que levam às dores. Sentar com um suporte para as costas durante o uso de tablets parece ser o maior fator de proteção neste caso.
Somando-se às dores, alguns estudos apontam que ficar com a região do pescoço extremamente inclinada durante muito tempo pode causar danos significativos para a respiração, pois nessa posição menos ar preenche os pulmões, levando à uma menor oxigenação do corpo e sobrecarga do músculo cardíaco, o qual passa a ter que bombear mais sangue para manter as taxas de oxigênio normais nos diferentes órgãos do organismo.
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LIMITAÇÃO DA EVIDÊNCIA
As dores no pescoço são a quarta causa de incapacidades físicas ao redor do mundo. E esse problema de saúde pública tem aumentado consideravelmente nas últimas duas décadas, junto também com dores na parte superior das costas. Antes um problema que afetava majoritariamente os adultos, especialmente os idosos, hoje a prevalência nos jovens no final da adolescência é quase a mesma do que aquela vista nos adultos, e tão alta quanto a prevalência de dores na parte inferior das costas. Nesse sentido, como essa tendência de aumento nas dores ligadas ao pescoço coincidiu com o aumento drástico relativo ao uso de smartphones e outros dispositivos móveis, principalmente entre os mais jovens, criou-se a hipótese biomecanicamente e observacionalmente baseada de que a postura inapropriada do pescoço para escrever mensagens ou ler conteúdo nos dispositivos móveis - text neck - seria a principal explicação para a crescente prevalência dessas dores entre os mais jovens.
De fato, uma significativa quantidade de estudos em anos recentes vem adereçando o problema e encontrando evidências que reforçam essa hipótese (Ref.1-13). Um estudo de grande porte e longitudinal, realizado na Suécia em 2018 e envolvendo mais de 7 mil jovens adultos (idades de 20 a 24 anos) durante um período de 5 anos (Ref.14), encontrou fortes evidências que dores persistentes no pescoço e na parte superior das costas está associado com o tempo gasto enviando mensagens de texto pelos dispositivos móveis (apesar da associação encontrada ter se mostrado bem mais forte em relação a efeitos de curto prazo do que de longo prazo). Ainda em 2018, dois estudos, um publicado na PLOS One (Ref.18) e o outro na Telemedicine and e-Health (Ref.19), analisando via questionários 500 e 522 jovens estudantes Universitários, respectivamente, também encontraram uma associação positiva entre o uso de dispositivos portáteis e dores no pescoço e na região cervical, especialmente em indivíduos que inclinam muito o pescoço para digitar nas telas.
Resultados de um estudo de 2022 (Ref.21), conduzido no Brasil e analisando [via questionários] universitários do Centro Universitário Lusíada da cidade de Santos com idade média de ~18 anos, suportaram que a dependência do uso do celular [smartphone] está relacionado com dores na região cervical e incapacidade nas habilidades das atividades diárias.
No geral, evidências observacionais limitadas e alguns estudos experimentais suportam a existência da síndrome do Text Neck., e essa última tem sido considerada uma condição emergente ou "a dor da era moderna" (Ref.22-27). Os sintomas dessa alegada síndrome podem variar de desconforto a dor no pescoço e no ombro, sintomas neurológicos periféricos da extremidade superior e complicações de longo prazo como prolapso de disco e doença degenerativa de disco da espinha cervical (Ref.28).
Por outro lado, apesar do crescente acúmulo de evidências positivas indicando uma relevante relação entre uso de dispositivos móveis, base teórica biomecânica, inclinação da cabeça e dores na região do pescoço e no meio das costas, os estudos de alta qualidade sobre a questão são ainda escassos ou inexistentes, e faltam análises rigorosas com medidas objetivas das dores musculoesqueléticas associadas ao problema. Somam-se a isso a natureza subjetiva das dores musculoesqueléticas e evidências conflitantes na literatura acadêmica (Ref.15-16, 29-30).
Nesse último ponto, um estudo de revisão publicado recentemente no periódico Brazilian Journal of Physical Therapy (Ref.31) concluiu que o diagnóstico de "síndrome do text neck" não possui validade científica e que o atual acúmulo de evidência não suporta uma associação entre postura flexionada durante uso de smartphone e dor no pescoço.
PLASTICIDADE FENOTÍPICA
Talvez o mais interessante estudo sobre o tema, publicado em 2018 na Scientific Reports (Ref.20), reportou uma anômala tendência associada ao uso cada vez maior das novas tecnologias móveis. Segundo os autores do estudo, os jovens adultos estão exibindo de forma cada vez mais prevalente e pronunciada uma protuberância no crânio (na escama do ocipital) chamada de exostose proeminente quando comparados com grupos mais de idade mais avançada (antes quase que exclusivamente associados com tais saliências ósseas).
Uma amostra de 218 indivíduos analisada previamente pelos pesquisadores apontou uma prevalência de 41% desse tipo de protuberância nos jovens adultos, e as quais exibiam tamanhos variando de 10 a 31 mm. No novo estudo, eles estimaram uma prevalência de 33% na população total através de análise dos fatores de risco. Além disso, o tamanho médio das protuberâncias registrada na amostra mostrou ser bem maior do que as médias anteriores ao ano de 1996 (um período anterior ao uso disseminado e robusto das tecnologias móveis de comunicação).
Uma exostose proeminente décadas atrás não era pensada possível nessa faixa de idade (18-30 anos), mas os pesquisadores apontaram que uma combinação de fatores - sexo, grau de extensão da cabeça para frente e idade - explicava o fenômeno. A carga mecânica no pescoço - durante sua inclinação - mostrou atuar de forma crucial para o desenvolvimento e a manutenção da saliência óssea associada à entese (inserção) (1) na região craniana, principalmente nos homens, e, segundo os autores do estudo, isso sugere culpabilidade no uso de tecnologias portáteis de interação visual e manual contemporâneas que induzem a posturas aberrantes e prolongadas, como tablets e smartphones. Nesse sentido, o aumento da carga sustentada pelo pescoço [e gradual irritação crônica associada] levaria ao aumento da síntese de colágeno e formação da estrutura protuberante.
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(1) Enteses são locais de ligamento, tendão ou junta capsular anexados aos ossos. Uma das principais funções das enteses é a distribuição de força sobre uma grande área da superfície óssea. Porém, esses locais são inerentemente vulneráveis a danos já que as enteses englobam zonas transicionais, transferindo força entre tecidos moles e duros. Portanto, o desenvolvimento de protuberâncias/saliências (entesófitos) nesses locais pode ser um mecanismo adaptativo para aumentar a área superficial na interface do tendão/osso que esteja sendo submetida a estresses de tensão frequentes, com a crescimento ósseo progressivo seguindo a direção do estresse agindo sobre o osso no ponto de inserção. Frequentemente essas saliências ósseas são assintomáticas.
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PLASTICIDADE FENOTÍPICA
Talvez o mais interessante estudo sobre o tema, publicado em 2018 na Scientific Reports (Ref.20), reportou uma anômala tendência associada ao uso cada vez maior das novas tecnologias móveis. Segundo os autores do estudo, os jovens adultos estão exibindo de forma cada vez mais prevalente e pronunciada uma protuberância no crânio (na escama do ocipital) chamada de exostose proeminente quando comparados com grupos mais de idade mais avançada (antes quase que exclusivamente associados com tais saliências ósseas).
Uma amostra de 218 indivíduos analisada previamente pelos pesquisadores apontou uma prevalência de 41% desse tipo de protuberância nos jovens adultos, e as quais exibiam tamanhos variando de 10 a 31 mm. No novo estudo, eles estimaram uma prevalência de 33% na população total através de análise dos fatores de risco. Além disso, o tamanho médio das protuberâncias registrada na amostra mostrou ser bem maior do que as médias anteriores ao ano de 1996 (um período anterior ao uso disseminado e robusto das tecnologias móveis de comunicação).
Uma exostose proeminente décadas atrás não era pensada possível nessa faixa de idade (18-30 anos), mas os pesquisadores apontaram que uma combinação de fatores - sexo, grau de extensão da cabeça para frente e idade - explicava o fenômeno. A carga mecânica no pescoço - durante sua inclinação - mostrou atuar de forma crucial para o desenvolvimento e a manutenção da saliência óssea associada à entese (inserção) (1) na região craniana, principalmente nos homens, e, segundo os autores do estudo, isso sugere culpabilidade no uso de tecnologias portáteis de interação visual e manual contemporâneas que induzem a posturas aberrantes e prolongadas, como tablets e smartphones. Nesse sentido, o aumento da carga sustentada pelo pescoço [e gradual irritação crônica associada] levaria ao aumento da síntese de colágeno e formação da estrutura protuberante.
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(1) Enteses são locais de ligamento, tendão ou junta capsular anexados aos ossos. Uma das principais funções das enteses é a distribuição de força sobre uma grande área da superfície óssea. Porém, esses locais são inerentemente vulneráveis a danos já que as enteses englobam zonas transicionais, transferindo força entre tecidos moles e duros. Portanto, o desenvolvimento de protuberâncias/saliências (entesófitos) nesses locais pode ser um mecanismo adaptativo para aumentar a área superficial na interface do tendão/osso que esteja sendo submetida a estresses de tensão frequentes, com a crescimento ósseo progressivo seguindo a direção do estresse agindo sobre o osso no ponto de inserção. Frequentemente essas saliências ósseas são assintomáticas.
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Um estudo mais recente, publicado no periódico American Journal of Nuclear Medicine and Molecular Imaging (Ref.33) e incluindo 43 pacientes pediátricos (idade média de 15 anos), encontrou uma prevalência de exostose na protuberância occipital externa de 16% na amostra analisada. Os pesquisadores também ligaram o anômalo fenômeno epidemiológico à hiperflexão prolongada do pescoço causada pelo uso excessivo de dispositivos móveis por crianças e adolescentes.
Esse tipo de plasticidade do tecido ósseo alegado de estar cada vez mais prevalente nos jovens pode implicar consequências para a saúde musculoesquelética futura desses indivíduos, o que reforça uma maior preocupação com a educação postural da população no contexto das novas tecnologias da informação. Existem também casos onde a exostose pode potencialmente causar persistentes dores de cabeça ao pressionar nervos na protuberância occipital externa ou ficar sensível ao toque, especialmente quando o indivíduo afetado deita (Ref.32-33). Além disso, essa entidade pode ser erroneamente diagnosticada como um processo de metástase em indivíduos mais jovens, especialmente naqueles já previamente diagnosticados com câncer (Ref.33).
Porém, é válido realçar que esses estudos são observacionais [retrospectivos] e especulativos em relação aos fatores causais responsáveis pela aparente maior prevalência de exostoses proeminentes em indivíduos jovens. Em 2019, os autores do estudo de 2018 inclusive publicaram uma correção na Scientific Reports (Ref.34) realçando a natureza retrospectiva do trabalho e a inexistência de uma ligação direta causal entre má-postura corporal e/ou uso de dispositivos móveis e o fenômeno observado, apontando também que fatores como predisposição genética e inflamação influenciam o crescimento ósseo em questão.
CONCLUSÃO
Apesar da postura da cabeça inclinada para frente aumentar a carga mecânica nas articulações e ligamentos da coluna cervical e aumentar a demanda sobre a musculatura posterior do pescoço por causa do aumento do momento gravitacional, ainda é inconclusivo se o uso dos smartphones e de outros dispositivos móveis está diretamente associado com o aumento de dores na região do pescoço entre as pessoas, especialmente os mais jovens, pelo menos como a causa principal. Mas, no geral, parece existir uma real associação, independentemente da sua extensão, e a hipótese do text neck é a melhor até o momento para explicar o crescente número de dores na região superior da coluna vertebral dentro da população mais jovem.
De qualquer forma, como medida máxima de prevenção, crie o hábito de usar o smartphone na altura dos olhos ou, no mínimo, o menos inclinado com a cabeça possível. Uma boa recomendação é parar de tempo em tempo para relaxar o pescoço e realizar profundas inspirações de ar. Além disso, é importante lembrar que o esforço repetitivo excessivo - principalmente dos polegares e de músculos no antebraço - durante o uso dos dispositivos móveis é um forte fator de risco para lesões musculoesqueléticas, como tendinite, tenossinovite e artrite carpometacarpal. E não podemos nos esquecer de outro grande risco: ficar fixado demais no smartphone tira muita atenção visual do ambiente ao seu redor. Nas ruas, como pedestre ou como motorista, acidentes já estão se tornando comuns envolvendo o uso inapropriado desses dispositivos. Portanto, mais do que usar corretamente o celular, saiba moderar esse uso e saiba escolher os momentos certos de usá-lo.
REFERÊNCIAS CIENTÍFICAS
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CONCLUSÃO
Apesar da postura da cabeça inclinada para frente aumentar a carga mecânica nas articulações e ligamentos da coluna cervical e aumentar a demanda sobre a musculatura posterior do pescoço por causa do aumento do momento gravitacional, ainda é inconclusivo se o uso dos smartphones e de outros dispositivos móveis está diretamente associado com o aumento de dores na região do pescoço entre as pessoas, especialmente os mais jovens, pelo menos como a causa principal. Mas, no geral, parece existir uma real associação, independentemente da sua extensão, e a hipótese do text neck é a melhor até o momento para explicar o crescente número de dores na região superior da coluna vertebral dentro da população mais jovem.
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REFERÊNCIAS CIENTÍFICAS
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- http://search.proquest.com/openview/3ef9c2f0dc379156d42a161749be0dd9/1?pq-origsite=gscholar&cbl=2035952
- http://www.koreascience.or.kr/article/ArticleFullRecord.jsp?cn=OGGHBK_2013_v32n3_273
- http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0003687016301235
- http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0003687016301739
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