Como o Ozzy Osbourne ainda está vivo?

Em 2010, Ozzy Osbourne, o Príncipe das Trevas do Rock e aquele cujas forças sobrenaturais o mantêm vivo mesmo depois de uma vida escaldada no inferno (Risos), financiou uma pesquisa de sequenciamento do seu genoma (não por iniciativa dele, mas de cientistas americanos; ele apenas gostou da ideia) para ver se descobriam algo de diferente em seu DNA (Ref.1).

Sim, Ozzy tem 67 anos de idade, é saudável, e, como ele mesmo disse em uma entrevista ao London Times: "Dada a piscina de bebidas fortes, cocaína, morfina, pílulas para dormir, LSD, rofinol, e tudo quanto é tipo de substâncias ilícitas em que eu venho nadando há décadas, não existe explicação médica do porquê eu ainda estar vivo. O estudo do meu DNA pode me dar alguma explicação." Há muito tempo todos se perguntam o mesmo: "Como o Devorador de Morcegos, Ozzy, consegue se manter de pé, e ainda saudável, nessa vida louca dele?!"

- Continua após o anúncio -

Bem, o sequenciamento do seu genoma realmente mostrou coisas interessantes, como um número anormalmente maior de genes ligados à processos de quebra de álcool ( etanol) no organismo, como o ADH4. Isso pode ajudar a explicar a sua tolerância às bebidas alcoólicas. Já a presença do gene CLTCL1 no seu DNA pode explicar sua propensão a abusar de hábitos viciantes, algo que deixa seus inúmeros exageros mais plausíveis. Também foi mostrado que ele tem cerca de 10 genes ligados a uma linhagem Neandertal (algo não tão incomum aos europeus). Será que nossos primos distantes teriam dado uma força extra ao corpo do Ozzy? Ainda é incerto dizer. No mais, os estudos em cima do seu DNA continuam, na esperança de acharem o poderoso 'gene Ozzy'. Alguns especialistas até especulam não ser tão impossível achar algum gene ligado à sua genial capacidade musical!

É, a loteria genética é para poucos. Pelo menos, mesmo se os resultados não forem tão extraordinárias, é uma ótima maneira de divulgar ao público geral as maravilhas da ciência moderna...:)

É... Parece que nem a ciência consegue explicar o mito!

- Continua após o anúncio -

CURIOSIDADE: A linhagem Neandertal (Homo neanderthalensis) possivelmente se separou da nossa (Homo sapiens) há 600 mil anos, a partir de um ancestral comum entre as duas espécies. Ou, também, pode ser que os neandertais sejam uma subespécie do Homo sapiens (Homo sapiens neanderthalensis) assim como nós (Homo sapiens sapiens). Existia um fervoroso debate para saber qual versão estava certa, mas com os recentes avanços na genética a mais aceita é que eles são uma espécie diferente da nossa. Porém, depois do sequenciamento genético dos neandertais, a partir de fósseis de 50 mil anos de idade encontrados na Sibéria, ficou claro que houve vários momentos de cruzamento sexual entre eles e os ancestrais dos humanos modernos relativos ao Homo sapiens. Ou seja, os neandertais contribuíram significativamente para a construção do nosso atual DNA. O Ozzy está aí para confirmar...:) (Ref.4-11)

Os Neandertais tinham uma média de altura em torno de 1,60 m e crânio com um volume bem maior do que o nosso, possuindo um poderoso maxilar e largos narizes; é sugerido que eles entraram em extinção entre 28 e 41 mil anos atrás

Artigo relacionado: O que é a ressaca?

Vídeo recomendado:

REFERÊNCIAS CIENTÍFICAS

http://www.scientificamerican.com/article/ozzy-osbourne-genome/
http://journals.lww.com/oncology-times/blog/georgewsledgejr/pages/post.aspx?PostID=3
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC4920493/
http://www.nature.com/nature/journal/v530/n7591/full/nature16544.html
http://journals.plos.org/plosone/article?id=10.1371/journal.pone.0047765
https://www.newscientist.com/article/dn24988-humanitys-forgotten-return-to-africa-revealed-in-dna#.VZy0CvkmNOI
http://science.sciencemag.org/content/early/recent#citgp-2014-01-29
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC2752594/
https://med.stanford.edu/news/all-news/2016/04/modern-men-lack-y-chromosome-genes-from-neanderthals.html
https://geneticliteracyproject.org/2014/02/04/were-neanderthals-a-different-species/
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC4947341/