Por que temos um queixo?
- Atualizado no dia 23 de junho de 2023 -
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Você já parou para se perguntar o porquê da existência do seu queixo? É uma parte da nossa estrutura craniofacial tão comum, que acabamos não dando muita importância para esse traço fenotípico. E o mais interessante é que não existe ainda um consenso no meio acadêmico sobre a funcionalidade biológica do nosso queixo, ou mesmo se representa uma estrutura anatômica adaptativa.
Aliás, somos a única espécie que possui esta parte anatômica, mesmo entre os primatas e membros arcaicos do gênero Homo, como os Neandertais (H. neanderthalensis). Todos os humanos modernos (H. sapiens) exibem queixo e este traço é até uma das diferenciações críticas que os antropólogos usam para identificar um crânio encontrado: se tiver uma bela queixada, é um de nós! A autapomorfia do queixo (traço único de um táxon) inclusive é componente cujas variações são usadas para explorar o grau de evolução entre os mais antigos e mais recentes membros H. sapiens. Por isso a questão da funcionalidade e evolução dessa estrutura óssea tem sido debatida na literatura científica, e nas últimas décadas várias hipóteses têm sido propostas nesse sentido.
Uma das primeiras propostas sobre a possível função do queixo seria de reduzir o estresse mecânico causado na mandíbula durante a mastigação, diminuindo o acúmulo de danos nessa parte do crânio. Só que essa ideia acabou se mostrando pouco lógica: argumenta-se que para existir esse efeito de proteção, a estrutura óssea do queixo deveria estar no interior da mandíbula, próximo da língua. E é isso o que acontece em outros primatas, como os chimpanzés (gênero Pan). Nesses primatas, existe um reforço ósseo extra o qual não possuímos. Isso é extremamente importante para os chimpanzés, já que a mastigação nessa espécie é bem mais poderosa quando comparado com a nossa. Na verdade, esse é um motivo para que um reforço na nossa mandíbula não seja necessário, já que evoluímos ingerindo alimentos mais macios, principalmente devido ao uso do fogo para o preparo das refeições.
Alguns já propuseram nessa mesma linha narrativa que o queixo seria responsável por diminuir o estresse causado pela fala, já que possuímos um espectro verbal incomparável na natureza. Porém, é apontado que a tensão óssea causada pela fala na mandíbula é muito baixa para requerer um reforço. Testes computacionais de simulação também não encontram evidências de que o queixo tenham algum efeito mecânico de adaptação.
Você já parou para se perguntar o porquê da existência do seu queixo? É uma parte da nossa estrutura craniofacial tão comum, que acabamos não dando muita importância para esse traço fenotípico. E o mais interessante é que não existe ainda um consenso no meio acadêmico sobre a funcionalidade biológica do nosso queixo, ou mesmo se representa uma estrutura anatômica adaptativa.
Aliás, somos a única espécie que possui esta parte anatômica, mesmo entre os primatas e membros arcaicos do gênero Homo, como os Neandertais (H. neanderthalensis). Todos os humanos modernos (H. sapiens) exibem queixo e este traço é até uma das diferenciações críticas que os antropólogos usam para identificar um crânio encontrado: se tiver uma bela queixada, é um de nós! A autapomorfia do queixo (traço único de um táxon) inclusive é componente cujas variações são usadas para explorar o grau de evolução entre os mais antigos e mais recentes membros H. sapiens. Por isso a questão da funcionalidade e evolução dessa estrutura óssea tem sido debatida na literatura científica, e nas últimas décadas várias hipóteses têm sido propostas nesse sentido.
Uma das primeiras propostas sobre a possível função do queixo seria de reduzir o estresse mecânico causado na mandíbula durante a mastigação, diminuindo o acúmulo de danos nessa parte do crânio. Só que essa ideia acabou se mostrando pouco lógica: argumenta-se que para existir esse efeito de proteção, a estrutura óssea do queixo deveria estar no interior da mandíbula, próximo da língua. E é isso o que acontece em outros primatas, como os chimpanzés (gênero Pan). Nesses primatas, existe um reforço ósseo extra o qual não possuímos. Isso é extremamente importante para os chimpanzés, já que a mastigação nessa espécie é bem mais poderosa quando comparado com a nossa. Na verdade, esse é um motivo para que um reforço na nossa mandíbula não seja necessário, já que evoluímos ingerindo alimentos mais macios, principalmente devido ao uso do fogo para o preparo das refeições.
Alguns já propuseram nessa mesma linha narrativa que o queixo seria responsável por diminuir o estresse causado pela fala, já que possuímos um espectro verbal incomparável na natureza. Porém, é apontado que a tensão óssea causada pela fala na mandíbula é muito baixa para requerer um reforço. Testes computacionais de simulação também não encontram evidências de que o queixo tenham algum efeito mecânico de adaptação.
Outra hipótese defende que o queixo seria fruto de seleção sexual. O queixo representaria um elemento de atração sexual, como ocorre nos dimorfismos sexuais presentes em diversas outras espécies de animais, especialmente nas aves. Porém, esse tipo de dimorfismo tipicamente ocorre apenas em um dos sexos, na maior parte das vezes nos machos. Já no nosso caso, ambos, sexos feminino e masculino, exibem queixo, e expresso de forma muito similar em termos de características e dimensões físicas. Por outro lado, o queixo no sexo masculino tende a ser significativamente mais robusto e largo do que aquele no sexo feminino (menor e mais fino) - espelhando ações masculinizantes de andrógenos circulantes ao longo do desenvolvimento (1).
(1) Leitura recomendada: Crença popular possui suporte científico: tamanho do nariz está relacionado com o tamanho peniano
Por fim, existe a hipótese defendendo que o queixo seria apenas um subproduto do processo evolucionário, sob seleção neutra, ou seja, sem funções adaptativas. Diferente do nossos ancestrais e de outros humanos arcaicos, nossa cabeça é menor e nossa mandíbula é bem menos robusta. Durante esse processo de modificação craniana, o queixo pode ter emergido apenas como um "efeito colateral". No contexto do afinamento mandibular, mutações e talvez novos genes foram estabelecidos produzindo diretamente ou indiretamente um engrossamento ósseo na ponta da mandíbula - o queixo.
Por fim, existe a hipótese defendendo que o queixo seria apenas um subproduto do processo evolucionário, sob seleção neutra, ou seja, sem funções adaptativas. Diferente do nossos ancestrais e de outros humanos arcaicos, nossa cabeça é menor e nossa mandíbula é bem menos robusta. Durante esse processo de modificação craniana, o queixo pode ter emergido apenas como um "efeito colateral". No contexto do afinamento mandibular, mutações e talvez novos genes foram estabelecidos produzindo diretamente ou indiretamente um engrossamento ósseo na ponta da mandíbula - o queixo.
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REFERÊNCIAS CIENTÍFICAS
REFERÊNCIAS CIENTÍFICAS
- http://dx.doi.org/10.1098/rspb.1979.0086
- https://www.dentistry.uiowa.edu/nathan-e-holton
- http://www.bbc.com/earth/story/20160204-why-do-humans-have-chins
- http://dx.doi.org/10.1002/evan.21471
- http://www.bbc.com/earth/story/20160111-what-is-it-that-makes-you-a-human-and-not-something-else
- http://dx.doi.org/10.1002/ajpa.21447
- http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0047248499903391
- http://jdr.sagepub.com/content/85/7/638.short
- https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S0047248422001518
- https://www.mdpi.com/2076-3417/12/24/12717