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Baixa temperatura ou Ilusão?



          Todo mundo sabe se algo está frio ou quente. Isso é tão natural quanto falar. Mas será que você confunde estas duas sensações com a ideia de temperatura real? Se algo está ´frio´ quando tocado, significa que a temperatura no objeto está baixa na mesma proporção?

          Para entender a diferença entre temperatura alta/baixa e frio/quente, devemos ter em mente a definição de ´calor´. É clássico em uma aula de química, ou física, quando o professor corrige alguém que, em um dia muito quente, diz estar sentindo muito calor. Calor não é uma medida momentânea de  temperatura e, sim, é um termo usado para indicar transferência de energia entre dois corpos, normalmente de um quente para outro frio se não houver realização de trabalho. E é aí que entra a resposta para o questionamento inicial.

               Dois corpos, a diferentes temperaturas, quando entram em contato tendem a igualar suas temperaturas, onde o corpo mais quente doa energia espontaneamente para o corpo mais frio. Mas isso limita-se ao campo puramente físico. Para o nosso cérebro, as sensações funcionam de forma diferente. Se dois materiais iguais estão com diferentes temperaturas, quando tocarmos eles, saberemos quem está mais ´quente´ e qual está mais ´frio´. Mas imagina que você pegue uma barra de aço e um pedaço de madeira que estão juntos, em um dia de temperaturas mais baixas. Quando você encostar nos dois materiais, vai sentir que a barra metálica está bastante gelada enquanto a madeira vai estar normal. E aí vem a pergunta: qual está com a menor temperatura? Mesmo que vá contra todos os seus sentidos, ambos os materiais estão com a mesma temperatura ambiente! Então, como  um está mais frio do que o outro nas minhas mãos?

Quando tocamos a madeira ou estruturas metálicas temos diferentes sensações térmicas...Por quê?
             O ´calor´ é a explicação. Cada material transfere energia para outros a diferentes taxas, dependendo da sua condução calorífera. Em um dia frio, onde isso fica mais evidente, você está com uma temperatura corporal mais alta do que o ambiente ao seu redor. Então, você sempre estará transferindo energia para tudo inanimado que estiver ali. Só que o aço, e todos o metais condutores de eletricidade, tem uma capacidade calorífera muito maior do que a madeira, e, com isso, quando entrar em contato com a sua pele, vai retirar uma grande quantidade de energia em curto período de tempo, ao contrário do que ocorre com a madeira. Essa grande perda de energia é traduzida como ´muito frio´ para o cérebro, sem que o objeto esteja, necessariamente, frio( com baixa temperatura). A água também também possui uma boa condução calorífica, e por isso parece sempre estar muito mais gelada do que a temperatura ao seu redor. Outra experiência interessante é quando você coloca sua mão em uma água muito gelada por um tempo e imediatamente retira e coloca ela em uma água com temperatura ambiente. Esta última vai parecer estar com uma temperatura muito mais alta do que realmente tem. Isso é explicado pelo fato de que quanto mais baixa a temperatura, com mais fome de energia ela terá, e, com isso, sua mão, agora também gelada, irá abocanhar bastante energia muito rapidamente, dando uma sensação de ´quente´.

             E esta característica sensorial é importante durante a evolução. Nunca é bom você perder muita energia de forma rápida, ainda mais se pensarmos em tempos imemoriais, quando vivíamos em ambiente totalmente selvagem. Preservar energia é fundamental. Por isso sentimos frio e quente de diferentes maneiras, dependendo de onde estamos. Se algo está roubando violentamente sua energia, é mais do que lógico ter um sinal no cérebro que avise você. Se estiver um dia frio, você vai querer sentar em um banco de madeira ao invés de um de metal, com toda a certeza, mesmo com ambos estando à mesma temperatura.

          Para finalizar, podemos dar uma dica boa, baseada em tudo isso: para saber se alguém está com febre ou não, confie em um termômetro, não na sua mão. É difícil confiar nesta bagunça sensorial toda.