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Qual é a maior árvore do mundo?

Figura 1. Hyperion, a maior árvore hoje conhecida, com quase 116 metros de altura e 4,84 metros de diâmetro. Ref.1

 
           As árvores mais altas atualmente encontradas no nosso planeta alcançaram extrema altura ao persistirem e crescerem por séculos, resistindo às várias ameaças no ambiente (ex.: eventos temporais e climáticos) (1). As árvores recordistas em tamanho, com altura superior a 90 metros, estão todas localizadas na América do Norte, Sudeste Asiático e Austrália, em regiões com temperaturas anuais de 7-15°C em florestas temperadas, e 22°-29°C em florestas tropicais. A maior árvore conhecida na Terra é uma sequoia-vermelha (Sequoia sempervirens), com altura de 115,6 metros, e está localizada em uma floresta temperada úmida no norte da Califórnia, EUA (Fig.1) (2). Quatro espécies de coníferas frequentemente ultrapassam 95 metros de altura e estão amplamente distribuídas no oeste da América do Norte: Picea sitchensis, Pseudotsuga menziesii, Sequoia sempervirens e Sequoiadendron giganteum (3).  

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(1) Importante apontar que árvores muito velhas (milênios de idade) não são necessariamente as maiores árvores. Fica a sugestão de leitura: Qual é a árvore mais antiga do mundo ainda viva? 

(2) Desde 2022, visitas do público ao Hyperion, no Parque Nacional de Redwood, Califórnia, foram proibidas devido a preocupações de conservação (Ref.2). 

(3) A maior árvore já registrada pertencia ao gênero Pseudotsuga e morreu durante o século XX após alcançar ~900 anos de idade, >200 toneladas de biomassa e quase 120 metros de altura (Ref.3). O gênero Sequoia é atualmente o maior e segundo mais massivo entre as árvores vivas, com espécimes alcançando ~116 metros de altura, quase 400 toneladas de biomassa e >2 mil anos de idade. O gênero Sequoiadendron é o mais massivo, com espécimes excedendo 96 metros de altura, 500 toneladas de biomassa e idade de 3 mil anos. Existem atualmente 37 sequoias-vermelhas conhecidas e ainda vivas com altura acima de 110 metros (Ref.1)

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          A maior árvore tropical conhecida - e possivelmente a maior angiosperma (planta com flores) do mundo (2) - é um meranti-amarelo (Shorea faguetiana), com uma altura de 100,8 metros e localizada no estado de Sabah, Malásia (Fig.2). Apelidada de "Menara", esse meranti-amarelo possui uma altura de 100,8 metros (próximo do limite teórico máximo previsto para altura de uma angiosperma), superando o eucalipto "Centurion" da espécie Eucalyptus regnans, na Tasmânia, Austrália, com 99,67 metros de altura.  

Figura 2. Menara, a maior árvore tropical conhecida. Com um diâmetro no tronco de 40 metros, é estimado que essa árvore possui uma biomassa de 81,5 toneladas. Ref.4

(2) Leitura recomendada: Resolvendo o abominável mistério evolucionário das angiospermas

           Enquanto tradicionalmente é pensado que florestas tropicais úmidas não trazem árvores com alturas extremas, nos últimos anos árvores com altura em torno de ou superior a 80 metros foram identificadas na bacia Amazônica (Ref.5-6). A maior árvore conhecida na Amazônia e no Brasil, pertencente à espécie Dinizia excelsa - popularmente conhecida como angelim-vermelho - possui 88,5 metros de altura. É provavelmente a maior árvore da América do Sul, e está localizada entre os estados do Pará e Amapá. Com 3,15 metros de diâmetro, é estimado que esse angelim-vermelho possui idade variando de 400 a 600 anos. No vídeo abaixo, filmagem do espécime via drone.


          


          O crescimento vertical de árvores é fomentado pela intensa competição por luz em novos estabelecimentos florestais. Porém, é pouco entendido por que algumas árvores continuam crescendo mesmo após escaparem da competição, e qual o determinante para limites máximos de altura. É possível árvores alcançarem várias centenas de metros? Devido a fatores mecânicos, hidráulicos e de suprimento nutricional, é estimado que a altura máxima de árvores em geral é em torno de 120-130 metros. Além desse limite, suprimento de água para as células das folhas se tornaria impossível. À medida que a árvore se torna mais alta, vários fatores - incluindo crescente resistência hidráulica - começam a reduzir a taxa de crescimento vertical.

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            A importância relativa dos fatores limitantes de crescimento vertical das árvores provavelmente varia de acordo com o clima local, e três principais teorias existem nesse sentido (Ref.7-8):

- a teoria da limitação hidráulica afirma que os potenciais negativos de água nos sistemas vasculares no topo das árvores, dirigidos por gravidade e maior demanda superando o suprimento ao redor do meio-dia, inibem a transferência de água do sistema vascular para o citoplasma das plantas (maior resistência hidráulica através dos canais do xilema). Esse efeito, e o aumento de risco de embolismo, é predito de levar a menores alturas nas árvores em regiões mais secas e é suportado pela correlação entre alcance das copas das árvores e disponibilidade de água em escala global;

- a teoria do transporte de carboidratos afirma que é a habilidade das folhas de suprir carboidratos (ex.: glicose) a diferentes tecidos contra resistência que limita o crescimento vertical e explica a relação entre disponibilidade de água e altura da árvore como sendo determinada por fatores climáticos sobre o tamanho das folhas;

- a teoria da limitação mecânica afirma que a altura das árvores é limitada tanto pela gravidade quanto pelo risco de danos causados por vento (quebra e arrancamento de raiz). Evidência recente sugere que o efeito do vento é substancialmente mais importante (primário) do que o efeito da gravidade (secundário) (Ref.8). A relativa raridade de ventos com alta velocidade no norte de Bornéu pode explicar por que a região abriga as maiores árvores tropicais do mundo, como a Menara.

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> É sugerido também que raios de tempestade podem impor significativa pressão seletiva contra árvores muitos altas.

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REFERÊNCIAS

  1. https://www.conifers.org/cu/Sequoia.php 
  2. https://www.nytimes.com/2022/08/02/us/hyperion-tree-redwood-california.html
  3. Sillett et al. (2021). Comparative development of the four tallest conifer species. Forest Ecology and Management, Volume 480, 118688. https://doi.org/10.1016/j.foreco.2020.118688
  4. Shenkin et al. (2019). The World's Tallest Tropical Tree in Three Dimensions. Frontiers in Forests and Global Change, Volume 2. https://doi.org/10.3389/ffgc.2019.00032
  5.  Gorgens et al. (2019). The giant trees of the Amazon basin. Frontiers in Ecology and the Environment, Volume 17, Issue 7, Pages 361-420. https://doi.org/10.1002/fee.2085
  6. https://www.nature.com/immersive/d41586-023-01828-x/index.html
  7. Williams et al. (2019). Axial variation of xylem conduits in the Earth’s tallest trees. Trees. https://doi.org/10.1007/s00468-019-01859-w
  8. Jackson et al. (2020). The mechanical stability of the world’s tallest broadleaf trees. BioTropica, Volume 53, Issue 1, Pages 110-120. https://doi.org/10.1111/btp.12850