É verdade a história de que os Pilares da Criação foram destruídos?

A NASA divulgou esta semana mais uma fantástica imagem capturada através do Telescópio Espacial James Webb (Ref.1). No caso, uma detalhada visão dos icônicos Pilares da Criação, uma região no Universo onde novas estrelas estão se formando em densas nuvens de gás e poeira. As 'colunas' são constituídas por gás interestelar (em especial hidrogênio molecular) frio e poeira, aparecendo em algumas partes semi-transparentes às observações no infravermelho-próximo dos instrumentos do James Webb (Fig.2) (1). A nova imagem irá ajudar os cientistas na atualização de modelos de formação estelar mais precisos, ao permitir melhor detecção e contagem de estrelas nessa importante região, além de fornecer informações sobre como as nuvens de poeira estelar se formam ao longo de milhões de anos.

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(1) As observações foram feitas através da Câmera de Infravermelho-Próximo do James Webb (NIRCam). As cores são artificialmente adicionadas representando regiões de diferentes temperaturas (reforçando que o James Webb trabalha no infravermelho, ou seja, uma faixa do espectro não visível para humanos) Para mais informações sobre esse telescópio espacial, acesse: Primeira imagem histórica do Telescópio James Webb é finalmente liberada

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Os Pilares da Criação estão localizados na Nebulosa da Águia (M 16), a cerca de 6500 anos-luz da Terra. Essa jovem nebulosa (1 a 3 milhões de anos de idade), por sua vez, está localizada na Constelação da Serpente, e é uma região ativa de alta massa e formadora de estrelas (Ref.2-3). A intensa atividade estelar dentro dos Pilares e dos agrupamentos de jovens e massivas estrelas no M 16 é responsável por esculpi-los, através de abundante emissão de ultravioleta (UV), jatos supersônicos e ventos estelares aquecendo, dissipando e empurrando a poeira e o gás - resultando em contínua erosão e transformação dessas estruturas. Por exemplo, na ponta do maior pilar, um jato de nuvem de poeira e gás se expandiu por mais 100 bilhões de quilômetros entre 1995 e 2014, a uma velocidade de 200 km/s (Ref.4) (Fig.3).

Nesse último ponto, existe uma popular alegação de que os Pilares da Criação foram destruídos pelas ondas de choque de uma suposta supernova (explosão estelar) que ocorreu há cerca de 6 mil anos. Essa alegação foi feita por um time de astrônomos Franceses em 2007 (Ref.6), com base em observações em infravermelho realizadas pelo Telescópio Espacial Spitzer (Ref.7), mas, aparentemente, sem publicação científica e sem outros estudos corroborando-a . Segundo o reporte desses astrônomos, as estruturas dos Pilares só estarão visíveis aqui da Terra pelos próximos ~1000 anos - devido à distância entre os Pilares e a Terra (~6-7 mil anos-luz) -, ou seja, considerando o cenário onde os Pilares não mais existem no presente. Porém, na época da alegação, esta já havia sido disputada pelo astrofísico Americano Stephen Reynolds, o qual discordou da evidência (uma distinta nuvem quente de poeira detectada) sugerindo uma supernova (Ref.7).

Em 2018, um artigo publicado na Forbes (Ref.4), de autoria do astrofísico Ethan Siegel, foi favorável à contestação de Reynolds. Siegel revisitou uma nova imagem e novos dados dos Pilares liberados em 2015 pela NASA (Fig.3), e, ao analisá-los e compará-los com aqueles obtidos em 1995, argumentou que a "hipótese da destruição" é inválida, sugerindo também que a estrutura geral dos Pilares provavelmente ainda persistirá por dezenas ou centenas de milhares de anos.

REFERÊNCIAS