É verdade que o pirarucu precisa respirar ar atmosférico para não morrer?
O pirarucu (Arapaima gigas), pode chegar aos três metros de comprimento e pesar quase 200 kg. É o maior peixe com escamas que vive em água doce do planeta. Endêmico da bacia amazônica habita principalmente, lagos de várzeas e florestas inundadas, e, além do Brasil, pode ser encontrado no Peru, na Bolívia e na Guiana. Devido ao seu grande porte e rico conteúdo proteico, é uma espécie de peixe muito consumida e comercializada, e uma iguaria tradicional da culinária amazônica urbana, sendo inclusive considerado o "bacalhau brasileiro" por causa do excelente sabor de sua carne, particularmente quando beneficiada seca e salgada. Como consequência das reduções populacionais da espécie em áreas próximas de cidades fomentadas pela pesca excessiva, toda a pesca do pirarucu chegou a ser proibida no início de 2001, apesar da pesca ilegal ter continuado. Em escala comunitária (e de manejo sustentável) e em certas regiões onde a espécie é invasora, como observado no Rio Madeira, a pesca controlada é ainda permitida.
Mas talvez o mais curioso aspecto dessa espécie de peixe é a necessidade de respiração fora da água, relativamente similar ao que acontece com mamíferos e répteis marinhos. Por causa da bexiga natatória muito vascularizada desenvolvida para a respiração aérea obrigatória – se usar apenas as brânquias por mais de meia hora, em média, esse peixe morre por asfixia – o pirarucu costuma subir com frequência para a superfície da água (a cada 20-30 minutos). Ao conseguir extrair oxigênio diretamente do ar através do seu pulmão primitivo, o pirarucu obtém várias vantagens metabólicas e de sobrevivência. Aliás, consegue viver fora da água por um considerável período de tempo desde que seja constantemente irrigado com água.
Outras espécies de peixes possuem respiração aérea obrigatória ou facultativa (ex.: piramboia e o poraquê), e muitas inclusive conseguem se locomover com certa facilidade no ambiente terrestre com a ajuda das nadadeiras servindo como "pernas". Esses exemplos ilustram bem um potencial modelo de transição terra-água que permitiu há centenas de milhões de anos a evolução dos anfíbios, répteis e humanos a partir de peixes vertebrados marinhos (!).
> O nome pirarucu é de origem tupi (pira = peixe e urucu = vermelho) atribuído à intensa coloração dominante na orla posterior das escamas em algumas regiões do corpo cuja a intensidade e o número variam de acordo com o sexo e o período de reprodução.
> ALERTA: Nos últimos anos, pescadores têm registrado a presença desse “gigante” com cada vez mais frequência no rio Grande, corpo d’água pertencente à bacia do alto rio Paraná que banha os Estados de São Paulo e Minas Gerais. A carne altamente valorizada dessa espécie está fomentando criações irresponsáveis no Brasil e ameaçando vários ecossistemas. Para mais informações: Presença do peixe pirarucu em rios de São Paulo torna-se mais frequente e preocupa cientistas
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REFERÊNCIAS