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E se a Índia e o Paquistão entrarem em um conflito nuclear?


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          A Índia e o Paquistão têm compartilhado uma intensa rivalidade desde a independência de ambos os países e subsequente partição em 1947. Esse estado de tensão fomentou três grandes guerras entre as duas nações e várias disputas militarizadas nos últimos 70 anos. E, apesar de hoje existirem tratados bilaterais entre os dois países relacionados a questões como comércio, telecomunicações, transporte e tecnologia, assuntos relativos a segurança nacional escancaram a falta de confiança entre ambos e as feridas abertas longe de serem cicatrizadas, especialmente com a persistência dos ataques terroristas fomentados pela problemática questão de Kashmir. Somando-se a isso, temos um agravante: ambas os países são potências nucleares.

          Nesse sentido, um estudo publicado recentemente no periódico Science Advances resolveu simular o que ocorreria em cenário de conflito nuclear entre as duas nações. O resultado das análises trouxe um quadro de catástrofe humana, climática e ambiental não só para a Índia e o Paquistão, mas para toda superfície da Terra.

> OBS: O estudo será abordado no tópico GUERRA NUCLEAR.



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   CONFLITO ÍNDIA-PAQUISTÃO

          As origens da rivalidade Indo-Paquistanesa pode historicamente ser traçada de volta ao processo de retirada colonial Britânica do subcontinente Sul-Asiático em 1947. Os Britânicos escolheram particionar o subcontinente com base em referências demográficas: áreas do Império Britânico Indiano com maioria muçulmana vieram constituir o Paquistão, o restante a Índia. Além dessas áreas que já estavam sob proteção da Coroa Britânica, haviam ainda cerca de 500 "estados nobres" para serem partilhados. Então, Lorde Moutbatten, o último representativo da Coroa, decretou que esses estados deveriam ir ou para a Índia ou para o Paquistão de acordo com a continuidade geográfica e a demografia. No entanto, um desses estados mostrou-se mais do que problemático: Jammu e Kashmir (também conhecido como Jammu/Jamu e Caxemira, ou simplesmente Kashmir).




          A região englobada por Kashmir compartilhava fronteira com a Índia e com o Paquistão, tinha uma população de maioria Muçulmana, e um monarca Hindu. A disputa entre as duas nações sobre esses dois territórios rapidamente se escalou, mas não por causa de motivos estratégicos ou de importância geopolítica. O motivo foi baseado no nacionalismo e no conceito de construção estatal no Sul Asiático. A Índia é comprometida ao nacionalismo secular, e, portanto, quer incluir Kashmir em seu território, mesmo dominado pelo Islã, para demonstrar seu secularismo. A Índia argumenta que se uma área de maioria Muçulmana puder florescer sob os limites de uma nação dominada por Hindus, o comprometimento com o secularismo estaria estabelecido sem sombra de dúvidas. Já para o Paquistão, é também importante integrar Kashmir aos seus domínios, para fortalecer a ideia do país como uma casa para os Muçulmanos no Sul Asiático. Ambos os líderes de ambos os países defendem ferrenhamente que suas nações estão incompletas sem a inclusão de Kashmir.

            Após a independência oficial entre Paquistão e Índia em relação aos Britânicos, em 15 de agosto de 1947, o primeiro episódio violento deflagrado pela acirrada disputa territorial ocorreu em outubro do mesmo ano, quando os Paquistaneses realizaram uma operação militar para cercar a força o estado de Kashmir. As forças Indianas conseguiram parar o avanço militar do Paquistão, mas não antes dos Paquistaneses terem conseguido cercar com sucesso cerca de um terço do território de Kashmir. O Conselho de Segurança das Nações Unidas impôs, então, um cessar-fogo que entrou em efetivo no dia 1 de janeiro de 1949. Esse primeiro confronto militar envolveu contínuo e pesado combate, forças armadas organizadas, e um número estimado de 1,5 mil mortes no lado Indiano e 6 mil mortes no lado Paquistanês, marcando a primeira Guerra Indo-Paquistanesa.

            A segunda guerra veio em 1965, fomentada pela sólida aliança militar entre Paquistão e EUA estabelecida desde 1954 (o apoio Norte-Americano à Índia também existia, mas limitado desde que o governo Indiano tinha também se aliado à União Soviética na década de 1960). As autoridades Paquistanesas, encorajadas pelo apoio Norte-Americano, resolveram colocar em prática a Operação Gilbratar antes que a força militar da Índia voltasse a se recuperar da Guerra Sino-Indiana de 1962 (perdida para a China) ou mesmo otimizar seu poderio bélico. A operação - visando conquistar de vez o território de Kashmir - acabou sendo um fracasso, especialmente ao subestimar a força militar superior da Índia (a qual recebia ainda suporte dos Britânicos, Soviéticos e também dos EUA em menor proporção). O cessar-fogo veio em setembro de 1965 e a União Soviética se tornou um terceiro mediador nas negociações de retirada de tropas de Kashmir, finalizadas em janeiro de 1966.




          A terceira guerra, em 1971, levou à quebra do território Paquistanês e a criação de um novo país: Bangladesh. Em 1970, o Paquistão atravessava um momento de grande turbulência política e uma crescente insurgência no Leste do país sob liderança do partido regional Liga Awami. Para conter a crise interna, o exército lançou uma campanha de disseminada repressão no Leste Paquistanês, culminando na morte de várias centenas de milhares de civis e gerando cerca de 10 milhões de refugiados que procuraram abrigo na Índia. Já com um explosivo número populacional antes da crise migratória, o governo da Índia resolveu forçar a cisão do Paquistão para assegurar um território que comportasse os refugiados. A adoção dessa estratégia levou a uma nova guerra com o Paquistão em Dezembro de 1971. As forças Paquistanesas acabaram derrotadas e um acordo pós-guerra foi alcançado em Simla, em 1972. Sob os termos do acordo, ambos os lados se comprometeram a não usar força para resolver a disputa sobre Kashmir.




          Porém, em 1999 (maio a julho) tivemos um quarto conflito armado de menores proporções, conhecido como Guerra de Cargil, e com interferência direta dos EUA para o estabelecimento de um cessar-fogo. Seu principal palco foi o distrito de Cargil, em Kashmir, após a infiltração de soldados Paquistaneses em posições de fronteira do lado Indiano (especificamente, na Linha de Controle). Com mais uma vitória da Índia, esta recuperou a posse de Cargil. Aliás, a Guerra de Cargil marcou o primeiro conflito direto entre duas potências nucleares (nessa época, ambos os países já tinham realizado com sucesso testes com armas nucleares).




          Apesar de esforços internacionais e bilaterais terem sido promovidos ao longo de todo esse percurso de rivalidade, guerras e violência, quatro principais fatores previnem a efetividade de acordos definitivos de paz:

1. Ações de atores violentos não-estatais que são alimentados com a persistência do conflito. Nesse caso, entramos com os frequentes ataques terroristas contra alvos Indianos, que acabam reacendendo constantemente o estado máximo de tensão.

2. Atitudes públicas na Índia que se opõem ao estabelecimento de um acordo conciliatório sobre a questão Kashmir. A questão do secularismo acabou enraizando-se profundamente na cultura Indiana, em particular entrelaçada com o território disputado. Nesse sentido, políticos e sociedades civis na Índia inflamam discursos ideológicos sustentados pela cultura secular. A pressão popular pró-confronto é fomentada ainda mais após ataques terroristas.

3. Desconfiança entre as lideranças políticas e militares no Paquistão. Desde sua fundação, o Paquistão enfrentou quatro golpes militares, estes os quais são impulsionados principalmente pela sede de guerra contra a Índia e pela oposição aos políticos que querem resolver o conflito via diálogo. Isso cria uma tensão entre os líderes civis e militares no país que não ajuda em nada na resolução da disputa territorial.

4. A mudança ideológica da resistência Kashmiri. A população nativa da região de Kashmir (os Kashmiri) - a qual também é marcada por movimentos separatistas - tem, desde 2008, apoiado cada vez mais o movimento Islâmico, o que eleva a percepção de um cenário de ameaça por parte dos Indianos.

          De fato, após as três guerras e início dos testes nucleares em 1998 pelo Paquistão (a Índia tinha feito o primeiro teste em 1974 e o segundo apenas duas semanas antes dos testes Paquistaneses), os ataques terroristas se tornaram a maior fonte de desestabilização das relações bilaterais. Em 2001-2002, por exemplo, um ataque terrorista ao Parlamento Indiano por elementos de duas organizações terroristas baseadas no Paquistão levaram à maior mobilização militar desde a Segunda Guerra Mundial, com mais de 500 mil tropas Indianas sendo movimentadas na primeira fase de resposta. Após várias negociações e discussões, eventualmente as tropas foram desmobilizadas, em meio ao temor de uma escalação do conflito que poderia trazer para o palco a opção nuclear.

          O último grande notável incidente ocorreu em setembro de 2016, quando terroristas associados com Jaish-e-Mohammed atacaram uma base do Exército Indiano em Uri, no estado de Jammu e Kashmir. Isso levou a Índia a retaliar com ataques cirúrgicos contra locais dominados por terroristas ao longo da Linha de Controle do Paquistão.

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   GUERRA NUCLEAR

          Os EUA e a União Soviética respondem por cerca de 93% das 13,9 mil armas nucleares estimadas hoje no mundo, baseadas em fissão e/ou fusão nuclear (1). Sete outras nações com armas nucleares declaradas não são ligadas por acordos que as obrigam a divulgar informações como o número de ogivas nucleares e de lançadores estratégicos, mas no total elas devem acumular cerca de 1200 armas nucleares. Este ano, as forças nucleares da Índia e do Paquistão devem conter de 140 a 150 ogivas nucleares, o Reino Unido cerca de 215, França ~300, China ~270 e Israel ~80.

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(1) Leitura recomendada e complementar: O que é uma Bomba de Hidrogênio?

          Desde os primeiros testes nucleares na segunda metade do século XX, a Índia e o Paquistão vêm expandindo rapidamente seus arsenais nucleares, ao contrário da maior parte das potências nucleares que estão mantendo relativamente constantes o número de armas nucleares. É estimado que ambos os países acumulem até 2025 cerca de 400-500 armas nucleares, com capacidade de liberação energética de 12-45 quilotons (kt) até algumas centenas de quilotons cada ogiva (a bomba atômica lançada em Hiroshima, em 1945, tinha 15 kt).

          O Paquistão possui aeronaves de capacidade nuclear (F-16A/B e Mirage III/V) com alcance de até 2100 km, 8 tipos de mísseis balísticos terrestres com possível alcance de até 2750 km, e dois tipos de mísseis cruzadores (que podem fazer manobras no ar) com alcance de até 350 km. Todo o território da Índia pode ser alcançado pelos sistemas de entrega de maior alcance. Considerando que a Índia possui cerca de 400 cidades com mais de 100 mil pessoas, o Paquistão poderia potencialmente atacar mais de um terço de todas as cidades Indianas de moderado e de grande porte com seu atual arsenal e mais de dois terços até 2025. Existem cerca de 9 localidades terrestres no Paquistão com armas nucleares armazenadas, e já exitem esforços para a construção de bases nucleares marítimas. O Paquistão também tem produzido armas nucleares táticas - atualmente um total estimado de 24 - com poder energético de 5 a 12 kt, objetivando conter a vantagem de armas convencionais associadas com um exército Indiano invasor.




          A Índia também possui aeronaves com capacidade nuclear, incluindo o Mirage 2000H e o Jaguar IS/IB, com alcance de até 1850 km. O país possui quatro tipos de bases terrestres para o lançamento de mísseis balísticos que têm sido empregados com alcance de até 3200 km e dois outros que estão sob desenvolvimento com alcance de até 5200 km. O espectro de alcance desses mísseis permite que a Índia lance mísseis nucleares em todo o território do Paquistão e também da China (nesse último caso quando os novos mísseis em desenvolvimento sejam empregados). A Índia também possui navios com capacidade de lançar mísseis balísticos e dois submarinos com a mesma capacidade nuclear. Considerando que o Paquistão possui cerca de 60 cidades com mais de 100 mil pessoas, a Índia poderia potencialmente atacar cada uma das grandes e moderadas cidades Paquistanesas com duas ogivas nucleares usando seus atual arsenal e quatro ogivas se o seu arsenal crescer para 250 armas nucleares até 2025. Atualmente a Índia possui cerca de 130-140 ogivas nucleares, com boa parte delas possuindo um potencial energético em torno de 200 kt.




          Apesar do Índia não precisar de tantas armas nucleares de alto poder destrutivo para atacar o Paquistão, o país também está preocupado com a China, a qual também possui interesse em Kashmir. A China, também uma potência nuclear, possui cerca de 360 cidades com mais de 100 mil habitantes e o maior exército terrestre do mundo, portanto é possível que a Índia esteja acumulando arsenal nuclear para um possível confronto direto com os Chineses.

           Considerando esse preocupante cenário e rivalidade histórica, um estudo publicado recentemente na Science Advances (Ref.6) procurou simular e estimar os danos regionais e globais no caso de um conflito Indo-Paquistanês escalar para uma catástrofe nuclear.

          Segundo os autores responsáveis pelo estudo, nem o Paquistão nem a Índia são prováveis de iniciarem um conflito nuclear sem substancial provocação. Índia já declarou uma política de não-uso prioritário de armas nucleares, exceto em resposta a um ataque com armas químicas ou biológicas. O Paquistão, por sua vez, declarou que somente usaria armas nucleares se as forças armadas não conseguissem parar uma invasão via meios convencionais ou no caso de serem atacados por uma arma nuclear. No entanto, os dois países, como já explorado, entraram em violento choque em 4 guerras convencionais (1947, 1965, 1971 e 1999) e, portanto, a possibilidade de mais um conflito armado se escalar para uma tragédia nuclear é de justificada preocupação. Três plausíveis situações poderiam engatilhar uma guerra nuclear entre os dois países:

1. Se o Paquistão perceber que as forças convencionais da Índia se tornaram muito mais poderosas do que o país possa suportar, isso poderia levar o Paquistão a atacar com armas nucleares primeiro para prevenir uma perigosa invasão.

2. Um grande ataque terrorista ou de outro país pode levar ao caos, medo e a uma perda de controle em relação ao comando e às estruturas, levando ao acionamento confuso de armas nucleares.

3. Índia ou Paquistão podem confundir um ataque via forças convencionais - ou mesmo um exercício militar - com um ataque via forças nucleares. 

          Levando em conta a taxa de falha das armas nucleares empregadas por ambos os países (15-20%), densidade populacional e características estruturais dos alvos (áreas urbanas de habitação, áreas industriais, etc.), tamanho dos exércitos (a Índia possui uma das maiores tropas do mundo, composta por ~1,4 milhões de militares ativos, e o Paquistão possui em torno de metade desse número), histórico de conflitos armados Indo-Paquistaneses e armas nucleares estratégicas com poder energético de 15, 50 e 100 kt, os pesquisadores simularam o seguinte cenário para o ano de 2025:

- Espoleta: Um ataque terrorista partindo do Paquistão atinge o Parlamento Indiano, de forma similar ao que ocorreu em 2001, mas com massivas mortes entre os membros do governo.

- Retaliação: Com o governo Indiano sofrendo um severo dano, o exército da Índia imediatamente leva um número de carros de combate (popularmente "tanques de guerra") para a fronteira e atravessa para dentro do território Paquistanês e também a Linha de Controle na região de Kashmir. No dia 1 da investida nuclear, o Paquistão usa 10 bombas atômicas táticas de 5 kt dentro das suas próprias fronteiras - e com poucas detonações aéreas (explosão de uma bomba acima do solo) - contra os carros de combate Indianos.

- Desenvolvimento: O conflito continua no dia 2 quando o Paquistão usa outras 15 armas táticas de 5 kt sobre o campo de batalha, e já a Índia detona duas ogivas nucleares em espaço aéreo sobre a guarnição militar Paquistanesa em Bahawalpur e emprega outras 18 armas para atacar as bases aéreas e instalações de armazenamento nuclear do Paquistão, parcialmente degradando as capacidades retaliatórias do inimigo. Todavia, no dia 3, o Paquistão responde com uma saraivada de mísseis balísticos e cruzadores nucleares sobre guarnições militares, locais de armazenamento bélico, bases navais e bases aéreas em 30 localidades de cidades Indianas (30 detonações aéreas de 15 a 100 kt cada), além de outras 15 explosões táticas de 5 kt. No mesmo dia, a Índia também usa 10 armas estratégicas contra as bases militares Paquistanesas.

- Escalação: Por causa do pânico, raiva, falhas de comunicação, e protocolos, uma massiva escalação do conflito nuclear não pode mais ser freada. Nos dias 4 a 7, cidades na Índia são atingidas com 120 armas estratégicas, e aquelas no Paquistão são atingidas com 70 detonações aéreas de 15 a 100 kt cada. No total, as áreas urbanas no Paquistão são atingidas com 100 armas nucleares usando detonações aéreas, e as áreas urbanas da Índia são atingidas com 150 armas nucleares via detonações aéreas. Somando-se a isso, o Paquistão teria usado 40 armas nucleares táticas e 20 armas estratégicas com sucesso sobre alvos fora de áreas urbanas, e onde a Índia teria usado 25 armas estratégicas com sucesso em alvos não-urbanos.

          Na próxima etapa do estudo, os pesquisadores usaram dados da Segunda Guerra Mundial, especialmente das duas detonações nucleares no Japão (Hiroshima e Nagasaki), dados de massivos eventos naturais de grandes proporções, projeções demográficas da Índia e do Paquistão e de geração de partículas e fumaça em meio aos incêndios e tempestades de fogo causados pelas explosões nucleares, e modelos climáticos para simular os resultados da guerra nuclear.

          As análises encontraram que se a Índia usar 100 armas estratégicas para atacar centros urbanos e o Paquistão usar 150, de 50 a 125 milhões de pessoas morreriam nos 7 dias considerados e os massivos incêndios gerados liberariam de 16 a 36 Tg (1 Tg = 1 Mt = 1012 g) de partículas carbonizadas pretas junto à fumaça, dependendo do poderio energético das armas utilizadas. A fumaça ascenderia até a alta troposfera (9-13 km), atingiria eventualmente a estratosfera (após 30-35% de remoção pelas chuvas) e se espalharia globalmente dentro de semanas. A incidência de luz solar na superfície terrestre declinaria em 20% a 35%, esfriando a superfície global em 2°C a 5°C e reduzindo a precipitação em 15% a 30% com grandes impactos regionais e graves desequilíbrios nos sistemas naturais e antropogênicos. A recuperação levaria mais de 10 anos. A produtividade primária ao redor do mundo declinaria de 15% a 30% em terra firme e de 5% a 15% nos oceanos, levando a potenciais crises em massa de fome e inúmeras mortes colaterais ao redor do mundo.

          E essas estimativas de catástrofe nuclear não levam em conta o provável envolvimento da China, o que amplificaria enormemente o nível de destruição. À medida que a China expande sua presença no Paquistão como parte do Corredor Econômico China-Paquistão, este o qual é um elemento do amplo projeto Chinês conhecido como "Iniciativa Cinturão e Estrada", as chances de uma interferência militar direta da China - outra potência nuclear - aumentam substancialmente.

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   CONCLUSÃO

          A Índia e o Paquistão podem estar repetindo o mesmo erro visto durante a Guerra Fria, quando os EUA e a extinta União Soviética iniciaram uma robusta corrida armamentista para ampliar o máximo possível seus arsenais nucleares, colocando o mundo inteiro sob tensão. A proximidade territorial entre esses dois países Sul-Asiáticos e a natureza da rivalidade associada podem impor riscos muito maiores de um confronto direto com emprego de armas nucleares em um futuro próximo. Em questão de alguns dias mais de 100 milhões podem morrer e o sistema terrestre pode entrar em colapso climático, ameaçando ecossistemas e populações ao redor de todo o mundo. A preocupação internacional precisa ser intensificada para essa grave instabilidade geopolítica, especialmente quando seus dois protagonistas entraram em confronto direto há menos de duas décadas mesmo ambos já carregando armas nucleares.



REFERÊNCIAS CIENTÍFICAS
  1. Slobodchikoff, M. O., & Tandon, A. (2019). Building Trust: Cooperation between Rivals India and Pakistan. The Round Table, 1–13.
  2. https://history.state.gov/milestones/1961-1968/india-pakistan-war  
  3. http://pu.edu.pk/images/journal/csas/PDF/4%20Mis%20Musarat%20Javaid_30_1.pdf
  4. Ganguly, S., Smetana, M., Abdullah, S., & Karmazin, A. (2018). India, Pakistan, and the Kashmir dispute: unpacking the dynamics of a South Asian frozen conflict. Asia Europe Journal
  5. https://digitalshowcase.lynchburg.edu/studentshowcase/2019/presentations/19/
  6. https://advances.sciencemag.org/content/5/10/eaay5478