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Vegetarianos e o mundo: a briga continua...



          Mais uma vez, venho aqui para deixar algo claro. Existem dois questionamentos, científicos, quando analisamos o consumo de carnes, laticínios e ovos: o ambiental e o nutricional.

         Relatórios de entidades ambientais e de desenvolvimento humano mostram que se o padrão de consumo alimentar continuar o mesmo, daqui a algumas dezenas de anos o mundo irá passará por uma forte crise de fome, com a população indo para insustentáveis 9,1 bilhões de pessoas em 2050, por exemplo. Um dos pontos principais de discussão é a criação de animais para o consumo humano, a qual demanda muitos recursos ( vegetais e água) que poderiam estar sendo usados para alimentar a nossa população de forma mais sustentável. Por isso, a produção e consumo de carnes ( e afins) precisaria diminuir, especialmente entre a população ocidental.

           Não é novidade que, em média, a alimentação do povo é bem pobre nutricionalmente no mundo inteiro, tanto por causa das desigualdades sociais quanto por causa do descaso alimentar das pessoas. Se tirarmos completamente as carnes e outros derivados animais, aí, sim, teremos uma crise, não de fome, mas nutricional. Os alimentos vegetais são nutritivos, mas sofrem deficiência em muitos nutrientes fartos na dieta ´animal´, principalmente de proteínas. Sim, é possível, com muito planejamento, produzir uma dieta vegetariana nutricionalmente completa. Mas, no mundo prático, as pessoas, de modo geral, não conseguem colocar esses planejamentos em prática. Todo o nosso corpo, por exemplo, depende de aminoácidos ( unidades constituintes das proteínas) para formar de tudo, desde enzimas até organelas celulares, por intermédio do DNA/RNA. Dos 20 aminoácidos, 11 conseguimos metabolizar de forma independente, mas 9 deles precisam vir da alimentação ( essenciais). E as fontes animais possuem grande quantidade de proteínas que cobrem todo o espectro de aminoácidos, além destes terem alto valor biológico ( são assimilados pelo corpo de forma fácil). Isso sem contar nutrientes como cálcio e vitamina B12, também abundantes nas carnes, ovos e laticínios. Como sempre, o problema é sempre ver algo isolado, sem dar atenção a todo o quadro.

          Ao contrário do que pregam muitos sites de apoio aos animais e veganos extremistas, não podemos cortar, totalmente, as fontes animais da dieta, ou estaremos condenando a atual população humana. Primeiro, é preciso investir em educação alimentar, e mostrar, desde a escola, como as pessoas devem comer, sabendo montar, por exemplo, uma boa dieta equilibrada. O certo seria REDUZIR bastante o consumo de carnes, e aumentar moderadamente o consumo de laticínios e ovos. Na redução do consumo de carnes, poderíamos aumentar um pouco o consumo de animais marinhos, como os peixes, de forma sustentável. Aí, sim, para complementar a dieta, aumentaríamos o consumo de produtos vegetais ( legumes, verduras, frutas), dando ênfase para alimentos ricos em proteínas, como a soja. Se proibíssemos completamente os alimentos de origem animal, não apenas pioraríamos a saúde do ´povão´, como também geraríamos revoltas e aumento explosivo nos mercados ilegais de venda de carnes, os quais não seriam alvos de fiscalização séria e acumulariam ainda mais problemas para a saúde. E, aí sim, os defensores dos animais iriam chorar de verdade, porque os animais nesse esquema não receberiam um pingo de humanidade no tratamento.

Não adianta espernear, porque a alimentação ideal para a população continua sendo uma balanceada, incluindo todos os tipos alimentares disponíveis e bem distribuídos

          Seguindo todos esses conselhos, haveria uma diminuição exponencial no desmatamento, no desperdício de água e na poluição ambiental, tudo isso consequência da diminuição do gado e outras criações de animais. E, assim, também protegeríamos a saúde do povo.  Outra medida bacana seria o barateamento dos suplementos alimentares nesse novo mundo ´vegetariano´, algo que poderia fazer o consumo de carnes diminuir ainda mais sem afetar a qualidade de vida da população. Nesse caso, boas medidas de educação para o uso dos suplementos tinham que ser colocadas em prática também, lembrando sempre a população que os suplementos são apenas para suplementar. E, de novo, a farinha de soja precisaria ser melhor difundida e incrementada na dieta. Ela é uma fonte vegetal riquíssima em proteínas, o que compensa muito o baixo valor biológico desse nutriente nas plantas. Infelizmente, hoje, ela é tratada com preconceito pelas pessoas, sem quase nenhum fundamento científico. A população asiática utiliza muito a soja na alimentação.

           Outro ponto extremamente importante seria um melhor controle sobre os agrotóxicos utilizados nas plantações. Nesse futuro onde os vegetais seriam os manda-chuvas da parada, o uso abusivo de venenos para fomentar ainda mais a produção das plantações poderia ser um fator de risco terrível para a população. Recentemente, por exemplo, descobriu-se esquemas enormes de fraude nos produtos "orgânicos" aqui no Brasil, os quais, em muitos casos, não passam de alimentos vindos de plantações normais, cheios de agrotóxicos. Imagina o que eles não fazem dentro das plantações onde os agrotóxicos são permitidos.

          E, agora, vamos para a parte que ninguém quer discutir: insetos! Sim, eles não são vegetais, mas comer insetos não causaria os grandes danos ambientais das carnes tradicionais por serem fáceis de criar, alimentar e proliferar, além de já serem muito abundantes no mundo inteiro. Com a ajuda dos nossos pequenos amiguinhos, poderíamos diminuir ainda mais o consumo de carnes de mamíferos de grande porte, substituindo elas pela carne desses invertebrados. Claro, porque o que não falta são insetos! Na Ásia, eles são parte comum do cardápio de milhões e milhões de pessoas. Grilos, gafanhotos, baratas, larvas...Todos muito nutritivos, abundantes ( pragas em vários lugares) e de rápida proliferação. Junto com eles, poderíamos ir ainda mais longe no horror ocidental, e incluir no prato uma deliciosa carne de rato! Pragas urbanas, de proliferação explosiva e muito nutritivos! Se o Ocidente conseguisse superar seus traumas infundados, os problemas relativos à alimentação do povo seriam, em grande parte, resolvidos.

Os vegetarianos e veganos não querem salvar o planeta? Comer insetos é uma excelente opção para isso!

          Por isso é bom analisar a situação como um todo. Sair por aí mandando todo mundo cortar o consumo de alimentos derivados de animais não é algo nada responsável. Se você quer virar vegetariano, tente incluir, pelo menos, ovos e laticínios ( leite e queijo, por exemplo) em boas quantidades na dieta. Se você é mais extremo, e só come alimentos de origem vegetal, planeje muito bem sua dieta, investindo, se necessário, em suplementos alimentares. Seu corpo não vive de mágica. Não adianta apenas culpar o povo que come carne, é preciso planejar bem novas alternativas de alimentação e ser realista.

Artigo complementar: Ser vegetariano é o certo?

Artigo complementar: A fraude dos orgânicos