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Quais são os fatores de risco para a Gota?



           A Gota é uma doença cercada de mitos alimentares, os quais são criados, principalmente, pelos defensores da dieta vegetariana. Fica parecendo que a alimentação é o fator determinante dessa doença, mas a verdade é bem outra.

Na foto à esquerda, temos um quadro inicial de inflamação causada pela Gota; já nas fotos à direita, a doença já está em estágios bem avançados, onde as articulações afetadas se encontram gravemente comprometidas

                 Basicamente, a Gota é uma doença caracterizada por fortes dores repentinas, aquecimentos, vermelhidões e eventuais inchaços nas articulações do corpo. Apesar de poder atacar quaisquer articulações no organismo, em cerca de metade dos casos o dedão do pé é o primeiro a ser afetado. Os sintomas vêm e vão, e são mais comuns à noite. A causa desses sintomas é o aumento da concentração de ácido úrico na circulação sanguínea, tanto devido a uma superprodução dessa substância pelo corpo quanto por uma falta de eficiência dos rins em eliminá-la. O ácido úrico em excesso se acumula nas articulações na forma cristais de urato, desencadeando os sintomas listados. Caso não tratada, diversas complicações podem surgir, incluindo dificuldade progressiva de movimentação das articulações e promoção facilitada de inflamações diversas. Além disso, cerca de 20% das pessoas afligidas por essa doença também acabam desenvolvendo pedras nos rins.

            Os fatores de risco mais relevantes para o desenvolvimento da Gota são:

1. As causas genéticas contam por grande parte dos casos de Gota, onde certos genes estão relacionados com o controle dos níveis de produção do ácido úrico. Se na sua família existem casos próximos dessa doença, são bem maiores as chances de você também desenvolvê-la;

2. Medicamentos, especialmente os diuréticos, são um fator a mais para o acúmulo de ácido úrico no sangue. Use-os sob acompanhamento médico para minimizar os riscos;

3. Problemas de saúde como a obesidade, insulina e hipertensão são outros importantes fatores para o surgimento da Gota;

4. Idade e sexo também são um importante indicador, onde os homens entre os 30 e 50 anos são os mais suscetíveis a desenvolverem a doença. As mulheres são mais afetadas após a menopausa;

5. O consumo alcoólico está fortemente associado ao problema, principalmente a ingestão de cerveja, seguido, em grau de relevância, do vinho;

6. Por último, temos a alimentação, onde um EXCESSO no consumo de carnes, bebidas ricas em frutose ( adoçadas com xaropes, por exemplo) e frutos do mar estão relacionados com um maior índice de casos. Entre as carnes, as de porco e frango são menos relevantes;

              A dieta consumida afeta pouco a determinação do surgimento da Gota caso seja um fator a ser considerado isoladamente. Se você tem uma tendência genética e/ou possui os outros problemas listados acima, aí sim é necessário ter um supervisão maior no que você está comendo. Outro mito é pensar que o consumo alto de proteínas causa Gota. As purinas ( uma classe de moléculas orgânicas nitrogenadas, base para a formação do ácido úrico, este o qual é uma purina oxidada) presentes nos alimentos é que estão relacionadas. Mas antes de ter a doença, não existe relação quase nenhuma entre as purinas contidas em determinadas carnes, e alguns poucos vegetais, e o desenvolvimento da doença. Já nos pacientes com Gota, as purinas encontradas nos alimentos, em geral, devem ser limitadas. E é bom lembrar que nem todos os tipos dessas moléculas levam a um aumento de ácido úrico e que o consumo das mesmas só deve ser realmente controlado em pacientes com Gota.

Os tipos mais comuns de purinas, incluindo as bases nitrogenadas do nosso DNA (1, 2, 3 e 4), a molécula da cafeína (7) e o próprio ácido úrico (8); esses alcaloides estão presentes em grande quantidade em determinadas carnes, como a bovina, mas não estão associadas com o desenvolvimento de Gota em humanos

             Apesar de muitos culparem o leite e seus derivados pela Gota ( os vegetarianos alienados, claro), o consumo de laticínios diminui os riscos de desenvolvimento da doença! Junto com eles vêm o consumo de alimentos ricos em vitamina C, café e boa hidratação como fatores de prevenção. Como sempre, temos que nos preocuparmos apenas com os excessos.

Apesar do consenso científico concordar que a ingestão de laticínios diminui os riscos do desenvolvimento da gota, ainda não se sabe muito bem os mecanismos por trás dessa proteção; o mesmo vale para o café e a vitamina C

             Limitar o consumo de bebidas alcoólicas, controlar a hipertensão, prevenir a diabetes e evitar a obesidade são fatores muito mais prioritários para afastar os maiores riscos de desenvolver a Gota. Cortar peixes e carnes não faz sentido nenhum, e pode prejudicar o seu corpo de outras maneiras dependendo da sua dieta. E é válido lembrar que a Gota possui tratamento, e este precisa ser feito o mais cedo possível para evitar complicações desnecessárias.

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REFERÊNCIAS CIENTÍFICAS
  1. http://www.termedia.pl/f/a/70_db4a79466ab8a5e62804b0daf9455b98.pdf
  2. https://books.google.com.br/books?hl=pt-BR&lr=&id=75_IAwAAQBAJ&oi=fnd&pg=PA351&dq=gout+meat&ots=x4kZe1U4Y7&sig=uyZA9Y9QYAlRifKYFugytzPjXrk#v=onepage&q=gout%20meat&f=false
  3. http://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1111/1756-185X.12010/abstract?userIsAuthenticated=false&deniedAccessCustomisedMessage=
  4.  http://www.nejm.org/doi/full/10.1056/NEJMoa035700
  5. http://www.ackdjournal.org/article/S1548-5595%2812%2900148-6/abstract
  6. https://books.google.com.br/books?hl=pt-BR&lr=&id=CJfxCQAAQBAJ&oi=fnd&pg=PA237&dq=gout+meat&ots=cSHCLX7kwp&sig=ZyaGUPahtHEnEgfvFTnx4qAUUtI#v=onepage&q=gout%20meat&f=false
  7. http://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1002/art.39115/abstract?userIsAuthenticated=false&deniedAccessCustomisedMessage=
  8. http://www.jrheum.org/content/35/9/1859.short
  9. https://www.researchgate.net/publication/273831831_Meat_consumption_and_gout_Friend_foe_or_neither
  10. http://www.reumatologia.com.br/PDFs/gota.pdf
  11. http://www.mayoclinic.org/diseases-conditions/gout/basics/risk-factors/con-20019400
  12. http://www.thelancet.com/journals/lancet/article/PIIS0140-6736%2809%2960883-7/abstract
  13. http://www.nature.com/nrrheum/journal/v8/n10/full/nrrheum.2012.144.html
  14. http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S1297319X10000916 
  15. https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/20544070