Artigos Recentes

Proteína da soja é prejudicial à musculação e ao corpo masculino?


- Atualizado no dia 18 de dezembro de 2023 -

Compartilhe o artigo:



         Além de conter todos os aminoácidos essenciais de que nosso corpo precisa, e possuir ótimo valor biológico (os nutrientes são absorvidos e assimilados facilmente pelo corpo), a proteína de soja é super barata. A farinha ou extrato de soja, possuindo também diversas vitaminas, proteínas e lipídios benéficos, pode ser encontrada em diversos mercados a preços muito baixos. Para os praticantes de musculação, principalmente aqueles que possuem condição financeira limitada, a proteína da soja - isolada, concentrada ou farinha - é uma excelente opção de suplementação, e encontrada em muitos suplementos proteicos de menor preço (geralmente uma mistura de proteína de soja com Whey Protein). 

- Continua após o anúncio -




            Porém, ainda persistem mitos e desinformações relativos a alegados prejuízos da soja em relação aos níveis de testosterona no corpo masculino e de efeitos de feminização, como a ginecomastia. Os supostos culpados seriam as isoflavonas presentes na soja, substâncias estas que são razoavelmente semelhantes estruturalmente aos estrógenos, uma classe dos principais hormônios sexuais femininos. As isoflavonas são capazes em limitada extensão de se ligarem com ambos receptores estrogênicos no corpo (ERα e ERβ), apesar de uma notável maior preferência pelo ERβ - enquanto os reais estrógenos possuem igual afinidade pelos dois. Por essa razão, as isoflavonas, apesar de comumente classificadas como fitoestrógenos, são também classificadas como moduladores seletivos do receptor de estrógeno (SERMs).

          Nesse caminho, é preciso ficar claro que indivíduos do sexo masculino não possuem receptores específicos para fitoestrógenos como acontece com os verdadeiros estrógenos, como o estradiol, fazendo com que as isoflavonas tenham um efeito estrogênico centenas de vezes mais reduzido. Ou seja, essas substâncias passarão quase despercebidas pelo sistema em equilíbrio da testosterona-estrógeno do homem (adulto) mesmo com um consumo relativamente grande de soja, e mais notavelmente quando considera-se os suplementos proteicos isolados ou concentrados a base de soja. 

            De fato, diversos estudos (!) têm mostrado que, tanto as isoflavonas quanto a soja em si - em uma ampla faixa quantitativa de consumo -, não alteram perceptivelmente a biodisponibilidade e concentração total de testosterona nos homens, a contagem/mobilidade dos espermatozoides, o volume ejaculatório ou qualquer outro tipo de alteração testicular (Ref.15-21). E dizer que as isoflavonas da soja causam ginecomastia é uma alegação sem qualquer fundamento científico. Não existe maior produção de estrógenos circulantes no corpo masculino decorrente da ingestão regular de soja. 

          Em um robusto e recente estudo de meta-análise publicado no periódico Reproductive Toxicology (Ref.48), analisando 38 estudos clínicos relevantes, não encontrou efeitos da exposição de isoflavona ou proteína de soja nos níveis de testosterona total, testosterona livre, estradiol, estrona e globulina ligadora de hormônios sexuais (SHBG), independentemente da dose ou duração de acompanhamento clínico. Em dois extensivos estudos de revisão publicados em 2021 nos periódicos Critical Reviews in Food Science and Nutrition (Ref.49) e Reproductive Toxicology (Ref.52), os autores concluíram que as isoflavonas não deveriam ser consideradas disruptores endócrinos em humanos. Os resultados das revisões não suportaram efeitos adversos das isoflavonas (≤100mg/dia) na função tireoide em ambos os sexos, níveis de estrógenos em mulheres, e níveis de estrógenos ou testosterona, parâmetros no sêmen ou espermatozoide em homens. Mesmo consumo muito alto de isoflavonas (>100mg/dia) a longo prazo não mostrou estar associado com efeitos adversos reportados. Independente dos modelos estatísticos adotados, nenhum efeito feminizante relativo aos níveis de testosterona (total e livre) ou estrógenos (estradiol, estrona) no corpo masculino foram observados com o consumo de proteína de soja ou de isoflavonas.

          Mesmo em um estudo clínico randomizado publicado em 2020 no periódico Nutrition and Cancer (Ref.50) encontrando efeito perceptível do consumo de proteína isolada de soja (associada a 24 mg/dia de genisteína) ao longo de 18 meses no eixo andrógeno de homens com alto risco de câncer de próstata que passaram por prostatectomia radical (retirada cirúrgica da próstata e de alguns tecidos associados) - com observada redução de testosterona livre e de SHBG comparado com placebo (caseína) -, não houve alteração nos níveis de testosterona livre e de estradiol.

          Nesse caminho, se você está consumindo proteína de soja e está enfrentando problema de ginecomastia ou outros sinais de feminização, a soja muito provavelmente não é a culpada. Praticantes de musculação, sob quaisquer regimes proteicos, geralmente desenvolvem ginecomastia por causa de hormônios androgênicos anabólicos sendo aplicados para melhorar o rendimento e anabolismo muscular (as populares 'bombas'). Existe limitada e controversa evidência de que crianças muito novas possam talvez ser mais sensíveis aos fitoestrógenos (Ref.22, 23, 24, 39), mas, em adultos, não existe evidência relevante de efeitos endócrinos adversos ou significativos mesmo com o consumo acima do moderado de soja. É válido também mencionar que estudos mais recentes de revisão  (Ref.37, 49) não encontraram efeitos deletérios do consumo de soja em crianças e adolescentes com base nas atuais e limitadas evidências acumuladas nesse sentido.

              No caso das mulheres, a soja pode até mesmo ter uma significativa valia terapêutica, principalmente depois da menopausa, onde é sugerido que os fitoestrógenos podem ajudar a minimizar os sintomas associados a esse fase, como os calores súbitos, e até mesmo melhorar as funções cognitivas (Ref.36, 58). Além disso, um número de estudos clínicos e de revisão sugerem que os fitoestrógenos podem contribuir para reduzir os níveis de colesterol na corrente sanguínea, para ambos os sexos, melhorar o perfil metabólico em geral, e reduzir os riscos de câncer de próstata no caso dos homens e de câncer de mama nas mulheres (por causa da competição por receptores entre as isoflavonas - especialmente a genisteína - e os estrógenos - como o estradiol -, esses últimos os quais são fortes estimuladores da proliferação de células mamárias, incluindo as cancerígenas) (Ref.53-55). Evidência mais recente também aponta um papel protetor do consumo de soja em relação ao câncer gástrico (Ref.56) E, nos homens, as isoflavonas podem ter papel inclusive oposto às injustas acusações, atuando como inibidores da aromatização de andrógenos (Soluções naturais para a aromatização de andrógenos?). 

-----------
-----------

          No caso específico do papel da soja como promotora de boa saúde cardiovascular, uma meta-análise recente publicada no periódico Journal of the American Heart Association (Ref.40) concluiu que, de fato, o consumo de soja está associado com uma substancial redução no colesterol sanguíneo total e no LDL (transportador deletério de colesterol). Aliás, segundo um estudo realizado por pesquisadores da Universidade de McGill, Canadá, e publicado no periódico  Journal of Food Science Technology (Ref.38), o leite de soja é a melhor opção alternativa de leite baseado em plantas existente hoje no mercado. Eles fizeram uma comparação com os principais leites derivados de plantas consumidos ao redor do mundo: amêndoa, arroz, coco e soja. Os pesquisadores deram um destaque para os benefícios ligados aos fitonutrientes, como as isoflavonas, e os carboidratos, lipídios e proteínas de excelente qualidade. Por fim, um estudo cohort avaliando quase 100 mil pessoas no Japão - com idades de 45 a 74 anos, entre homens e mulheres - encontrou que um maior consumo de produtos fermentados de soja está significativamente associado com um menor risco de mortalidade (Ref.41). Esse último estudo é mais uma evidência se acumulando nos últimos anos sobre os benefícios à saúde do consumo de soja fermentada.

          Corroborando essas evidências científicas, é mais do que válido mencionar que na Ásia, especialmente no Japão, o consumo de soja é muito alto desde a Antiguidade. Se a soja fosse deletéria para a saúde do homem, esse provavelmente não seria o cenário histórico observado, principalmente considerando a oferta de outros grãos nutritivos.

          Aliás, nos homens o consumo de soja - independentemente do conteúdo de isoflavona - parece diminuir substancialmente o hormônio diidrotestosterona (DHT) e a razão DHT/testosterona, sem efeitos significativos em outros hormônios (testosterona, estradiol, etc.) (Ref.43). O DHT não só está associado com calvície como também com o câncer de próstata, com o risco para ambos os problemas podendo ser potencialmente atenuados com o consumo de soja. De fato, estudos de meta-análise comparando populações ocidentais com populações Asiáticas - e o consumo de soja em geral - já encontraram um risco ~30% menor de câncer de próstata para homens consumindo dietas ricas em isoflavonas de soja, especialmente indivíduos homozigóticos para um particular polimorfismo de nucleotídeo único no gene de receptor estrogênico (Ref.44-46, 55). 

           Em porcos, o consumo de soja está associado com uma maior proteção contra infecções virais, um efeito provavelmente mediado pelas isoflavonas (Ref.47). Um robusto estudo prospectivo publicado recentemente no periódico The American Journal of Clinical Nutrition (Ref.57) encontrou que o consumo de fitoestrógenos na população Norte-Americana estava associado com menor risco de mortalidade entre os adultos saudáveis.

- Continua após o anúncio -



             Se você não tem condição de comprar quantidades suficientes de Whey Protein*, a soja pode vir como uma alternativa complementar ou substitutiva de ótimo custo-benefício. A farinha de soja, por exemplo - extremamente barata no Brasil, já que somos o segundo maior produtor do mundo -, possui maior concentração proteica do que qualquer outra fonte animal, além de conter ótimos carboidratos e fibras saudáveis. Aliás, comparado com o consumo de caseína, a proteína de soja parece ser mais efetiva em aumentar o fator anabólico IGF-1, algo possivelmente associado com a up-regulação das isoflavonas na expressão do gene Runx2 (Ref.51). É possível encontrar 1Kg de farinha ou extrato de soja, com mais de 50% do conteúdo proteico, por menos de R$6,00 em mercados centrais. 

          No geral, a soja como suplementação pode ser encontrada em três formas: farinha de soja, proteína concentrada de soja (SPC) e proteína isolada de soja (SPI), com, respectivamente, 50, 65 e 90% de conteúdo proteico. Genisteína, daidzeína e gliciteína, e seus respectivos glicosídeos, compreendem aproximadamente 50, 40 e 10% do conteúdo total de isoflavonas na soja. Grande parte do conteúdo de isoflavonas na soja é perdido na produção de SPI e de SPC - com o grau de perda dependendo do método de manufatura.

           Para finalizar, é importante nunca limitar as fonte proteica. Invista sempre na diversidade. Ovos, carnes, leite, proteína vegetal. Cada um desses alimentos conterá mais ou menos de cada um dos aminoácidos e outros nutrientes essenciais. Isso é válido para a dieta em geral, para macro- e micronutrientes. Combinando a soja com outras fontes proteicas, com foco na moderação, o consumo de isoflavonas estará sempre em níveis seguros. Excesso de qualquer alimento é sempre prejudicial.


             Assista e compartilhe o vídeo sobre o assunto no YouTube (se puder, deixe sua curtida):

            

------------
Aminoácidos essenciais: são aqueles que não podem ser sintetizados pelo nosso organismo, sendo necessário ingeri-los através da alimentação. São nove: fenilalanina, valina, treosina, triptofano, metionina, leucina, isoleucina, lisina e histidina e histidina. Cada fonte proteica terá mais ou menos de cada um deles, sendo, por isso, necessário uma diversificação alimentar na dieta para suprir bem o corpo com quantidades ideais de todos esses aminoácidos.

Valor biológico: é a capacidade de digestão e assimilação dos nutrientes de diversas fontes alimentares. Cada alimento disponibilizará mais facilmente ou menos facilmente certos nutrientes em sua composição devido à fatores bioquímicos diversos. Normalmente, o valor biológico é usado para fazer referência à digestibilidade das proteínas.

*Whey protein, comparado com a soja, contém uma maior quantidade de aminoácidos essenciais por grama e 50% maior quantidade de aminoácidos de cadeia ramificada (BCAAs). Além disso, a proteína de soja é menos digestível do que o Whey protein.

 > Apesar da farinha/proteína texturizada de soja (assim como grande parte dos outros alimentos vegetais) ter proteínas com valor biológico (71-75%) bem menor do que as carnes, ovos, laticínios e suplementos proteicos (todos com valor maior do que 90%), ela é compensada pela grande presença de fibras muito saudáveis, antioxidantes e quantidades enormes de proteína.

> Os estrógenos são pouco absorvíveis pelo trato gastrointestinal, pois são normalmente encontradas na forma glicosilada [ligada à glicose]. Para que exerçam seus efeitos na saúde, elas devem ser metabolizadas pelos microrganismos da microbiota intestinal, formando isoflavonas agliconas [sem glicose] e seus metabólitos secundários bioativos, como o equol, que tem uma estrutura muito parecida com a do estrógeno. Isso pode explicar por que nem todas as mulheres conseguem benefícios com o consumo de extrato de soja e afins para o alívio de sintomas da menopausa: variações individuais no microbioma. Ref.58
------------


(!) REFERÊNCIAS CIENTÍFICAS:
  1. https://dx.doi.org/10.1016%2Fj.fertnstert.2009.04.038
  2. http://nrc.ajums.ac.ir/_nrc/documents/Toxins%20in%20food.pdf (Dabrowski WM (2004). Toxins in Food. CRC Press Inc. p. 95)
  3. http://www.clinsci.org/content/100/6/613 
  4. http://pubs.acs.org/doi/abs/10.1021/jf0009246
  5. http://journals.lww.com/greenjournal/Abstract/2002/03000/Benefits_of_Soy_Isoflavone_Therapeutic_Regimen_on.5.aspx 
  6. http://www.scielo.br/pdf/cta/v26n1/28868.pdf 
  7. http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/16965235
  8. http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/14963058
  9. http://www.tandfonline.com/doi/abs/10.1080/07315724.2013.770648
  10. http://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1111/bju.12435/full
  11. https://www.betterhealth.vic.gov.au/health/healthyliving/soybeans
  12. http://www.fertstert.org/article/S0015-0282%2809%2900966-2/abstract
  13. http://www.tandfonline.com/doi/abs/10.1207/s15327914nc4702_1
  14. http://www.degruyter.com/view/j/jpem.2004.17.2/jpem.2004.17.2.191/jpem.2004.17.2.191.xml
  15. http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0015028210003687
  16. http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0015028209009662
  17. https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC6057888/
  18. http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0015028209035948 
  19. http://www.nature.com/ejcn/journal/v60/n12/abs/1602473a.html 
  20. http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/20378106
  21. http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/19524224
  22. http://pediatrics.aappublications.org/content/121/5/1062.long
  23. http://turkishneurosurgery.org.tr/pdf/JTNEPUB_18549_online.pdf
  24. http://ehp.niehs.nih.gov/wp-content/uploads/advpub/2016/8/EHP428.acco.pdf
  25. http://jn.nutrition.org/content/145/5/871.short
  26. https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/24473985
  27. https://synapse.koreamed.org/DOIx.php?id=10.3345/kjp.2012.55.8.265
  28. http://www.fertstert.org/article/S0015-0282(09)00966-2/abstract
  29. http://www.clinsci.org/content/100/6/613
  30. https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/26565435
  31. http://www.fda.gov/Food/IngredientsPackagingLabeling/GRAS/SCOGS/ucm261441.htm
  32. https://medlineplus.gov/ency/article/007204.htm
  33. https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/17585029
  34. https://medlineplus.gov/ency/article/007204.htm
  35. https://nccih.nih.gov/health/soy
  36. http://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1111/nyas.13459/full
  37. https://academic.oup.com/nutritionreviews/article-abstract/75/7/500/3902926
  38. https://link.springer.com/article/10.1007%2Fs13197-017-2915-y
  39. https://academic.oup.com/jcem/advance-article-abstract/doi/10.1210/jc.2017-02249/4916909
  40. https://www.ahajournals.org/doi/10.1161/JAHA.119.012458
  41. https://www.bmj.com/content/368/bmj.m34.abstract
  42. https://www.bmj.com/content/368/bmj.m247
  43. https://www.karger.com/Article/Abstract/455378
  44. https://academic.oup.com/jn/article/135/3/584/4663709
  45. https://academic.oup.com/ajcn/article/89/4/1155/4596781
  46. https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC4799580/
  47. https://academic.oup.com/jas/article-abstract/98/6/skaa156/5831855
  48. https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0890623820302926
  49. Messsina et al. (2021). Neither soyfoods nor isoflavones warrant classification as endocrine disruptors: a technical review of the observational and clinical data. Critical Reviews in Food Science and Nutrition. https://doi.org/10.1080/10408398.2021.1895054
  50. https://www.tandfonline.com/doi/abs/10.1080/01635581.2020.1870706
  51. https://pubs.rsc.org/en/content/articlehtml/2020/fo/c9fo01081e
  52. Reed et al. (2021). Neither soy nor isoflavone intake affects male reproductive hormones: An expanded and updated meta-analysis of clinical studies. Reproductive Toxicology, Volume 100, Pages 60-67. https://doi.org/10.1016/j.reprotox.2020.12.019
  53. https://iv.iiarjournals.org/content/36/2/556.abstract
  54. https://www.mdpi.com/2076-3921/10/7/1064
  55. https://www.mdpi.com/2076-3921/12/2/368
  56. https://link.springer.com/article/10.1007/s00394-023-03115-x
  57. Sun et al. (2023). Dietary phytoestrogens and total and cause-specific mortality: results from 2 prospective cohort studies. The American Journal of Clinical Nutrition, Volume 117, Issue 1, Pages 130-140. https://doi.org/10.1016/j.ajcnut.2022.10.019
  58. Macedo et al. (2023). Bioaccessibility Evaluation of Soymilk Isoflavones with Biotransformation Processing. Foods 12(18), 3401. https://doi.org/10.3390/foods12183401