Por que algumas pessoas têm esse furinho na orelha?
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Você possui um furinho bem peculiar na região em frente à orelha, como mostrado na imagem acima? Conhece alguém que possua? Chamado de 'seio pré-auricular' essa curiosidade anatômica é um defeito genético relativamente comum e que pode causar preocupações infundadas. Afinal, quais são os riscos associados com essa condição? É necessário um cuidado especial? Como esse estranho buraco é formado?
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SEIO PRÉ-AURICULAR
Geralmente sendo notado durante um exame de rotina de um recém-nascido, o seio pré-auricular normalmente aparece como um pequeno buraco ou cova na pele, e frequentemente apenas em frente à parte superior da orelha onde a cartilagem da borda auricular se encontra com o rosto. Esse traço anatômico pode ocorrer em um lado (unilateral) ou em ambos os lados (bilateral) da orelha. As pessoas afetadas geralmente não possuem qualquer outro sintoma exceto quando se torna infectado.
O seio pré-auricular pode ocorrer esporadicamente durante o desenvolvimento de um embrião ou pode ser herdado de uma forma dominante autossômica com reduzida penetrância. Menos frequentemente, o fenótipo pode ocorrer como efeito colateral de outra condição ou síndrome (um bebê com seio pré-auricular será examinado para outras anormalidades para descartar esses possíveis problemas). Para possíveis infecções - o buraco que se forma facilita o ataque de bactérias -, o tratamento pode incluir antibióticos; pode-se recorrer à via cirúrgica para remover o seio pré-auricular no caso de infecções recorrentes em crianças. A condição pode levar a cistos benignos também.
Essas infecções geralmente são causadas pela bactéria Staphylococcus aureus e menos comumente por patógenos do gênero Streptococcus e Proteus. Quando pus é acumulado, e um abscesso é formado (Fig.2), a falta de um tratamento pode levar a complicações quando a infecção se espalha para estruturas contíguas como a pina, a junta temporomandibular e o canal auditório externo. Alguns seios pré-auriculares podem inclusive causar abcessos crônicos (Fig.1). Isso é pensado de ocorrer da ruptura da parede anterior do seio pré-auricular com vazamento dos detritos escamosos infectados dentro do plano adiposo subcutâneo (Ref.8).
Nesse ponto, é bom reforçar que a maioria dos casos de seio pré-auricular não causam sintomas ou problemas exceto no cenário onde se tornam infectados. Sinais comuns de infecção incluem inchaço, vermelhidão, drenagem de fluídos, e dor. Tipicamente, antibióticos sistêmicos resolvem. Se um abcesso está presente, provavelmente será necessário passar por uma incisão e drenagem.
Existem diferentes opiniões na literatura médica sobre as indicações para a remoção cirúrgica de um seio pré-auricular. Alguns acreditam que mesmo seios assintomáticos deveriam ser removidos. Outros acreditam que a cirurgia é indicada se infecções ou outros complicações apareçam.
PREVALÊNCIA
O seio pré-auricular ocorre com diferentes taxas de prevalência ao redor do mundo. Nos EUA, ela é de 0,1-0,9% da população, na Inglaterra é de 0,9%, em Taiwan é de 1,6-2,5%, entre Asiáticos é de 4-6% e em algumas partes da África é de 4-10%. Na Nigéria, em específico, a prevalência alcança 9,3% em Ilorin, na região norte do país. No geral, a prevalência mundial é em torno de 1-2% da população. Hereditariedade atua parcialmente na distribuição dessas prevalências, mas essa última pode ser esporádica.
DESENVOLVIMENTO
Em termos de desenvolvimento embrionário, a orelha externa emerge a partir de seis eminências sobre as margens mandibulares e da hioide do primeiro sulco externo. Falha dos tubérculos em fusionarem entre si ou falha de alguns desses tubérculos de crescerem normalmente podem produzir uma variedade de má-formações no ouvido externo, como o seio pré-auricular (fechamento incompleto da fissura branquial).
SÍNDROMES ASSOCIADAS
Um seio pré-auricular pode passar despercebido no nascimento. Se o médico ou os pais notam o pequeno furo na orelha, o próximo passo é visitar um otolaringologista, o qual pode realizar uma avaliação apropriada da malformação e de qualquer risco associado. Nesse último caso, temos síndromes que podem estar associadas com o seio pré-auricular, como:
- Lobos auriculares assimétricos e uma língua anormalmente grande em adição aos furos na frente das orelhas podem ser um sinal da síndrome de Beckwith-Wiedemann. Essa síndrome é associada com anormalidades abdominais e cânceres nos rins e no fígado.
- Furos ou covas na lateral do pescoço, buracos e/ou marcas na frente da orelha, perda auditiva, e anormalidades renais podem ser todos um sinal da síndrome de Branchio-Oto-Renal (SBOR). Além de prejuízos auditivos, essa síndrome - expressa a partir de uma mutação no gene EYA1 no cromossomo 8 - pode trazer prejuízos na linguagem, especificamente na velocidade de fala, e talvez na capacidade de aprendizagem.
CONCLUSÃO
Uma criança com um seio pré-auricular geralmente é saudável. Frequentemente, as pessoas dificilmente notam o furinho característico, ou, se muito perto da orelha, podem confundir com um piercing. O pequeno buraco ou cova pode ser deixado quieto exceto se impor um risco de infecção recorrente ou cistos. Nesse caso, uma cirurgia simples remove o buraco inteiro, prevenindo quaisquer problemas futuros.
REFERÊNCIAS CIENTÍFICAS
Existem diferentes opiniões na literatura médica sobre as indicações para a remoção cirúrgica de um seio pré-auricular. Alguns acreditam que mesmo seios assintomáticos deveriam ser removidos. Outros acreditam que a cirurgia é indicada se infecções ou outros complicações apareçam.
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PREVALÊNCIA
O seio pré-auricular ocorre com diferentes taxas de prevalência ao redor do mundo. Nos EUA, ela é de 0,1-0,9% da população, na Inglaterra é de 0,9%, em Taiwan é de 1,6-2,5%, entre Asiáticos é de 4-6% e em algumas partes da África é de 4-10%. Na Nigéria, em específico, a prevalência alcança 9,3% em Ilorin, na região norte do país. No geral, a prevalência mundial é em torno de 1-2% da população. Hereditariedade atua parcialmente na distribuição dessas prevalências, mas essa última pode ser esporádica.
DESENVOLVIMENTO
Em termos de desenvolvimento embrionário, a orelha externa emerge a partir de seis eminências sobre as margens mandibulares e da hioide do primeiro sulco externo. Falha dos tubérculos em fusionarem entre si ou falha de alguns desses tubérculos de crescerem normalmente podem produzir uma variedade de má-formações no ouvido externo, como o seio pré-auricular (fechamento incompleto da fissura branquial).
SÍNDROMES ASSOCIADAS
Um seio pré-auricular pode passar despercebido no nascimento. Se o médico ou os pais notam o pequeno furo na orelha, o próximo passo é visitar um otolaringologista, o qual pode realizar uma avaliação apropriada da malformação e de qualquer risco associado. Nesse último caso, temos síndromes que podem estar associadas com o seio pré-auricular, como:
- Lobos auriculares assimétricos e uma língua anormalmente grande em adição aos furos na frente das orelhas podem ser um sinal da síndrome de Beckwith-Wiedemann. Essa síndrome é associada com anormalidades abdominais e cânceres nos rins e no fígado.
- Furos ou covas na lateral do pescoço, buracos e/ou marcas na frente da orelha, perda auditiva, e anormalidades renais podem ser todos um sinal da síndrome de Branchio-Oto-Renal (SBOR). Além de prejuízos auditivos, essa síndrome - expressa a partir de uma mutação no gene EYA1 no cromossomo 8 - pode trazer prejuízos na linguagem, especificamente na velocidade de fala, e talvez na capacidade de aprendizagem.
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CONCLUSÃO
Uma criança com um seio pré-auricular geralmente é saudável. Frequentemente, as pessoas dificilmente notam o furinho característico, ou, se muito perto da orelha, podem confundir com um piercing. O pequeno buraco ou cova pode ser deixado quieto exceto se impor um risco de infecção recorrente ou cistos. Nesse caso, uma cirurgia simples remove o buraco inteiro, prevenindo quaisquer problemas futuros.
REFERÊNCIAS CIENTÍFICAS
- https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3884798/
- https://rarediseases.info.nih.gov/diseases/10507/preauricular-sinus
- https://www.chop.edu/conditions-diseases/preauricular-pits
- https://www.chop.edu/conditions-diseases/preauricular-pits
- https://neoreviews.aappublications.org/content/neoreviews/12/10/e606.full.pdf
- Furlan et al. (2008). Achados genéticos, audiológicos e da linguagem oral de um núcleo familial com diagnóstico da síndrome Branquio-oto-renal (SBOR). 16° Congresso Brasileiro de Fonoaudiologia, Campos de Jordão.
- https://link.springer.com/referenceworkentry/10.1007%2F978-3-319-28618-1_1696
- https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S0165587619304355
- https://www.ijoms.com/article/S0901-5027(17)31073-1/abstract