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Adolescentes desajeitados?



         Muitos adolescentes são conhecidos por serem desajeitados, andando e mexendo o corpo de forma meio estranha. E isso pode não ser apenas uma visão popular dos jovens na puberdade, e, sim, uma verdade científica. Para elucidar a questão, um grupo de pesquisadores da Universidade de Bologna, na Itália, parece ter surgido com a resposta para ela, mas os resultados apontados estão longe da visão popular.

          Estudando 88 jovens de 15 anos, eles descobriram que os adolescentes que cresciam em um ritmo mais rápido ( 1 cm por mês, na média) tinham uma maior variabilidade, menor suavidade e menor regularidade durante exercícios de caminhada do que os adolescentes que cresciam em taxas mais lentas ( em torno de 0,3 cm por mês). A explicação seria de que o sistema nervoso não consegue se adaptar tão bem às dimensões espaciais de um corpo variando tão rapidamente, resultando em um menor controle sobre os membros. Já os garotos que vão crescendo em progressão mais lenta davam ao sistema nervoso um tempo maior para se adaptar com maior perfeição à nova altura, resultando em movimentos mais precisos.

         Porém, é válido ressaltar que essas diferenças foram mínimas nos testes práticos propostos pelos pesquisadores e só ocorriam de forma significativa nas estatísticas do parâmetro de variabilidade quando as tarefas executadas exigiam a feitura de duas coisas ao mesmo tempo. Já no quesito regularidade, apenas as tarefas com um único foco de ação mostraram reais diferenças. Talvez em testes de aptidão física que exijam maior equilíbrio e esforço de concentração, essas diferenças possam ser melhor observadas, sendo este um dos objetivos futuros da pesquisa. Além disso, a estabilidade motora não sofreu  qualquer notável variação em nenhuma atividade, mostrando que o corpo consegue adequar bem as mudanças gerais de crescimento. Em outras palavras, a crença popular de que os adolescentes são todos desajeitados não é infundada, porém é generalista e exacerbada demais, dependerá da taxa de estiramento dos mesmos e, provavelmente, da atividade sendo efetuada. Somando-se a isso, questões de desequilíbrio hormonal e emocional durante essa fase de idade podem agir como concorrentes do sistema motor no resultado final do modo de andar.

           Bem, mesmo com as estatísticas não ajudando muito, os baixinhos na escola, discriminados na hora das escolhas de time nas aulas de Educação Física, terão agora base científica para terem suas vozes ouvidas...:)

Estudo publicado: http://biomedical-engineering-online.biomedcentral.com/articles/10.1186/s12938-016-0159-0

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