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Júpiter é, realmente, nosso protetor?


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            É bem comum de se ouvir que Júpiter é o grande protetor do Sistema Solar. Esse gigante gasoso seria como um pai para a Terra, ao protegê-la de terríveis meteoroides, asteroides e cometas com potencial de entrar em rota de colisão com o nosso planeta. Mas isso é verdade? A respostas é sim... e não.

          Com sua gigantesca massa, e consequente enorme efeito gravitacional, Júpiter realmente desvia a trajetória de diversos cometas e grandes asteroides que poderiam estar carregando um destino trágico para o nosso planeta. Diversos cometas já até colidiram com o gigante gasoso, atraídos pela sua gravidade (várias manchas brancas e marrons na sua superfície, visíveis a olho nu, seriam um sinal disso). Entre Marte e Júpiter fica até uma aglomerado de corpos (meteoroides e asteroides), denominado 'Cinturão de Asteroides' (1), os quais ficam ali parcialmente presos devido ao violento campo gravitacional do planeta. Portanto, sem Júpiter, diversos asteroides e cometas passariam a nos visitar com mais frequência.

O gigantesco campo gravitacional de Júpiter pode tanto ser uma bênção quanto uma ameaça para nós

             Mas, acontece que o oposto também é, obviamente, possível: cometas, por exemplo, com trajetórias bem afastadas da nossa, poderiam ser desviados por causa de Júpiter e vir direto para cima da Terra. Em 1770, um grande cometa passou a apenas 2 milhões de quilômetros do nosso planeta ( o que para distâncias astronômicas é muito próximo) por causa de um desvio provocado por Júpiter. Em outras palavras, nosso paizão gasoso nos mirou, arremessou uma pedra e errou! E isso só é uma das ocorrência mais notáveis. O famoso cometa Halley, que teve sua órbita capturada por Júpiter há 200 mil anos, é outro que já passou raspando no nosso planeta. No Cinturão de Asteroides a situação também não é das mais confortáveis, porque os asteroides ficam se movimentando por ali com extrema velocidade, e, uma vez ou outra, sempre escapa um, impulsionado pela própria força gravitacional de Júpiter. Para se ter uma ideia, dos 50 mil meteoritos, conhecidos, que caíram na Terra, 99,8% deles parecem ter vindo do Cinturão.

O temido cometa Halley é um dos presentes de Júpiter

            Portanto, parem de rezar para Júpiter e deixem o Bruce Willis a postos... (Risos).

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(1) O Cinturão de Asteroides passa um ideia muito errônea para as pessoas. A maior parte dos corpos ali presentes são minúsculos e muito espaçados entre si. Se você estivesse por lá, veria apenas um grande vazio, e, ocasionalmente, veria um pedacinho de 'rocha' (meteoroide) passar ou um pouco de poeira. Não é nada como as manobras radicais das naves de Star Wars naqueles campos gigantes cheios de asteroides. Cerca de 99,9% da massa que compõem o cinturão foi perdida há muito tempo, bem no início da sua formação, por causa dos choques excessivos entre os asteroides orientados pelo campo gravitacional de Júpiter. Hoje, a massa total desse Cinturão é de apenas 4% da massa da Lua. Porém, alguns asteroides nessa região são grandinhos o suficiente (de 100 a 800 km de extensão) para causarem um estrago incalculável caso venham em direção à Terra.

O Cinturão de Asteroides é muito pouco denso

 REFERÊNCIAS CIENTÍFICAS
  1. http://earthsky.org/space/is-it-true-that-jupiter-protects-earth
  2. http://www.nytimes.com/2009/07/26/weekinreview/26overbye.html?_r=0
  3. http://www.nasa.gov/audience/forstudents/k-4/stories/nasa-knows/what-is-jupiter-k4.html
  4. http://phys.org/news/2015-10-jupiter-friend-enemy.html