Por que alguns são gordos e, outros, magros?
O mundo é injusto, e não vou discutir com isso. Mas uma justiça seja feita: não culpe o seu suposto baixo metabolismo pela sua dificuldade em emagrecer. Por muito tempo foi-se difundido que pessoas com dificuldade de emagrecer possuem um metabolismo mais lento, mas isso passa longe da verdade. Então, quais seriam as causas para um magro sem esforço e um gordinho esforçado?
Essa não é uma simples questão, e envolve tanto genética quanto comportamento alimentar, ou ambos. E o maior peso cai, provavelmente, no fator comportamental, especialmente aquele guiado pela genética. Primeiro, é bom já começar apontando uma explicação prática que pode diferenciar os magros e gordos vitalícios: os hábitos alimentares. Já ouviu aquele famoso pensamento 'João come igual um louco, mas não engorda nada; Alberto come uma folha de alface no almoço e explode de gordo'? Mas será que o João está comendo muito enquanto todo mundo está vendo, mas passa o resto do dia satisfeito e comendo pouco, enquanto o Alberto come uma alface na frente de todo mundo e passa o resto do dia comendo bastante?
Outra diferença de hábito alimentar pode ser devida ao tipo de comida de cada um. Se o João cresceu comendo comidas mais saudáveis (imitando os pais ou por causa do paladar), ele pode, mesmo não estando consciente, estar comendo de forma certa. Enquanto isso, o Alberto pode estar comendo na mesma quantidade, mas alimentos errados para o seu tipo de corpo, e, com isso, seu apetite pode aumentar por dois motivos. O primeiro é a falta de saciedade causada por uma alimentação não muito adequada ao seu organismo. O segundo motivo pode ser a pobreza em nutrientes oferecidos pela alimentação mais ´porcaria´. Com isso, o corpo pode passar a te obrigar a comer mais para tentar extrair o máximo de nutrientes daquela comida inadequada. E um último hábito alimentar é a mastigação. Pessoas que mastigam a comida muito depressa, diminuem a sensação de saciedade sentida pelo cérebro. Quem mastiga mais, e lentamente, tende a ficar mais satisfeito, diminuindo o apetite.
Quais são os seus hábitos? E você realmente conhece os hábitos de terceiros? |
De fato, existem diversos genes associados a funções e células no cérebro ligados à predisposição à obesidade (Ref.7-8). Essas áreas afetadas controlam, por exemplo, o processamento de sinais associados ao trato gastrointestinal e a estímulos externos (ex.: visão ou cheiro de alimentos) que agem em conjunto para regular o comportamento alimentar e as reservas de energia.
Outra coisa são as atividades físicas. Se você foi criado, desde criança, sendo acostumado a se movimentar mais e se ocupar com atividades menos sedentárias, acaba tendo menor tendência a engordar. Mas isso não é porque você vai gastar mais energia. Como eu já disse em artigos anteriores, exercícios físicos não gastam tanta energia assim. A explicação é que, evitando ficar sedentário, parado, assistindo muita TV, na frente do computador, sem sair de casa para se distrair, você fica tentado a comer mais, como um hobby. Assiste à televisão comendo, Fica sentado comendo. Fica trancado em um escritório o dia inteiro, comendo. Enquanto isso, a pessoa se distraindo com outras atividades mais dinâmicas, como esportes, academia, brincadeiras, entre outras coisas, passa menos tempo comendo.
Nos exemplos mostrados acima, o fator de obesidade consiste na simples ingestão de calorias em excesso. Se você ingere mais calorias do que gasta, você estaria engordando. Porém, isso não explica casos de pessoas que, mesmo comendo as mesmas coisas e em mesma quantidade ( algo difícil, mas possível, considerando certas margens de erro), engordam de maneira diferente. Estaríamos entrando nas causas estritamente genéticas. Essa situação já induz quase todo mundo a jogar a culpa no metabolismo diferenciado. Mas isso é falso, pela explicação mais contraditória possível em relação a esse pensamento popular: pessoas mais gordas possuem um metabolismo mais acelerado! Sim, não estou ficando louco, e isso é algo lógico, biologicamente falando. Com um corpo maior, e maior quantidade de células, o corpo passa a gastar mais energia para manter toda essa massa viva. Metabolismo é o conjunto de todas as reações químicas que ocorrem no corpo, tanto anabólicas quanto catabólicas. Com mais células vivas, todas essas reações aumentam bastante ( até mesmo as células de gordura gastam muita energia para se manterem funcionais). Nisso o gasto energéticos dos gordinhos é maior do a dos magros. Significa que, em relação ao metabolismo, as calorias ingeridas estão sendo mais queimadas pelos obesos. E, mesmo se os magros tivessem um metabolismo maior, as diferenças no gasto energético seriam mínimas. No máximo, um bombom a menos ingerido.
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Nos exemplos mostrados acima, o fator de obesidade consiste na simples ingestão de calorias em excesso. Se você ingere mais calorias do que gasta, você estaria engordando. Porém, isso não explica casos de pessoas que, mesmo comendo as mesmas coisas e em mesma quantidade ( algo difícil, mas possível, considerando certas margens de erro), engordam de maneira diferente. Estaríamos entrando nas causas estritamente genéticas. Essa situação já induz quase todo mundo a jogar a culpa no metabolismo diferenciado. Mas isso é falso, pela explicação mais contraditória possível em relação a esse pensamento popular: pessoas mais gordas possuem um metabolismo mais acelerado! Sim, não estou ficando louco, e isso é algo lógico, biologicamente falando. Com um corpo maior, e maior quantidade de células, o corpo passa a gastar mais energia para manter toda essa massa viva. Metabolismo é o conjunto de todas as reações químicas que ocorrem no corpo, tanto anabólicas quanto catabólicas. Com mais células vivas, todas essas reações aumentam bastante ( até mesmo as células de gordura gastam muita energia para se manterem funcionais). Nisso o gasto energéticos dos gordinhos é maior do a dos magros. Significa que, em relação ao metabolismo, as calorias ingeridas estão sendo mais queimadas pelos obesos. E, mesmo se os magros tivessem um metabolismo maior, as diferenças no gasto energético seriam mínimas. No máximo, um bombom a menos ingerido.
Para não tirar a culpa toda do metabolismo, se duas pessoas com massas corporais parecidas tiverem diferentes índices metabólicos, aquelas com o maior deles começará a engordar mais facilmente, mas, quando estiverem aumentando a massa do corpo, o efeito metabólico deixa de existir. Isso explica porque pessoas mais velhas tendem a começar a engordar mais facilmente, já que o metabolismo desacelera à medida que a idade avança. Mas eles também param o ganho de peso em um certo ponto da ´engorda´ se os hábitos alimentares continuarem os mesmos. Então, o que as causas genéticas podem definir?
Bem, para começar, ela pode influenciar em tudo explicado para as causas comportamentais. Por genética, você, que é magro, pode ser mais ativo e agitado (doenças podem afetar isso também, como o hipo ou hipertiroidismo), ter um paladar diferenciado e ter menor ou maior sensibilidade à insulina. Isso, porém, não tira a culpa psicológica. Deixando tudo isso de lado, diversas pesquisas mostram que a flora bacteriana intestinal, padrões de sono e resistência à mudança de peso são fatores tão decisivos quanto os comportamentais. Vamos enumerar, explicando:
1. Microbiota intestinal: Nosso intestino é habitado por uma população imensa de bactérias, as quais são muito importantes para a nossa saúde. Só que os tipos de bactérias, e a porcentagem de cada uma, podem variar de pessoa para pessoa. Pessoas obesas costumam ter bactérias que liberam mais calorias dos alimentos digeridos para a absorção intestinal. Em pessoas magras, seria o contrário. Ou seja, as calorias ingeridas podem estar sendo mais ou menos aproveitadas pelo corpo devido à flora bacteriana diferencial. Estudos em ratos já mostraram que, quando bactérias ´gordas´ eram transplantadas de ratos gordos para ratos magros, estes últimos passavam a engordar mais!
2. Sono: Se você dorme pouco, ou por hábitos comportamentais ou genéticos, um hormônio importante deixa de ser liberado em boas quantidades: a leptina. Esse hormônio inibe a fome, e tem seu pico máximo de produção à noite, durante o sono. Se você está acordado por mais tempo, e com mais fome, as chances de comer algo aumentam muito. Os famosos ´assaltos à geladeira´.
3. Resistência à mudança de peso: Esta não é uma causa genética, mas também não pode ser controlada por simples mudança de hábito. Pessoas que estão sempre magras, resistem mais ao ganho de peso, enquanto as pessoas que estão sempre gordas resistem à perda de peso. Isso ocorre porque o corpo passa a mudar, drasticamente, todo o metabolismo do corpo e o desejo de comer, em uma tentativa desesperada em voltar ao peso original. Ora, se você está perdendo ou ganhando muita massa, significa que algo de errado pode estar acontecendo. Se você conseguir mudar sua alimentação para diminuir essa fome, apenas o efeito metabólico passa a ser significativo, mas este, como mencionado anteriormente, não envolve muito fluxo calórico. Além disso, o corpo tende a se acostumar com o novo peso depois de um tempo. A resistência é inicial. De qualquer forma, não deixa de ser uma barreira na luta contra a obesidade.
Claro, outros fatores podem estar envolvidos nessas injustiças de peso, mas não há como negar que os hábitos alimentares são os mais decisivos para o ganho ou perda de massa adiposa. Isso sem contar que o crescimento muscular também influencia, e este não foi contabilizado aqui porque estamos considerando apenas as diferenças adiposas. E o mais importante: deixem o metabolismo em paz...:)
OBSERVAÇÃO: Os adolescentes e crianças tendem a engordar menos, independente da alimentação, porque o corpo está em rápido crescimento, atividade exploratória e afetação hormonal. A testosterona em excesso nos garotos adolescentes, por exemplo, induz a queima de gordura e desenvolvimento dos músculos, dois fatores que ajudam a eliminar as calorias em excesso. Já nas garotas adolescente, o excesso de estrógenos, como o estradiol, mandam as gorduras em excesso para as regiões das mamas, quadris e coxas. Além disso, os jovens passam mais tempo cuidando da vaidade e formando grupos sociais do que se preocupando em comer. Tudo isso dito nesta observação é apenas uma análise geral. Existem diversas exceções, claro, especialmente devido à alimentação cada vez mais calórica e exagerada sendo adotada pelos mais jovens.
Artigos complementares:
REFERÊNCIAS CIENTÍFICAS
Bem, para começar, ela pode influenciar em tudo explicado para as causas comportamentais. Por genética, você, que é magro, pode ser mais ativo e agitado (doenças podem afetar isso também, como o hipo ou hipertiroidismo), ter um paladar diferenciado e ter menor ou maior sensibilidade à insulina. Isso, porém, não tira a culpa psicológica. Deixando tudo isso de lado, diversas pesquisas mostram que a flora bacteriana intestinal, padrões de sono e resistência à mudança de peso são fatores tão decisivos quanto os comportamentais. Vamos enumerar, explicando:
1. Microbiota intestinal: Nosso intestino é habitado por uma população imensa de bactérias, as quais são muito importantes para a nossa saúde. Só que os tipos de bactérias, e a porcentagem de cada uma, podem variar de pessoa para pessoa. Pessoas obesas costumam ter bactérias que liberam mais calorias dos alimentos digeridos para a absorção intestinal. Em pessoas magras, seria o contrário. Ou seja, as calorias ingeridas podem estar sendo mais ou menos aproveitadas pelo corpo devido à flora bacteriana diferencial. Estudos em ratos já mostraram que, quando bactérias ´gordas´ eram transplantadas de ratos gordos para ratos magros, estes últimos passavam a engordar mais!
2. Sono: Se você dorme pouco, ou por hábitos comportamentais ou genéticos, um hormônio importante deixa de ser liberado em boas quantidades: a leptina. Esse hormônio inibe a fome, e tem seu pico máximo de produção à noite, durante o sono. Se você está acordado por mais tempo, e com mais fome, as chances de comer algo aumentam muito. Os famosos ´assaltos à geladeira´.
3. Resistência à mudança de peso: Esta não é uma causa genética, mas também não pode ser controlada por simples mudança de hábito. Pessoas que estão sempre magras, resistem mais ao ganho de peso, enquanto as pessoas que estão sempre gordas resistem à perda de peso. Isso ocorre porque o corpo passa a mudar, drasticamente, todo o metabolismo do corpo e o desejo de comer, em uma tentativa desesperada em voltar ao peso original. Ora, se você está perdendo ou ganhando muita massa, significa que algo de errado pode estar acontecendo. Se você conseguir mudar sua alimentação para diminuir essa fome, apenas o efeito metabólico passa a ser significativo, mas este, como mencionado anteriormente, não envolve muito fluxo calórico. Além disso, o corpo tende a se acostumar com o novo peso depois de um tempo. A resistência é inicial. De qualquer forma, não deixa de ser uma barreira na luta contra a obesidade.
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Claro, outros fatores podem estar envolvidos nessas injustiças de peso, mas não há como negar que os hábitos alimentares são os mais decisivos para o ganho ou perda de massa adiposa. Isso sem contar que o crescimento muscular também influencia, e este não foi contabilizado aqui porque estamos considerando apenas as diferenças adiposas. E o mais importante: deixem o metabolismo em paz...:)
OBSERVAÇÃO: Os adolescentes e crianças tendem a engordar menos, independente da alimentação, porque o corpo está em rápido crescimento, atividade exploratória e afetação hormonal. A testosterona em excesso nos garotos adolescentes, por exemplo, induz a queima de gordura e desenvolvimento dos músculos, dois fatores que ajudam a eliminar as calorias em excesso. Já nas garotas adolescente, o excesso de estrógenos, como o estradiol, mandam as gorduras em excesso para as regiões das mamas, quadris e coxas. Além disso, os jovens passam mais tempo cuidando da vaidade e formando grupos sociais do que se preocupando em comer. Tudo isso dito nesta observação é apenas uma análise geral. Existem diversas exceções, claro, especialmente devido à alimentação cada vez mais calórica e exagerada sendo adotada pelos mais jovens.
Artigos complementares:
- Insulina e obesidade
- Mitos sobre a perda de peso
- A dieta cetônica é eficaz?
- O que são os alimentos integrais?
- Por que estamos engordando?
- Comer mais porções durante o dia é o melhor para emagrecer?
REFERÊNCIAS CIENTÍFICAS
- http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/9467223
- http://www.nature.com/scientificamerican/journal/v310/n6/full/scientificamerican0614-30.html
- http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/roteiropedagogico/publicacao/6812_O_papel_dos_hormonios_leptina_e_grelina_n.pdf
- http://www.sciencemag.org/content/341/6150/1241214.short
- http://www.nejm.org/doi/full/10.1056/nejmp1400613
- http://www.nature.com/ijo/journal/v37/n6/abs/ijo2012124a.html
- https://elifesciences.org/articles/55851
- https://www.cambridge.org/core/journals/twin-research-and-human-genetics/article/abs/genetic-and-environmental-influences-of-dietary-indices-in-a-uk-female-twin-cohort/48632224BDF4C60E69FDE67F8E21A1C7