Parece uma estrela-do-mar mas não é: O que são Ofiúros?
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Figura 1. Ofiúro da espécie Ophiura ooplax. Ref.11 |
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Figura 5. Fóssil de um ofiúro da espécie Arenorbis santameraensis, descoberto na região de Asturias, Espanha, e datado do Jurássico Inferior. Ref.8 |
O típico plano corporal dos ofiúros mostra um disco central pentagonal a redondo, acompanhando por cinco braços. Porém, um considerável número de espécies diverge dessa forma genérica, e formas com seis, sete e até 10 braços são conhecidas - mas todas conservado um plano de simetria radial (2). A maioria das espécies são moderadas em tamanho, com diâmetro do disco entre 3 mm e 50 mm; maiores espécies podem ter discos de até 150 mm de diâmetro. O comprimento dos braços é geralmente medido em relação ao diâmetro do disco, e varia de ~2-3 vezes o diâmetro do disco até 20 vezes ou mais. Ao contrário das estrelas-do-mar, os braços são raramente usados para locomoção no solo e não possuem estruturas de sucção ou múltiplos pés hidráulicos [ambulacrários]; ao invés disso, os ofiúros se movem ao torcer e enrolar seus braços, puxando-os contra a superfície como uma cobra ou agarrando objetos e empurrando a si mesmos para frente (!). Nado é reportado em algumas espécies. Embora não tenham olhos, já foram descobertos órgãos sensitivos à luz em espécies do gênero Ophiocoma (3).
Leitura complementar:
- (1) Por que não existem peixes marinhos vivendo em profundidades abaixo de 8400 metros?
- (2) Estrelas-do-mar são apenas cabeças, aponta estudo
- (3) Estudo confirma que esse estranho parente das estrelas-do-mar pode ver sem olhos
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Figura 8. Uma sequência de fotos (B-H) da espécie Ophioderma brevispinum (A) mostrando a regeneração de um braço decepado. Ref.3 |
> A espécie Amphiura filiformis consegue regenerar um braço inteiro dentro de apenas 4 semanas. Os ofiúros exibem uma notável expansão no número de genes envolvidos em regeneração e compartilham genes regenerativos com animais filogenicamente muito distantes e também com alta capacidade regenerativa, como axolotes (Ambystoma mexicanum) e um pequeno crustáceos da espécie Parhyale hawaiensis. Ref.13
Curiosidade: O nome Ophiuroidea é derivado das palavras Gregas ophis ("cobra") e oura ("cauda"), em referência aos braços - e movimento dos braços - nos ofíuros. Existe também uma constelação chamada de Ophiuchus (ou Serpentário) que causa bastante confusão entre a Astrologia e a Astronomia. Sugestão de leitura: A NASA mudou o Zodíaco?
REFERÊNCIAS
- Stöhr et al. (2012). Global Diversity of Brittle Stars (Echinodermata:Ophiuroidea). PLOS One, Volume 7, Issue 3, e31940.
- Goharimanesh et al. (2021). Interactive identification key to all brittle star families (Echinodermata; Ophiuroidea) leads to revised morphological descriptions. European Journal of Taxonomy, 766(1), 1-63. https://doi.org/10.5852/ejt.2021.766.1483
- Perez, A., Gil, D. G., Rubilar, T. (2014). Los Invertebrados Marinos (pp.295-316). Edition: 1. Chapter: Echinodermata. [Livro]
- https://marinesanctuary.org/blog/whats-the-difference-brittle-stars-vs-sea-stars/
- O'Hara et al. (2014). Phylogenomic Resolution of the Class Ophiuroidea Unlocks a Global Microfossil Record. Current Biology, Volume 24, Issue 16, Pages 1874-1879. https://doi.org/10.1016/j.cub.2014.06.060
- Thuy & Stöhr (2016). A New Morphological Phylogeny of the Ophiuroidea (Echinodermata) Accords with Molecular Evidence and Renders Microfossils Accessible for Cladistics. PLoS ONE 11(5): e0156140. https://doi.org/10.1371/journal.pone.0156140
- O’Hara et al. (2017). Restructuring higher taxonomy using broad-scale phylogenomics: The living Ophiuroidea. Molecular Phylogenetics and Evolution, 107, 415–430. https://doi.org/10.1016/j.ympev.2016.12.006
- Thuy et al. (2023). A relict Triassic brittle star (Echinodermata, Ophiuroidea) in Lower Jurassic strata of Asturias, north-west Spain. Swiss Journal of Palaeontology 142, 10. https://doi.org/10.1186/s13358-023-00275-5
- Freitas et al. (2011). New records of Ophiuroidea (Echinodermata) from shallow waters off Maceio´, State of Alagoas, BrazilMarine Biodiversity Records. Marine Biological Association of the United Kingdom, Vol. 4, e97. https://doi.org/10.1017/S175526721100090X
- Mashanov et al. (2022). Twinkle twinkle brittle star: the draft genome of Ophioderma brevispinum (Echinodermata: Ophiuroidea) as a resource for regeneration research. BMC Genomics, 23:574. https://doi.org/10.1186%2Fs12864-022-08750-y
- https://www.mdpi.com/2076-3921/12/2/386
- Thuy & Stöhr (2018). Unravelling the origin of the basket stars and their allies (Echinodermata, Ophiuroidea, Euryalida). Scientific Reports 8, 8493 (2018). https://doi.org/10.1038/s41598-018-26877-5
- Parey et al. (2024). The brittle star genome illuminates the genetic basis of animal appendage regeneration. Nature Ecology & Evolution 8, 1505–1521. https://doi.org/10.1038/s41559-024-02456-y
- Lau et al. (2025). Functional Characterization of Luciferase in a Brittle Star Indicates Parallel Evolution Influenced by Genomic Availability of Haloalkane Dehalogenase, Molecular Biology and Evolution, Volume 42, Issue 5, msaf081. https://doi.org/10.1093/molbev/msaf081
- Mallefet et al. (2020). Bioluminescence induction in the ophiuroid Amphiura filiformis (Echinodermata). Journal of Experimental Biology 223, jeb218719. https://doi.org/10.1242/jeb.218719
- Delroisse et al. (2017). Fine structure of the luminous spines and luciferase detection in the brittle star Amphiura filiformis. Zoologischer Anzeiger, Volume 269, Pages 1-12. https://doi.org/10.1016/j.jcz.2017.05.001
- Coubris et al. (2024). Maintain the light, long-term seasonal monitoring of luminous capabilities in the brittle star Amphiura filiformis. Scientific Reports 14, 13238. https://doi.org/10.1038/s41598-024-64010-x
- Coubris et al. (2024). A brittle star is born: Ontogeny of luminous capabilities in Amphiura filiformis. PLoS ONE, 19(3):e0298185. https://doi.org/10.1371/journal.pone.0298185