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Temos um super olfato!

                                                                        

       Cientistas descobriram, recentemente, que o nariz humano pode detectar 1 trilhão de odores, muito mais dos que os 10 mil antes imaginados!
 
        Com isso, o olfato supera os outros sentidos, como visão ( 10 milhões de combinações a partir de três receptores de luz) e audição ( 10 mil diferentes tons), em relação ao número de combinações percebidas. O nariz possui 400 receptores, e vários testes foram feitos com diferentes pessoas para estimar sua sensibilidade. Os cientistas, com base nos resultados, extrapolaram as funções de probabilidades olfativas e afirmam que 1 trilhão pode ser ainda subestimado!

Podemos até não saber usar esse super poder com eficiência, mas que o nosso olfato é maravilhoso, isso ele é!
 
        Sempre achávamos que grande parte dos animais, como o cachorro, eram infinitas vezes melhores do que nós na diferenciação dos cheiros, mas, com este estudo, entramos no grupo dos ´super olfatos´, com a diferença de que os cães, por exemplo, usam mais o cérebro para detectar e processar os odores, duas ou três vezes mais do que nós. Existe também o fato de que usamos muitos cheiros fortes, principalmente perfumes, desde tempos imemoriais em quase tudo ao nosso redor. Isso mascara os milhares de odores naturais exalados no ambiente, deixando nosso olfato enjoado e meio que "cego". Nós, teoricamente, deveríamos também identificar o cheiro das pessoas próximas de nós, assim como fazem os animais. Mas o uso excessivo de perfumes e outros enfeites olfativos não permitem que consigamos estabelecer uma boa biblioteca de cheiros pessoais. Os cães ao nosso redor conseguem superar estes obstáculos porque, como eu disse anteriormente, o cérebro deles possui um maior foco na função olfativa. Temos uma excelente ferramenta, mas sem um excelente operador.

           Além disso, um estudo publicado na Nature em 2007 (Ref.4) mostrou que os humanos são, sim, capazes de seguir rastros de cheiro com um satisfatório desempenho. Com treino e um ambiente controlado, os pesquisadores mostraram que os cheiros conseguiam dar uma boa percepção espacial e identificativa aos voluntários estudados. O problema, mais uma vez, é que não damos a merecida atenção ao nosso olfato e acabamos deixando o desuso prejudicá-lo.

        Então, treinem mais este sentido, mas deixem a perícia para os cães!


CURIOSIDADES

1.  Nos humanos o olfato começa a perder força, progressivamente, com a idade. Uma em cada quatro pessoas, entre 65 e 75 anos, tem dificuldade em identificar cheiros e, a partir dos oitenta anos, quase 100%  passam a ter o mesmo problema.

2. Todas as mulheres, independente da idade, possuem um olfato melhor do que os homens, exceto as grávidas ( contrariando o consenso popular de que as grávidas possuem um olfato super apurado). Essa exceção é devido ao fato de que, no começo da gestação, a hipófise acaba inchando o suficiente para comprimir os nervos do olfato que passam pelo crânio. O mito popular mencionado acima pode ter se originado porque, com a compressão, as mulheres grávidas passam a sentir cheiros que nem existem no ambiente, dando a impressão que estão cheirando melhor dos que as outras pessoas!

3. Em uma relação ainda não muito bem compreendida pelos cientistas, nosso olfato é o sentido que traz as recordações mais nostálgicas! Todos devem sentir essa sensação constantemente, onde um cheirinho diferente nos transporta imediatamente a um passado maravilhoso ( ou não...). Quando cheiramos algo, assim como qualquer outro sentido em ação, nosso cérebro vai lá recuperar de onde esse odor é familiar. Com isso, acaba esbarrando em um memória que podia estar bem escondida na seção de arquivos do hipocampo. Mas não se sabe o porquê do olfato ser o que resgata mais fortemente essas memórias.

4.  O sabor dos alimentos é dado, em grande parte, pelo cheiro. Nossas papilas gustativas da língua apenas identificam os sabores amargo, azedo, salgado, ácido e o umami ( relacionado ao gosto do aminoácido glutamato, que dá a sensação de ´suculência´ dos alimentos). A diferença entre o gosto de um brigadeiro e um pudim de leite ( ambos com gosto doce) é dada pelo olfato. Tanto o ar que expiramos quanto o inspirado, trazem partículas de odor dos alimentos para o nosso nariz, complementando o paladar. Por isso que, quando estamos gripados, passamos a sentir com dificuldade o sabor dos alimentos, já que o nosso nariz estará inflamado e cheio de muco, atrapalhando o trabalho das células olfativas. E também é por isso que, se temos que comer algo com sabor ruim, somo instruídos a tampar o nariz, pois assim as partículas de odor do alimento indesejado não são captadas e deixamos de sentir parte do terrível sabor.  Mas esse truque acaba não funcionando para muitos medicamentos ruins, pelo fato deles serem apenas muito amargos, ou seja, sua língua continuará sentindo essa sensação.

5.  O processo de sensibilização olfativa não é químico, como muito pensam, mas, sim, físico. Os receptores nas células olfativas avaliam os pesos e os prótons liberados pelas moléculas odoríferas, e, com diferenças mínimas entre os valores, é disparado um estímulo que é captado pelo cérebro.

6. O muco do nosso nariz serve para proteger os receptores, servir de barreira com a sujeira que entra com o ar inspirado, e para diluir e expulsar da câmara olfativa as moléculas do odor já usadas. Quando você tiras as famosas ´casquinhas´ do nariz, está promovendo uma verdadeira limpeza e regenerando a capacidade olfativa da região. Não tem nada de ´porco´ nisso.

Artigo relacionado: Por que temos dois olhos, dois ouvidos...e dois buracos no nariz?

REFERÊNCIAS CIENTÍFICAS
  1. http://www.sciencemag.org/content/343/6177/1370
  2. http://www.scientificamerican.com/podcast/episode/human-nose-tallies-more-than-a-trillion-scents/
  3. http://www.stvincent.org/Health-Library/Wellness-Library/How-the-Nose-Works.aspx
  4. http://www.nature.com/neuro/journal/v10/n1/abs/nn1819.html