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Qual é o peixe que cospe?


           Conhecidos popularmente como peixes-arqueiros, peixes da família Toxotidae são famosos por suas "cuspidas". Em específico, esses peixes possuem a habilidade de atirar um jato de água a partir da boca, atingindo e derrubando presas que caem na água para subsequente captura e consumo. Esses peixes também atiram água em sedimentos no ambiente aquático para revelar presas enterradas. Encontrados em águas doces e ligeiramente salgadas na região do Pacífico Indo-Ocidental, as diversas espécies do clado Toxotidae atacam uma variedade de organismos - desde pequenos artrópodes até tetrápodes, como lagartos juvenis.

           Os "tiros de água" são acurados a uma distância de até 2 metros, precisam levar em conta a refração causada pela luz passando da água para o ar e a curva do jato causada pela gravidade, e são adaptados quanto à  força do jato em relação à distância e ao tamanho da presa. Além disso, esses peixes conseguem computar com grande precisão a localização onde a presa derrubada irá cair antes mesmo dela tocar a superfície da água. As nadadeiras peitorais parecem possuir um papel crucial de estabilização do "tiro" (Ref.3). No vídeo abaixo, registros desses peixes em ação.

            

           É ainda motivo de debate acadêmico o exato mecanismo e as estruturas orais responsáveis pelos "tiros de água" nesses peixes. Existem duas hipóteses nesses sentido: 'Tubo de Soprar' e 'Tanque de Pressão'. Na primeira, esses peixes rapidamente mudam o volume da cavidade bucal, ejetando um fluxo de água; na segunda, eles pressurizam a cavidade até uma válvula liberar a pressão, permitindo a emergência do tiro. As estruturas duras e moles na boca desses peixes suportam a plausibilidade da hipótese do Tubo de Soprar, mas é também possível que estruturas de válvulas atuem em conjunto.


REFERÊNCIA 

  1. Girard et al. (2022). Phylogenetics of Archerfishes (Toxotidae) and Evolution of the Toxotid Shooting Apparatus. Integrative Organismal Biology, Volume 4, Issue 1, obac013. https://doi.org/10.1093/iob/obac013
  2. Karoubi et al. (2016). The Brain of the Archerfish Toxotes chatareus: A Nissl-Based Neuroanatomical Atlas and Catecholaminergic/Cholinergic Systems. Frontiers in Neuroanatomy. https://doi.org/10.3389/fnana.2016.00106
  3. Schuster et al. (2021). Archerfish coordinate fin maneuvers with their shots. Journal of Experimental Biology, Volume 224, Issue 8. https://doi.org/10.1242/jeb.233718