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Beber urina faz bem à saúde e cura doenças?


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          Infelizmente, ainda vivemos em uma sociedade onde sólidas evidências científicas de eficácia e de segurança não precisam necessariamente existir para uma "terapia alternativa" na área de saúde ser amplamente promovida e usada pela população, e muitas vezes até incorporada no sistema público de saúde do país. Basta existir alguém disposto a gritar bem alto e com convicção em defesa da sua "verdade". Bem, e nesse ambiente de desinformações e óleos de cobra, temos algo grotesco: a assim chamada Terapia da Urina (ou urinoterapia). Sim, é exatamente o que o nome sugere: pessoas bebendo, passando na pele e até no olho a própria urina sob a promessa de cura de várias doenças, incluindo o câncer.


    O QUE É A URINA?

          A urina humana é uma mistura líquida produzida pelos rins através da filtração dos resíduos e água em excesso do sangue. O resíduo principal é a ureia, um composto orgânico nitrogenado produzido primariamente no fígado. Dos rins, a urina viaja por dois finos tubos chamados uretras até a bexiga. A bexiga armazena a urina até você estar pronto para urinar, inchando em um formato arrendondado quando fica cheia. Se o seu sistema urinário é saudável, sua bexiga pode segurar até 400 mL de urina confortavelmente por cerca de 2 a 5 horas. Em média, cerca de 1,4 litros de urina são produzidos por uma pessoa diariamente, podendo variar entre 0,6 e 2,6 litros dependendo da ingestão diária de água (e fluídos aquosos em geral na dieta) e sua eliminação por outras vias, como o suor.      

                 
          A composição da urina irá depender muito do consumo de água, sais e proteínas (esta a qual é a principal fonte de nitrogênio) pelo indivíduo. No geral, a urina contém a maior fração de nitrogênio, fósforo e potássio excretados pelo corpo. A água responde por entre 91 e 96% do seu conteúdo. Na parte sólida, a ureia constitui a maior porção, representando mais de 50% da massa orgânica seca. Outros dois importantes solutos presentes na urina são o sódio, o potássio e o cloro, com o cloreto de sódio representando o sal inorgânico mais prevalente. Outros compostos em quantidades significativas a serem citados são a creatinina, ácido úrico, fosfatos e ácidos orgânicos diversos. Já em concentrações muito reduzidas, encontramos traços de proteínas - na maior parte a albumina e quantidades insignificantes de anticorpos e enzimas -, e traços muito variantes (mas não necessariamente ativos) de hormônios, glicose e vitaminas solúveis em água, como a vitamina C.
     
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    O QUE É A TERAPIA DA URINA?

          Basicamente, a terapia da urina é o uso da urina, seja de forma oral, seja de forma tópica, para o tratamento de infindáveis doenças, otimização da saúde e até para o emagrecimento. Muitos praticantes e pessoas que indicam o seu uso afirmam que qualquer doença ou ferida pode ser curada pela urina, sendo alegado que a mais poderosa é aquela primeira coletada no dia (na parte da manhã tradicionalmente). Apesar do uso oral ou tópico ser o mais difundido, existem práticas que a utilizam na forma de gotejamento nos olhos, ouvidos e nariz, gargarejo e até mesmo através de injeções intravenosas. Não apenas urina humana, mas também urina (e fezes) de animais como camelo e vaca são também amplamente promovidos como medicina alternativa em países na África e na Ásia, mesmo organizações internacionais de saúde fortemente alertando contra a prática devido ao alto risco de contaminação patogênica (Ref.18-19)

          O uso da urina para propósitos medicinais tem sido feito por todo o mundo há milênios. Prescrições documentadas na Europa têm sua origem do antigo Egito, Grécia e Roma, mas sendo provável que a fonte inicial dessa terapia tenha sido a cultura antiga Indiana. Enquanto vários avanços da antiga medicina foram esquecidos depois da queda do Império Romano, o uso de urina e outros excrementos persistiram ainda durante a época medieval até os dias de hoje. Antigos documentos Indianos e Chineses podem ser encontrados descrevendo os benefícios de se ingerir a própria urina, ou a urina de outros animais. Indícios também apontam que o uso de urina também era bastante praticado desde muito tempo atrás em várias outras partes da África e da América.

            Essa persistência histórica no uso da urina para fins medicinais acabou, acabou tornando a prática comum até o dias de hoje. Basta dar uma busca rápida no YouTube e no Google para ver essa terapia é bastante disseminada e incentivada. Seus defensores não consideram a urina uma simples excreta do corpo, mas, sim, um produto destilado do sangue que contém um vasto número de substâncias úteis para o nosso organismo, sendo muitas vezes referido como "o ouro do sangue" ou o "elixir da longa vida". Outros promovem a urina como um "fluído divino", explorando um suporte mais religioso e sagrado.

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    ALGUMA VALIA MEDICINAL?

           A ureia, como mencionado, é o principal componente, depois da água, na urina dos mamíferos. Ela é formada como um meio de tornar a tóxica amônia - subproduto do catabolismo de aminoácidos nas células - em um composto menos prejudicial ao corpo e seguro de ser transportado e eliminado. A ureia sintética (1) possui vasto uso industrial, especialmente como fertilizante. Entre esses usos, podemos citar também o medicinal. 

            Sim, dizer que nenhum componente da urina possui uso medicinal é uma relativa mentira. Hormônios presentes nela, como estrógenos, e a ureia encontram sua utilidade em medicamentos e alguns tratamentos tópicos. Os estrógenos, como muitos sabem, são usados para tratar sintomas da menopausa, fazem parte de pílulas anticoncepcionais, entre outros. Já a ureia é componente em diversos cremes tópicos (uso na pele) que possuem fins de hidratação. Além disso, algumas formulações tópicas com alta concentração de ureia são usadas para tratar algumas condições, como psoríase, ictiose e dermatofitose, onde acredita-se que o composto seja queratolítico.

            Apesar dessas indicações, estamos falando aqui dos compostos cuidadosamente isolados e em quantidades terapêuticas, algo que não ocorre ao se utilizar a urina humana pura ou de outros animais. Os estrógenos, e outros hormônios, estarão em baixíssimas quantidades - traços ínfimos. Já a ureia estará em pequena concentração considerando o volume total de urina e só possui importância médica na prática para tratamentos tópicos e, talvez, para fins diuréticos (já que a ureia é diurética, algo lógico quando se pensa que precisa ser eliminada do sangue pelos rins). E dependendo da quantidade de água ingerida pela pessoa através da alimentação, a concentração de tais substâncias irá variar bastante. Aplicar urina na pele pode ajudar em alguma extensão na hidratação da pele, mas nada perto do que um real creme ou boa alimentação/ingestão de líquidos pode fazer.

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       RISCOS E BENEFÍCIOS

            A urina é um líquido relativamente não tóxico - mas pode conter tóxica amônia em reduzidas quantidades na composição -, com a ureia só mostrando efeitos de toxidade em quantidades muito altas a partir da ingestão ou outras formas similares de utilização. Porém, ela está longe de ser estéril, como é frequentemente alegado por defensores da urinoterapia. Assim como no intestino e outras partes do corpo, estudos nos últimos anos têm mostrado que existe um complexo microbioma no sistema urinário que varia de indivíduo para indivíduo, e cujo desequilíbrio pode promover o desenvolvimento de doenças, como cistite (Ref.15).  Microorganismos patogênicos ou não, incluindo cepas resistentes a múltiplos antibióticos, podem ser encontrados na urina, como Salmonella typhi, Salmonella paratyphi, e Leptospira interrogansBacillus, Staphylococcus, Citrobacter, Escherichia coli, Klebsiella, Proteus, Pseudomonas, Salmonella e Shigella além de até mesmo ovos de helmintos (vermes de forma cilíndrica, como as lombrigas) e vermes platelmintos (ex.: Schistosoma haematobium) têm sido detectados (Ref.2-8). E a presença de bactérias se torna ainda mais preocupante caso exista um quadro de infecção no trato urinário - comum entre as pessoas do sexo feminino (2).

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> O microbioma no trato urinário (ou urobioma) é menos diverso e abundante do que em outras partes do corpo, sendo estimado de conter 104-105 unidades formadoras de colônia (CFU)/mL (Ref.16). A maior parte dos gêneros de microrganismos no urobioma é compartilhado entre homens e mulheres saudáveis, incluindo Prevotella, Escherichia, Enterococcus, Streptococcus e Citrobacter. O gênero Pseudomonas têm sido descrito apenas nos indivíduos do sexo masculino; bactérias do gênero Lactobacillus são mais abundantes em mulheres.

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          Além de possíveis infecções sistêmicas decorrentes da ingestão ou aplicação de urina sobre feridas/úlceras, o gotejamento de urina nos olhos pode trazer graves complicações oculares. Em 2018, pesquisadores reportaram o caso de cegueira bilateral em um homem de 36 anos que aplicou a própria urina para tratar vermelhidão e dor nos olhos, sob recomendação de um membro da família (Ref.23). Em 2021, foi reportado o caso de uma paciente de 71 anos que teve a córnea perfurada ao gotejar urina, provavelmente devido ao baixo pH desse fluído (caráter ácido) em adição a uma possível superinfecção (Ref.24).

          Somando-se aos riscos à saúde, não existe nenhuma recomendação favorável das organizações e especialistas de saúde para o uso da urina como uma via de tratamento para doenças ou melhora da saúde. Evidências científica de boa qualidade não existe na literatura acadêmica suportando benefícios dessa prática. O que existe são alguns estudos de baixa qualidade - conduzidos especialmente na Índia (!) - e publicados em periódicos de qualidade ainda mais baixa que promovem a terapia de urina no tratamento de câncer e de outras doenças crônicas, provavelmente enviesados no sentido de suportar práticas culturais bem estabelecidas ou mesmo para autopromoção (Ref.20-21). Alguns desses "estudos" inclusive usam termos como "urina de vaca é um medicamento divino" (Ref.22).

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(!) Com mais de 1,3 bilhão de pessoas, a Índia é o segundo país mais populoso do mundo. Cerca de 80% da população Indiana acredita no Hinduísmo. Embora a vaca não seja considerada uma divindade nos livros religiosos do Hindu, esse mamífero é associado à Aditi, a mãe de todos os Deuses descrita nas mais antigas escrituras do Hinduísmo. O status sagrado das vacas é profundamente enraizado na cultura e no dia-a-dia dos Indianos, sendo uma obrigação religiosa protegê-las. Nesse sentido, grande parte da população também acredita que os bioprodutos da vaca, como leite, urina e fezes, são agentes purificantes, capazes de curar qualquer doença.
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          Várias pessoas mal informadas culpam as indústrias farmacêuticas e um suposto complô da comunidade médica para impedir o uso da urina como medicamento, já que esse fluído é gratuito e produzido pela própria pessoa. Na verdade, essa é uma defesa recorrente de pessoas que usam e/ou promovem diversas medicinas alternativas sem suporte científico, e, ironicamente, visando ganhos comerciais - um clássico exemplo é a bilionária "indústria" homeopática.  

           Em várias partes da África e da Ásia, medicinas alternativas são amplamente utilizadas, ou por causa da tradição cultural e/ou por causa da pobreza, esta a qual impossibilita o atendimento médico ideal de grande parte das pessoas. Na Nigéria, por exemplo, é amplamente disseminado o uso de urina humana ou de vaca para tratar enfermidades em crianças, especialmente aquelas acompanhadas de febre alta, sendo que tal prática não possui comprovação científica alguma de eficácia. Pelo contrário, pode até piorar o estado da criança por atrasar na busca por tratamentos realmente eficientes e também por poder contaminar a criança com bactérias perigosas, causando principalmente infecções no aparelho digestivo e induzindo quadros fortes de diarreia, esta a qual é a principal causa de mortalidade infantil em países em desenvolvimento, sendo responsável por mais de 4 milhões de mortes de crianças anualmente.

           Além disso, algumas pessoas criam o hábito de armazenar a urina para usá-la de forma mais fácil, o que impõe sérios riscos à saúde. Mesmo se uma amostra de urina contiver quantidades muito pequenas de bactérias ou outros microrganismos suspeitos, ela se torna um meio excelente para a proliferação microbiológica. No final de 2015, por exemplo, foi reportado o caso de um adolescente teve seu rosto agressivamente coberto por acne ao aplicar sua urina armazenada em geladeira no rosto, pensando que estaria curando as espinhas já existentes. Sua mãe tinha recomendado a terapia após vê-la sendo defendida em um programa de televisão mais do que irresponsável, e, após rápidas buscas  pela internet para "verificar" a eficiência do tratamento, o adolescente de 16 anos resolveu experimentá-la (Ref.6).

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     URINA PARA TRATAR FERIDAS E PICADAS DE COBRA?

            Apesar de se ser bastante disseminado a recomendação popular de se usar urina para lavar feridas e amenizar as dores de picadas de cobra e águas-vivas - entre outros - por causa de alegadas ações antissépticas e de neutralização de venenos diversos, nada disso possui suporte científico. Feridas precisam ser lavadas com água e sabão, caso queira-se usar um método rápido, barato e eficiente, e ações antissépticas como aquelas encontradas no uso de álcool (etanol) e de iodo são inexistentes na urina. Já no quesito 'neutralizador de toxinas', isso não passa de lenda, e pode ser algo fomentado por evidências anedóticas associadas com o fenômeno das "mordidas secas" (3). No caso de ferroadas por águas-vivas, a dor pode até piorar.

(3) Leitura recomendaPor que às vezes cobras peçonhentas mordem sem injetar veneno?

            Caso seja picado por uma cobra, é preciso procurar tratamento médico urgente, aplicando, no máximo, um pano limpo em cima da picada. Prestar atenção em qual cobra te picou, para descrevê-la bem, também ajuda muito a equipe médica na busca por um tratamento mais efetivo. No caso de feridas, uma boa lavagem com água e sabão pode já ser suficiente, mas, dependendo da gravidade, deve-se procurar tratamento médico urgente. 

            Outra alegação bem disseminada, e até mesmo propagada erroneamente por alguns programas televisivos 'de sobrevivência', é de que ingerir urina na falta de uma fonte tradicional e hidratante de água é uma estratégia válida em situações de emergência. O problema dessa ideia é que a ingestão da urina, depois de algum tempo, acaba tendo o mesmo efeito de ingerir água do mar (4). Bem, se você beber apenas uma vez e, idealmente, junto com alguma outra fonte de água, isso pode até te ajudar a reidratar seu corpo em alguma extensão. Mas, se você fizer isso repetidas vezes, especialmente se for apenas com a urina, você irá apenas perder mais água e sofrer séria desidratação, ao aumentar a concentração de sais e de ureia circulantes que o corpo está justamente tentando eliminar. No final, é uma péssima estratégia de sobrevivência. 

(4) Leitura recomendadaPor que humanos não podem beber água marinha para hidratação? 

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     CONCLUSÃO

          Se o uso da urina como medicamento tivesse real valia para a saúde, e realmente curasse qualquer doença, não existiria o ramo da medicina ou qualquer outro tipo de medicamento. Ora, a terapia da urina vem sendo propagada e fomentada há milênios, persistindo século após século. Caso existisse reais benefícios com o seu uso, todos estariam usando-a e teríamos diversos estudos comprovando seu alegado "poder milagroso". Se o nosso rim, um órgão tão complexo e eficiente, está processando e descartando a urina, é porque este fluído não possui mais serventia para o corpo. A eliminação da urina é observada em todos os mamíferos, e nenhum animal bebe a própria urina. Indivíduos que alegam "cura de doenças" com o uso da urina provavelmente ou estão mentindo ou estão baseando as alegações em evidências anedóticas, incluindo efeito placebo e resolução patológica pelo próprio sistema imune.
                    
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(1) CURIOSIDADE: Em 1828, Friedrich Wöhler descobriu que a ureia podia ser produzida partindo-se de compostos inorgânicos, algo muito importante no campo da química na época. Isso porque foi mostrado pela primeira vez que uma substância previamente conhecida apenas como um subproduto de organismos vivos podia ser sintetizada em um laboratório sem materiais biológicos como reagentes, contradizendo a disseminada ideia suportada pela doutrina do vitalismo, este o qual pregava que os organismos vivos são fundamentalmente diferentes das coisas não vivas, devido à existência de elementos governados por princípios inexistentes no campo dos objetos inanimados (incluindo compostos inorgânicos). Fica a sugestão de leitura para mais informações: Origem da Vida: O que sabemos até agora?

> O fertilizante nitrogenado mais utilizado no Brasil e no mundo é a ureia, produzida em escala industrial a partir da amônia. Para mais informações, acesse: História Humana e Nitrogênio: Criação e Destruição
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REFERÊNCIAS CIENTÍFICAS
  1.  https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3032615/
  2.  https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3032614/
  3.  https://medlineplus.gov/urineandurination.html
  4.  https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC4500995/
  5.  https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/10213804
  6. https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC4633214/
  7. https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/21614793
  8. Ogunshe et al. (2010). Microbial evaluation and public health implications of urine as alternative therapy in clinical pediatric cases: health implication of urine therapy. Pan African Medical Journal, Vol. 5, No. 1. https://doi.org/10.4314/pamj.v5i1.56181
  9. https://www.youtube.com/watch?v=n75h8_A1QuI
  10. https://www.researchgate.net/publication/51167374_Urine_therapy_through_the_centuries
  11. http://www.jurology.com/article/S0022-5347(16)00388-8/fulltext
  12. https://www.cdc.gov/disasters/snakebite.html
  13. https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC4393627/
  14. https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC2700615/
  15. Magistro & Stief (2019). The Urinary Tract Microbiome: The Answer to All Our Open Questions? European Urology Focus, Volume 5, Issue 1, Pages 36-38. https://doi.org/10.1016/j.euf.2018.06.011
  16. Perez-Carrasco et al. (2021). Urinary Microbiome: Yin and Yang of the Urinary Tract. Frontiers in Cellular and Infection Microbiology. https://doi.org/10.3389/fcimb.2021.617002
  17. http://www.europeanurology.com/article/S0302-2838(15)00206-7/fulltext/-sterile-urine-and-the-presence-of-bacteria#section-conflicts-of-interest
  18. Gole & Hamido (2020). Review on Health Benefits of Camel Urine: Therapeutics Effects and Potential Impact on Public Health Around East Hararghe District. American Journal of Pure and Applied Biosciences 2(6), 183-191. International Journal of Health Planning and Management, 36(5): 1950-1952. https://doi.org/10.34104/ajpab.020.018300191
  19. Daria & Islam (2021). The use of cow dung and urine to cure COVID‐19 in India: A public health concern. https://doi.org/10.1002%2Fhpm.3257
  20. Jain et al. (2010). Efficacy of Cow Urine Therapy on various Cancer Pacients in Mandsaur District, India - A Survey. International Journal of Green Pharmacy, Vol. 4, No. 1. https://doi.org/10.22377/ijgp.v4i1.115
  21. Kang, Kook-Hee (2012). Urine therapy briefing for scientists. CELLMED, Volume 2, Issue 4, Pages 32.1-32.3.  https://doi.org/10.5667/tang.2012.0033
  22. Mahajan et al. (2020). Miraculous Benefits of Cow Urine: A Review. Journal of Drug Delivery & Therapeutics, Vol. 10, No. 4. https://doi.org/10.22270/jddt.v10i4-s.4267
  23. Lacorzana et al. (2021). Corneal perforation triggered by the use of urine therapy drops: Management with scleral and amniotic membrane grafts. Journal Français d'Ophtalmologie, Volume 44, Issue 5, May 2021, Pages e299-e301. https://doi.org/10.1016/j.jfo.2020.07.012
  24. Olufunmilayo, et al. (2018). Bilateral Irreversible Blindness Following Urine Therapy to the Eyes. Pakistan Journal of Ophth, Vol.4, No. 2. https://doi.org/10.36351/pjo.v34i2.233