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Dietas ou Farsas?



           Como eu deixei bem claro no artigo ´Por que estamos engordando?´, não existe uma dieta específica que serve para todos, assim como programas de emagrecimento pré-programados. Cada pessoa é um ser único, e, na hora da reeducação alimentar, o ideal é existir uma análise individual feita sob a supervisão de um profissional da saúde e nutrição. Algo que serve perfeitamente para um pode ser totalmente desapropriado e até perigoso para a saúde de outra pessoa.

         No campo das dietas e programas que visam o emagrecimento e/ou uma melhor saúde existe muito charlatanismo, onde "profissionais" e não profissionais se aproveitam do sistema de alienação popular e desespero das pessoas para impor esquemas que visam somente o lucro. Investimentos pesados em publicidade são feitos para promoverem a aceitação desses ´cultos´ pelo público, e as estratégias vão desde usar celebridades em comerciais até o forjamento de vários clientes satisfeitos com o produto/método (aquelas "testemunhas" falando maravilhas e milagres sobre o que está sendo propagandeado). E esses novos cultos alimentares são criados com tanta rapidez que fica difícil fazer um controle responsável sobre eles. Podemos dizer, hoje, que todos esses programas alimentares feitos em molde único não possuem base científica suficiente, ou nenhuma, para sustentá-los.

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   QUAL O PROPÓSITO DESTE ARTIGO?

           Devido  à crescente promoção de programas alimentares duvidosos, resolvi fazer uma lista das principais dietas e programas de emagrecimento que não possuem real ciência por trás, mas que são bastante populares ao redor do mundo. Entre eles, vou destacar três grupos, divididos em razão do seu grau de credibilidade científica quanto ao emagrecimento: os que possuem divergências científicas (ou seja, resultados positivos e negativos de eficácia em conflito); as que possuem baixa evidência científica; e aquelas que não possuem base científica nenhuma, ou por total falta de lógica, eficiência e/ou segurança à saúde. No geral, se fôssemos ser mais rígidos, todas elas falhariam feio em um teste científico consensual quando o assunto é emagrecimento.

           No decorrer da lista, apontei também o quesito saúde em cada uma delas. Assim, como algumas podem ser seguidas de forma saudável, fica a critério da pessoa tentar ou não a tal dieta. E é bom também alertar que estudos mostram que cerca de 98% das pessoas que seguem essas cartilhas pré-programadas voltam a ganhar seu peso e antigo estilo de vida dentro do prazo de 5 anos, sendo que grande parte não resiste nem a 1 ano. Isso ocorre porque você está respeitando um manual, e não o seu corpo. E a perda de peso das dietas mais extremistas não fica restrita somente à gordura corporal, e, sim, à água e tecido muscular do corpo, algo bastante danoso à saúde.

         Ah, e para aquelas dietas e programas dos quais eu já fiz um artigo específico sobre, vou apenas dar uma resumida rápida e indicar o link da discussão completa. De qualquer forma, vamos à lista:


DIETAS COM DIVERGÊNCIA CIENTÍFICA (emagrecimento)

1. Dieta com Baixo Consumo de Carboidratos: Aqui, você limita bastante o consumo de carboidratos, aumentando o consumo de proteínas e, em alguns programas, de gorduras também. Os principais resultados positivos para a saúde e emagrecimento viriam do melhor controle da insulina (as gorduras proporcionariam uma maior saciedade durante a alimentação do que um consumo glicêmico alto) e estado de cetose do corpo. Um ponto que melhorou a imagem dela hoje é o crescente consenso de que a gordura saturada não traz prejuízos à saúde quando ingerida com moderação, em limites acima do mínimo atualmente recomendado. Discuti sobre uma das modalidades dela nesse artigo (A dieta cetônica funciona?).  Nessa modalidade, podemos citar a popular dieta Atkins, mas é preciso ficar longe da dieta Dukan, a qual é muito extremista e cheia de regras irresponsáveis. E a Atkins só pode seguida caso se respeite uma ingestão mínima de fontes diversas de carboidratos (frutas e verduras, por exemplo) para a ingestão nutricional recomendada de todos os nutrientes necessários para o bom funcionamento do seu organismo. Porém, é válido lembrar que o excesso no consumo de gorduras pode ser prejudicial à saúde em vários casos. E mesmo com um menor consumo de gorduras, baixar demais o consumo de carboidratos pode estar ligado também à problemas de saúde (Ref.18).

2. Dieta com Baixo Consumo de Gorduras: Aqui, você limita bastante o consumo de gorduras, dando uma maior preferência para os carboidratos e/ou proteínas. Nesse caso, ao contrário da dieta com baixo consumo de carboidratos, é preciso tomar cuidado com o ´limitar bastante´, porque diversos ácidos graxos, derivados de lipídios na dieta, são essenciais ao corpo. O objetivo dela é apenas diminuir, não se livrar das gorduras. Atualmente, possui menor suporte científico do que a dieta anterior, porém é tão inconclusiva quanto esta última.

Obs.: Ambas, 1 e 2, precisam estar em um regime de menor consumo calórico. Além disso, muitas pessoas não conseguem mantê-las por muito tempo por causa dos corte grande de substratos energéticos específicos (gordura ou carboidrato). Além disso, quando consideramos um longo prazo de manutenção das duas, normalmente não é notado uma diferença significativa entre elas quanto à perda de peso, apesar da dieta com baixa quantidade de carboidrato fazer, no geral, o indivíduo perder mais gordura corporal no início.


DIETAS COM POUCA EVIDÊNCIA CIENTÍFICA (emagrecimento)

1. Dieta do Baixo Índice Glicêmico: Nela você limita o índice glicêmico da sua alimentação sem, necessariamente, diminuir drasticamente os carboidratos, proteínas ou gorduras. Assim como na dieta cetônica, o foco seria o controle da insulina. Assim, uma dieta com menor índice calórico seria tolerada pelo seu corpo por causa do quesito ´melhor saciedade´. Expliquei sobre ela no artigo (Por que estamos engordando?)

Obs.: Apesar de existir pouca evidência científica sobre o fator ´emagrecimento´ dessa dieta, ela tende a ser a mais saudável, já que permite uma alimentação equilibrada e bastante nutritiva, sem restrição alimentar extremista (corte drástico de um ou outro nutriente).

2. Dieta Paleolítica: Essa é baseada na crença de que os humanos no período Paleolítico, há cerca de 2,6 milhões de anos, comiam de modo muito saudável, em uma alimentação que inclui vegetais, frutas, sementes, raízes e carnes, mas que exclui produtos mais modernos na história humana como laticínios, grãos, açúcares, legumes, óleos processados, sal, álcool e café. De acordo com o consenso científico, e lógica, é apenas uma dieta aleatória. E nutrientes podem ser perdidos por causa das exclusões. Além disso, os humanos são adaptados a todos os alimentos listados acima, não existindo quaisquer prejuízos para a saúde com a ingestão dos mesmos. Pelo contrário, eles são muito saudáveis quando incluídos em uma dieta equilibrada. De qualquer forma, se seguida de forma responsável, ela pode ser saudável, principalmente quando comparada com a ´comida lixo´ que a população ocidental está acostumada a  escolher (fast foods, alto consumo de doces e alimentos industrializados, etc.). O ruim é que ela corta completamente laticínios e ovos, sendo necessário planejá-la bem para que a ingestão de cálcio, e outros nutrientes, não fique deficiente. Como ela também inclui uma dieta de baixo índice glicêmico, a mesma pode promover algum emagrecimento em certos indivíduos, mas existem escassas evidências científicas para adotá-la como um programa a ser seguido pela maioria.


DIETAS SEM BASE CIENTÍFICA (emagrecimento)

1. Dieta do Mediterrâneo: É uma famosa dieta popularizada no mundo inteiro devido ao fato de ser bem saudável quando seguida corretamente e sem restrições (1). Basicamente, você precisa ingerir boas quantidades de óleo extra virgem de oliva, vegetais, cereais, sementes, frutas e legumes; moderadas quantidades de peixes, laticínios (especialmente queijos e iogurtes), frutos marinhos e galinha; e baixa quantidade de carnes vermelhas, carnes processadas, ovos e doces/adoçantes. Assim como o regime paleolítico, é uma dieta que pode ser bastante saudável (muito mais do que a Paleolítica) se seguida sem restrições. Apesar disso, não existem evidências de ajuda no emagrecimento com ela. O ruim é que essa dieta - muito recomendada até entre as agências de saúde - meio que deixa implícito que carnes vermelhas e ovos são alimentos ruins, sendo que isso passa longe da verdade, onde os ovos são um dos melhores alimentos do mundo, além de serem bem baratos e de fácil acesso à população. Apenas devem ser consumidos com moderação.  (1) Ela sofre variações dependendo de região para região no Mediterrâneo, além de ser incluídas em programas que a distorcem bastante (exemplo: retiram peixes, frangos e laticínios dela). Por isso, é preciso ficar atento quando for seguir essa dieta, sendo uma boa ideia consultar um nutricionista sério antes.

2. Dieta KE ou Dieta do Tubo de Alimentação: Nessa maluquice, um tubo é enfiado pelo nariz da pessoa até o seu esôfago e, através dele, é enviado uma mistura líquida de proteínas em pó, micronutrientes e gorduras específicas, sem a presença de carboidratos. Não é preciso dizer que isso traz diversos riscos graves à saúde, como infecções nas vias em contato com o tubo, aspiração pulmonar dos nutrientes, danos ao sistema digestivo superior, etc. Além disso, é uma dieta que não possui efeitos duradouros, principalmente porque ninguém normal consegue ficar fazendo isso por muito tempo. As organizações internacionais de saúde condenam com força tal metodologia.

3. Dieta Macrobiótica: É uma dieta espiritual onde certos alimentos devem ser evitados por conterem más vibrações. Basicamente, carnes devem ser evitadas e vegetais devem ser consumidos, com algumas exceções nos dois grupos. Bem, como eu disse, é algo espiritual. Mas como ela sofre muitas variações dependendo da região analisada, é perigoso que certos nutrientes tenham sua ingestão recomendada não atingida, como a vitamina C, já que as frutas, geralmente, devem ser evitadas também. E afirmações de que ela cura o câncer ou qualquer outra enfermidade não encontra fundamento científico. Uma dica: quer vibrações boas na sua alimentação? Ore em cima de um prato saudável e balanceado de comida...:)

4. Dieta Detox: Possui a premissa de que a combinação de certos alimentos, especialmente sucos ´verdes´, possuem um poder desintoxicante no corpo, algo não suportado pela ciência. Discuti mais sobre ela em: (A dieta Detox funciona?)

5. Livro-Manual ´The 4-Hour Body´ (literalmente, o Corpo de 4 Horas): É um livro que fez bastante sucesso, escrito por Tim Ferriss, e publicado em 2010. Basicamente, o autor diz ter reunido centenas de entrevistas com profissionais de saúde e fez estudos analíticos com o próprio corpo para descobrir o melhor estilo de vida e alimentação, onde você poderia emagrecer bastante (e de forma rápida), aumentar drasticamente suas habilidades sexuais e, por fim, se tornar um super humano. Bem, não é preciso dizer que ele meio que inventou tudo da cabeça sem vergonha dele. A comunidade científica não dá suporte para o que ele diz. Comer não te dá poderes além das habilidades já previstas para um corpo saudável. Talvez em Krypton isso funcione.

6. Dieta da Comida de Bebê: Como o nome diz, você passa a substituir várias porções de real alimentação adulta por papas de bebê, algo que faria você entrar em forma e ganhar muita saúde. Ela explodiu de popularidade na internet quando atrizes de Hollywood começaram a fazê-la, tudo isso aparentemente iniciado com o personal trainer de celebridades, Tracy Anderson. Bem, não existe lógica em comer comida de bebê para emagrecer ou ganhar saúde. Na verdade, você pode estar perdendo muitos nutrientes importantes para o seu corpo com isso, como fibras e proteínas. E como as papas de bebê normalmente não tem muito gosto e textura que agrada aos adultos, ou qualquer outra pessoa que não seja um bebê, é fácil se criar revolta contra ela.

7. Dieta do Tipo Sanguíneo: Essa dieta baseia-se em um regime alimentar diferenciado para cada tipo sanguíneo, onde os mesmos teriam se originado de linhas evolutivas diferenciadas dentro da sociedade humana seguindo uma ordem clara de surgimento. Seguindo essa regra, o corpo seria imensamente beneficiado. O tipo O teria sido o primeiro a surgir, vindo dos nossos ancestrais ´caçadores-coletores´ e, portanto, a dieta deveria ser majoritariamente carnívora. O tipo A teria se originado durante a era da dominação da agricultura, então as pessoas com esse perfil sanguíneo deveriam ser mais vegetarianas. O tipo B teria vindo depois, de tribos que consumiam muitos laticínios (criação de gado, entre outros animais) e, portanto, deveriam consumir mais desses alimentos. E, por fim, o tipo AB seria uma junção de ambas as dietas de A e B. Parece algo bonitinho, mas a própria origem cronológica desses tipos sanguíneos entra em discordância com os trabalhos científicos, onde o grupo O, mais raro e anormal, dificilmente teria se originado antes do A-B. Além disso, não existe suporte científico que sustente a ideia de qualquer benefício de uma dieta que ´respeite´ o tipo sanguíneo.

8. Dieta Alcalina: Baseia-se no fato de que, supostamente, os metabólitos de diferentes alimentos seriam ácidos ou básicos, onde os ácidos alterariam seu pH sanguíneo perigosamente e, portanto, deveriam ser evitados. Outra balela. Discuti essa dieta com mais detalhes nesse vídeo (A Dieta Alcalina possui base científica?) e nesse artigo (A dieta alcalina possui fundamento científico?)

9. Dieta do Alimento Único: Nessa dieta, as pessoas são orientadas a comerem, por vez, apenas alimentos que contenham um único tipo de substrato energético/macronutriente. Por exemplo, se você está comendo carne, rica em proteínas, você não deveria comer pão, o qual é rico em carboidratos. A base louca dessa dieta é que o sistema digestivo não daria conta de processar bem mais de um tipo de macronutriente por vez, fato este que dificultaria a digestão e levaria ao ganho de peso. Além disso não ter sustentação científica nenhuma (o sistema digestivo dá conta de vários macronutrientes por vez sem problema algum), grande parte dos alimentos é uma mistura de macronutrientes (a carne possui gordura, proteína e pequenas quantidades de carboidrato, o mesmo sendo válido, inversamente, para o pão).

11. Dieta da Sopa de Couve: Nesta, você ficaria por 1 semana se alimentando só de uma sopa de couve, em um regime calórico altamente restrito (pequenas quantidades dessa sopa). Os defensores dessa dieta afirmam que é possível perder até 10 quilos de gordura por semana. Primeiro, com uma dieta dessas, você estaria perdendo vários nutrientes, especialmente as proteínas, o que pode ser altamente prejudicial para diversas pessoas, inclusive aquelas com baixa imunidade ou portando alguma infecção. Em segundo lugar, estudos científicos mostram que é praticamente impossível perder tanta gordura em tão curto período de tempo, sendo que a maior parte do que é perdido e visto na balança seria perda de água. De qualquer forma, não adianta nada perder uma grande quantidade de gordura corporal, e danificando o seu corpo, em uma semana sendo que nas próximas semanas o peso original, ou superior, voltará.

11. Frutarianismo: Essa aberração aqui é ainda mais extremista do que o veganismo, onde a pessoa só pode comer frutas e, no máximo, alguns tipos de sementes, sendo proibido ferir plantas e animais nesse processo. De acordo com os seus defensores, os humanos cresceram com uma dieta, basicamente, frutífera (???) ou, de acordo com alguns fanáticos, nos primórdios puros de Adão e Eva esse era o tipo de alimentação humana planejada por Deus. Alguns ainda apenas comem frutos que caem da planta. Através dessa alimentação, supostamente ganha-se uma imensurável saúde e grande emagrecimento. Mas não é preciso dizer que as deficiências nutricionais costumam ser bem grandes, especialmente porque a maioria dos seus seguidores come quase que exclusivamente frutas. Proteínas e diversas vitaminas e minerais, especialmente a B12 (encontrada apenas em fontes animais e em comidas fortificadas) não são ingeridos em quantidade suficiente. Caso sementes não sejam ingeridas em peso nessa dieta maluca, deficiências gravíssimas no balanço de nitrogênio do corpo irão ocorrer, por causa do corte extremo na quantidade de proteínas ingeridas. Isso sem contar no alto consumo de frutose resultado dessa dieta, algo que pode trazer sérios prejuízos para a saúde, principalmente no fígado. Além disso, dependendo das frutas sendo ingeridas, ácidos graxos importantes ao corpo não estarão sendo consumidos. E, não, os humanos não comiam somente frutas e/ou sementes nos períodos pré-históricos, sendo que a dieta sempre conteve alto consumo de derivados animais. Bem, quanto ao emagrecimento? Acho que não adianta muito emagrecer caso você esteja enterrado a sete palmos.

12. Dieta da Toranja: Segundo os propagadores dessa dieta, a toranja possui supostas enzimas que promovem uma maior queima de gordura corporal. Nessa dieta, grandes quantidades da fruta seriam ingeridas junto com uma alimentação complementar de baixa caloria. Em algumas versões, seguem períodos de muito pouca caloria e alguns dias sem restrições calóricas. Apesar de não existirem restrições alimentares nessa dieta, sendo que pode ser saudável de ser seguida em certas circunstâncias, não existem evidências científicas de que a toranja propicie qualquer poder de emagrecimento. Você irá emagrecer caso diminua sua ingestão calórica diária, independente se existe a toranja ou não. E dois problemas podem surgir nessa dieta, um já esperado e outro específico. O primeiro, lógico, seria as versões que restringem demais o consumo calórico, o que pode ser prejudicial devido às deficiências nutricionais caso não exista uma suplementação adequada, além do indivíduo não conseguir ficar por muito tempo levando a vida assim. Já o segundo problema é bem mais grave, porque a toranja é bem conhecida na área médica por bloquear o metabolismo e/ou absorção de diversos medicamentos, sendo sempre necessário informar ao médico se você está consumindo essa fruta caso um medicamento esteja para ser utilizado. Ou seja, muitos acabam entrando nessa dieta, cheia de toranja, e podem ter sérios problemas de intoxicação medicamentosa (já que o princípio ativo do medicamento fica por mais tempo circulando no corpo sem ser metabolizado no fígado) ou terá seu quadro de saúde agravado devido à falta de absorção do medicamento. Por isso é sempre necessário consultar um profissional da área de saúde/nutrição, e conhecer bem o seu corpo, antes de entrar nessas dietas. Discuti mais sobre o assunto em: Toranja e medicamentos: cuidado! .

13. Dieta das Forças Israelitas: Ficando popular nos anos de 1970, essa seria a dieta, supostamente, seguida pelos recrutas das Forças militares de Israel. Basicamente, a pessoa fica dois dias comendo só maçãs, dois dias só comendo queijo, dois dias só comendo frango e dois dias só comendo salada, sendo isso feito de forma consecutiva. É também permito beber café ou chá preto sem adoçantes. Não é preciso dizer que isso não é saudável e não é uma boa maneira de perder peso porque não dá para levar essa irresponsabilidade por muito tempo. Ah, e claro, o exército de Israel não tem ligação alguma com essa história, ou não haveria exército de Israel.

14. Master Cleanse: É uma espécie de regime ´detox´ onde só se pode ingerir limonadas e chás misturados com pimenta malagueta e xarope de bordo. Além de não promover limpeza nenhuma no corpo, como prometido, diversas graves deficiências nutricionais serão geradas, especialmente proteicas, caso esse regime siga por longos períodos. E, qualquer emagrecimento, será temporário.

15. Dieta da Banana Matinal: Nesse programa alimentar, criado no Japão por um doido, diz que você deve só comer banana no café da manhã (acompanhado por água ou leite) e o resto do dia não haveria restrição, mas qualquer doce ou sobremesa teria que ser substituído por banana. Além disso, a pessoa não pode comer nada depois das 8 horas da noite e ir dormir sempre meia-noite. Eu não vejo problema aqui se o resto do seu dia contiver um bom consumo alimentar equilibrado, mas também não vejo qualquer tipo de benefício de emagrecimento ou algum tipo de ´mágica da banana´. Se quiser seguir siga. Você será uma pessoa que come bastante banana. Provavelmente o cara que inventou isso vendia banana.

16. Dietas Líquidas: São dietas onde só se podem tomar uma alimentação na forma líquida, como shakes proteicos e sopas fortificadas, em um consumo calórico mínimo. É, basicamente, um monte de suplementos batidos com água. Assim como diversas outras, essa dieta não vinga por muito tempo, especialmente por tirar uma dos mecanismos mais básicos do corpo humano: mastigar, algo feito desde quando se é bebê (estes mastigam os mamilos do seio). Mastigar induz a diversas ações bioquímicas no corpo, incluindo na produção de sucos gástricos. Além disso, com uma alimentação líquida, tudo é passado mais rápido pelo estômago, podendo diminuir a eficiência da digestão e sensação de saciedade - algo que pode levar a pessoa a querer comer feito um dragão, especialmente em um regime de alta restrição calórica.

17. Dieta 'Glúten Free': Nessa modalidade, você elimina o glúten da sua alimentação, o que promoveria rápido emagrecimento duradouro e melhor saúde. Bem, nada faz sentido nessas afirmações e eu discuti o assunto nesse artigo: (O Glúten é realmente prejudicial?)

19. Dieta do hCG: aliado a um regime de restrição calórica, a administração de hCG, (um hormônio produzido na mulher induzido pelo embrião implantado no útero) no corpo do indivíduo promoveria um emagrecimento acentuado. Isso foi provado, há muito tempo, ser uma farsa criada pelo endocrinologista britânico Albert T. W. Simeons, onde ele supostamente obteve resultados de emagrecimento em garotos obesos com o uso desse hormônio na década de 70. Diversos estudos posteriores mostraram que a sua "descoberta" não possuía validade nenhuma e que qualquer perda de peso seria devido somente à restrição calórica. O FDA (Administração de Drogas e Alimentos dos EUA) ilegalizou o uso do hormônio para métodos de emagrecimento por não existir provas de eficiência mínima e de segurança no seu uso a longo prazo. Mesmo assim, ainda hoje, ele é encontrado para ser vendido com esse intuito.

20. Dietas contendo suplementos alimentares e ervas (mas não existe medicamento aqui): Não existe evidência científica de que qualquer erva, como o chá verde, ou suplemento alimentar provoque o emagrecimento além daquele causado pelo menor consumo calórico diário efetuado pelo indivíduo. Discuti mais sobre o assunto em: (O chá verde emagrece?) e (Café verde e as promessas de emagrecimento)

21. Dietas baseadas em Homeopatia: Bem, se você acredita em homeopatia... (Homeopatia ou Homeofarsa?)

22. Dieta da Bruxa: Nessa dieta você pode comer bastante doce, mas somente pode cozinhar os outros alimentos em caldeirões de ferro. Os defensores dessa prática... Não, estou zoando... ou não?...:)

23. Dieta Inedia, Dieta da Luz ou também conhecida como Dieta da Respiração: Nessa idiotice (desculpa o termo) comida ou água não precisam ser ingeridos pela pessoa para que ela consiga sobreviver, onde apenas a luz solar e o ar à sua volta seriam suficientes para o seu corpo e espírito. Depois que celebridades, como a Michelle Pfeiffer, começaram a usá-la, algo antes feito apenas por hinduístas fanáticos, muitas pessoas começaram a segui-la e, lógico, muitas também morreram de desidratação e fome. E eu aposto que no começo eles tentaram ir sem o ar também, mas viram que o pessoal estava morrendo muito rápido para o negócio ficar popular. Nem planta vive só de luz e ar. E, infelizmente, diferente da ´Dieta da Bruxa´, eu não estou inventando isso...

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  CONCLUSÃO

         Bem, brincadeiras à parte, não saia acreditando em qualquer regime alimentar, popular ou não, que prometa resultados rápidos e que sejam feitos sob molde. Cada corpo é único. Fuja de restrições e extremismos sem lógica. Emagrecer é ingerir menos calorias do que se gasta, através de um estilo de vida mais saudável e amigável, unindo boa dieta e exercícios físicos que lhe deem prazer. Algo forçado será, no máximo, temporário. Livros contendo segredos fáceis do emagrecimento supremo e saúde dos Deuses se tornam popular porque as pessoas ficam desesperadas em encontrar algo milagroso e o mais cômodo possível para mudar de vida. Nada vem sem trabalho, o qual será proporcional em esforço aos resultados esperados. A ciência ainda está caminhando no entendimento da bioquímica que governa o nosso corpo, e ainda está cedo para afirmamos isso ou aquilo com absoluta verdade sobre os todos os mecanismos biológicos que nos mantêm funcionando. Mandar uma pessoa seguir, às cegas, uma dieta pré-programada é o mesmo que dar insulina extra para diabéticos e não-diabéticos.

IMPORTANTE: Grávidas e enfermos diversos, como diabéticos e imunodeprimidos, NUNCA devem seguir esses tipos de dieta sem uma supervisão médica/nutricional de profissionais da saúde! A alimentação nesse caso deve ser equilibrada e farta, com restrições apenas em casos absolutamente necessários.

*Ah, e quem tiver outra dieta popular para indicar, deixe nos comentários. É bom que eu vou atualizando a lista...:)

Artigo complementar: Mitos sobre a perda de peso

Artigo recomendado: Por que estamos engordando?

Artigos relacionados:

REFERÊNCIAS CIENTÍFICAS
  1. Todos os artigos citados durante o texto ( links) possuem vasta referência científica
  2. https://web.archive.org/web/20140209081959/http://bda.uk.com/news/131125BadDiets.html
  3.  http://jama.jamanetwork.com/article.aspx?articleid=364293
  4. http://jama.jamanetwork.com/article.aspx?articleID=1730520
  5. http://ajl.sagepub.com/content/early/2014/04/15/1559827614530074.abstract
  6. http://www.mps.org.my/index.cfm?&menuid=176
  7. http://www.nhs.uk/news/2008/05May/Pages/Cavemanfaddiet.aspx
  8. http://jn.nutrition.org/content/early/2016/04/20/jn.115.224048.abstract
  9. https://search.informit.com.au/documentSummary;dn=817618908759886;res=IELHEA
  10. http://www.annualreviews.org/doi/full/10.1146/annurev-publhealth-032013-182351
  11. https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC4198773/
  12. http://www.bmj.com/content/337/bmj.a1344.long
  13. http://www.mayoclinic.org/healthy-lifestyle/nutrition-and-healthy-eating/in-depth/mediterranean-diet/art-20047801
  14. http://www.fda.gov/ForConsumers/ConsumerUpdates/ucm281333.htm
  15. http://journals.lww.com/nursing/Citation/2004/12000/Fad_diets__Slim_on_good_nutrition.16.aspx
  16. http://www.nhs.uk/Livewell/loseweight/Pages/how-to-diet.aspx
  17. https://www.pbrc.edu/training-and-education/pdf/pns/PNS_Fad_Diets.pdf 
  18. http://journals.plos.org/plosone/article?id=10.1371/journal.pone.0055030