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Ser bilíngue pode ajudar na recuperação de derrames!

                        
            Mais um motivo para você aprender uma nova língua! Uma pesquisa publicada no American Heart Association journal Stroke mostrou que as pessoas bilíngues tinham duas vezes mais chance de voltarem a ter suas funções cognitivas normais depois de um derrame cerebral. Com o termo técnico de AVC ( Acidente Vascular Cerebral), o derrame cerebral é caracterizado pelo corte de fornecimento de sangue/oxigênio a todo o tecido cerebral decorrente de uma hemorragia ou isquemia ( entupimento dos vasos sanguíneos). É uma condição grave, podendo deixar graves sequelas neurológicas ou causar a morte.

           A pesquisa englobou um estudo feito com 608 pacientes do Instituto de Ciências Médicas ( NIMS) em Hyderabad, na Índia, entre o período de 2006 e 2013. Todos eles estavam sendo tratados por causa de um derrame cerebral e metade era bilíngue ( falavam uma ou mais línguas). Para não haver interferência do estilo de vida do paciente nos resultados do estudo, fatores como fumo, pressão alta, diabetes e idade foram todos levados em conta. Com isso, os pesquisadores chegaram aos números: em torno de 40% dos pacientes bilíngues tiveram uma recuperação total das funções cognitivas depois do derrame, comparado com cerca de 20% dos pacientes que só falavam uma língua! Além disso, todos os bilíngues se saíram melhor nos testes pós-derrame, os quais envolviam medidas de atenção e capacidade de resgatar e organizar informações.

           Já era sabido que o aprendizado de mais de uma língua ajudava a prevenir outras doenças cerebrais, como o Alzheimer, mas esse  foi o primeiro estudo que avaliou os benefícios em pessoas com derrame.  A explicação é que as pessoas bilíngues estão a todo momento desligando e ativando diferentes áreas de comunicação no cérebro, buscando palavras e termos completamente diferentes  do que estava sendo usados momentos atrás. Isso resulta em um maior trabalho cerebral, o que induz a um aprimoramento e melhor saúde do cérebro. Bem, mas para esses efeitos serem significativos, é preciso estar constantemente usando as diferentes linguagens aprendidas por você. Não basta ter aprendido inglês, por exemplo, em um cursinho anos atrás e parar de praticar com a língua. A nova língua tem que começar a fazer parte do cotidiano, nem que seja em simples leituras de textos ( mas o ideal é conversas orais frequentes). E quanto mais cedo um segundo ou mais idiomas são aprendidos, melhor se torna a capacidade de raciocínio do indivíduo, especialmente se o aprendizado ocorrer durante a infância.

               De qualquer forma, outras atividades de grande exigência cerebral também podem ter os mesmos efeitos, como jogar xadrez. Se praticadas desde criança, os benefícios são ainda maiores, especialmente o aprendizado de novas línguas, o qual é mais fácil nessa idade. Em média, nos EUA, uma pessoa tem um derrame a cada 40 segundos. Aqui no Brasil, cerca de uma pessoa é vítima de derrame a cada 5 minutos. A obesidade e sedentarismo são um dos principais fatores de risco, o que explica o alto número de vítimas norte-americanos. Mas estamos também indo para o mesmo caminho.

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Artigo científico do estudo: http://stroke.ahajournals.org/content/early/2015/11/19/STROKEAHA.115.010418.abstract