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É aconselhável retirar as mamas e ovários para prevenir um câncer?



        A atriz Angelina Jolie causou um grande furor quando resolveu remover seus seios para evitar o surgimento de possíveis tumores no tecido mamário. Mais recentemente, ela novamente surpreendeu o público ao remover seus ovários e tubas uterinas, com o mesmo objetivo de prevenir um possível câncer associado a esse órgão.


        Mas os especialistas alertam que o caso da atriz é raro, afetando, como exemplo, apenas 1% da população americana. O caso dela consiste na presença de dois genes, BRCA1 e BRCA2, ambos associados à uma mutação que aumenta as chances do desenvolvimento de câncer de mama e ovário. Mas não basta ter apenas os genes, é preciso também ter um histórico na família. E Jolie apresenta os dois cenários. Nesse caso, as cirurgias enfrentadas por ela valem a pena. Retirar o tecido mamário e do ovário reduz drasticamente as chances do surgimento de tumores, nas regiões próximas, em mais de 80%. Além disso, sem a presença dos estrogênios produzido pelos ovários, as mamas ficam ainda mais protegidas caso a mulher tenha uma predisposição à doença. E é também daí que vem os problemas.

           Retirar os ovários faz com que a mulher entre imediatamente em uma menopausa um pouco mais agressiva, por causa da falta total de estrogênios circulantes. E os efeitos são bem conhecidos pelas mulheres acima dos 45 anos: baixa da densidade óssea, calores excessivos, e, no caso da remoção completa, os riscos de problemas cardíacos aumentam. E, somando-se a isso, qualquer cirurgia sempre vem com perigos associados ao  procedimento, principalmente quando você está retirando órgãos do seu corpo. E, caso você se arrependa por sentir vontade em ter uma gravidez, não há volta. 

          Por isso é necessário ter cuidado ao tomar decisões tão extremas. É recomendado fazer os exames genéticos realizados pela atriz - os quais são bem caros, por sinal! - apenas se a mulher possui histórico de câncer na família. E medidas simples, como tomar pílulas anticoncepcionais, prevenir a obesidade e o sobrepeso, e reduzir o consumo alcoólico, já diminuem bastante as chances de um tumor nos dois órgãos mencionados (tomar as pílulas por 5 anos cortam as chances pela metade, com o adicional de serem um excelente método anticoncepcional). A partir de determinada idade, a realização de exames específicos de mama pode ser um fator extra de prevenção contra o desenvolvimento de tumores mais graves através de tratamentos nos estágios iniciais da doença quando esta é identificada por um profissional capacitado de saúde.

            De qualquer forma, as atitudes de uma atriz mundialmente conhecida, e adorada, podem ajudar a conscientizar muitas mulheres a procurarem informações sobre estes cânceres. Nos EUA, dos 21 mil casos de câncer de ovário anuais, 14 mil deles levam a paciente ao óbito. É algo a se levar à sério, mas não repitam os atos da Jolie apenas por motivos de tendência. Um médico de verdade irá recusar, mas existem médicos e médicos.


REFERÊNCIAS CIENTÍFICAS
  1. https://public.health.oregon.gov/DiseasesConditions/CommunicableDisease/CDSummaryNewsletter/Documents/2013/ohd6225.pdf
  2. http://www.nhs.uk/news/2013/05May/Pages/Angelina-Jolies-breast-surgery-announcement.aspx
  3. https://canceraustralia.gov.au/about-us/news/angelina-jolie%E2%80%99s-surgery-reduce-her-risk-ovarian-cancer
  4. http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/25510853