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A radioatividade do carvão mineral



           Sempre possuímos aquela ideia de que a contaminação radioativa nas produções
energéticas são provindas, exclusivamente, de usinas nucleares e que o temível lixo nuclear 
gerado nesses locais eram os culpados únicos pelas mutações malignas no seres vivos em 
contato próximo. Mas existe um vilão pior ainda e bastante conhecido.

              Um dos responsáveis pelos grandes alardes ambientais do momento, como a chuva
ácida, efeito estufa excessivo, elevação da acidez nos oceanos e acidentes humanos (como
desabamentos e más condições em minas terrestres), o carvão mineral também carrega com
ele o temível ´fator X´! Naturalmente, existem pequenos traços de urânio e tório no carvão
mineral, mas que não fazem mal ao ambiente em volta, considerando as baixíssimas concentrações
em relação ao todo. Mas quando o mesmo é queimado até a fuligem e cinzas, a concentração
dos dois elementos é aumentada em mais de 10 vezes a original (já que a matéria gera gás e 
vapor d´água quando queimada, com o resto sólido guardando as mesmas quantidades
radioativas iniciais). O ambiente em volta de uma usina termoelétrica movida com este carvão, em
um raio de 0.8 a 1.6 quilômetros, está sob sério risco de séria contaminação. Estudos
recentes mostraram que as pessoas que vivem próximas dessas usinas estão ingerindo
a mesma quantidade de radiação de locais próximos à uma usina nuclear. E o nível radioativo
da água de resfriamento das usinas nucleares é o mesmo ao redor das de carvão!

Não queira morar perto daqui
   
             O uso de carvão mineral para geração de energia sempre foi um grande inimigo dos
 ambientalistas e um dos principais focos de combate pelos movimentos de desenvolvimento
sustentável. Sua queima é a mais tóxica do mundo**, e está massivamente presente em todos
 os cantos de geração de energia (cerca de 70% de toda a eletricidade do mundo é produzida
por ela. E, como pudemos ver, acaba transformando-se em um produto radioativo!  Além disso,
o carvão mineral* é uma fonte de matéria-prima para vários  produtos orgânicos de fundamental utilidade na sociedade. Através da sua destilação na  ausência  de oxigênio, conseguimos obter
uma quantidade enorme de compostos aromáticos (alcatrão de hulha) usados para fazer plásticos, fármacos, desinfetantes e diversos outros  produtos essenciais. Infelizmente, grande parte é utilizada como combustível e, literalmente,  milhares de potenciais produtos são transformados em fumaça.
O mesmo ocorre com o petróleo.

               Agora pergunte por que a incidência de câncer na China, cuja eletricidade total utilizada é
proveniente de mais de 70% do carvão mineral,  está aumentando de forma exponencial.
Está aí um dos fatores. 

*Não confundir o carvão mineral, o qual é uma rocha orgânica fossilizada, com o carvão vegetal, aquele usado para fazer churrasco e que provém do aquecimento em fornos fechados de madeira de árvores vivas.

**O carvão mineral possui uma quantidade muito maior de nitrogênio e enxofre no meio da massa de hidrocarbonetos do que o petróleo, gerando muitos subprodutos tóxicos no momento da queima. Entre eles, os gases de óxidos de enxofre e óxidos de nitrogênio são os responsáveis diretos pelo fenômeno da chuva ácida, onde, combinados com a água, transformam-se em poderosos ácidos, os quais danificam as plantas, animais e construções humanas.

OBS.: Existem outros elementos radioativos no carvão em quantidades menores ainda do que o urânio e o tório, como o isótopo 226 do rádio e o isótopo 40 do potássio. Eles também contribuem, em menor extensão, com os danos radioativos causados no meio ambiente atingido pelas cinzas do carvão mineral.

Artigo relacionado: Os combustíveis fósseis são apenas combustíveis?

REFERÊNCIAS CIENTÍFICAS
  1. http://www.scientificamerican.com/article/coal-ash-is-more-radioactive-than-nuclear-waste/
  2. http://pubs.acs.org/doi/abs/10.1021/acs.est.5b01978
  3. http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S1875389215015874
  4. https://inis.iaea.org/search/search.aspx?orig_q=RN:46100229
  5. http://link.springer.com/article/10.1007/s10967-014-2942-3#/page-1
  6. http://link.springer.com/article/10.1007/s10661-015-4501-y
  7.  http://journals.lww.com/health-physics/Abstract/2013/03000/Analysis_of_Naturally_occurring_Radionuclides_in.4.aspx
  8.  http://journals.lww.com/health-physics/Abstract/2013/03000/Analysis_of_Naturally_occurring_Radionuclides_in.4.aspx
  9. http://en.cnki.com.cn/Article_en/CJFDTOTAL-MTJS201411117.htm